sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Brasil - A "Sexta Economia Mundial" e Suas Contradições

BRASIL – A “SEXTA ECONOMIA” DO MUNDO E SUAS CONTRADIÇÕES

Durante quase cinco séculos tanto o Brasil como os demais países latinos americanos ou periféricos terceiro mundistas adotaram uma política de dependência econômica em relação aos países centrais, Europa e Estados Unidos. Antes de analisar com mais propriedade os mecanismos que desencadearam nessa condição de submissão mórbida, é importante ressaltar que os países centrais ou “desenvolvidos”  anterior a expansão marítima estavam submetidos a uma condição de penúria absoluta. A falta de saneamento básico associada as guerras e ao crescimento desordenado da população resultou no afloramento de epidemias responsáveis pela redução da população do continente.
Foi através da expansão marítima quando os espanhóis e portugueses chegaram à América que o quadro político e econômico do continente europeu foi modificado. O novo mundo configurou-se para o “conquistador” em tabua de salvação, cujas terras habitadas por povos de diferentes etnias estavam assentadas em um imenso mar de riquezas minerais como ouro e prata, que se tornaria mais tarde um dos principais recursos para elevar o velho continente na condição de centro do capitalismo global.
A Europa, no século XIX, e Os Estados Unidos, no XX, ambos passaram a ditar as diretrizes de como os países periféricos hoje subdesenvolvidos deveriam coordenar suas políticas econômicas. Países como Brasil, Argentina, México, Venezuela, Peru e outros, que antes da colonização tinham os seus territórios ocupados por culturas diversas, tiveram que se submeter ao modelo mercantilista de produção, cuja população local foi submetida a condição de escravidão.
Com a invasão, ao mesmo tempo em que as terras ocupadas viraram colônias transformando-se em espaços apropriados para culturas que interessavam ao colonizador como cana de açúcar, algodão, cacau, carne, dentre outros, nas colônias se constituiu uma população territórios agora habitados por mestiços, espanhóis, portugueses e outros, se transformavam em consumidores de produtos manufaturados, importados da Europa,         que nas relações de trocas comerciais, as vantagens eram das metrópoles européias que cobravam valores bem acima dos adquiridos nas colônias.   
 Com advento do século XX essa relação de dependência foi mantida, porém, as duas grandes guerras mundiais associadas a crise econômica de 1929 contribuiu para uma nova configuração geopolítica mundial tendo como protagonista os Estados Unidos.
Os países periféricos especialmente o Brasil mantiveram sua condição de dependência industrial, comercial e financeira, sendo o último, fortemente aguçada nas décadas de 1950 em diante. Essa condição gerou enormes desequilíbrios nas economias locais refletindo no aumento das desigualdades sociais. A sucessão de governos atrelados as políticas coordenadas pelas instituições financeiras internacionais como o FMI, fez surgir no Brasil e em diversos países da América Latina movimentos sociais que se opunham as essas determinações, porém, foram fortemente reprimidos por governos autoritários patrocinados pelas principais potências econômicas.   
O século XXI apresenta-se, especialmente para as nações do terceiro mundo, como momento de expectativas de  dias melhores. Nações que durante décadas foram submetidas a regimes totalitários, rompem com esse modelo e adotam outras um pouco mais sustentáveis, um misto de socialismo e capitalismo. Brasil, Argentina, Uruguai e o próprio Paraguai, elegem governos cujas plataformas de governo se aproximam aos interesses das classes populares. Adotam medidas paliativas para amenizar as profundas disparidades sociais, porém sem romper com o modelo de produção responsável pelas desigualdades.  No caso brasileiro, as políticas públicas que vem sendo encaminhadas nos últimos dez anos, denominada Democrático Popular Pós-Neoliberal tem como princípio ajustar a política e a economia de modo que atendam as prerrogativas desenvolvimentistas patrocinadas pela atual administração e seu bloco de sustentação.
