quinta-feira, 30 de agosto de 2012


A Importância do Voto Para a Construção de Uma Sociedade Mais Justa

Mais uma vez estamos vivenciando um processo importantíssimo no Brasil, a escolha democrática dos novos (as) prefeitos (as) e vereadores (as) que coordenarão os destinos dos  cidadãos e cidadãs araranguaenses. No entanto, com o desenrolar da campanha, seguindo a tradição, presenciamos estarrecidos o surgimento de políticos oportunistas, que adotam práticas de campanha antigas, envelhecidas e desgastadas pelo tempo, verdadeiros profissionais do voto, muitos dos quais sem um mínimo de entendimento quando ao seu verdadeiro papel como representante do povo principalmente no legislativo. Porém, o povo, qual será o papel do povo nessa situação? Não cometer erros antigos, escolher o melhor candidato (a), aquele (a) que possui uma história de luta, de participação ativa em defesa da saúde pública de qualidade, de uma cidade limpa, segura, de creches e escolas boas e com professores estimulados, etc, etc? Sim, este é o papel dos (as) cidadãos (ãs).
Mas, por que razão que muitas dessas promessas, rasuradas pelo tempo, estão ainda longe de ser concretizadas? A justificativa dos que comandam o poder municipal não pode mais ser atribuída à falta de recursos. Não, o que faltam  são prioridades dos administradores públicos. Educação, saúde e segurança, itens prioritários por partidos e candidatos que se revezam no poder há décadas, continuam apenas discurso? Para quem achar que estou falando bobagem, é só abrir as páginas policiais dos jornais de circulação local ou ficar um dia na emergência do único hospital e em algumas das unidades de saúde  espalhadas pelo município. Por que tais promessas, eleições pós-eleições não são concretizadas? A resposta para alguns é obvia um povo bem educado, saudável e feliz, pensaria melhor, saberia distinguir com lucidez, os princípios filosóficos e ideológicos que norteiam cada sigla partidária e qual o projeto de sociedade propõe.
Logo, fica claro que não é essa a intenção. O que propõem é fazer as pessoas acreditarem que o voto deve ser para a pessoa, ficando o partido numa condição secundária, figurativa. Em qualquer sociedade politicamente mais avançada, esse argumento seria motivo de chacota entre os seus habitantes. Deixa claro, portanto, que o atual momento político eleitoral do qual estamos enfrentando, apresenta um nítido e progressivo processo de despolitização, de alienação, ou seja, expressiva parcela da sociedade brasileira, particularmente a araranguaense, não compreende a complexa rede de problemas sociais e sendo os mesmos resultantes do modelo de sociedade vigente, que se reproduz mediante a exploração das classes mais ricas sobre as mais pobres, cuja primeira é acobertada, protegida pelos  poderes constituídos, muitas vezes até pela própria justiça. Deve o eleitor ter clareza de que a atuação dos vereadores e prefeitos eleitos, ambos seguirão as recomendações determinadas pelo partido no qual estão filiados. Aqueles que desrespeitarem a essa regra estabelecida, estarão sujeitos à perda do mandato ou até mesmo a sua própria expulsão do partido.
Um processo eleitoral como o que estamos vivenciando nesse momento deveria ser motivo de comemoração por todos (as), pois, sendo uma conquista histórica e garantia constitucional, deveria ser seguida por todas as nações, pois é o momento que nos reserva para expressar mediante o voto nossos sentimentos, escolhendo pessoas honestas, éticas que irão administrar de forma correta os recursos provenientes dos impostos que pagamos. Muitos, talvez, lendo este parágrafo, estarão pensando: será o autor do texto, um sujeito fora da realidade, um idealista, sonhador, muito além do seu tempo? É visível no semblante das pessoas a desesperança, o descrédito com aqueles que deveriam prezar pelo bem público, sendo vistos como sinônimo de orgulho para os cidadãos (ãs) do município, estado ou país.
Passados mais de cento vinte anos de emancipação política, a população araranguaense continua a mercê de problemas que já deveriam fazer parte de um passado muito distante. Mas não, é só caminhar um pouquinho pelos bairros mais distantes que se notará que o poder municipal continua ainda muito distante da população ali residente. Não é possível uma população ter uma boa saúde quando na frente de suas casas o esgoto ainda corre a céu aberto. São pessoas que continuam sendo mantidas reféns de políticos assistencialistas, que perpetuam no poder alimentando-se da miséria social, da precariedade de serviços básicos, trocando o voto dos cidadãos (ãs) por benefícios paliativos, sem jamais solucionar os problemas.  
Mas não podemos perder a esperança. Precisamos acreditar que um mundo melhor é possível, que existem pessoas honestas, éticas, atuando ao nosso favor, muitas estão aí participando do processo eleitoral, enquanto outros estão atuando nas causas ambientais, educacionais, sindicais, etc. Portanto, precisamos votar certo, temos que fazer valer esse direito. Votando em branco ou nulo embora seja para muitos uma atitude de protesto ou crítica às políticas nefastas praticadas pelos nossos administradores públicos, em nada acrescenta ao processo democrático, não altera o quadro depredatório dos serviços públicos de um município. Muito pelo contrário, anulando ou votando em branco, estaremos concordando com a precariedade da educação, com o aumento da violência, do consumo de drogas, da prostituição infantil, do esgoto a céu-aberto, da falta de médicos, do aumento das filas nas emergências dos hospitais e postos de saúde, da inexistência de áreas de lazer, entre outras. Procure saber quais os projetos apresentados pelos atuais vereadores, que são novamente candidatos, se os mesmos projetos proporcionaram alguma melhoria nas condições de vida da população araranguaense. Fazendo isso estaremos fazendo jus ao nosso direito de cidadania, de escolher um (a) prefeito (a) e vereadores (as) comprometidos (as) com bem-estar de todos (as), como também excluir os péssimos políticos, aqueles que sobrevivem da miséria humana.       
Prof. Jairo Cezar

