domingo, 27 de setembro de 2020

 

O RETORNO DAS AULAS PRESENCIAIS COLOCA EM RISCO A VIDA DE PROFESSORES E ESTUDANTES.

Nas últimas semanas o assunto que dominou os noticiários televisivos e digitais nos quatro cantos do Brasil foi retornar ou não às aulas presenciais nas redes de ensino básico. Em se tratando de retorno as atividades discentes nas redes estaduais, especialmente do estado de Santa Catarina, é consenso dos sindicatos dos profissionais da educação e da própria comunidade, que a volta representa alto risco de contaminação pelo corona vírus.

As secretarias de educação de todos os estados deveriam, antes de decidir pelo retorno à “normalidade”, ter como parâmetro a cidade de Manaus, primeira capital que voltou às atividades presenciais. Lá, na segunda semana após o retorno, dos 1.064 profissionais que realizaram teste para o COVID, 342 testaram positivo.  O agravante é que os/as professores/as contaminados não foram afastados por 14 dias, como está estabelecido no protocolo da OMS.

Na Europa, países como a Alemanha, que tiveram a reabertura das escolas em maio, houve o aumento significativo de profissionais contaminados pelo Vírus. Outros países melhores classificados nos índices de avaliação do PISA, como Cingapura, Nova Zelândia, China, etc, conseguiram controlar com êxito o contágio com o Vírus. São países que avançaram culturalmente, com escolas bem estruturadas e a população com níveis de escolaridade elevada.

Agora, quando se trata de educação pública no Brasil, principalmente no nível básico (fundamental e médio) já podemos deduzir antecipadamente que a reabertura das escolas trará efeitos catastróficos. Ou será que estou equivocado? Essa previsão nada otimista e de enorme risco à vida da população é fundamentada nas condições precárias das escolas distribuídas nos mais de cinco mil municípios brasileiros. Eram ínfimas as escolas antes da pandemia que asseguraram condições adequadas a um ensino satisfatório.

Com a pandemia, mesmo com todas as recomendações e cuidados à população adulta no cumprimento dos protocolos de proteção ao vírus, os riscos de contágios continuaram elevados, imaginemos agora as escolas públicas diante de tantas carências de infraestrutura. Umas das recomendações clássicas para minimizar o contágio do vírus é o uso da máscara. Como convencer crianças ou adolescentes ao uso desse equipamento essencial se a principal referência pública, o presidente da república, que deveria dar o exemplo, vem negligenciando tais recomendações. É possível que haja conflitos entre professores e estudantes no descumprimento das medidas. O argumento do estudante é que em casa os pais compactuam com o comportamento negacionista do presidente da república.  

Em entrevista concedida a uma rádio de Araranguá, o secretário da educação da rede estadual confirmou que o retorno às aulas presenciais ocorrerá no inicio de outubro. Destacou que a volta é facultativa, que ocorrerá, em primeiro lugar, para os estudantes do terceiro ano do ensino médio. A intenção é que esse processo de retorno contemple até o final de 2020 os estudantes do sétimo ano do ensino fundamental. Não são todos os estudantes que retornarão às escolas, relatou o secretário. A exclusividade será para aqueles que apresentarem dificuldades na aprendizagem.

 Informou que a SED, Secretaria Estadual de Saúde, Defesa Civil, entre outros órgãos estaduais, elaboraram protocolo sobre as diretrizes sanitárias que deverão ser seguidas por todas as instituições de ensino. Dentre as diretrizes propostas estão:

III. Manter disponível um frasco de álcool gel 70% para cada professor, recomendando a este que leve consigo para as salas de aula para sistematicamente higienizar as mãos;

II. Garantir equipamentos de higiene, como dispensadores de álcool em gel, lixeiras com tampa com dispositivo que permita a abertura e fechamento sem o uso das mãos (como lixeira com pedal);

Quem conhece o cotidiano de uma escola estadual sabe das dificuldades que é administrar uma unidade de ensino quando falta tudo, do papel higiênico a outros insumos essenciais.  Pensar que agora vai ser diferente, diante de uma crise cujos recursos disponíveis ficaram mais escassos. Quem garante que as mais de mil escolas estaduais terão a disposição álcool gel, medidores de temperaturas, lixeiras especiais, tapetes para higienizar os calçados, entre outros à disposição?  

Antes da pandemia, conserto de janelas, telhados, ar condicionados, compra de materiais de expedientes, etc, os recursos eram obtidos por meio de eventos realizados nas escolas, como festas juninas, bingos e rifas, etc. Os repasses oriundos do Estado sempre foram insuficientes para cobrir as necessidades mínimas das escolas durante o ano letivo. Pelo o que se sabe, poucas foram às unidades de ensino restauradas, muitas das quais estavam com dificuldades até no abastecimento de água potável

O secretário também ressaltou que a educação não parou que as escolas estão recebendo equipamentos novos, que os investimentos continuam e que a educação é prioridade. Entretanto, o governo federal, anunciou há poucos dias o corte de 1, 6 bilhão de reais no orçamento no próximo ano para a educação. Isso se dá num momento crítico, quando os investimentos nesse setor deveriam ser o maior entre todos os demais ministérios. É bom esclarecer que a decisão de retorno se deve a pressão imposta ao governo do estado pelas escolas particulares, que viram os lucros exorbitantes despencarem com a pandemia. A pressão para o retorno não está na queda dos níveis de aprendizagem desse segmento, o motivo é financeira, lucro.