No final da primeira década de 2000 os países centrais viveram um processo de apreensão semelhante ao  ocorrido em 1929, quando a economia do planeta entrou em recessão. O epicentro dessa crise foi os Estados Unidos no ano de 2008, como rastilho de pólvora em pouco tempo envolveu todo continente europeu. A crise financeira a grosso modo decorreu-se motivada pela confiança dos bancos em proferir empréstimos a clientes com históricos de maus pagadores. Para assegurar que os referidos empréstimos fossem respeitados os bancos, como garantia, exigiam dos clientes que entregassem suas residências como garantias. Com a crise, os valores das residências caem provocando um rombo no setor imobiliário. Com medo, os bancos dificultam novos empréstimos, caindo o número de compradores.  Tanto reverter o problema, o governo transforma os empréstimos hipotecários em papéis e vende para outras instituições financeiras, que também sofrem perdas.  
Países como Espanha, Portugal, Itália e em especial à Grécia são as nações mais afetadas pela crise. Aquilo que veio se notabilizando durante décadas como sendo a Europa um continente a ser seguindo pelas demais nações globais, onde o modelo capitalista de produção proporcionou melhoria das condições de vida de expressiva parcela da população, cai por terra.
Como um pesadelo, da noite para o dia as políticas de bem estar social, que se notabilizaram em decorrência da forte participação do Estado em setores essenciais como previdência, segurança, saúde e educação são ameaçadas. Esses acontecimentos, portanto, que vem se arrastando em várias partes do planeta necessitam de uma profunda reflexão identificando os fatores que realmente provocaram a crise.
Afinal, o que vem ocorrendo não pode ser caracterizado como o esgotamento do sistema capitalista, aquilo      que Marx comentava no século XIX? Estaria a Europa criando as condições para o socialismo real ou seria apenas um processo cíclico, normal do capitalismo, ajustando-se às novas tecnologias e regras do mercado? 
A busca da salvação levou países como a Grecia a recorrer as instituições financeiras como o FMI que por longas décadas submeteu os países da América Latina as suas políticas predatórias.
Bilhões de Euros foram utilizados para tentar conter a sangria financeira da Grécia, pois o país gastou muito mais do que devia e as conseqüências dessa receita já estão sendo sentidas pela população através das reformas em curso. Cortes de gastos em setores essenciais estão sendo adotados. A pressão da população, contrariando essas medidas é sentida através das dezenas de manifestações populares.
  Aproveitando a condição de instabilidade econômica que se alastra nos países centrais, as nações periféricas como Brasil adotam medidas visando tirar proveito da crise. Grande parte dos capitais financeiros que tinham os bancos europeus e norte americanos como destino, alçam vôos em busca de mercados mais promissores e seguros. Como forma de atraí-los os governos elevam suas taxas de juros, contribuindo ainda mais para a elevação da dívida pública interna que também é externa.
No caso brasileiro como forma de ilustração o motivo pelo qual a entrada de capitais no mercado foi tão intensa está relacionada as altas taxas de juros pagas pelo governo ao capital externo. Em comparação aos países mais ricos, o Brasil, inquestionavelmente, é o que oferece  taxas de juros mais elevadas, ou seja, 10,5%.  A taxa de juros nos Estados Unidos é de 0,25%; Japão 0,1%; Inglaterra 0,5.
A política do banco central visando a valorização do real frente ao dólar eleva as taxas de juros como forma de atrair capitais externos de curto prazo. A atração desses capitais obriga o governo a adotar algumas medidas emergenciais como a redução do tamanho do Estado. Sendo assim, tais administradores “democráticos popular – Pós Neoliberal, dão prosseguimento as políticas desenvolvimentistas praticadas nos governos militares através da execução de mega projetos extremamente duvidosos como a construção da Hidrelétrica Belo Monte, no Pará e as privatizações  de rodovias federais, aeroportos, portos e da previdência através do PL/1992 que cria o FUNPRESP, que abre  possibilidades da instituição de grandes fundos de pensão. Esse último, porém, polêmico, pois na Europa e Estados Unidos os mesmos fundos vem quebrando levando milhões de pessoas ao desespero, sem nenhuma perspectiva de futuro.
