quarta-feira, 25 de maio de 2016


O PRINCÍPIO DO SAGRADO MOLDANDO O IMAGINÁRIO SOCIAL DO POVO ARARANGUAENSE

Antiga sede do Hospital Bom Pastor - Arararnguá (1956)
Arquivo do Centro Cultural Histórico de Araranguá[1]

Para entender os desdobramentos políticos, econômicos e sociais de cidades históricas brasileiras importantes como Araranguá, descortinada na primeira metade do século XVIII por ter se tornado caminho ou travessia de tropeiros para as feiras de são Paulo, é necessário mergulhar no mundo místico da religião oficial da época, o catolicismo, e decifrar o extraordinário poder de persuasão nos cenários público e privado brasileiro. O antigo povoado Capão da Espera, depois Campinas do Sul e, finalmente, Araranguá, teve sua existência oficializada com a criação da Paróquia Nossa Senhora Mão dos Homens, uma prova categórica da autoridade simbólica personificada que permanece imortalizada no imaginário social há quase dois séculos.
Embora a primeira igreja tenha sido construída no povoado de Canjicas, hoje Hercílio Luz,isso em 1816, com o aumento da população na sede do distrito, Campinas do Sul, em 1856, o cidadão Albino Pereira de Souza e sua esposa Delfina Maria de Jesus, doaram pedaço de terra para que fosse erguida uma igreja iniciada em 1959,com a benção do terreno dada pelo Padre Antônio Nunes Barreto. A construção durou cinco anos, ou seja, sua inauguração ocorreu em 1864. No começo do século XX, Araranguá já constituída como município, a antiga igreja, não comportava mais o elevado fluxo de fieis que disputavam o pequeno espaço nas celebrações dominicais. Portanto, deram início as mobilizações para a edificação de um novo prédio, no mesmo local da anterior.
A demolição da antiga estrutura ocorreu em 1901, porém, foram necessários oito anos de intensos esforços para que em 1909, o prédio da nova matriz, mais espaçoso que o anterior,estivesse concluído e abençoado pelo pároco Ludovico Coccolo. Quem coordenou a obra da igreja matriz foi o construtor Germano Becker. O início do século XX,contrário ao século XIX,a hegemonia do catolicismo é confrontada pela presença de outras doutrinas de tendências cristãs e não cristãs. A consequência, portanto, foram as acirradas disputas na tentativa de atrair novos fiéis tendo em vista o fortalecimento de um prestigioso negócio simbólico autodenominado entreposto da fé. Era primordial, todavia, desatar o nó intangível de uma complexa rede de interesses diversos envolvendo Estado e instituição religiosa, ambos submetidos a um tipo específico de contrato simbólico, que demarcava território de domínio.
O contato com a pesquisa desenvolvida pelo professor Lúcio Vânio Moraes, cujo título Mercado Religioso e Práticas Pedagógicas: A Congregação de Santa Catarina no município de Araranguá-Sc (1951-1982), que lhe assegurou o doutorado em história pela UFSC. Sua obra historiográfica transitou por caminhos descontínuos e repletos de nuances políticas e ideológicas,dando a certeza que o papel da igreja católica, na época, era expandir suas fronteiras de domínio espiritual,ultrapassando os próprios limites do território demarcado pela igreja.
Numa época de limitações orçamentarias e enormes problemas sociais, onde o Estado por si só não possuía as mínimas condições para comportar serviços básicos essências como saúde e educação, o município de Araranguá intercedeu apoio à comunidade para colaborar na execução de obras públicas importantes como a construção de um hospital vindo a se chamar Hospital Bom Pastor. Se a proposta do estado republicano era forjar sujeitos adeptos nos preceitos da ordem e do progresso técnico e científico, os espaços públicos como hospitais, escolas, asilos, deveriam estar ajustados fisicamente e simbolicamente para cumprir tais objetivos.
Seguindo essa perspectiva, nada mais conveniente que entregar o controle da gestão hospitalar do Bom Pastor e do futuro Centro Educandário Madre Regina aos cuidados de uma congregação religiosa para exercer o papel sagrado de educar e curar os enfermos da alma e do corpo, conforme os desígnios previstos no regimento da congregação. Tanto as Irmãs da Congregação da Santa Catarina, como os párocos, ambos eram concebidos pelas comunidades desassistidas do interior como figuras imaculadas, “símbolos sagradas da fé”. Esse grau de confidencialidade entre os religiosos e a população produziu frenéticas disputas entre as facções políticas quanto a indicação de nomes para celebrações alusivas a padroeira do município. Estar inserido na lista de festeiros, integrar a alguma irmandade, carregar o andor da santa, etc., todas eram prerrogativas importantes que asseguraria aos pretendentes a cargos públicos reais possibilidades de ascensão.
Os próprios religiosos também se aproveitavam dessa condição que lhes eram convenientes para galgar cargos públicos. O Padre Antônio Luiz Dias foi um desses protagonistas que transitou por múltiplos setores do seguimento público, de Conselheiro ou Vereador Eleito, Secretário Municipal de Educação a Chefe de Saúde do Hospital Bom Pastor. Antes da transferência do Padre Antônio Luiz Dias para a paróquia de Araranguá, a pesquisado Professor Lúcio Vânio faz referência ao pároco Thiago M. Coccolini, um destacado e ardoroso defensor do catolicismo e combatente dos rituais não católicos, como o espiritismo, umbanda, cultos pentecostais,entre outros, no qual o padre categorizava tais seguidores de hereges, ateus.
Embora a construção do hospital bom pastor tenha se concretizado graças ao empenho da comunidade, seguimentos empresariais e de algumas personalidades de relevância como o Padre Antônio Luiz Dias, na inauguração do nosocômio, muitos políticos estiveram no ato, tal como o próprio governador Irineu Bornhausen. No entanto, depois das festividades, os problemas no hospital se avolumaram, com a falta de médicos e medicamentos, tendo as irmãs que se desdobrarem para suprir tal carência. Essa situação de caos na saúde do município de Araranguá continuou durante as décadas posteriores a inauguração. Um dos pontos importantes abordados na pesquisa do professor Lúcio trata do rompimento do contrato com a congregação das irmãs de Santa Catarina na administração do hospital, que veremos mais a frente.
Diante das circunstâncias que incapacitavam o poder público municipal em assegurar serviços públicos de qualidade que se constituíam como obrigação constitucional, como saúde, educação, etc..O jeito foi formalizar uma espécie de parceria público privado, que hoje conhecemos como terceirização. Concomitantemente a gestão da saúde era de responsabilidade de seguimentos da igreja católica, na educação o rito também vinha se repetindo. Não de modo integral, compreendendo todas as escolas, porém, parcialmente, na gestão do único e principal educandário, o Colégio Madre Regina, formador de professoras para o exercício sagrado da carreira docente.
Um fato curioso ocorrido anterior à inauguração do educandário Madre Regina, em 1956, foi que a primeira sala disponível para o exercício docente estava no interior de um antigo prédio de madeira em estado de abandono onde ficava o hospital bom pastor, construído em 1927. Os recursos para a restauração do ambiente foram custeados pela própria congregação. Depois de muitos esforços, sua inauguração ocorreu em 1956. Com o aumento da demanda, houve a necessidade de adquirir terreno próprio e lançar a pedra fundamental de uma nova edificação, maior que a primeira, com uma estrutura capaz de oferecer ensino não somente para normalista, como também os ginasianos. Portanto, em 1959 estava concluía a obra do educandário. Além do colégio Madre Regina, o colégio Nossa Senhora Mãe dos Homens, hoje Colégio Murialdo; Grupo Escolar Castro Alves, Grupo Escolar David do Amaral; entre outros tantos espalhados pelas comunidades e distritos do município de Araranguá.

