domingo, 13 de setembro de 2020

 BRASIL, PÁTRIA ARMADA, SALVE SALVE

É impossível não se indignar diante de tantos horrores praticados por um governo profundamente possuído pelos “espíritos” malignos de estadistas genocidas que deixaram marcas terríveis na história e não cicatrizadas. Por mais de trinta anos tive a convicção de que lecionando historia no ensino básico ajudaria elucidar acontecimentos forjados ao bel prazer das vaidades de mentes doentias ofuscadas pelo poder.

É claro que quando conclui o curso acadêmico, recentemente o Brasil havia se “libertado” de uma longa ditadura, arruinado economicamente e com centenas de cidadãos mortos e desaparecidos. Como ser imparcial diante de um cenário desolador. Era nosso compromisso profissional e ético trazer ao debate escolar as atrocidades cometidas nos vinte anos de regime militar, na esperança que nossa voz trouxesse algum alento as famílias e os algozes recebessem a punição devida.

O sentimento que volta e meia tende a perturbar o sono de muitos profissionais de história é achar que tudo o que foi ensinado sobre viver num país de repressores, torturadores, não foi suficiente para sepultar para sempre qualquer possibilidade de um recrudescimento futuro.  Um dos argumentos que até hoje certos generais utilizam para justificar a tomada do poder em 1964 foi à possibilidade do Brasil tornar-se comunista.  O que impressionou é o modo como a elite capitalista pró-ditadura conseguiu desconstruir o conceito de comunismo, socialismo, dando a impressão de modelos de regimes perversos, que tolhem as liberdades coletivas e individuais. O fato é que usam como referência para demonizá-los, os modelos Russo e Chinês, cujos líderes Stalin e Mao Tse Tung, protagonizaram atos de violência e morte contra seu próprio povo.    

O que realmente aconteceu em 1964 cujo atual presidente e outros generais insistem em definir como um ato revolucionário contra o comunismo e as liberdades individuais foi, com certeza, um golpe militar, arquitetado em Washington, EUA, no qual conduziu ao poder os generais por cerca de vinte anos.  Um dos pilares da agitação conservadora anti Goulart foi à pauta de reformas de base apresentadas pelo presidente. Reforma agrária, educacional e outras medidas de caráter nacionalista, elevou as tensões do setor dominante que viam com receios as propostas. Sentindo-se ameaçados, a elite saiu às ruas defendendo a renúncia do presidente.

Na ocasião deram nome ao movimento de Marcha da Família com Deus pela Liberdade.  Essa mesma casta social que sempre utilizou da religião e de símbolos nacionais para acobertar suas maldades, jamais admitiu qualquer possibilidade de mudanças estruturais que garantissem o mínimo de dignidade social. O comunismo ou socialismo, na sua essência, tem por princípio compartilhar direitos. O próprio Jesus Cristo era seguidor desse princípio. Não um mero pacifista, profeta, como muitos tentam enquadrá-lo.  Desafiar os poderosos, o próprio Estado romano, os sacerdotes dos templos hebreus, incitando o povo a se rebelarem contras as injustiças praticadas, era um dos seus principais desígnios como indivíduo revolucionário.

Jesus Cristo levava ao povo explorado, doente, pobre, mensagens de esperança, fé, de que era necessário lutar contra aqueles que ousassem usar o seu nome em vão para obter benefícios pessoais.  Quando se tem um presidente que homenageia torturadores e adota como lema de governo “deus acima de tudo”, isso soa como uma afronta aos verdadeiros e sagrados princípios do cristianismo, na qual preza pela tolerância, humildade, justiça e o amor ao próximo. 

O slogan que dá sentido ao governo de Bolsonaro é um recorte de um dos versos do hino nacional, onde faz menção ao sentimento de amor dedicado à pátria brasileira, “Pátria amada Brasil”.  Nos dois anos que está à frente do comando do Estado brasileiro, o presidente Bolsonaro vem insistentemente desmoralizando os símbolos nacionais, a exemplo da bandeira. Seus apoiadores se apropriaram das cores da bandeira como marca representativa de um patriotismo cego, odioso.  

A flexibilização do porte de armas, o desmonte de setores importantes como educação e maio ambiente, são alguns dos programas em curso no Brasil que comprovam total desconexão com o slogan criado. Em vez de Brasil pátria amada, o correto seria: Brasil Pátria armada. Desde que assumiu o posto de presidente, uma das  ações de Bolsonaro em âmbito internacional foi fortalecer o vínculo de subserviência  aos EUA.  Bolsonaro se transformou numa das figuras mais patéticas e odiadas no mundo, não só pelo ridículo comportamento de adoração a Donald Trump, mas também pelo modo criminoso como vem tratando a temática ambiental.

Prof. Jairo Cezar

revistagalileu.globo.com/Sociedade/Comportamento/noticia/2014/02/o-jesus-como-figura-humana-e-mais-acessivel-do-que-sua-versao-divina.html

 

 

       

           

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