Para financiar esse pseudo crescimento econômico, nos últimos anos o Estado brasileiro contraiu dívidas equivalentes a R$ três trilhões. Para 2012, o orçamento estipulado pelo governo será de 2  trilhões, 150 bilhões, 450 milhões, 867 mil e 507 reais. Desse montante, estão estipulados 47,19% para o pagamento de juros dá dívida e 18,22% para providência. Sobraram para os demais setores  8,11%, sendo assim distribuídos: 3,98% saúde, 3,18% educação, 0,14% saneamento, 0,29% gestão ambiental, 0,43% segurança e 0,09% cultura. 
Na última quarta feira, 16 de fevereiro, os jornais publicaram notícias de que o governo brasileiro teria proferido cortes de R$ 55 bilhões do orçamento. Dentre os setores afetados, a saúde teve a redução de R$ 5,4 bilhões, ou seja, os recursos totais cairiam de R$ 77,5 para R$ 72,1 bilhões. O que é hilário nisso tudo é a justificativa do próprio ministro da saúde alegando que a redução dos gastos elevaria o crescimento econômico.  
Em comparação ao ano de 2011, os gastos do orçamento atingiram cifras equivalentes a R$ 1,571 trilhão, sendo que desse montante 45,05 (R$ 708 bilhões) foram destinados para o pagamento de juros, 22,01%, previdência; 4,07% saúde; 0,04 cultura; 0,02 saneamento; 0,15 gestão ambiental; 0,02 lazer e 0,41 segurança.
Mais ume vez esses dados nos dão clareza da realidade brasileira em setores como saúde cujo orçamento para 2012, embora ainda calamitoso é menor que o ano anterior. O resultado são as greves que vem ocorrendo no Brasil envolvendo os profissionais da segurança pública como os policiais da Bahia e do Rio de janeiro, sem contar com as paralisações da educação pública em vários estados dentre eles Santa Catarina quando os educadores paralisaram 62 dias para pressionar o governo à implantar o piso salarial nacional.
Em novembro de 2011 a dívida interna nacional alcançou os R$ 2 trilhões e 501 bilhões, enquanto que a dívida externa chegou as cifras aproximadas de R$ 700 bilhões. Somando a interna e a externa, a dívida brasileira alcançou os R$ 3 trilhões e 201 bilhões que corresponde a 78% do PIB. 
A dívida externa brasileira é de fato externa, pois os títulos emitidos pelo tesouro nacional são adquiridos por bancos e instituições financeiras (fundos de pensão e de investimentos estrangeiros, pois pagam os maiores juros do mundo, isentos de tributos para estrangeiros e sem controle de capitais.
O resultando dessa política cuja intenção é colocar o Brasil no topo das nações mais ricas do planeta pode ser mensurado através de alguns dados preocupantes. !0% da população mais pobre detém 1% da renda nacional, enquanto que 1% dos mais ricos controlam 12,5% das riquezas. Em 2009, foram registrados 40,5 milhões de pobres, sendo que 9,6 milhões  são de famintos. Em 2010, 12 milhões de pessoas estavam desempregadas. O déficit habitacional atingiu 8 milhões de moradias e 11, 2 milhões de domicílios não apresentavam as mínimas condições habitação.
Portanto, uma das perguntas que muitos fazem é quem financia o Estado. A resposta, sem muitas delongas, são os próprios trabalhadores. Um dos instrumentos utilizados pelo Estado para o financiamento dos serviços essenciais à sociedade é o Imposto de Renda. No entanto, os trabalhadores participam com 24% do montante enquanto os banqueiros e empresários contribuem apenas com 14%. No Brasil, 54% dos trabalhadores recebem até dois salários mensais e 29% até 30 salários.