Casa da congregação das irmãs de Santa Catariana – Arararanguá – 1962
Centro Histórico Cultura de Araranguá[2]

Interessante é que o grupo o colégio madre Regina, mesmo tendo uma designação de público, as irmãs tinham autonomia de tomar decisões seguindo suas próprias conveniências. Uma delas era a cobrança de taxas, mensalidades para alunos mais abastados,bem como estabelecer critérios de contratação de professores, obrigatoriamente ter vinculo religioso com o credo católico. Todo o ensino de preparação docente condicionava o currículo, no campo das disciplinas, de uma reformulação sistemática, conferindo as áreas do saber, matemática, geografia, história, etc. aos desígnios da doutrina cristã, da fé católica. Todas as escolas distribuídas pelo município havia a disciplina de educação religiosa, uma maneira salutar de intensificar ainda mais o poder de doutrinação da população.
E não foi exclusividade somente das escolas e da igreja o papel de doutrinação. As catequeses também contribuíram na difusão doutrinária, atuando com afinco em ambientes particulares, galpões, salões e outros cômodos, que oferecessem o mínimo desconforto para acomodar as crianças indefesas. Portanto, estava consolidado o “triunvirato”, reunindo três seguimentos, congregação das irmãs, párocos e poder público, ambos atuando objetivo e subjetivamente, moldando corpos infantis e adultos, como forma de amplificar o domínio territorial da fé católica no município. Para isso, seria necessário impulsionar uma verdadeira cruzada contra os infiéis, ou seja, aqueles que não cultuavam o credo católico. 
No inicio da década de 1980, a hegemonia da Congregação das Irmãs de Sta Catarina no domínio da saúde público chegaria ao fim. O rompimento do contrato com a congregação, segundo consta da obra do professor Lúcio Vânio, tem relação com os desentendimentos da instituição religiosa com o poder público. Em certo momento houve suspeita de que recursos oriundos do hospital estavam sendo desviados para outros empreendimentos da própria entidade. Porém, tais suspeitas jamais foram confirmadas. No entanto, o fato é que as irmãs se sentiram ofendidas com a divulgação das denúncias de suspeitas. Na gestão do prefeito Osmar Nunes, a pesquisa faz referência das tentativas de negociações entre a administração pública e a congregação acerca da transferência ou não do hospital para o controle definitivo da congregação. As tentativas foram infrutíferas. Um fato que marcou esse momento das negociações foi à posse de Martinho Herculano Ghizzo como administrador do Hospital.
Mesmo rendendo críticas acirradas à administração municipal, principalmente advindas do pároco local, Paulo Hobold, responsabilizando o poder público e a política local pelo desenlace negativo, um novo hospital foi construído, maior que o primeiro, e cujo homenageado, que teria seu nome descerrado na placa de inauguração, foi Affonso Ghizzo, ex-prefeito e pai do médico Martinho Ghizzo. Desde a sua inauguração até os dias atuais, o hospital regional passou por várias administrações. Foi gerenciado por congregações, universidades, Estado e, atualmente, por uma OS (Organizações da Sociedade Civil), ou seja, novamente terceirizado, como há 84 anos, quando da fundação do hospital Bom Pastor. De lá para cá, embora tenha perdido sua conotação de purificador do corpo e da alma, tornando-se oficialmente laico, por muitos anos se transformou em ambiente fisiológico, eleitoreiro, colocando frente a frente partidos e políticos oportunistas que se utilizavam da instituição para autopromoção ou assegurar a permanência de facções políticas no poder municipal e estadual.
Prof. Jairo Cezar