Em entrevista concedida ao jornal Estado de São Paulo, o Ministro da Educação mostrou claramente sua incompetência para gerir um cargo de tamanha magnitude que é o da educação. Disse ao jornal que em relação ao problema do ensino remoto, onde parcela dos estudantes não tem acesso à internet, que o problema não é do MEC e sim do Brasil. Seguindo o exemplo do presidente da república, ambos jogam toda a responsabilidade pelo retorno às aulas presenciais aos estados e municípios. Mas o ponto crucial da entrevista foi quando lhe questionaram sobre a educação de gênero na escola.

Sua resposta mostrou-se carregada de preconceito. Relatou que estudantes com comportamentos LGBT nas escolas, isso se devem as famílias desajustadas onde estão inseridos. Nesse sábado, 27 de setembro de 2020, o ministro a educação respondeu as acusações de comportamento homofóbico em entrevista concedida ao jornal Estado de São Paulo. Afirmou que foi mal interpretado, que aquilo que divulgado nas mídias ocorreu de forma descontextualizada.

Prof. Jairo Cezar

 

 

 

https://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2020/09/09/governo-de-sc-finaliza-plano-de-contingencia-para-retorno-da-educacao-presencial.ghtml

http://www.sed.sc.gov.br/images/Caderno_diretrizes_retorno/1-Diretrizes_Sanit%C3%A1rias_para_o_Retorno_das_Aulas.pdf

https://www.brasil247.com/brasil/ministro-da-educacao-que-pode-ser-investigado-por-homofobia-diz-que-foi-mal-interpretado

             

sábado, 26 de setembro de 2020

 

ANVISA PROIBE PRODUÇÃO E COMÉRCIO DO VENENO PARAQUAT NO BRASIL, RESPONSÁVEL PELO MAL DE PARKINSON E SUICÍDIOS ENTRE OS AGRICULTORES

http://www.contag.org.br/index.php?modulo=portal&acao=interna&codpag=101&id=14121&mt=1&nw=1


Um dos jornais de circulação no sul do estado de santa Catarina trouxe como matéria de capa a seguinte manchete: proibição do Paraquat volta ao debate. O assunto que foi discorrido na pagina 14 traz explicações sobre a decisão da ANVISA, que podemos considerar como uma primeira vitória em favor do meio ambiente e da vida. O fato é que em 2017 a ANVISA havia decidido que o agente químico, proibido em 50 países, por ser responsável pelo mal de Parkinson, suicídios e outros morbidades, seria banido no Brasil a partir do dia 22 de setembro de 2020.

Entretanto, a reunião entre os membros da entidade onde decidiu pelo banimento do agrotóxico, foi apertada, três votos a dois.  Um dos votos esperados favoráveis ao fim do banimento era do presidente do órgão, o almirante e medico Antônio Barra Torres. O mesmo foi indicado pelo presidente Bolsonaro em 2019, e desde o inicio do mandato vem tomando medidas que não confrontam com o Bolsonaro e sua ala ideológica. Contrapôs-se ao ex-ministro da saúde, Mandetta, buscando minimizar a gravidade resultante do vírus sobre a população brasileira.

De 2017 até o momento, representantes do agronegócio e da indústria de pesticidas intensificaram pressão sobre os membros da ANVISA, foram vinte reuniões realizadas com a intenção de convencer a agencia de que o agrotóxico não é tão perigoso como vem sendo mencionado. Só a empresa SYNGENTA, uma das principais produtoras e distribuidora do pesticida, importou da Inglaterra oito mil toneladas, em 2019. Um dos argumentos defendidos pela diretora do órgão era de postergar a proibição até 2021 em respeito aos estoques do produto adquiridos pelos agricultores.

A diretora e o presidente da agência votaram pela manutenção do veneno baseado em pesquisa realizada pela UNICAMP que considerava o Paraquat pouco perigoso. O fato é que a pesquisa foi patrocinada pela Associação Brasileira de Produtores de Soja, que já foi suspensa por constatar erro de metodologia. É possível ter havido sabotagem nas amostras de urina coletadas para estudo.

Mesmo posicionando favorável a manutenção do veneno por mais um ano, o voto da diretora foi vencido. Como adquirir estoques pelo produtor de um produto que já se sabia que seria proibido? A impressão que ficou era que havia certeza por parte da indústria e do agronegócio que a decisão da ANVISA seria pela manutenção do agrotóxico. Uma pequena derrota para um governo que desde 2019 liberou o registro para 787agrotóxicos, muitos, muitos banidos há décadas em países da União Europeia e outras partes do mundo. 

Com tanto veneno na mesa dos brasileiros, o presidente teve a coragem de dizer no último encontro da ONU que o Brasil tem forte legislação de proteção ao meio ambiente.  Em 2014, o MPF do Rio Grande do Sul e o fórum gaúcho de combate aos impactos dos agrotóxicos alertaram sobre os riscos do Paraquat à saúde humana, onde tomaram a decisão pelo banimento no estado.  O principal argumento pelo banimento é a sua elevada e persistência toxidade no corpo humano. O contato com o herbicida paraquat provoca a falência aguda de órgãos e fibrose pulmonar agressiva.

