terça-feira, 27 de julho de 2021

 

O FUNDÃO ELEITORAL E OS OPORTUNISTAS DE PLANTÃO NO CONGRESSO NACIONAL

O orçamento público destinado ao saneamento básico em 2020 teve um corte aproximado de 30% em comparação ao ano anterior. Portanto, dos 835 milhões investidos em 2019, reduziu-se para 661 milhões no ano seguinte.  Atualmente no Brasil, 35 milhões de pessoas não são atendidas com água tratada, e 100 milhões, 48% da população, o esgoto que produzem são lançados ao ambiente sem qualquer tratamento.

 Ao mesmo tempo em que a população brasileira sofre todas as carências possíveis na área do saneamento e agravada com a pandemia com milhões de desempregados, parlamentares oportunistas no congresso nacional aprovaram um polpudo fundão eleitoral de quase seis bilhões de reais para gastar nas eleições do próximo ano.

O que é repulsivo nisso tudo é o fato de terem sido os aliados bolsonaristas no congresso, protagonistas desse insulto a população, fazendo comentários contrários ao fundo. Prometiam de mãos postas que no instante em que o projeto entrasse na pauta de votação, votariam contra. Terminada a sessão, aqueles/as que estufaram o peito pousando de baluartes da moralidade política, votaram, sim, às pomposas verbas públicas eleitorais.

O que é assombroso nesse episódio foi a postura do presidente Bolsonaro de ter dito que não admitiria qualquer valor superior ao da eleição anterior, orçada  em dois bilhões de reais.  Há algo de estranho nesse dito “conto do vigário”, um presidente alegar-se contrário ao aumento do valor do fundo, quando todos/as os parlamentares do PSL e demais partidos, maioria do centrão, terem defendido e votado a favor do aumento.  É aqui que está a malandragem do presidente. A estratégia foi aprovar um valor bem dilatado, com a expectativa de que ele vetaria. Na sequência um novo fundo seria negociado, de três a quatro milhões, como se cogita.

Qualquer soma igual ou superior a dois bilhões aprovados serão considerados  imorais diante da atual realidade econômica. É imoral frente ao caos econômico que faz crescer diariamente o número de brasileiros em situações de miséria absoluta. Um, dois, três ou mais bilhões acordados, tornarseiam  exorbitantes quando milhões de famílias tentam sobreviver com indignos 150 reais/mês, proveniente do fundo emergencial federal. O governo Bolsonaro está sob a cruz e a espada, ou agrada seus apoiadores vetando os mais de cinco bilhões, ou agrada sua base parlamentar no congresso deixando como está.

É claro que tudo foi bem arquitetado para que Bolsonaro fosse visto como o “bom mocinho”, alguém que teve a ousadia de peitar as poderosas bancadas ansiosas por abocanhar cifras milionárias de dinheiro público. Dinheiro que seria utilizado para barganhar votos em troca de promessas ou benesses. Não podemos esquecer que o estado de Santa Catarina teve papel importante no resultado dessa vergonhosa votação. Dos 16 deputados federais que representam o estado na câmara federal, um, não votou e outros quatro votaram pela não aprovação do fundo bilionário. É preciso ficar atento a essas personalidades nas eleições do próximo ano, que certamente voltarão a enganar os/as eleitores usando discursos de moralizadores da política brasileira.  

Prof. Jairo Cesa

Nenhum comentário:

Postar um comentário