[1] http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/2014/04/LUCIO-VANIO-MORAES.pdf
[2] http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/2014/04/LUCIO-VANIO-MORAES.pdf



quinta-feira, 19 de maio de 2016

EDUCAÇÃO PATRIOMINIAL, ARQUEOLOGIA E SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS NO MUNICÍPIO DE ARARANGUÁ

Willy Zumblique
Sambaqui – óleo sobre tela – UNISUL – Tubarão

Em contato com a reportagem postada na página eletrônica da Revista W3 com o título “vento revela sítio arqueológico no morro dos conventos”, a publicação me motivou fazer algumas considerações que acredito ajudará ser útil para reflexões relativas ao tema arqueologia, sítios arqueológicos e educação patrimonial em Araranguá. É importante esclarecer inicialmente que há décadas se tem conhecimento da existência de vestígios ou marcas da presença humana na faixa costeira do extremo sul Santa Catarinense, porém, sofre o descaso das autoridades municipais e dos órgãos estaduais e federais responsáveis pela sua catalogação e preservação. Parte das informações que hoje temos sobre os grupos sambaquianos,outros tantos troncos humanas com datações mais antigas, entre 4 a 5 mil anos, são de pesquisas já realizadas entre os municípios de Laguna e Balneário Rincão.
O que se sabe sobre arqueologia no município e região do extremo sul do estado é de escavações realizadas nas décadas de 1960 e 1970 por pesquisadores autônomos ou profissionais vinculados a institutos como o Anchieta o, da Unisinos,São Leopoldo/RS, cujos relatos, imagens fotográficas estão arquivadas e disponíveis na casa da cultura. De lá para cá, poucas foram as pesquisas sobre o assunto.A preocupação com a preservação dos sítios arqueológicos no município se tornou quase que uma obsessão a partir de 1990, quando fósseis humanas foram recolhidas do interior da furna do Balneário Morro dos Conventos. Na oportunidade foi encaminhado amostra e ofício ao chefe do IPHAN/SC solicitando a presença no balneário para análise mais sistematizada do local, dos fósseis e outros vestígios coletados.

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Na época, segundo o arqueólogo que aqui esteve, tanto os fósseis como o material entrelaçado que os cobriam, tratavam-se de resquícios da presença humana no local identificado como Abrigo Sobre Rocha. Sobre a descoberta no interior da furna, se tivesse havido maior empenho e preocupação das entidades competentes, o local certamente estaria hoje protegido resguardando tesouros arqueológicos de centenas de anos. Nada disse ocorreu. O que se viu e o que se vê é o total abandono, sendo que as únicas marcas encontradas não pedras removidas e pichações nas paredes. Em 2013 foi noticiado que empresários do setor de hotelaria estavam interessados em explorar o local, cujo projeto seria a edificação de uma passarela suspensa que conectaria as dunas ao abrigo sobre rocha. Embora a proposta fosse encarada com certa simpatia, o que provocou reação foi o fato de a mesma estar sendo arquitetada por seguimento particular, com negociações escusas e falhas grotescas nos laudos preliminares encaminhados pelos órgãos competentes.
  
Além da passarela que ligaria a furna, havia também proposta de edificação de um “mirante” nas proximidades do farol do Morro dos Conventos. Na época, os integrantes da Oscip Preserv’Ação quando foram interpelados para opinar sobre políticas para o desenvolvimento do Morro dos Conventos sempre deixavam bem claro que não eram contra projetos que resultassem em emprego e renda, porém, ambos deveriam estar integrados em um projeto maior, ou seja, a implantação de uma Unidade de Conservação, com plano de manejo no qual englobasse todos os ambientes ou ecossistemas do Balneário.
Preocupado com os desdobramentos dos dois projetos, membros da Oscip tiveram acesso a cópia do Relatório de Vistoria 11/2013 realizada pelo IPHAN/SC no local onde ficaram embasbacados quando constataram uma série de informações que não condiziam com a realidade do local inspecionado. De início, o que se presumiu foi que o relatório tinha sido forjado como forma de omitir informações técnicas assegurando a construção dos projetos solicitados. Dentre os equívocos constatados estavam relatos que informavam que nos ossos antes identificados não se tinham certeza se eram de restos humanos pré-históricos, que poderiam ser de membros de um “convento” situado no balneário. Não se tem qualquer informação científica da existência de convento ou qualquer outra edificação religiosa no entorno da falésia relativo ao período da colonização ou mais recentemente.
Baseado nessa e outras informações que não conferiam com a realidade do ambiente, foi encaminhado ao IPHAN/SC, relatório[1] via E-mail, com descrições mais detalhadas sobre os desdobramentos dos projetos pretendidos, bem como solicitando o agendamento de um encontro com os integrantes da Oscip para esclarecimentos e supressão de dúvidas sobre os fatos.  Antes da audiência com os profissionais do IPHAN, foi mantido contato com a arqueóloga que acompanhou técnicos do órgão estadual na vistoria da furna. Segundo arqueóloga, alguns dados contidos no laudo pericial não contemplavam o que realmente foi observado quando da inspeção realizada, e que não tinha tido contato com o documento conclusivo, ou seja, o Relatório de Vistoria 11/2013.  Portanto, o laudo era passivo de falhas técnicas e que necessitaria de intervenção do judiciário.
Seguindo recomendações, foi enviado ofício com cópia do relatório de vistoria n. 11/2013 ao Ministério Público Federal para que tomasse as providências legais cabíveis[2].Conforme informações contidas no ofício encaminhado a Procuradora do Ministério Público Federal de Criciúma, que tratava sobre falhas de procedimentos em obra de infraestrutura turística no Balneário Morro dos Conventos, o órgão prontamente acatou o pedido, encaminhando ao IPHAN, sede em Florianópolis, minuta contendo diversas recomendações que deveriam ser consideradas para a supressão do relatório n. 11 e elaboração de novo relatório bem mais completo e destacando aspectos ou pareceres de órgãos como o IBAMA que considera “a área de ecossistema frágil, solo arenoso de fácil degradação mecânica, com vegetação rala e sensível às modificações das condições naturais, necessitando medidas de e cuidados especiais”.
Segundo a FATMA, Parecer Técnico EIA/RIMA N.007/2006, “o projeto pretendido é tecnicamente inviável, pois o local indicado insere-se em um ambiente geológico-geomorfológico (restinga geológica, campo de dunas, falésia, dentre outros ecossistemas de disciplinas afins como a geologia ambiental, geotécnica e a hidrologia) formador de um ecossistema fragilíssimo (restinga biológica) e, sobretudo atípico para licenciamento ambiental para complexidade cientifica e legal dado os fatores que lhe são intrínsecos e, sobretudo, impeditivos”.Observa-se que os riscos de impactos ambientais são enormes e que qualquer projeto pretendido para a região como a passarela e o mirante, que estão em discussão, devem estar condicionados a estudos mais consistentes envolvendo profissionais de diversas.  Na área pretendida para a edificação do mirante, no início de 2014, o órgão ambiental municipal promoveu supressão de vegetação nativa sobre a falésia, uma clara evidência de descumprimento do que reza técnico n. 007 da FATMA.