No ano de 2010, o governo brasileiro gastou com 50 milhões de pessoas o equivalente a 14 bilhões/ano com a bolsa família, enquanto que, no mesmo ano os recursos disponíveis para o pagamento da dívida pública alcançaram 635 bilhões. 
As metas do governo é continuar mantendo as mesmas políticas de crescimento, aproveitando o momento especial que passa algumas economias como a China, um dos principais parceiros do Brasil e grande consumidor de comodits tais como recursos minerais e grãos, às custas de  políticas perversas na área ambiental.
Para agilizar o desenvolvimentismo econômico se torna necessário flexibilizar legislações como o Código Florestal, legislação interpretada pelos ruralistas e pelos detentores do capital internacional como extremamente restritivas. Portanto, nesse ritmo continuando a crise minando as economias européias e a China mantendo os mesmos índices de crescimento, o Brasil, certamente, estará, há pouco tempo, entre as três potências. Com algumas ressalvas: com níveis de desigualdades sociais altos, com problemas sérios na saúde, educação, segurança, saneamento básico, etc.    

Relatório Prévio dos Principais Problemas Ambientais no Balneário Morro dos Conventos

Relatório Prévio das Principais Infrações Ambientais Ocorridas no Balneário Morro dos Conventos – OSCIP “PRESERV’AÇÃO” – JANEIRO DE 2012

O Balneário Morro dos Conventos, considerado um dos mais belos cartões postais de Santa Catarina, e quem sabe do Brasil, devido as suas peculiaridades paisagísticas, é roteiro de veranistas, turistas e demais cidadãos e cidadãs  do sul de Santa Catarina como também do outros estados e países do cone sul, dentre eles Uruguai, Argentina e Paraguai. Embora existam leis municipais e federais que disciplinam os espaços destinados ao deslocamento humano e à ocupação imobiliária, o que se verifica é o total desrespeito das mesmas. São inúmeras as agressões ambientais praticadas ao ecossistema Morro dos Conventos, promovendo  o desaparecimento progressivo de espécies da fauna e da flora local.            
Dentre as dezenas de espécies da fauna que tem o Morro dos Conventos como habitat natural, destacamos duas espécies de anfíbios que vem provocando admiração e ao mesmo tempo preocupação não somente pelos pesquisadores, mas principalmente pelos ambientalistas que vêem seu habitat sendo ameaçado e que pode levar ao desaparecimento dos mesmos.
A espécie de anfíbio que chama atenção daqueles que conseguem encontrá-lo,  identificado cientificamente por melanophryniscus dorsalis ou mais popularmente sapinho de barriga vermelha, possui um tamanho aproximado 22mm e cuja reprodução ou desova ocorre nas poças temporárias que se formam na restinga, exatamente no ambiente onde a ação depredatória é mas intensa.       
O convívio diário com essas agressões ao ambiente local, combinada com a pouca eficácia dos órgãos fiscalizadores motivou a mobilização de alguns cidadãos (ãs) do balneário que, organizando-se, criaram uma entidade não governamental intitulada OSCIP “PRESERVAÇÃO” (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), tendo como um dos objetivos conscientizar a população sobre o fato de que o Balneário se constitui num ecossistema frágil, necessitando de uma atenção especial por parte de cada cidadão(ã), que por aqui passa e/ ou reside, bem como do poder público municipal, sobretudo, dos órgãos ambientais. 
Esta OSCIP,  instituída em novembro de 2011, vem desenvolvendo algumas atividades pontuais  na perspectiva de apresentar-se à comunidade, e embora um de seus papéis, como entidade, seja participar, juntamente com os demais seguimentos do poder público e da sociedade civil, das discussões de políticas  verdadeiramente sustentáveis para o município – e especialmente para o Balneário - ,  vem registrando e denunciando algumas das irregularidades habitualmente praticadas.