Também há estudos que confirmam o aumento da incidência do mal de Parkinson entre produtores rurais que mantiveram contato permanente com esse principio ativo.  A própria China, que é considerada o país pouco transparente em termos de legislação e defesa do meio ambiente, baniu esse veneno da sua agricultura em julho de 2014. Estudos feitos na Coréia do Sul, entre 2005 e 2011, comprovaram que 81,6% dos pacientes afetados pelo veneno foram a óbito. 

Em Santa Catarina, a notícia da proibição do uso do herbicida não agradou o segmento do agronegócio, que alegam terem feitos estoques para a safra 2020 e 2021. Esse setor esta pressionando o órgão regulador e fiscalizador de santa Catarina, a CIDASC, para liberar na atual safra. Sobre o assunto, uma reunião foi agendada para o dia 6 de outubro. Até então está vedado o uso e comércio, cuja multa para que for flagrado será de 1mil a 10 mil reais.

O próprio coordenador clínico do centro de informações e assistência toxicológica de SC, o médico Pablo Moritz, foi categórico em afirmar que o produto é considerado altamente tóxico, cuja exposição crônica, ocupacional, aumento o risco das pessoas terem doenças de Parkinson, entre outras. O responsável pela divisão de fiscalização de insumos agrícola da CIDASC, Matheus Mazon Fraga, disse que há outros produtos similares ao Paraquat que fazem o mesmo serviço, porém, os valores pagos são maiores, e essa é um dos argumentos dos agricultores em defesa do herbicida banido, preço mais em conta.

Prof. Jairo Cezar       

http://portal.anvisa.gov.br/noticias/-/asset_publisher/FXrpx9qY7FbU/content/paraquate-anvisa-mantem-data-para-banimento/219201

https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/agronegocio/268736-paraquate-anvisa-mantem-data-para-banimento-para-22-de-setembro.html#.X25pEGhKi00

https://contraosagrotoxicos.org/violacoes-de-direitos-humanos-por-agrotoxicos-o-brasil-seguira-por-caminhos-toxicos/

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/03/presidente-da-anvisa-se-alinha-a-bolsonaro-e-contrapoe-mandetta-no-combate-ao-coronavirus.shtml

http://www.ihu.unisinos.br/534438-mpfrs-e-forum-de-combate-a-agrotoxicos-alertam-para-uso-de-herbicida-paraquat

 

 

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

 

O DISCURSO RECHEADO DE INVERDADES  PRONUNCIADO PELO  PRESIDENTE BOLSONARO NA ONU

Quem assistiu ou leu o discurso proferido pelo presidente brasileiro na abertura da 75 Assembleia da ONU no dia 22 de setembro deve ter se sentido envergonhado de ter como líder alguém tão mau caráter, que procurou em 14 minutos engambelar o mundo com tanta mentira. No campo ambiental, já se imaginava que o seu esforço era distorcer os fatos, acreditando desconhecimento da população mundial que os incêndios na Amazônia e no Pantanal tem o presidente um dos maiores incentivadores.

Em um de suas falas culpou a imprensa brasileira por estar promovendo campanha de desinformação acerca dos incêndios na Amazônia e no pantanal. Falar que há desinformação é uma postura leviana e criminosa diante do extraordinário arcabouço tecnologia disponível por órgãos como o INPE, capaz rastrear com eficiência todo o território brasileiro. As imagens captadas pelas lentes de satélites não mentem, o Brasil está queimando literalmente, e os responsáveis não são “caboclos” ou “indígenas”, como tentou afirmar o presidente, são fazendeiros, grileiros, que derrubam a floresta e queimam para dar lugar a pastos e a monocultura.

As florestas brasileiras são úmidas, portanto não permitem fogo no seu interior. É exatamente isso o que o presidente falou. Pior é que nem ficou vermelho com tamanha petulância.   O fato é que em primeiro lugar a floresta é derrubada, depois ateiam fogo. Tudo isso, combinado com as estiagens prolongadas e temperaturas elevadas, se transformam e potentes combustíveis para a devastação de tudo que estiver pela frente.

 Não falou o presidente, e não falaria mesmo, que havia promovido o maior desmonte na história de órgãos ligados ao meio ambiente como o IBAMA e ICMbio.  A intenção do desmonte foi como afirmou o ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, “deixar a boiada passar”, ou seja, flexibilizar, fazer vistas grossas as legislações que criam obstáculos às ilegalidades.

 Deveria ter dito o presidente que foi criado uma força tarefa, coordenada pelo vice-presidente, Mourão, com o envio para a amazonas de milhares de militares com o objetivo de combater os desmatamentos e as queimadas. Que tal iniciativa tem um custo mensal de mais de sessenta milhões de reais ao mês, valor equivalente ao orçamento anual do IBAMA e ICMBio.

Dizer que o Brasil é um dos países que mais preserva as florestas é ridículo e um insulto ao bom senso. Não há dúvida que o discurso tem um público alvo, seus apoiadores, os mesmos que diariamente estão confinados num Curralinho em frente ao palácio. Esses e outros 12 a 13 de apoiadores concordam com tudo o que o presidente diz, até mesmo com a absurda afirmação de que no Brasil vem sendo praticada a tolerância zero contra o crime ambiental.