Em 14/03/2014 o IPHAN encaminhou o parecer técnico 089/2014 ao MPF discorrendo sobre“Análise sobre a viabilidade de construção de passarela e mirante no Balneário Morro dos Conventos, município de Araranguá, Estado de Santa Catarina”. De acordo com o parecer “torna nulo a vistoria 11/2013 e recomendando que se deva elaborar um novo projeto que deverá estar condicionado à execução de um diagnóstico Arqueológico Interventivo da área de interesse visando elucidar o real potencial arqueológico do local e investigar os dados históricos disponíveis”. Outro ponto relevante no parecer do IPHAN trata sobre o aspecto geológico do local pretendido para visitação. Segundo os técnicos, as informações destacadas no relatório anterior são imprecisas e insuficientes, pois se trata de um local cujas rochas sedimentares estão sobrepostas com riscos de desabamento. Portanto segue o relatório: “Este processo oferece risco direto aos frequentadores do local, de forma que em nossa análise, sua visitação não deve ser incentivada sem que um estudo geológico-geomorfológico isente de riscos o uso do espaço da Furna”.
 
Após a emissão do parecer técnico 089/2014, tanto o projeto da passarela como do mirante ficaram previamente congelados aguardando o cumprimento das recomendações advindas do órgão fiscalizador federal. Se tanto a furna como a falésia prevista para a construção do mirante, ambas provisoriamente protegidas com base nas decisões impetradas pelos respectivos órgãos federais, MPF e IPHAN, os sítios arqueológicos distribuídos sobre vasta extensão de dunas e restingas não estavam ainda completamente assegurados. Era necessário, portanto, intensificar as ações junto aos órgãos competentes para que dedicassem maior atenção aos mesmos.
Embora as denúncias constantes à Fundação Ambiental Municipal, MPE e Polícia Militar Ambiental e Ministério Público Estadual, sobre a intensificação do vandalismo em áreas de APP no Morro dos Conventos, não se constituíram como medidas suficientes para conter o risco iminente de destruição definitiva dos sítios. Não desejávamos que o acervo arqueológico que ainda restava tivesse o mesmo fim trágico que teve o sítio situado no abrigo sobre rocha (Furna) literalmente destruído. Um das alternativas que seguramente protegeriam esses tesouros resguardando definitivamente a memória de um passado longínquo seria a criação emergência de uma Unidade de Conservação, proposta intensamente debatida, porém, sem sucesso, na década de 1990. 
 
