O
FUNDÃO ELEITORAL E OS OPORTUNISTAS DE PLANTÃO NO CONGRESSO NACIONAL
O
orçamento público destinado ao saneamento básico em 2020 teve um corte
aproximado de 30% em comparação ao ano anterior. Portanto, dos 835 milhões
investidos em 2019, reduziu-se para 661 milhões no ano seguinte. Atualmente no Brasil, 35 milhões de pessoas
não são atendidas com água tratada, e 100 milhões, 48% da população, o esgoto
que produzem são lançados ao ambiente sem qualquer tratamento.
Ao mesmo tempo em que a população brasileira
sofre todas as carências possíveis na área do saneamento e agravada com a
pandemia com milhões de desempregados, parlamentares oportunistas no congresso
nacional aprovaram um polpudo fundão eleitoral de quase seis bilhões de reais
para gastar nas eleições do próximo ano.
O
que é repulsivo nisso tudo é o fato de terem sido os aliados bolsonaristas no congresso, protagonistas desse insulto a população, fazendo comentários contrários
ao fundo. Prometiam de mãos postas que no instante em que o projeto entrasse na pauta
de votação, votariam contra. Terminada a sessão, aqueles/as que
estufaram o peito pousando de baluartes da moralidade política, votaram, sim, às
pomposas verbas públicas eleitorais.
O que é assombroso nesse episódio foi a postura do presidente Bolsonaro de ter dito que não admitiria qualquer valor superior ao da eleição anterior, orçada em dois bilhões de reais. Há algo de estranho nesse dito “conto do vigário”, um presidente alegar-se contrário ao aumento do valor do fundo, quando todos/as os parlamentares do PSL e demais partidos, maioria do centrão, terem defendido e votado a favor do aumento. É aqui que está a malandragem do presidente. A estratégia foi aprovar um valor bem dilatado, com a expectativa de que ele vetaria. Na sequência um novo fundo seria negociado, de três a quatro milhões, como se cogita.
Qualquer
soma igual ou superior a dois bilhões aprovados serão considerados imorais
diante da atual realidade econômica. É imoral frente ao caos econômico que faz
crescer diariamente o número de brasileiros em situações de miséria absoluta.
Um, dois, três ou mais bilhões acordados, tornarseiam exorbitantes quando milhões de
famílias tentam sobreviver com indignos 150 reais/mês, proveniente do fundo
emergencial federal. O governo Bolsonaro está sob a cruz e a
espada, ou agrada seus apoiadores vetando os mais de cinco bilhões, ou agrada
sua base parlamentar no congresso deixando como está.
É
claro que tudo foi bem arquitetado para que Bolsonaro fosse visto como o “bom
mocinho”, alguém que teve a ousadia de peitar as poderosas bancadas ansiosas
por abocanhar cifras milionárias de dinheiro público. Dinheiro que seria
utilizado para barganhar votos em troca de promessas ou benesses. Não podemos
esquecer que o estado de Santa Catarina teve papel importante no resultado
dessa vergonhosa votação. Dos 16 deputados federais que representam o estado na
câmara federal, um, não votou e outros quatro votaram pela não aprovação do
fundo bilionário. É preciso ficar atento a essas personalidades nas eleições do
próximo ano, que certamente voltarão a enganar os/as eleitores usando discursos de
moralizadores da política brasileira.
Prof.
Jairo Cesa
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