Diante disso, a Oscip Preservação pontuou algumas infrações  atualmente cometidas e as respectivas legislações em vigor que coíbem os agressores e neste sentido destaca-se:
1-poluição sonora,
2-lixo sólido e orgânico no entorno do balneário,
3-corte da vegetação nativa,
4-queima da restinga,
5-destruição da furna por vândalos
6-destruição das trilhas,
 7-tráfego de automóveis na restinga e nas dunas,
8-esgoto pluvial na orla do balneário, 
9-prática de jetsky e lanchas no manancial Lago Dourado,
10-pressão imobiliária nas áreas de APPs,
11-depósito de entulhos sobre as dunas, logradouros públicos e terrenos particulares,
12-aplicação de agrotóxicos em vias públicas.
      Cenas que revoltam os cidadãos (ãs) que transitam na orla entre o Balneário Morro dos Conventos e a Plataforma de Pesca, esta última situada no município de Arroio do Silva. Há semanas encontram-se depositadas sobre a areia as sacolas de resíduos sólidos, garrafas, resíduos orgânicos e outros, gerando degradação.
Outra prática corriqueira no Balneário é a deposição de entulhos de construções sobre as dunas, restingas e vias públicas. De acordo com a legislação, resíduos de construções deverão ser acomodados em recipientes apropriados e depositados em lugares que gerem transtornos e nem impactos ao ambiente. A Minuta do Plano Diretor do município de Araranguá que está na sua fase conclusiva, estabelece em seu Art. 24, inciso VII: “é proibido deixar de remover os restos e entulhos resultantes de construção, uma vez terminadas as respectivas obras ou nos prazos previstos em Lei específica”.
 Considerando os problemas ambientais, causa indignação o fato de que os respectivos materiais são recolhidos e depositados em lugares completamente impróprios como as dunas, restingas e margens de  estradas.
  Outro fato que preocupa os veranistas, turistas e demais cidadãos (ãs) que optam pelo Balneário  para banhar-se nas suas águas do oceano ainda “límpidas”, é a suspeita de que a mesma vem sendo progressivamente contaminada  por resíduos orgânicos, possivelmente provenientes de residências ou edifícios que lançam seus resíduos nas tubulações pluviais. É urgente a fiscalização do poder público, identificando os responsáveis e punindo-os. 
Para termos certeza de que a água do Balneário não esteja contaminada, solicitamos a FATMA (Fundação Amparo e Tecnologia do Meio Ambiente), que faça análise da balneabilidade da mesma, pois, acredita-se que o diagnóstico na qual tornou-a própria para banho, foi realizado antes da alta temporada.  
Em relação a poluição ambiental, além do problema do esgoto, do lixo, da destruição das dunas e da restinga, que pode comprometer o ecossistema do Morro dos Conventos, convive-se também  com os agrotóxicos, largamente utilizado no combate as “ervas daninhas”, tanto das propriedades particulares como dos logradouros públicos.
Contraditoriamente a está prática, tem-se estabelecido no Art. 219, da Lei Orgânica Municipal, que ficará vetado, na forma da lei, o uso de agrotóxicos para combater o crescimento de vegetais em áreas institucionais, em vias, e próprioS (falta alguma palavra) públicos. Na mesma legislação, o artigo 205, § 4, indica: “As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
      Portanto, o uso dessas substâncias tóxicas nas margens da rodovia municipal que liga o Balneário Morro dos Conventos e o centro, constitui-se numa infração. A punição dos responsáveis e a coibição desta prática, é o que a população esclarecida espera dos órgãos competentes.
Outra atitude é trabalhar no esclarecimento com aquela parte da população que ainda não recebeu as informações que lhes possibilite “ver” que a aplicação destas substâncias contamina o solo e a água, tanto a superficial como os aquíferos. E, também, que a vegetação ressecada pelo produto, especialmente em época de estiagem como a que se está enfrentando, fica suscetível a possíveis incêndios, como ocorreu no trecho próximo a ponte do Rio Sangrador, cuja mata situada às margens da rodovia foi seriamente afetada.  