Em referência a Unidade de Conservação, no próprio documento ou recomendação, que o MPF enviou ao IPHAN solicitando a supressão do Parecer Técnico 11/2013, consta o número do protocolo do Inquérito Civil Público a fim de deflagrar processo de criação da unidade de conservação no balneário Morro dos Conventos. Conforme o inquérito, n. 1.33.003.000298/2010-00, a abertura do mesmo era para a preservação dos sítios arqueológicos e do ecossistema existente no local. Além do mais o próprio documento deixava explícito que o Morro dos Conventos possui atributos ecológicos, beleza cênica e valor arqueológico que o caracterizam como monumento natural.
Era necessário, portanto,intensificar as investidas junto ao MPF e IPHAN solicitando proteção dos sítios, evitando o deslocamento de animais como eqüinos e bovinos, bem como veículos automotores, automóveis e motocicletas sobre os locais. Quando foi criada a OSCIP PRESERV’AÇÃO em 2011, uma das principais bandeiras levantadas pela entidade ambiental foi intensificar as ações pela preservação dos sítios arqueológicos.  As ações e ofícios enviados ao MPF em relação ao tema arqueologia tiveram respostas positivas.  Entre 2012 e 2013 as duas procuradoras do MPF visitaram o Balneário atendendo solicitação da Oscip. A primeira visita se deu em outubro de 2012, quando a procuradora Dra. Rafaella Alberici de Barros realizou vistoria do local acompanhada por um geólogo do próprio órgão federal; o Promotor Público Estadual, Dr. Henrique Laus Aieta; o superintendente da FAMA, Luiz Lemer; a RBS de comunicação de Criciúma e integrantes da Oscip Preserv’Ação.
 A segunda visita ocorreu em agosto de 2013, já com a nova procuradora do MPF, Dra. Andrea Rigoni Agostini. Acompanhando a procuradora estavam o perito do respectivo órgão federal, dois soldados da Polícia Militar Estadual e membros da Oscip. É importante ressaltar que antes da procuradora vir ao balneário, ela encaminhou, em maio de 2013, documento ao IPHAN/SC requerend  o informações sobre os sítios no Morro dos Conventos. A resposta que consta no memorando 251/13 IPHAN/SC dizia que“quanto aos sítios arqueológicos reconhecidos, estes já estão legalmente protegidos, sendo crime sua destruição, mutilação ou quaisquer modificações em sua ambiência sem a devida anuência do IPAHN, sendo os bens arqueológicos pertencentes a UNIÃO”. Na época, o IPAHN argumentou que não haveria qualquer possibilidade de intervenção na região pelo motivo que todos sabemos, falta de recursos conforme relatado no ofício n. 067/2013 IPHAN/SC “neste ano, devido às restrições orçamentárias, só foram inscritos ações emergenciais, não tendo sido contempladas outras ações, possivelmente pleitearemos recursos no próximo ano (2014), para o projeto em tela.”
Diante do memorando enviado pelo IPHAN, a procuradora Dra. Andrea, encaminhou despacho n. 2364/2013 que diz: “verifico que não foram elencadas quais medidas concretas tomadas para a proteção dos sítios arqueológicos, objeto da recomendação”. Depois de concluídas as vistorias, quantos aos Sítios arqueológicos a procuradora fez as seguintes considerações relatada em ata onde diz: “A procuradora questionou sobre os motivos pelos quais o município não os protege com a colocação de placas alertando a existência dos mesmos e proibindo o deslocamento sobre a área. Jairo comentou que embora os sítios estejam descaracterizados, não significa que devam ser desprezados. Sua proteção dever ser garantida, pois proporcionará as atuais e futuras gerações informações valiosas sobre o passado dessa sociedade pouco estudada. Uma das sugestões elencadas foi protocolar convite ao IPHAN/SC para vir ao local e avaliar as condições dos sítios”.
Em 2014 atendendo as solicitações do Ministério Público Federal, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região em Porto Alegre determinou pelo fechamento da Orla do Município de Araranguá ao trafego de veículos automotores, exceto carros oficiais e de pescadores profissionais. Uma medida um tanto quanto austera, porém, necessária como forma de assegurar integridade física dos banhistas e do frágil ecossistema do balneário. Essa medida também atingira a região de dunas e restinga onde estão os sítios arqueológicos. Durante dois ou três anos o MPF já vinha alertando ao município de Araranguá que tomasse providências emergenciais para disciplinar o trânsito e conter as frequentes badernas na orla do município.  Houve até uma audiência pública na sede do Ministério em Criciúma, com várias autoridades, representantes da comunidade e demais entidades para tratar do assunto. Nenhuma das recomendações sugeridas pela procuradora do órgão federal foi acatada pelo poder público.
Percebendo que os resultados das medidas encaminhadas pelo Tribunal Regional pouco efeito positivo traziam aos sítios, o Ministério Público Federal de Criciúma, encaminhou recomendação n.18 de 2014 ao poder público de Araranguá determinado que “o Município e à fundação ambiental, em caráter de urgência, cerquem provisoriamente os sambaquis, haja vista que a região na qual estão situados é objeto constante de trilhas de motos e automóveis, que ilegalmente atravessam as dunas da praia do Morro dos Conventos e ameaçam os sítios arqueológicos”.
Convencido de que a ação do Ministério Público Federal quando deliberou pelo cercamento provisório dos sítios deveria ter o apoio da própria sociedade como guardiã desses tesouros, novamente a Oscip Preserv’Ação enviou E-mail à coordenação do IPHAN/SC solicitando apoio técnico e pedagógico para que fosse elaborado plano conjunto de educação patrimonial junto às secretarias de educação e cultura do município de Araranguá.[3] O objetivo seria trabalhar nas escolas das diferentes redes de ensino o tema educação ambiental e patrimonial com intuito de informar e conscientizar os estudantes do rico acervo arqueológico existente no município e da necessidade do empenho de todos os cidadãos para sua preservação.
Na época quando a decisão pelo fechamento da orla chegou às mãos do município, tanto a administração municipal como setores da imprensa local aproveitaram o ensejo para lançar criticas tanto ao MPF como ao TRF pelas ações ríspidas tomadas contra o município. Na verdade os órgãos do judiciário há algum tempo já alertavam o município sobre tais demandas que não foram atendidas. Jamais o município cumpriu com a recomendação do MPF, muito menos ainda de ter realizado encontro na comunidade para discutir o assunto.Na área de cultura, da educação no município não houve qualquer manifestação ou projeto relativo à temática em questão. Apenas a escola estadual do bairro Morro dos Conventos promoveu algum trabalho de educação ambiental e patrimonial onde será discutido mais a frente.


