segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

FUTURO MINISTRO DO MEIO AMBIENTE DE BOLSONARO É RÉU POR ENVOLVIMENTO EM CRIMES AMBIENTAIS

Depois de intensas polêmicas e críticas convergidas sobre o futuro presidente eleito que havia proposto extinguir o ministério do meio ambiente ou incorporá-lo ao da agricultura, na última semana, 06 de dezembro, finalmente veio à resposta, foi escolhido o novo comandante da pasta. Como já era de se esperar, o nome indicado poderia ser alguém alinhado à política ultraconservador do futuro governo de levar a diante o que o setor do agronegócio e de outros segmentos mais almejava, a flexibilização de legislações sobre licenciamentos ambientais e de demarcações de terras indígenas.
O que não se imaginava, nem mesmo dos seus eleitores mais fiéis, era a escolha uma pessoa com um histórico na área tão negativo, chegando ao extremo de estar respondendo na justiça, por crimes cometidos, dentre eles por improbidade administrativa. Segundo reportagem publicada no jornal Diário Catarinense do dia 09 de dezembro de 2018, pg. 05, com a manchete (BOLSONARO INDICA RÉU À PASTA DO MEIO AMBIENTE), está descrito no jornal que o futuro ministro indicado ao meio ambiente foi demitido pelo governador Geraldo Alckmin, quando era secretário do meio ambiente no seu governo.  
Na época, o ex-secretario foi indiciado pelo Ministério Público de ter alterado mapas do zoneamento do plano de manejo de áreas de APPs da várzea do rio Tietê. Ou seja, com as mudanças dos mapas, as áreas que estariam inviabilizadas para ocupações imobiliárias e outros projetos, se tornariam aptas para empreendimentos, favorecendo o capital chancelado pela FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O crime ambiental cometido foi lhe imputado o pagamento de multa no valor de cinqüenta milhões de reais. Com toda essa pendenga jurídica nas costas, qual ou quais as justificativas plausíveis das quais serão apresentadas pelo futuro presidente à indicação de uma pessoa tão incongruente a um ministério tão importante que mexe com a vida, à saúde e bem estar de todos os brasileiros? Se não bastasse a acusação de crime de improbidade administrativa que o tornou réu, nas últimas eleições também esteve envolvido em outras polêmicas, como divulgar o seu número de urna, 3006, que remete ao calibre de arma de munição de arma de fogo.
Para adjetivar um pouco mais acerca de seu nada valoroso currículo, sempre se posicionou como um liberal convicto e simpatizante do regime militar. A contradição está em querer apresentar-se como um liberal, contrariando temas liberais como aborto e favorável a pena de morte.  Com todas essas credenciais negativas, se não houver impedimento, irá coordenar uma pasta da qual terá enorme desafio social e ambiental pela frente.
O primeiro desafio será tentar conciliar o capital, cada vez mais voraz por riqueza, e os setores vinculados à agroecologia, ao fim do desmatamento e de políticas mais rígidas sobre os agrotóxicos. Tudo indica que não haverá conciliação e sim uma brutal investida do setor mais atrasados da economia, querendo retroceder ao máximo os avanços obtidos até o momento na área ambiental.
E isso já está ocorrendo, quando o candidato já se manifestou pretendendo romper com os acordos sobre o clima alinhavados durante a COP 21, Conferência das Partes sobre o Clima, realizada em Paris. A posição do futuro presidente gerou preocupação e incerteza sobre o futuro dos acordos da COP, pelo fato de o governo brasileiro ter acordado em reduzir as emissões de CO2, em 36%, até 2030. O reflexo dessa decisão foi tão negativo que seguimentos da ONU, responsável pelas COPs decidiu em cancelar a COP 25, agendada para acontecer no Brasil.
A posição extremista do futuro presidente em relação às políticas sobre o clima, não estão sendo bem digeridas até mesmo por setores do agronegócio brasileiro, pois sentem que isso poderá gerar resistência do setor importador europeu e de outros países que compram produtos do agronegócio brasileiro. Talvez esse tenha sido um dos motivos que levou o futuro governo em manter o ministério do meio ambiente, não fundindo com o da agricultura. É possível também que na Conferência das Partes sobre o Clima, que iniciou no último dia 08 de dezembro em Katowice (Polônia), integrantes dos governos, americano e brasileiro, tenha as lentes das câmaras fotográficas e de TVs do mundo direcionadas para si.
Motivos são os que não faltam. Tanto Donald Trump quanto Jair Bolsonaro, ambos comungam de políticas muito parecidas nas questões ambientais. Romper com os acordos firmados em Paris ou torná-la flexível, pode resultar em efeitos irreversíveis ao clima global, que já vem cambaleando diante de tantas perturbações climáticas extremas, como ondas de calor e frio insuportáveis, constantes e violentos furacões, tornados, enchentes, estiagens prolongadas.
A china atualmente vem sofrendo os efeitos terríveis com a poluição, cujo governo vem tendo que disponibilizar, a cada ano, cerca de quatro bilhões de dólares com tratamento de doenças oriundas da poluição. No continente africano se avolumam a cada ano as áreas desertificadas. Esse problema já é visível no Brasil, na região do serrado, devido ao intenso processo de desmatamento.
O setor do meio ambiente brasileiro, que poderá ser agora gerido por um réu que responde na justiça por improbidade administrativa, terá que atuar na solução de um problema que afeta milhões de brasileiros, o saneamento básico, que inclui água tratada, coleta e tratamento de esgoto. Tudo leva a crer, caso não haja forte pressão da sociedade, o futuro presidente levará adiante sua promessa de campanha, isto é, a privatização de companhias do setor, como de outros, o elétrico, mineração, etc.
 Um exemplo mal sucedido de privatização aconteceu no Rio de Janeiro quando o governo estadual decidiu entregar a preço de banana para o mercado a SEDAE empresa responsável pelo saneamento básico do rio de janeiro. A empresa foi vendida por uma bagatela de dois bilhões de reais, cujo valor real era de 40 bilhões. A assembléia legislativa do rio conseguiu reverter o erro, levando o estado a recuperar o controle sobre a companhia.
Prof. Jairo Cezar       