Prof. Jairo Cezar

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

 

AS PROFECIAS ESTAVAM CERTAS, A TERRA ACABARÁ SENDO DESTRUÍDA POR FOGO E PRAGAS?

Assim estavam descritas nas antigas profecias cristãs sobre o “fim do mundo”: “caíram sobre a terra granizo e fogo misturados com sangue”; “uma grande montanha ardendo em chamas foi lançada no mar. A terça parte do mar transformou-se em sangue”; “e caiu do céu uma grande estrela”. Refletindo as frases relativas ao “fim dos tempos”, proferidas, possivelmente, pelo projeto João, no livro do apocalipse, o último da bíblia no novo testamento, as mesmas fazem pensar sobre o atual momento de turbulências que sacode o planeta, afetado por profundas mudanças climáticas, cada vez mais ameaçadoras à sobrevivência da espécie humana.

Embora as profecias tenham sido escritas há mais de dois mil anos, por indivíduos pertencentes à religião cristã, que afirmava, categoricamente, que forças antagônicas, o bem e o mal, eram representados por “deus” e o “demônio”, o caminho da humanidade, portanto, era seguir a risca os desígnios “divinos” para livrar-se dos impulsos do “mal”.  E “caiu do céu uma grande estrela”... Essa metáfora bíblica tem, sim, similaridade com as atuais ondas de calor escaldante que sufocam regiões do planeta, causando incêndios devastadores como o ocorrido na Austrália, países da Europa, Oriente Médio, EUA e Brasil.  

Cada vez fica mais evidenciado que tais ondas de calor escaldantes como as que ocorreram no Vale da Morte, leste da Califórnia, nos EUA, com temperatura superior a 54 graus centígrados, um recorde planetário, tem, sim, relação com o ímpeto destrutivo (forças do mal) que se sobrepõe ao bem. A natureza: o sol, o solo, as plantas, os rios, os oceanos, o ar limpo, etc, são resultados de bilhões de anos de evolução cósmica, necessárias e imprescindíveis à sobrevivência das espécies vivas que compartilham a mesma aldeia global. Ainda hoje prevalece nas mentes jurássicas uma visão antropocêntrica, já superada, de acreditar que pelo fato de possuir habilidades complexas, o ser humano pensa que pode arbitrar sobre a vida e a morte dos demais seres.

Repetidamente a natureza está lançando sinais de que o planeta que habitamos está saturado, que água, ar e solo estão nos seus limites de estagnação. Cada espécie viva, os micro organismos, por exemplo, suas existências são determinantes à nossa existência. Quando um desses elementos desaparece nos tornamos mais frágeis, mais suscetíveis às doenças, algumas das quais devastadores. Pesquisas comprovam que nas últimas décadas desapareceram cerca de cinqüenta por cento de espécies da fauna no planeta.  Só para exemplificar, os últimos incêndios ocorridos na Austrália, 2019 e 2020, três bilhões de animais foram afetados.

A pressão humana sobre áreas florestais primordiais e o uso indiscriminado de aditivos químicos na agricultura (pesticidas) ambos têm contribuído para presenciarmos cenários apocalípticos. O convívio freqüente com furacões, tornados, temperaturas escaldantes, pandemias, nuvens de gafanhotos, incêndios devastadores, degelo no ártico e na antártica, etc, são sintomas de um planeta doente, na UTI, cuja sobrevivência dependerá das nossas atitudes.  Desde o começo do século XX, relatórios e obras literárias alertavam poder haver um possível colapso climático num futuro muito próximo.

 Muitos acreditavam que a extinção da espécie humana ocorreria durante a Guerra Fria, por meio de um hecatombe nuclear. Isso não aconteceu por um milagre.  Chegou o século XXI, o planeta continuou dando sinais cada vez mais evidentes que teríamos pouco tempo para repensarmos nossas condutas se pretendêssemos aqui permanecer. Mudar atitudes, hábitos de consumo, técnicas de cultivo, de produção, de relações interpessoais, são algumas táticas largamente defendidas pelos monitores dos ciclos sistêmicos do planeta terra.

Parece que muita gente, governos em especial, ainda não se deram conta que isso pode estar acontecendo hoje, que mantendo um comportamento negacionista dos fatos, a ciência e tecnologias disponíveis não serão suficientes para evitar que a humanidade caia no precipício. Isso não são afirmações de mentes lunáticas, fanáticos fundamentalistas, são idéias concebidas a partir de observações empíricas e cientificas que comprovam haver uma profunda disritmia nos ciclos da natureza.

Há quatro ou cinco anos consecutivos o planeta vem batendo recorde de temperaturas media elevada. O ano de 2020 baterá, com certeza, o sexto recorde. Isso é assustador!  O calor excessivo, somado a escassez cada vez mais freqüente de chuvas, está se tornando ingredientes importantes à propagação das queimadas no planeta. O Brasil, por exemplo, vem causando perplexidade no mundo inteiro em decorrência da devastação da floresta Amazônica.  O fato é que os incêndios dantescos não são motivados por atos acidentais.  Há por traz desses sinistros devastadores todo um plano bem arquitetado e com objetivos claros, auferir lucros.