  

No final de 2014, deu início no município de Araranguá reuniões relativas ao Projeto Orla que debateria junto com as entidades representativas acerca de um plano para o desenvolvimento sustentável da faixa costeira do município de Araranguá. Desde o começo os encontros demonstravam que pouco seriam as garantias que assegurassem a preservação dos ecossistemas do balneário. Se a proposta era discutir espaços possíveis para projetos de infraestrutura e APPs em terras da união, era presumível que a participação dos órgãos federais MPF, SPU, IBAMA, ICMBIO e IPHAN, entre outros, fossem quase uma constante nos encontros.
No entanto, apenas a Secretaria do Patrimônio da União e o MPF se fizeram presente. Convém esclarecer que o Ministério Público Federal teve participação devido a intervenção da Oscip Preserv’ação,que deliberadamente protocolou ofício convite na sede do órgão em Criciúma. O compromisso de oficializar convite ao respectivo órgão, como dos demais citados acima para estarem presentes nas atividades do Orla, seria de responsabilidade da própria coordenação do projeto, que tudo indica que não o fez.
Por constituir a faixa costeira de vestígios arqueológicos,a presença de profissionais do IPHAN/SC deveria ser quase que uma obrigação, fato que não se concretizou. No entanto, para suprir o vazio teórico do tema arqueologia nos encontros, a Oscip encaminhou convite a coordenação do departamento de arqueologia do IPAT/UNESC de criciúma, para que seu representante, o Professor Dr. Juliano Bitencourt se fizesse presente e relatasse as pesquisas em andamento e outras concluídas sobre arqueologia na faixa costeira do município de Araranguá. No dia 22 de maio de 2015 o Professor Dr. Juliano Bitencourt e demais integrantes do IPAT/UNESC concretizaram a presença na reunião do Orla nas dependências do Hotel Morro dos Conventos.
Além da distribuição de material informativo como cartilhas lúdicas, educativas e outras fontes de consulta, apresentou ao público, artefatos coletados nas escavações, entre outros modelos de peças utilizados nas oficinas de educação patrimonial que o laboratório de arqueologia vem coordenando nas escolas da região. Em relação ao acervo patrimonial arqueológico no município, ressaltou que o poder público vem perdendo oportunidade em envolver a comunidade, as escolas, para preservar e divulgar, transformando em território turístico. No entanto fez questão de enfatizar que “os sítios são bons exemplos do potencial museológico que a região oferece transformá-los em museu ao ar livre, com visitas orientadas dentro de um plano de turismo cultural sustentável, que inclui a comunidade seria uma opção considerável”.
A inexistência de projeto de educação patrimonial coordenado pelas Secretarias de Cultura e Educação do município de Araranguá, fez com que a Escola de Educação Fundamental Padre Antônio Luiz Dias do Bairro Morro dos Conventos tomasse a iniciativa de lançar as primeiras sementes sobre o assunto. Além de atividades culturais como a brincadeira do boi de mamão,considerada uma das principais referências da memória imaterial do bairro, o trabalho com cerâmica e outras modalidades artísticas como dança, contação de história, etc., foram inseridos no currículo da escola a partir de 1990 quando da descoberta em terreno próxima a unidade de ensino de urna funerária guarani em excelente estado de conservação.
Por não ter o município no momento da descoberta do artefato, local para expô-lo para visitação, o objeto cerâmico foi enviado ao museu da Unesc, em Criciúma, onde ficou sob os cuidados da instituição até o momento da inauguração do museu municipal de Araranguá, quando foi oficializada a devolução da urna ao município. Portanto, foi a partir de 2000 em diante que a escola do bairro daria maior ênfase aos aspectos tanto da memória imaterial como material. Em relação aos traços imateriais da cultura, o que se pretendeu foi reconstruir os retalhos simbólicos dos grupos étnicos que contribuíram para a formação da comunidade. Dentre as referências simbólicas praticadas está o boi de mão, folguedo representado pela escola do bairro[4]. Já a memória material, o interesse tornou-se maior quando da comprovação do vasto e rico acervo arqueológico e do extraordinário monumento geológico natural que formam a paisagem do balneário Morro dos Conventos.
Algumas iniciativas interdisciplinares importantes executadas no colégio sobre aspectos da memória local resultaram em reconhecimento e premiação regional e estadual. Uma delas foi o projeto “reconstruindo a memória do bairro”, onde um grupo de estudantes, munidos de uma máquina fotográfica digital, e sob a coordenação da professora Raquel, de Língua Portuguesa,produziram um documentário de 10 minutos,retratando a paisagem do bairro e seus moradores, especialmente os mais antigos.
Se a comunidade onde habitam os estudantes e seus familiares se considera muito mais antiga do que se presume, seria conveniente trazer esse passado remoto para os dias atuais, incluindo nas discussões e projetos que se propõe a escola.Povos sambaqui anos, grupos humanos do tronco Jê; Tupi Guarani; Xoklengs, entre outros tantos que transitaram e constituíram famílias por essas terras onde hoje está comunidade do Morro dos Conventos, certamente ainda são pouco conhecidos pela população local. Outras questões que aguçariam a curiosidade dos estudantes são quanto à procedência desses povos e como que desapareceram? Além é claro, dos rituais, culinária, atividade econômica, etc.Por que razão proteger monumentos, sítios, artefatos, entre outros objetos culturais?


Sendo culturas com datações que oscilam entre 4 e 5 mil anos,todos os objetos ou resquícios encontrados como pontas de flechas, ossos, pedaços de cerâmicas, será possível compreender não somente a geomorfologia da época, como também os aspectos do clima, da vegetação, espécies de animais, etc.Toda motivação de trazer à luz aspectos da cultura material e imaterial do Morro dos Conventos e inseri-las no próprio Projeto Político Pedagógico, tem como razão de ser a vocação turística do bairro, com intuito de trabalhar a formação crítica das futuras gerações que poderão gerir melhor todo esse rico potencial arqueológico, que será capaz de gerar emprego e renda para o município.
Apenas estudá-lo, compreender teoricamente suas peculiaridades não eram suficientes. Portanto, era necessário conhecer a essência dessas culturas, o cotidiano dos homens, das mulheres, das crianças, as danças, os rituais, seus códigos, enfim o modo de pensar, sentir e de interpretar o mundo. A resposta para quase todos esses questionamentos poderia ser obtida de forma muito simples, vivenciar concretamente, por um dia, o cotidiano de um desses grupos humanos.
A escolha da etnia guarani como agrupamento humano para representá-lo através da dança, música e artefatos de uso doméstico, fúnebre e caça, se deveu pelo fato da vasta bibliografia disponível, bem como de ter sido encontrado na comunidade cacos de cerâmica e artefato que tudo indica ter servido de recipiente para ritual de sepultamento. Durante um dia professores, estudantes e integrantes da comunidade participaram da vivência que culminou com uma oficina de artefatos cerâmicos, onde cada estudante teve a oportunidade de confeccionar seu próprio objeto cerâmico, do mesmo modo como faziam as mulheres guaranis. Concluída a etapa de moldagem das peças, também tiveram a oportunidade os estudantes de acompanhar o ritual de secagem e queima das peças na própria escola.