Quanto a Lei 9605/98, no seu Art. 39 define o corte de árvores em floresta considerada de preservação permanente, sem permissão da autoridade competente, como crime e a pena será de detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Contra esta determinação legal, vem se tornando  corriqueiro no bairro a limpeza de terrenos por seus proprietários, proporcionando a destruição de espécies da flora local em formação. Isto requer que os órgãos ambientais municipais exijam dos proprietários interessados na limpeza de seus terrenos com vegetação da mata atlântica, a licença prévia e que estes sejam monitorados fiscais destas entidades.  
O Art. 48, diz que se impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação o infrator será submetido a pena de detenção, de seis meses a um ano, e multa. Este mesmo artigo pode ser combinado ao de número 50, da Lei de Crimes Ambientais, no qual salienta que destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora de mangues, objeto de especial preservação, incorre o infrator de pena de detenção, de três meses a um ano, e multa. No caso específico a esses dois artigos, é visível o processo depredatório no qual esses ecossistemas dunas e restingas vêm sofrendo.
Não somente o deslocamento humano incontrolado como também trânsito de veículos tracionados e motocicletas vem danificando o ambiente natural. Sendo assim é urgente a implantação de medidas que coíbam essas praticas.
Como forma de dar mais consistência ao Art. 50 (Lei de Crimes Ambientais), o Conama, na sua resolução 303/02 estendeu a proteção às restingas em faixa mínima de trezentos metros, medidas a partir da linha de preamar máxima e em qualquer localização ou extensão, quando recoberta por vegetação com função fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues. Para dar mais eficácia ao artigo 50, a lei orgânica de Araranguá, no seu artigo 204 § VII estabelece VII - Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécie ou submetam os animais a crueldade.               
Com base nessa resolução podemos concluir que a área situada na parte baixa do balneário ocupa as dimensões estabelecidas pelo Conama, ou seja, os 300 metros exigidos, portanto, a partir da praia ao paredão do Balneário, onde estão situadas as dunas e a restinga, é terminantemente proibido o transito de veículos, devendo seus proprietários responderem criminalmente em caso de infração.
No dia 19 de novembro de 2011, nas dependências do 19 batalhão da Polícia Militar de Araranguá ocorreu uma reunião com a participação de diversas autoridades e entidades pertencentes ao municípios de Araranguá, Maracajá e Balneário Arroio do Silva, cujo objetivo era discutir e buscar soluções para problemas como o transito sobre a orla e a poluição sonora que atingem em especial os Balneários Morro dos Conventos e Arroio do Silva.    Depois de feita a apresentação de um filme mostrando as irregularidades cometidas pelos motoristas embriagados foram lançadas algumas propostas paliativas, dentre elas destacamos: colocação de palanques, delimitando espaços destinados à banhistas e veículos; definição de um local seguro, distante do perímetro urbano, para que os jovens possam  fazer suas festas com cautela e sem exagero; instalação de uma unidade policial e fiscalização da área pela prefeitura e a criação de bolsões de estacionamentos para evitar o trânsito de veículos na orla.
Dentre as propostas elencadas, a delimitação da orla com palanques foi o que realmente se concretizou. Porém, em alguns trechos essa barreira trouxe resultados pouco satisfatórios. Motoristas inescrupulosos, aproveitando-se da ausência de policiamento, ultrapassam as barreiras e circulam livremente sobre a área de segurança, trazendo riscos aos banhistas e demais transeuntes. Outros e outras, para encurtar caminho, desviam-se das barreiras transitando sobre as dunas, formando verdadeiras trilhas.