Mais do que nunca o governo federal deveria adotar políticas responsáveis para proteger esses ecossistemas. Até a posse de Bolsonaro como presidente da República, havia uma expectativa positiva quanto ao cumprimento das pautas pró clima global ratificada COPs (Conferências das Partes), a exemplo da COP 15, realizada em Paris. Pior do que desconsiderar os alertas das organizações que monitoram o clima é levar avante um programa de governo homicida a tudo que se relaciona ao meio ambiente.

As queimadas que devastam o pantanal mato-grossense, um bioma até então impensável de ocorrer incêndios com tais proporções, são demonstrações obvias que o Brasil está sim no epicentro das mudanças climáticas. Como aconteceu recentemente na Austrália com bilhões de animais impactados pelo fogo, a Amazônia e o pantanal terão e têm perdas irreparáveis da fauna e da flora. O que é mais impactante é saber que poucas são as chances de um cenário futuro confortável, enquanto tivermos líderes políticos e uma classe econômica alucinada pelo poder e o dinheiro.

Outros incêndios tenderão a ocorrer nesses e outros biomas brasileiros, pois tudo faz parte de um plano macabro desenvolvimentista, sem limites, do atual governo. Todos, direta e indiretamente, estão sofrendo com os incêndios no norte e centro oeste brasileiro. A dimensão da tragédia ultrapassa fronteiras. O sul e sudeste brasileiro estão sofrendo os efeitos do que poderia ser o apocalipse, profetizado na antiguidade.

Chuvas negras estão caindo sobre cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, contaminando ainda mais os já degradados recursos hídricos por agrotóxicos. Dois anos é o tempo que resta para o fim desse pesadelo político que se abateu sobre o povo brasileiro. O não impedimento de sua permanência no posto deixará um legado trágico, sem retorno, ao meio ambiente. Suas seqüelas serão sentidas por muitas e muitas gerações.

Prof. Jairo Cezar      

 

     

Leia mais em: https://super.abril.com.br/historia/apocalipse-biblico-furia-divina-sobre-a-terra/

https://brasil.elpais.com/internacional/2020-09-12/o-fim-do-mundo-era-um-incendio.html

https://g1.globo.com/natureza/noticia/2020/07/28/incendios-na-australia-afetaram-3-bilhoes-de-animais-afirma-estudo.ghtml

domingo, 13 de setembro de 2020

 BRASIL, PÁTRIA ARMADA, SALVE SALVE

É impossível não se indignar diante de tantos horrores praticados por um governo profundamente possuído pelos “espíritos” malignos de estadistas genocidas que deixaram marcas terríveis na história e não cicatrizadas. Por mais de trinta anos tive a convicção de que lecionando historia no ensino básico ajudaria elucidar acontecimentos forjados ao bel prazer das vaidades de mentes doentias ofuscadas pelo poder.

É claro que quando conclui o curso acadêmico, recentemente o Brasil havia se “libertado” de uma longa ditadura, arruinado economicamente e com centenas de cidadãos mortos e desaparecidos. Como ser imparcial diante de um cenário desolador. Era nosso compromisso profissional e ético trazer ao debate escolar as atrocidades cometidas nos vinte anos de regime militar, na esperança que nossa voz trouxesse algum alento as famílias e os algozes recebessem a punição devida.

O sentimento que volta e meia tende a perturbar o sono de muitos profissionais de história é achar que tudo o que foi ensinado sobre viver num país de repressores, torturadores, não foi suficiente para sepultar para sempre qualquer possibilidade de um recrudescimento futuro.  Um dos argumentos que até hoje certos generais utilizam para justificar a tomada do poder em 1964 foi à possibilidade do Brasil tornar-se comunista.  O que impressionou é o modo como a elite capitalista pró-ditadura conseguiu desconstruir o conceito de comunismo, socialismo, dando a impressão de modelos de regimes perversos, que tolhem as liberdades coletivas e individuais. O fato é que usam como referência para demonizá-los, os modelos Russo e Chinês, cujos líderes Stalin e Mao Tse Tung, protagonizaram atos de violência e morte contra seu próprio povo.    

O que realmente aconteceu em 1964 cujo atual presidente e outros generais insistem em definir como um ato revolucionário contra o comunismo e as liberdades individuais foi, com certeza, um golpe militar, arquitetado em Washington, EUA, no qual conduziu ao poder os generais por cerca de vinte anos.  Um dos pilares da agitação conservadora anti Goulart foi à pauta de reformas de base apresentadas pelo presidente. Reforma agrária, educacional e outras medidas de caráter nacionalista, elevou as tensões do setor dominante que viam com receios as propostas. Sentindo-se ameaçados, a elite saiu às ruas defendendo a renúncia do presidente.

Na ocasião deram nome ao movimento de Marcha da Família com Deus pela Liberdade.  Essa mesma casta social que sempre utilizou da religião e de símbolos nacionais para acobertar suas maldades, jamais admitiu qualquer possibilidade de mudanças estruturais que garantissem o mínimo de dignidade social. O comunismo ou socialismo, na sua essência, tem por princípio compartilhar direitos. O próprio Jesus Cristo era seguidor desse princípio. Não um mero pacifista, profeta, como muitos tentam enquadrá-lo.  Desafiar os poderosos, o próprio Estado romano, os sacerdotes dos templos hebreus, incitando o povo a se rebelarem contras as injustiças praticadas, era um dos seus principais desígnios como indivíduo revolucionário.