  
São vivências como essas, entre outras, desenvolvidas na EEF Padre A. L Dias, que ainda alimentam as esperanças e o otimismo, acreditando que a escola pública é seguramente o local da transformação social. Para promover tal revolução, não são necessários grandes investimentos tecnológicos como se imagina, basta o mínimo de organização, maior integração dos profissionais e, o principal, encontros periódicos e contínuos para avaliar e reavaliar as ações desenvolvidas. Outro aspecto imprescindível é a cada início de ano letivo retomar o que foi concluído no ano anterior, e redirecionar com base no Projeto Político Pedagógico da Escola.
Se tais exemplos de educação ambiental e patrimonial desenvolvidas na escola do Morro dos Conventos fossem difundidos nas demais instituições de ensino público e particular do município, acreditamos em pouco tempo teríamos uma geração de indivíduos mais consciente, críticos, com atitudes mais saudáveis consigo e com o próprio ambiente em que habitam. Enquanto tais ações educacionais não forem executadas, fazendo cumprir o que constam nas legislações federais, estaduais e especialmente municipais, continuaremos convivendo com atitudes depredatórias e autodestrutivas dos nossos jovens e adolescentes.

    

Problemas como lixo depositado em espaços públicos, como praias, deslocamento de veículos em áreas de preservação, uso de agrotóxicos em vias públicas e particulares, poluição sonora - som automotivo que perturba a vizinhança e a fauna, tudo isso poderia ser amenizada ou erradica se as escolas dedicassem mais espaços dos seus currículos com educação ambiental e patrimonial.  São experiências que deverão começar a partir do ensino infantil e se estendendo até a conclusão do ensino básico.
Quanto a arqueologia ou aos sítios arqueológicos, tanto o poder público municipal como o próprio órgão ambiental municipal (FAMA) ambos deveriam fazer valer as legislações locais que estão em vigor como o Parágrafo Único, do Art. 47 da Lei Complementar 150/2012, relativa ao Plano Diretor Municipal que diz: por sua importância, para consolidar a identidade cultural, sítios arqueológicos, monumentos naturais, entre outros, merecem a proteção do município.A própria FAMA, quando se constituiu como Fundação Ambiental do município de Araranguá através da lei n. 2608 de 21 de dezembro de 2007,tem no seu estatuto vários dispositivos que tratam sobre educação patrimonial e preservação de sítios arqueológicos.
Além dos Art. 2 que discorre sobre a preservação do patrimônio arqueológico, o Art. 4, II dá uma interpretação mais clara sobre o real objetivo do órgão ambiental em relação ao tema arqueologia e outros aspectos do meio ambiente. Segundo o parágrafo II, do Art. 4, é função do órgão “Implantar, fiscalizar e administrar unidades de conservação e áreas ambientais e arqueológicas protegidas pelo município, em consonância com que dispõe a legislação vigente, visando à proteção de mananciais, ecossistemas naturais, flora, fauna, recursos genéticos, e outros bens de interesse ambiental e arqueológico”.
Portanto é de conhecimento do poder publico como da fundação municipal do meio ambiente a existência dos sítios arqueológicos no balneário Morro dos Conventos há muito tempo, porém, o órgão ambiental não vem cumprido com o que estabelece o estatuto da entidade que é a fiscalização e administração dos mesmos, no qual deveria ser concebida como área protegida, e não é.O próprio superintendente da FAMA informou quando perguntado pela Revista W3 que o sítio não está registrado na fundação ambiental.
Não somente esse sítio como todos os demais sítios identificados, se acredita que não estejam catalogados no órgão ambiental. Seu registro depende do levantamento sistematizado dos sítios que deverá ser realizado por profissionais contratados pelo município ou por alguma instituição de pesquisa interessada. Cumprindo essas etapas, os sítios se transformarão em locais para visitação. No caso do Morro dos Conventos, os mesmos por estarem inseridos em áreas de APP poderão integrar a Unidade de Conservação que foi proposta discutida no projeto orla, porém, com possibilidades remotas de ser consolidada em curto e médio prazo.
Quanto ao IPHAN/SC,também questionado pela revista, se durante toda a tramitação do Projeto Orla e dos insistentes convites feitos para estarem em Araranguá e avaliar os respectivos sítios,não estiveram, quem acredita que agora os mesmos cumprirão o que prometeram ao repórter da revista quando afirmaram que “o órgão entrará em contato o mais breve possível com a prefeitura de Araranguá e o órgão ambiental municipal para discutir medidas de preservação para o sítio arqueológico apontado pela reportagem”. Se na época do convite a justificativa para não efetivação de projetos como o tombamento do monumento geológico e dos sítios arqueológicos era a escassez de recursos, imagine agora com todos os cortes e desativação de ministérios como o da cultura. A única esperança que temos é que a próxima administração do município de Araranguá tenha mais sensibilidade e comprometimento com as demandas ambientais e patrimoniais, com destaque a preservação do rico acervo arqueológico local.
Prof. Jairo Cezar