segunda-feira, 27 de agosto de 2012


Relatório Sócioeconômico do Bairro Morro dos  Conventos

Dando prosseguimento ao Projeto Memória Local da Escola de Educação Fundamental Padre Antônio Luiz Dias, em 2011, os professores José Carlos dos Santos e Junior, ambos de geografia, coordenaram pesquisa envolvendo os estudantes da sexta série, cuja finalidade foi diagnosticar a realidade sócioeconômica do bairro.
Para abranger um público maior, os (as) estudantes foram divididos (as) em dez grupos. Foram 333 pessoas entrevistadas, somando com os demais indivíduos que compunham cada família, totalizaram 864 pessoas.  Finalizando as entrevistas, concluiu-se que a média de indivíduos por família do bairro é de aproximadamente 2,5 membros. Pouco mais da metade da população pesquisada nasceu no próprio município, ou seja, 172, enquanto que as 161 restantes são de 55 municípios diferentes, destacando os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Constata-se um forte processo migratório para o bairro. Nos últimos dez anos, dos 297 pesquisados, 115 estão residindo há menos de dez anos, sendo que muitos desses novos habitantes são aposentados.
No bairro, das 80  (oitenta) profissões registradas, as mulheres lideram o ranque, sendo que 73 delas exercem o papel de donas-de-casa, seguindo a ordem estão os aposentados, com 65; pescadores com 15; professores e pedreiros com 13 e agricultores e domésticas com 12.
Embora o número de profissões seja grande, o nível instrucional da população é relativamente baixo. Das 864 totalizadas, 25 são analfabetos, 340 possuem o 1º grau incompleto, 120 completaram o 1º grau. 125 indivíduos concluíram o ensino médio, enquanto que 102 não completaram.  Dos 107 que ingressaram no ensino superior, 69 finalizaram, enquanto que 38 desistiram ou continuam estudando.
    A condição instrucional da população do bairro reflete diretamente nos salários recebidos. Dos 331 pesquisados, 178 recebem até 2 salários mínimos, que equivalem a R$ 600 a R$ 1000 reais; 111 possuem renda de 2 a 4 salários; 28 percebem de 5 a 7 e, apenas 14, possuem renda superior a 7 salários.
Em se tratando da religiosidade, das 348 respostas, 241 consideram-se seguidores do catolicismo; 80 são evangélicos, com destaques a Assembléia de Deus, Adventista do Sétimo Dia, Quadrangular, Universal do Reino de Deus e Afro-Brasileira. 27 declararam não possuir religião. 
Quanto aos serviços prestados pelo poder público, a pesquisa avaliou o grau de satisfação e insatisfação da população. Das 347 entrevistadas, 246 se dizem atendidas pelo SAMAE (Serviço de Abastecimento Municipal de Água e Esgoto). No bairro são 101 residências que utilizam ponteiras ou poços artesianos como sistema de abastecimento. Das atendidas pelo poder público, 38 consideram ótima os serviços prestados pela autarquia; 144 declararam bom; 55 definiram como regular e 09 consideram péssimos os serviços.
Quatros entrevistados alegaram que a água fornecida pelo Samae não é de boa qualidade enquanto que outra admitiu que a qualidade da mesma não é melhor em decorrência da poluição provocada pelos Jet ski e lanchas no principal manancial do bairro.
Sobre a coleta de lixo, dos 374 entrevistados, 50 consideram ótimo; 203 bom; 96 regular e 25 péssimo. Dentre as reclamações, destacam-se: coletar o lixo mais vezes durante a semana; mais lixeiras na praia. Sobre a limpeza das ruas, das 368 entrevistas, 38 consideram ótima, 196 bom, 96 regular e 40 péssima. Alguns entrevistados reclamam dos animais como gatos e cães soltos nas ruas; criticam o trânsito de veículos na orla marítima; pedem calçamentos e lombadas e principalmente uma ciclovia que possa interligar o bairro ao centro da cidade.  
Quanto a iluminação pública, dos 331 pesquisados, 26 consideram ótima, 143 boa, 96 regular e 66 péssima. Vinte entrevistados admitiram que o bairro está as escuras e que é necessário, urgentemente, melhorar a iluminação das ruas. Muitas ruas possuem postes sem lâmpadas ou, quando possuem, não funcionam ou  estão quebradas.
Sobre os serviços prestados pelo ambulatório do balneário, dos 357 pesquisados, 52 consideram ótima, 156 bom; 107 regular e 42 péssimo. No entanto, os números acima revelam que a população não está satisfeita com o desempenho do centro de saúde, sendo que as principais queixas são as seguintes: mais investimentos na saúde, contratando mais e bons profissionais; mais atendimento de qualidade no hospital; mais fichas disponíveis à população, evitando, desse modo, filas; mais acesso de informações à população quanto a prevenção de doenças.