Jesus Cristo levava ao povo explorado, doente, pobre, mensagens de esperança, fé, de que era necessário lutar contra aqueles que ousassem usar o seu nome em vão para obter benefícios pessoais.  Quando se tem um presidente que homenageia torturadores e adota como lema de governo “deus acima de tudo”, isso soa como uma afronta aos verdadeiros e sagrados princípios do cristianismo, na qual preza pela tolerância, humildade, justiça e o amor ao próximo. 

O slogan que dá sentido ao governo de Bolsonaro é um recorte de um dos versos do hino nacional, onde faz menção ao sentimento de amor dedicado à pátria brasileira, “Pátria amada Brasil”.  Nos dois anos que está à frente do comando do Estado brasileiro, o presidente Bolsonaro vem insistentemente desmoralizando os símbolos nacionais, a exemplo da bandeira. Seus apoiadores se apropriaram das cores da bandeira como marca representativa de um patriotismo cego, odioso.  

A flexibilização do porte de armas, o desmonte de setores importantes como educação e maio ambiente, são alguns dos programas em curso no Brasil que comprovam total desconexão com o slogan criado. Em vez de Brasil pátria amada, o correto seria: Brasil Pátria armada. Desde que assumiu o posto de presidente, uma das  ações de Bolsonaro em âmbito internacional foi fortalecer o vínculo de subserviência  aos EUA.  Bolsonaro se transformou numa das figuras mais patéticas e odiadas no mundo, não só pelo ridículo comportamento de adoração a Donald Trump, mas também pelo modo criminoso como vem tratando a temática ambiental.

Prof. Jairo Cezar

revistagalileu.globo.com/Sociedade/Comportamento/noticia/2014/02/o-jesus-como-figura-humana-e-mais-acessivel-do-que-sua-versao-divina.html

 

 

       

           

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

 OS HORRORES DOS GENOCÍDIOS PELO MUNDO E NO BRASIL

Grande parte das fontes bibliográficas disponíveis sobre a temática o Holocausto aborda quase que exclusivamente o fatídico e trágico episódio ocorrido na Alemanha e Polônia, onde mais de seis milhões de judeus, ciganos, negros, foram mortos nos campos de concentrações nazistas. Nas escolas de todo mundo, esse é um tema obrigatório presente nos currículos das aulas de história. São infinitas as produções, filmes, documentários, livros, artigos, que faze m referência o tema.

O que poucos sabem, é que existiram outros holocaustos tão macabros, com números de vítimas iguais, alguns menores e outros bem superiores ao genocídio praticado por Adolfo Hitler. A cada período da história sempre aparece um estadista ou líder insano, que instigado pela idéia de supremacia étnica, chega ao limite do sadismo de querer sacrificar grupos culturais minoritários acreditando ser possível purificar a raça. Dentre todos os holocaustos registrados o que teve maior contingente de mortes foi o liderado pelo Mongol Tarmaleão, no século 14, que na tentativa de reconstruir a glória do império de Gengs khan, no Oriente Médio, Ásia Central e Mongólia,  exterminou quase 5% da população mundial de sua época.  

No continente africano também tiveram os seus Hitler, porém décadas anterior a hegemonia desse estadista na Alemanha. Os personagens que protagonizaram as histórias de brutalidades e que resultaram em milhões de mortes foram Félicien Kabuga, de Ruanda e o rei belga, Leopoldo II, no Congo. O primeiro foi acusado de ter criado milícias na década de 1999, principal braço armado do genocídio em Ruanda, que em cem dias causou a morte de mais de 800 mil pessoas. O segundo foi no final do século XIX e início do XX, quando o rei Belgo Leopoldo II, levou a morte entre 8 a 10 milhões de congoleses na exploração do marfim e borracha nas florestas do país.

Muitos devem estar se perguntando, mas se for assim, na América Latina, os portugueses e os espanhóis também protagonizaram genocídios. Doenças trazidas pelos brancos como gripe, varíola, sarampo, etc, fez reduzir a população do território de 60 milhões para pouco mais de cinco milhões, em 100 anos de ocupação. O caso do Congo envolvendo o imperador Leopoldo II foi diferente em alguns aspectos da colonização da ocorrida América latina, embora ter havido aqui também escravização.

A Europa, no começo do século XX, teve o seu primeiro genocídio, antes dos campos de concentrações de Awschuitz, entre outros tantos espalhados pela Alemanha, Polônia, etc. Antes do inicio da primeira guerra mundial, a Turquia ocupava territórios onde hoje está a Síria, Arábia Saudita e a atual a Armênia. Durante a Primeira Guerra Mundial, o império turco se uniu à Alemanha, com estratégia de unificar forças para vencer o exército russo. Essa estratégia foi um desastre, pois resultaram em inúmeras derrotas com perdas de vidas. Os Turcos quiseram encontrar um bode expiatório pela grave instabilidade econômica em seu território.  Do mesmo modo como ocorreu na Alemanha quando os judeus foram vitimados pelo fracasso econômico do país, no império otomano, os culpados foram os Armênios. A resposta ao que chamam de traição armênia, por ter prestado apoio ao exército russo, foi uma onda de perseguição e execução de centenas de intelectuais armênios. 