Paraiphan-sc@iphan.gov.br08/07/13 às 3:37 PM

Sou Jairo Cezar, Coordenador da entidade ambiental  OscipPreserv'Ação, que desde a sua fundação em novembro de  2011, seus membros vem atuando ativamente na luta pela preservação do complexo ecossistema Morro dos Conventos, que está ameaçado pela ação antrópica. Na década de 1990 foi desencadeado movimento no município propondo a criação de uma Unidade de Conservação  no local, porém, os impasses surgiram quando se constatou que a área pretendida para tal iniciativa não contemplava a vegetação de restinga, se restringindo apenas às dunas e o paredão do Morro dos Conventos. De lá para cá, as discussões continuaram, agora com  maior envolvimento da Polícia Ambiental e do Ministério Público Federal, que estão sendo constantemente sendo acionados para tentar conter as ações depredatórias no Balneário. No começo desse ano ficamos sabendo que o MPF encaminhou documento ao IPHAN de Brasília solicitando informações sobre o monumento geológico Morro dos Conventos e os Sítios Arqueológicos existentes nos seu entorno, cujas respostas nos deixaram um tanto quanto apreensivos, pois o caminho mais rápido sugerido pela entidade é via decreto estadual ou municipal. A proposta de unidade encaminhada pelo município exclui os Sítios Arqueológicos, que embora estejam legalmente protegidos, os mesmos estão sendo depredados por veículos que se deslocam sobre os mesmos. Para poder pressionar o município a incluir no projeto de "conservação ou monumento" toda área do entorno do paredão seria necessário a colaboração dos técnicos do IPHAN/SC, que poderiam se deslocar  até o Balneário Morro dos Conventos e fizermos juntos um levantamento minucioso do local, apontando as potencialidades e viabilidades para o tombamento. Com esses dados em mãos, o sucesso das negociações com a administração municipal seria maior, do contrário, o impasse continuaria, forçando a Oscip Preserv'Ação a buscar outros caminhos como via federal, que seria demorado, agravando ainda mais os problemas no Balneário. Diante das dificuldades financeiras que o IPHAN/SC está tendo para vistoriar esses espaços, a Preserv'Ação se coloca a disposição para custear a vinda do técnico, oferecendo alojamento, alimentação e, se possível, o deslocamento até o município. Se for necessário, iremos até Florianópolis para que possamos discutir juntos meios para viabilizar tais propostas. Estamos muito preocupados com o nosso balneário, e se esperarmos pela vontade e disposição do poder publico municipal e suas secretarias, em dez anos, no máximo, o nosso Morro estará completamente destruído.       Um grande abraço a todos (as). Meu Celular: 48-99235675 Esperamos  respostas.

Paracleberlodetti@prsc.mpf.gov.br 02/14/14 às 1:49 PM
Dra Andréia, a OscipPreserv’Ação está encaminhando cópia do laudo do IPHAN, referendado pela Arqueóloga que autoriza a FAMA a construir  passarela entre a Duna e a Furna no balneário Morro dos Conventos. A partir desse laudo nos predispusemos a elaborar relatório questionando alguns itens que foram elencados para justificar a obra. Alguns beiram o ridículo como a afirmação de que os esqueletos removidos no interior da furna pertenciam a religiosos residentes em um convento no balneário. Além da passarela há outra proposta de construção de um MIRANTE nas proximidades do farol, que conforme as imagens que encaminhamos nos parecem que a obra vai se concretizar. Tanto a passarela como o mirante, ambos os empreendimentos  de iniciativa da poder público municipal, jamais os responsáveis tiveram a sensibilidade de dialogar com o Oscip e com a comunidade pera ouvir suas opiniões. Como já discutimos em outras oportunidades, jamais nos opomos ao desenvolvimento do balneário, porém, sempre defendemos que o mesmo deve proceder a partir de um plano de manejo amplo, que pode ser viabilizado através da implantação de uma Unidade de Preservação, projeto esse que tramita no executivo municipal. Tanto a passarela como o mirante, suas construções sem um plano de manejo trarão mais problemas do que benefícios para o balneário. Como acreditar que as licenças ambientais para tais projetos seguirão a risca os aspectos técnicos, quando se sabe que a própria FAMA em nada cumpriu com os acordos feitos no ano passado com o MPF, Polícia Militar, Ambiental, Associação de Moradores e Oscip, no que tange a colocação do portão, placas informativas/educativas, para conter o elevado fluxo de veículos sobre a orla do Balneário. Diante do exposto solicitamos providências contra do descaso do órgão ambiental municipal de Araranguá.  

Paraiphan-sc@iphan.gov.br08/04/14 às 11:34 PM
Sou Jairo, secretário da Oscip ambiental Preserv'Ação, situada no Morro dos Conventos/Araranguá. No mês de maio arqueólogos do IPAT/UNESC fizeram um trabalho de inspeção no Morro dos Conventos e detectaram cerca de cinco sítios arqueológicos, que de imediato o MPF determinou que o município de Araranguá providenciasse o cercamento para protegê-los. No entanto, a ação ainda não foi concretizada e é bem possível que não ocorra tão breve. Nesse sentido, gostaríamos de agendar reunião com vocês para discutirmos algumas ações visando a proteção dos sítios do Morro dos Conventos, bem como a elaboração de um plano de educação patrimonial a ser desenvolvida na escola do bairro e quem sabe em todas as escolas do município.
Esperamos respostas.
Prof. Jairo 

[4]Vídeo documentário - Boi de Mamão digital - Morro dos Conventos – SC - https://www.youtube.com/watch?v=UaU84yh_3HA