domingo, 9 de dezembro de 2018


AGROTÓXICO PERIGOSO 2,4-D DESTRÓI CULTURA DE VINHEDO NO RIO GRANDE DO SUL


Como faço quase todos os domingos pela manhã, ligo a TV e assisto algumas reportagens exibida pelo programa Globo Rural. Nesse domingo, 08 de novembro, uma das manchetes exibidas e que me chamou a atenção, dizia: herbicida usado em lavouras de soja afeta a produção de parreira no RS. O assunto realmente era para ser acompanhado, especialmente pelo fato de estar no congresso, projeto de lei que altera dispositivos que flexibiliza o uso de novos agrotóxicos, flexibilizando o comércio até daqueles que então proibidos pelos órgãos legisladores. Assistindo a reportagem notei que o problema vem acontecendo na região da campanha gaucha onde plantações de vinhedos dividem espaços com culturas de soja[1].
A denúncia dos produtores de uva era contra os contra os agricultores que utilizam herbicidas nas lavouras, dentre eles o herbicida 2,4-D, cujas partículas são transportadas pelo vento até os vinhedos. É sabido que a liberação do uso desse herbicida pela agência reguladora brasileira, todos os usuários deveriam e devem seguir regras rígidas de manejo. Entretanto, afirma os vinicultores que o uso incorreto desse produto está atingindo as parreiras, afetando a produção, a qualidade dos frutos e do vinho.
O problema não se restringe apenas às uvas, as plantações de oliveiras (azeitonas) e a mata nativa também estão sendo afetadas pelo produto. De acordo com laudo apresentado por laboratórios no Rio Grande do Sul, das cinqüenta amostras analisadas, no resultado obtido em 30 avaliações, 29 apresentavam substâncias advindas do agrotóxico 2,4-D. 
Segundo relatou um dos produtores entrevistados na reportagem, o mesmo confessou que o problema já é antigo e que afeta outras regiões do estado, totalizando área de 1500 hectares.  Alguns relatos dão conta de que os vinhedos afetados pelo veneno seus galhos crescem de forma desordenada, que os frutos embora se desenvolvam, não ocorre maturação.
Os prejuízos, segundo representantes de cooperativas dos produtores, são enormes. Há casos de haver redução na produção de uva de um milhão para 450 mil toneladas por safra. O caso é tão grave que foram protocolados denúncias no Ministério Público com o objetivo de apurar os fatos e punir os responsáveis pelo crime ambiental.
A divulgação da reportagem se dá num momento crítico, onde tramita no congresso projeto de lei com intuído de facilitar ainda mais o uso de agrotóxicos na agricultura. O próprio presidente da república eleito, indicou para o ministério da agricultura, uma das principais integrantes do agronegócio brasileiro, forte defensora da flexibilização das políticas sobre os agrotóxicos ou Produtos Fitossanitários, como aparecerá nos rótulos das embalagens. Não é segredo para ninguém que Glifosato round up é considerado o agrotóxico mais comercializado no mundo, sendo o Brasil o primeiro ou segundo na lista.
 No entanto, no começo do ano a empresa dona da marca sofreu um forte revés quando a justiça dos Estados Unidos decidiu dar sentença favorável a um cidadão que responsabilizou a empresa Monsanto como culpada pelo câncer contraído quando esteve exposto por longo tempo. Quanto ao agrotóxico 2,4-D, proibido em muitos países como Moçambique, Noruega, Vietnã, entre outros, devido a comprovação por danos à saúde, no Brasil, o mesmo é liberado. Parar sua liberação aqui, os órgãos governamentais deveriam exercer rígido acompanhamento na comercialização e uso nas lavouras. Algo que não vem ocorrendo. Isso num momento em que as regras sobre os agrotóxicos no Brasil são consideradas avançadas.
Imaginamos agora como irá ficar com a nova legislação quando entrar em vigor? Quanto ao agrotóxico 2,4-D, investigações em laboratórios comprovaram que o princípio ativo desse veneno provoca alterações hormonais, disfunção da tireoide, do sistema reprodutivo, etc.[2] Outro alerta importante. Na guerra do Vietnã, esse veneno foi adicionado a outros produtos dando origem ao nefasto Agente laranja. O exército Norte Americano, durante a guerra, usou aviões para pulverizar as florestas daquele país, levando a morte milhares de pessoas.
Até hoje, cinqüenta anos depois, a população do Vietnã sofre os efeitos nefastos desse agrotóxico. Por isso sua proibição nas culturas daquele país.  O que mais seria necessário para sensibilizar as autoridades e os políticos brasileiros para que repensem suas posições quanto aos agrotóxicos? Até quanto continuaremos consumindo água e alimentos contaminados. Ainda há tempo de repensar e substituir agrotóxicos por práticas ecológicas.
Prof. Jairo Cezar      
     


[1] https://g1.globo.com/economia/agronegocios/globo-rural/
[2] https://www.brasildefato.com.br/node/27082/