Mas uma vez gostaríamos de enfatizar que quando decidimos criar a oscip Preserv’ação o que nos motivou foi a indignação de estarmos acompanhando as ações depredatórios de um ecossistema frágil e que era urgente mobilizar a sociedade do Bairro e do Município para abraçarmos a causa e defendermos o balneário de um processo de depredação progressiva e que resultará na perda da condição de santuário ecológico.
Porém, quando foi efetivada a entidade, o que gerou sintonia entre os membros participantes da mesma foi a necessidade de fazer valer os princípios da ética, ou seja, não omitir a verdade. Denunciar à sociedade e as entidades todas as irregularidades encontradas e solicitar ações imediatas.
É sabido também que ações repressivas por si só não produzem efeitos esperados. A saída, portanto, estaria na educação. Cabe aos educadores, principalmente do município de Araranguá, adaptarem seus currículos incluindo-nos temas referentes ao ambiente, ou seja, as espécies da fauna e da flora, suas peculiaridades e necessidades de proteção.   Exercitar o imaginário das crianças deve também ser parte imprescindível do processo educativo. O que impera no imaginário da sociedade atual é “viver o agora”. O passado e o futuro, não existem. Essa é uma condição trágica para o nosso ecossistema, pois na mente das pessoas há um desconhecimento de que o modo como comportamos, bom ou ruim, refletirá na vida daqueles que virão, isto é, as futuras gerações.
Um dos vários atrativos turísticos do bairro pouco explorado, mas em franco processo de depredação é a cavidade ou “furna marinha”, esculpida há milênios na parede da falésia ou paredão. O fenômeno geológico ocorreu quando os fragmentos de rochas gerados pela ação da falha foram lavados para fora através do movimento das marés e dos impactos das ondas do oceano. A existência dessa cavidade no Balneário comprova que os oceanos passam por processos de mudanças cíclicas, ou seja, a cada período ou “era” o volume das águas elevam-se ou diminuem. Dois exemplos concretos para elucidar essa teoria são as furnas marinhas existentes nos municípios de Sombrio e Torres/RS, sendo que no município gaucho as mesmas ainda continuam em formação.
A partir da década de 1980 a furna do Balneário Morro dos Conventos tornou-se conhecida por inúmeros habitantes do município e de outras regiões como sendo um ambiente provido de mistérios e superstições.  Esse fato contribuiu para o aumento do fluxo de pessoas para o local, tanto de curiosos como de outros indivíduos que encontraram ali um ambiente ideal para a realização de  rituais religiosos e para o consumo de drogas. Outro agravante que intensificou a descaracterização da furna do bairro foi que no imaginário popular aguçou-se a crença da existência de tesouros enterrados, como panelas repletas de moedas de ouro e outros. Pás, picaretas e até explosivos foram utilizados intensamente na “caça ao tesouro” sem qualquer forma de impedimento. Na remoção das rochas e entulhos, constatou-se a existência de um rico sítio arqueológico. Fósseis como crânios e demais ossos, envolvidos em esteiras de palhas, foram removidos ou destruídos. Acreditas-se, por ser o Balneário Morro dos Conventos como todo litoral catarinense habitat dos povos guarani, os vestígios fósseis encontrados no interior da furna, comprova que o local veio a se transformar em cemitério onde eram realizados os rituais de sepultamento.
Hoje, o que nos resta do local é um simples e extenso buraco com um amontoado de rochas e cujas paredes  estão totalmente pichadas. Porém, com empenho do poder público, instituições de ensino e demais organizações não governamentais seria possível reconstruir a memória do local, transformando-o em espaço turístico para visitação monitorada. Para que projetos desse gênero se frutifiquem é imprescindível envolver as unidades de ensino do município, profissionais da educação, pesquisadores, estudiosos da cultura local e a própria comunidade do bairro. Portanto, a ASCIP “PRESERV’AÇÃO” se coloca a disposição para participar desse debate, comprometendo-se mais uma vez em servir de elo entre a comunidade do bairro e os demais setores organizados.