BRASIL, PÁTRIA ARMADA, SALVE SALVE
É
impossível não se indignar diante de tantos horrores praticados por um governo
profundamente possuído pelos “espíritos” malignos de estadistas genocidas que
deixaram marcas terríveis na história e não cicatrizadas. Por mais de trinta
anos tive a convicção de que lecionando historia no ensino básico ajudaria
elucidar acontecimentos forjados ao bel prazer das vaidades de mentes doentias
ofuscadas pelo poder.
É
claro que quando conclui o curso acadêmico, recentemente o Brasil havia se
“libertado” de uma longa ditadura, arruinado economicamente e com centenas de
cidadãos mortos e desaparecidos. Como ser imparcial diante de um cenário
desolador. Era nosso compromisso profissional e ético trazer ao debate escolar as
atrocidades cometidas nos vinte anos de regime militar, na esperança que nossa
voz trouxesse algum alento as famílias e os algozes recebessem a punição devida.
O
sentimento que volta e meia tende a perturbar o sono de muitos profissionais de
história é achar que tudo o que foi ensinado sobre viver num país de
repressores, torturadores, não foi suficiente para sepultar para sempre qualquer
possibilidade de um recrudescimento futuro. Um dos argumentos que até hoje certos generais
utilizam para justificar a tomada do poder em 1964 foi à possibilidade do
Brasil tornar-se comunista. O que
impressionou é o modo como a elite capitalista pró-ditadura conseguiu
desconstruir o conceito de comunismo, socialismo, dando a impressão de modelos
de regimes perversos, que tolhem as liberdades coletivas e individuais. O fato
é que usam como referência para demonizá-los, os modelos Russo e Chinês, cujos
líderes Stalin e Mao Tse Tung, protagonizaram atos de violência e morte contra
seu próprio povo.
O
que realmente aconteceu em 1964 cujo atual presidente e outros generais insistem
em definir como um ato revolucionário contra o comunismo e as liberdades
individuais foi, com certeza, um golpe militar, arquitetado em Washington, EUA,
no qual conduziu ao poder os generais por cerca de vinte anos. Um dos pilares da agitação conservadora anti
Goulart foi à pauta de reformas de base apresentadas pelo presidente. Reforma
agrária, educacional e outras medidas de caráter nacionalista, elevou as
tensões do setor dominante que viam com receios as propostas. Sentindo-se
ameaçados, a elite saiu às ruas defendendo a renúncia do presidente.
Na
ocasião deram nome ao movimento de Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Essa mesma casta social que sempre utilizou
da religião e de símbolos nacionais para acobertar suas maldades, jamais admitiu
qualquer possibilidade de mudanças estruturais que garantissem o mínimo de
dignidade social. O comunismo ou socialismo, na sua essência, tem por princípio
compartilhar direitos. O próprio Jesus Cristo era seguidor desse princípio. Não
um mero pacifista, profeta, como muitos tentam enquadrá-lo. Desafiar os poderosos, o próprio Estado romano,
os sacerdotes dos templos hebreus, incitando o povo a se rebelarem contras as
injustiças praticadas, era um dos seus principais desígnios como indivíduo
revolucionário.
Jesus
Cristo levava ao povo explorado, doente, pobre, mensagens de esperança, fé, de que
era necessário lutar contra aqueles que ousassem usar o seu nome em vão para
obter benefícios pessoais. Quando se tem
um presidente que homenageia torturadores e adota como lema de governo “deus
acima de tudo”, isso soa como uma afronta aos verdadeiros e sagrados princípios
do cristianismo, na qual preza pela tolerância, humildade, justiça e o amor ao
próximo.
O
slogan que dá sentido ao governo de Bolsonaro é um recorte de um dos versos do
hino nacional, onde faz menção ao sentimento de amor dedicado à pátria
brasileira, “Pátria amada Brasil”. Nos
dois anos que está à frente do comando do Estado brasileiro, o presidente
Bolsonaro vem insistentemente desmoralizando os símbolos nacionais, a exemplo
da bandeira. Seus apoiadores se apropriaram das cores da bandeira como marca
representativa de um patriotismo cego, odioso.
A
flexibilização do porte de armas, o desmonte de setores importantes como
educação e maio ambiente, são alguns dos programas em curso no Brasil que
comprovam total desconexão com o slogan criado. Em vez de Brasil pátria amada,
o correto seria: Brasil Pátria armada. Desde que assumiu o posto de presidente,
uma das ações de Bolsonaro em âmbito
internacional foi fortalecer o vínculo de subserviência aos EUA.
Bolsonaro se transformou numa das figuras mais patéticas e odiadas no
mundo, não só pelo ridículo comportamento de adoração a Donald Trump, mas
também pelo modo criminoso como vem tratando a temática ambiental.
Prof.
Jairo Cezar
revistagalileu.globo.com/Sociedade/Comportamento/noticia/2014/02/o-jesus-como-figura-humana-e-mais-acessivel-do-que-sua-versao-divina.html
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