Não ficou só nisso. O governo turco impôs a deportação em massa de armênios residentes em seu território. Essa grande marcha por regiões inóspitas causou a morte de quase três milhões de armênios. Até hoje o massacre contra o povo armênio não é reconhecido pelas autoridades turcas e parcela da população como um ato criminoso. O termo genocídio foi cunhado pela primeira vez para justificar os seis milhões de judeus mortos na Alemanha durante a segunda guerra mundial. Para que certos massacres sejam classificados como genocídios são necessários levar em consideração alguns critérios.  O planejamento sistematizado com o propósito de exterminar um grupo étnico por parte de um governo é um desses requisitos.    

Na viagem que fizemos à Turquia em 2019, em nenhum instante a guia que nos acompanhou fez qualquer menção ao genocídio. Na ocasião, novembro de 2019, a Turquia estava promovendo bombardeios contra curdos junto à fronteira com a Síria. Para mim, sempre tive compreensão que os curdos, a exemplo dos armênios, também sofreram e sofrem até hoje perseguições e atos genocidas. Quem não se lembra do terrível bombardeio químico lançado pelo ditador iraquiano Saddan husseim contra populações curdas no norte do Iraque. Durante o ataque, ocorrido entre os dias 16 e 17 de março de 1988, ao povoado de Halabja, cerca de cinco mil pessoas foram mortas, asfixiadas devido pelo veneno.

Quando perguntei à guia sua opinião dela sobre os bombardeios, sua resposta foi um tanto agressiva. Disse que a ação do exército turco era desarticular grupos terroristas infiltrados entre os curdos. O que se sabe é que a Turquia não tem relações amistosas com os curdos que vivem nas fronteiras com o território Síria. O povo curdo, constituído por 25 a 30 milhões de indivíduos, está distribuído entre os territórios da Turquia, Síria, Iraque, Irã e Armênia. Embora sendo um povo milenar, luta até hoje pela criação de Estado independente, o Curdistão.   

O quinto genocídio da história aconteceu no final do século XX, no Camboja, entre 1975 e 1979. Em termos de crueldade, pode ser igualado aos campos de extermínio  nazista. Em quatro anos, a população do Camboja foi reduzida em 25%. O líder sanguinário camborjano Maoísta, Pol Pot, forçou a remoção de milhões de cidadãos/ãs das áreas urbanas para os campos. Quase todos os intelectuais do país, professores, médicos, jornalistas, e outros profissionais foram executados sumariamente a mando de Pol Pot. A intenção do regime era construir uma sociedade fundamentada na agricultura, como ocorreu na china de Mao Tsé Tung. A população, no campo, era submetida a trabalhos severos, com maus tratos e escassa alimentação. Quem tentasse se rebelar ou fizesse qualquer crítica ao regime era imediatamente reprimido e executado.

Quando estivemos no Camboja em 2018, contratamos um guia para nos acompanhar nos locais turísticos na região de Siem Reap, a cerca de 300 km da capital Phnom Phen, onde estão os importantes e milenares templos budistas e hinduístas. No relato sobre o genocídio praticado pelo ditador Pol. Pot, o guia fez uma revelação perturbadora. Disse que entre os quase dois milhões de mortos nos campos de trabalho forçados do país, dois das vítimas eram seus irmãos. Seu pai, que era médico, foi poupado da execução porque conseguiu ludibriar os soldados fingindo ser analfabeto.

É importante não deixar de mencionar, mesmo não estando na lista de grupos ameaçados por atos genocidas, que os palestinos têm na sua longa existência histórica o acúmulo de lutas e resistências pela preservação da sua identidade cultural. Como os Curdos, os palestinos lutam há séculos também pela criação um território autônomo, a Cisjordânia. Entretanto, os governos israelenses, com exceção de alguns, imprimem uma perversa ofensiva junto aos territórios palestinos, incentivando o assentamento de colonos.

Em 2014, quando estivemos em Israel e territórios palestinos, o exército israelense havia imprimido uma série de ataques com bombas e morteiros na faixa de gaza. A justificativa do governo de Israel pela incursão era na tentativa de desarticular e desestabilizar o grupo pró palestino, Hamas. Poucos têm noção do que é quase dois milhões de pessoas viverem em um minúsculo território de 365 Km quadrado, onde alimentos, água e serviços são controlados pelo governo israelense. Em termos de comparação, o território de Araranguá tem uma área de 303 km quadrados e uma população de 62 mil habitantes.

Tanto Gaza quanto os demais territórios palestinos se tornaram verdadeiros guetos, protegidos por imensos muros e cujos cidadãos todos os dias ao saírem para trabalhar são revistados por soldados israelenses nos check points. Na época, quase todos os dias havia notícias de palestinos sendo presos ou mortos por soldados israelenses. A ofensiva israelense contra um possível estado palestina e cuja capital seria Jerusalém, passou a ser mais contundente a partir de 2018, quando da transferência da embaixada norte americana de Tel Aviv  para Jerusalém. Essa decisão deu mais poder ao governo israelense de continuar sua investida sobre áreas palestinas, espalhando medo e horror. 

