O
GENOCÍDIO NA FAIXA DE GAZA CHANCELADO PELO GOVERNO CIONISTA ISRAELENSE E SEUS
ALIADOS
Depois
de quase cinco meses de constantes ataques terrestres e aéreos do poderoso
exército israelense aos territórios palestinos ocupados e em especial a Faixa
de Gaza, pela primeira vez
depois desse longo período de barbarismo uma luz se acende no fundo do túnel e tendo como protagonista o presidente brasileiro. Tudo aconteceu em Adis
Abeba, capital da Etiópia, na reunião da cúpula africana, quando, durante a sua
fala, Lula afirmou que o que está acontecendo na Palestina pode se assemelhar ao
extermínio de judeus na Europa durante a ofensiva.
É
importante resguardar as proporções da fala do presidente, isso pelo fato
de que outros holocaustos ocorreram posteriormente ao segundo conflito mundial. Os genocídios em Ruanda, Camboja, Armênia, territórios curdos, até mesmo os extermínios
institucionalizados de populações negras e indígenas no Brasil, são alguns exemplos nefastos da nossa história. A fala do
presidente Brasileiro foi recebida com indignação junto aos altos escalões do
governo israelense, cujo primeiro ministro o chamou de “persona non grata”.
Em linguagem diplomática essa expressão nada mais é que o começo de um processo
que poderá resultar em rompimento diplomático entre o Brasil e Israel.
Independente
se haverá ou não rompimento diplomático, o que importa foi o ato em sim, no
qual gerou desconforto ao regime de Israel, pois sabem que a postura do presidente
brasileiro poderá estimular outras nações à tomarem a mesma postura corajosa, aumentando ainda mais o isolamento do premiê israelense em decorrência de suas
investidas criminosas contra palestinos. O próprio presidente dos EUA, com poder de veto no conselho da ONU, vem pressionando o líder israelense para um cessar foto junto a Faixa de Gaza. Os ataques aéreos e terrestres já mataram quase
quarenta mil pessoas, incluindo nessa conta desaparecidos que permanecem sob os escombros das construções destruídas pelos bombardeios israelenses.
Segundo
o governo israelense, a próxima ofensiva está prevista para a cidade de Rafah,
no sul da Faixa, na qual faz fronteira com o Egito, onde vivem mais de um
milhão de pessoas, na sua maioria refugiados do norte, em acampamentos
gigantes. A promessa do governo israelense é para que a ação militar a Rafah
ocorra durante o Ramadã, importante feriado muçulmano. Penso que em outras
ocasiões já devo ter me manifestado sobre o ato de sete de outubro de 2023,
quando integrantes do Hamas, romperam a cerca que separa a Faixa de Gaza às
terras ocupadas por colonos judeus matando centenas de civis. A brutalidade foi
maior quando os mesmos ditos “terroristas” invadiram uma festa rave de
jovens israelenses, próximo a Gaza, matando centenas e transformando outras
tantas em reféns.
Claro
que é condenável tal barbaridade contra pessoas indefesas, independente da nacionalidade, etnia ou crença
religiosa. Se houve essa reação do Hamas, que é condenável, não justifica a reação do Israel
que decidiu invadir o enclave palestino, Faixa de Gaza, um território de 40km
de comprimento por 6km de largura, onde vivem precariamente aproximadamente
dois milhões de pessoas.
A
justificativa acerca das investidas do exército israelense a Gaze foi para "exterminar os terroristas do Hamas". As imagens que diariamente correm o mundo pelos
telejornais mostram escombros do que eram antes áreas residenciais inteiras. Nos
bombardeios não são poupados nem mesmo hospitais. O que choca são os
corpos de adultos e crianças envolvidos em lençóis, o que nos alimenta mais a convicção que a intenção do governo de Benjamin Netanyahu era e é sim promover limpeza
étnica contra palestinos.
É
conveniente admitir que o processo de extermínio dos palestinos na Cisjordânia e
Faixa de Gaza vêm se dando há décadas, se intensificando ainda mais
depois da segunda guerra mundial com a criação do Estado de Israel.
Paulatinamente levas de judeus europeus e de diversas partes do planeta foram
chegando ao novo estado, estendendo suas possessões, assentamentos, sobre áreas
palestinas. Foram inúmeras as negociações ou acordos mediados por grandes
potências na tentativa de solucionar às tensões cada vez mais violentas
naquela minúscula região, onde estão os símbolos sagrados das três principais
religiões monoteístas do planeta. A
criação de um estado único, de convivência mútua entre palestinos e judeus foi
insistentemente colocada às mesas de negociações, porém sem sucesso.
Visitando em Israel em 2014 pude ver de perto o quão reprimidos vivem os
palestinos. Na Jerusalém antiga onde estão os símbolos religiosos dos judeus,
cristãos e muçulmanos, o lugar mais vigiado pelo exército
israelense era a esplanada das mesquitas, cujo acesso todos deviam ser revistados por meio de detectores de metais. No local está a
famosa mesquita de Al-Aqsa, a mesma que deu nome da operação coordenada pelo
Hamas em 07 de outubro, batizada de “em defesa da mesquita de Al-Aqsa”. Para os muçulmanos a presença de qualquer
autoridade judaica ou soldado no entorno da mesquita é interpretado
como ato de blasfêmia, insulto a divindade islâmica.
Tanto
em Tel Aviv quanto em outras cidades israelenses a força de trabalho empregada
na construção civil, comércio, entre outras de baixa remuneração são na maioria de cidadãos/ãs palestinos/as. Diariamente, para sair e
entrar das suas vilas, muitas das quais cercadas por enormes muralhas e vigiadas
por forças israelenses, por exemplo a cidade de Belém, os cidadãos/ãs
palestinos devem passar por revistas minuciosas, ações essas dispensadas aos
israelenses. Uma enorme muralha de concreto, coberta por arames farpados e
câmeras de vigilâncias foi construída por Israel para proteger a Cisjordânia
ocupada da Jordânia. Entretanto, dentro do seu próprio território o palestino
vive sob um brutal e permanente apartheid que para muitos é bem mais agressivo que o da África
do Sul, que perdurou por mais de cinquenta anos.
Observando
as reportagens e debates de grandes redes de comunicação pró sionismo no
ocidente, tem-se a sensação que todo o palestino/muçulmano é um terrorista em
potencial, que deve ser evitado. Esse tipo de estereótipo não era observado nas
cidades visitadas em Israel, bem como em Jerusalém, onde conviviam de
forma aparentemente harmoniosa judeus, cristãos e muçulmanos. Outro detalhe
importante, por estarem em Jerusalém e em diversos pontos de Israel e territórios
palestinos, símbolos sagrados das três religiões monoteístas importantes, todos os anos milhares de pessoas e peregrinos se deslocam para lá. Fato é que Parte
da renda de milhares de famílias palestinas vem do turismo.
Em
2014, a faixa de gaza havia sido bombardeada não nas proporções de hoje. Devido ao ocorrido, centenas de grupos de turistas de todas as partes
do mundo haviam cancelado suas viagens. Era perceptível o baixo fluxo de pessoas
transitando nos lugares sagrados como a cidade de Belém, Jericó, Nazaré, Galileia e na Jerusalém. Se na época, dez anos atrás, o quadro social e econômico dos palestinos já era desolador,
considerada uma investida curta do exercito israelense, imaginemos hoje, com os
ataques diários a gaza e a forte repressão imposta aos cidadãos palestinos nos
territórios ocupados. Quem não perdeu a vida nos ataques certamente irá morrer de fome e de
doenças. Se isso não é
genocídio deliberado, o que é então?
Prof.
Jairo Cesa