Em relação a Educação Infantil, dos 223 pesquisados, 43 declararam ótima, 99 boa, 66 regular e 16 péssima. Sobre a educação escolar, dos 325 pesquisados, 43 consideram ótima, 195 boa, 52 regular e 20, péssima. Porém, verificou-se que alguns entrevistados gostariam que a escola oferecesse, nos fins de semana, atividades recreativas. Outros solicitaram que a escola criasse horários para atender os estudantes de forma integral.  
Na área de segurança, dos 288 pesquisados, 14 declararam ótima, 54 boa, 134 regular e 90 péssima. Somando os números de pessoas que declararam os serviços de segurança regular ou péssima, ultrapassam em muito com os que declararam ótima ou boa. Dentre as solicitações emergenciais duas merecem destaques: instalação de um posto policial e o aumento de efetivo de policial no bairro, não apenas na temporada, mas durante todo ano. Muitos afirmam já terem suas residências assaltadas.
O transporte coletivo também recebeu um expressivo percentual de declarações negativas. Dos 351 pesquisados, 18 consideram ótimo, 125 bom, 103 regular e 105 péssimo. Desses que foram entrevistados, cinqüenta e três, além de assinalar sua resposta, fizeram questão de que o entrevistador relatasse sua posição. Os cinqüenta e três reclamaram da insuficiência de horários de ônibus; solicitaram arrumação as paradas de ônibus; estudos para analisar melhor os horários; ônibus apenas para estudantes e passageiros; passagem cara; abrir oportunidades para outras empresas de ônibus; horários à tarde e à noite; linha de ônibus no Paiquerê.
Dos 298 pesquisados, 249 afirmaram existir Associação de Moradores no Bairro enquanto que 49 disseram não existir ou não sabem. Desse total, 46 declararam ótima, 96 boa, 87 regular e 44 péssima. Nesse item é importante levar em consideração que os entrevistados pertencem a três comunidades específicas: Morro dos Conventos, Paiquerê e Canjiquinha. Dessas apenas o Bairro Morro dos Conventos possui uma associação ativa. São muitos os que declaram desconhecer a associação. No entanto, aqueles que afirmaram existir alegam fraco desempenho por parte de seus integrantes. Muitos declararam que a Associação deve trabalhar para envolver a comunidade na discussão dos problemas existentes. A comunidade do “Paiquerê” pede a construção de um salão de festas ou um centro comunitário.
Sobre a coleta seletiva, dos 226 pesquisados, 58 disseram que faziam a coleta enquanto que 168 afirmaram que não. Porém o que alegam os entrevistados quanto a não realização da coleta seletiva é a não existência de um serviço público ou particular que receba esse material e transporte para um local devidamente apropriado.
Dos 287 entrevistados, 170 afirmaram que tem horta em suas casas enquanto que 117 disseram que não possuem. Sobre o Ambiente, dos 208 entrevistados, 101 afirmaram ser muito importante, 100 alegaram importante, 5 acharam indiferente e 2 comentaram que esse assunto não tem importância. Dentre os problemas levantados destacam-se: coibir o barulho no camping; cuidado com o ambiente; denunciar queimadas; fiscalizar a derrubada de árvores nativas; não por lixo em terrenos baldios; multar as pessoas que jogam entulho nas ruas; campanha mais efetiva ao turista, quanto a preservação do morro dos conventos; não haver poluição sonora.
No final da entrevista foi elaborada uma pergunta cujo entrevistado estaria livre para expressar sua opinião quanto ao desempenho do poder público no bairro. Dentre as inúmeras respostas destacamos: o poder público deveria dar mais atenção ao Morro dos Conventos; os políticos prometem e não fazem; o prefeito deveria visitar mais vezes o Bairro; melhoramento infra-estrutural do Loteamento Delci; reforma na conduta dos políticos brasileiros; retirar a rótula de entrada o Paiquerê;  os cuidados do Bairro deixam a desejar; limpeza da praia é péssima; o Morro dos conventos está atrasado; investir no turismo; o prefeito só se importa com o bairro no verão para impressionar os turistas; mudar de repertório no primeiro do ano, carnaval, as bandas, pois ninguém agüenta mais o disco furado; creche na canjiquinha; falta banheiro público; instalar academia pública; instalar radares; cuidar das ruas; esgotamento das ruas;  mais atenção com os idosos e crianças. É fundamental a implantação de um plano diretor específico para o Bairro; implantação da intendência municipal com orçamento próprio.
Prof. Jairo Cezar