     E o Brasil, como poucos sabem, também teve seu holocausto. No entanto, apresentou características distintas dos demais, com sessenta mil mortos num prazo de oito décadas. Esse campo se chamou hospital psiquiátrico de Barbacena, no estado de Minas Gerais. Em 2015, jornalista Daniela Arbex, publicou livro, revelando a existência de um holocausto praticado pelo Estado brasileiro, com conivência de médicos, funcionários e da população. Embora não tenha lido o livro da jornalista, tive a oportunidade de assistir o documentário produzido pela jornalista e tendo como colaborador, Armando Mendz.

As imagens e as entrevistas realizadas causam mal estar tamanha perversidade cometida contra pessoas internadas no recinto, muitas das quais sem realização de diagnóstico que confirmasse alguma anomalia psíquica. Alcóolotras, prostitutas, homossexuais, entre outros, eram recolhidos das ruas e transportadas de trem até o hospital, batizado de o Colônia.  No hospital, as pessoas eram submetidas a todo tipo de perversidade, em períodos de maior lotação, morriam diariamente entre 15 a 20 pessoas, devido a maus tratos, frio, fome e doenças.

Tudo acontecia aos olhos das autoridades e da população da cidade e do Brasil. No documentário, o que se conclui, ouvindo as entrevistas de antigos funcionários e outros profissionais, é como essas pessoas conseguiam ter um sono tranqüilo assistindo tanta brutalidade contra seres humanos. A prática de eletro choques àqueles que tentassem infringir as regras do manicômio era de tal magnitude que havia dias que a energia da cidade sofria queda. Quem achou que isso foi o limite da brutalidade, se enganou. Havia um comércio legalizado de corpos e órgãos para as universidades da região. Um cemitério foi criado para o sepultamento dos pacientes falecidos, pois não tinham nome nem identidade. Valas eram abertas e os corpos enterrados coletivamente.

Por oito décadas 60 mil pessoas pereceram nesse hospital psiquiátrico. A função desse hospital como de outros tantos era, sim, oferecer atendimento qualificado as pessoas diagnosticadas com alguma disfunção mental ou física. Mas nada disso aconteceu. Era um local de recolhimento e o objetivo era higienizar a população, do mesmo modo como aconteceu na Alemanha nazista. No Holocausto nazista, muitos dos responsáveis pelo genocídio foram presos e processados. No Brasil, ninguém recebeu nem mesmo advertência.

Em julho de 2020 foi protocolada no tribunal de Haia, Holanda, ação que pede a condenação do presidente Bolsonaro por crime de genocídio. O fato é que o pedido tem fundamento e pode ser deferido pelos juízes do tribunal. Um governo que desde o início da pandemia infringiu todas a regras encaminhadas pela OMS para evitar o contagio do corona vírus, estimulando a população a seguir o mesmo comportamento é passivo de condenação por crime contra a humanidade.

Do total de mortos, pretos e pardos superam em muito os de brancos. Somente no estado de São Paulo, 57% dos que morreram pelo Covid 19, eram pretos e pardos, sendo 41%, brancos. A explicação é muito simples. Parte da população negra é considerada pobre e vive em áreas desassistidas pelo Estado. Isso facilita o contágio e a disseminação do vírus. Geralmente, o único meio possível de atendimento disponível são as unidades de saúde dos bairros onde habitam.

Todos os países em que governos cumpriram a risca as medidas para evitar o contágio do vírus tiveram perdas de vidas significativas. O Brasil, o governo seguiu seu próprio protocolo de negar as medidas, até mesmo negando o vírus no começo da pandemia, chamando-o de gripezinha.  Os acontecimentos dão margens para acreditar que há, sim, um plano deliberado de “limpeza” étnica no Brasil. Basta observar o que está acontecendo com os indígenas, com suas terras invadidas por grileiros, garimpeiros, espalhando um vírus que é mortal. 

Prof. Jairo Cezar   

        

https://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/04/o-que-foi-o-genocidio-armenio-e-por-que-tantos-lideres-se-recusam-falar-sobre-o-assunto.html   

https://veja.abril.com.br/mundo/turquia-bombardeia-curdos-na-siria-apos-debandada-dos-eua/

http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,AA1571629-5602,00-ANFAL+O+GENOCIDIO+DE+SADDAM+HUSSEIN+CONTRA+OS+CURDOS.html

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/khmer-vermelho-massacre-genocidio-camboja-historia.phtml

https://www.youtube.com/watch?v=5eAjshaa-dohttps://www.youtube.com/watch?v=5eAjshaa-do

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/os-10-maiores-genocidios-da-historia/

https://www.youtube.com/watch?v=yTenWQHRPIghttps://www.youtube.com/watch?v=yTenWQHRPIg

https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2020/05/17/interna_internacional,1148062/tesoureiro-do-genocidio-de-ruanda-e-preso-em-paris.shtml

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/genocidio-africa-congo-belga-leopoldo-ii.phtml

https://www.fflch.usp.br/1329

https://www.redebrasilatual.com.br/mundo/2018/05/palestina-e-vitima-de-apartheid-e-genocidio-colonialista-diz-professor/

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50012988https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50012988

https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2020/07/26/bolsonaro-e-denunciado-no-tribunal-de-haia-por-crimes-contra-humanidade.htm