segunda-feira, 28 de abril de 2014

Mais um capítulo da interminável novela Lagoa do Caverá

A interminável novela da Lagoa do Caverá teve sequência com mais um capítulo apresentado em entrevista realizada por um veículo de comunicação de Araranguá que teve a participação de três moradores residentes no entorno da manancial. Na entrevista um dos moradores relatou que a FATMA não se manifesta quanto ao problema, que tal negligência vem contribuindo para a progressiva redução do volume da água e o desaparecimento de espécies da fauna local como pássaros, capivaras, ratões, entre outras espécies.
 Em 1962, segundo um dos entrevistados, a profundidade da lagoa alcançava aproximadamente três metros, sendo o canal protegido por uma expeça vegetação na qual controlava o fluxo de saída da água. Relatou que em 1985 a empresa Cominas, que explora a turfa nas proximidades, deliberou o desassoreamento do canal. Porém, beneficiado pela dinâmica do solo, rapidamente a vegetação se recompôs mantendo-se até 2004, quando novas aberturas do canal foram providenciadas que aceleraram o encolhimento da lagoa.
O que causa mais revolta, na opinião da entrevistada, é a insegurança e incerteza da população quanto ao futuro da lagoa, mesmo sabendo que há um projeto tramitando na FATMA, desde 2013, com mais de duzentas páginas. As autoridades locais, os deputados José Milton Scheffer e Manoel Mota, que conhecem o problema, pouca dedicação vem dando ao problema, demonstrando descaso com a sociedade araranguaense. A lagoa, mesmo com uma lâmina d’água que pouco ultrapassa os trinta centímetros, atrai  pescadores até de laguna. Segundo o vereador entrevistado, o problema se agravou quando em 2007, uma autoridade do órgão ambiental estadual, cuja sede é Criciúma, sobre a ponte do Rio Caveira, solicitou a dragagem do canal para a retirada da vegetação. Especula-se  que a ação de dragagem tenha relação com a empresa que explora turfa nas proximidades da lagoa e, talvez, seja o motivo de resistência do órgão ambiental estadual em expedir licença para o início da obra. Ressaltou que pode ter relação o descaso da lagoa, com políticos do sul, a maioria da região de Criciúma, que são influenciados pela empresa mineradora, por sua vez, está explicação do porque da morosidade da liberação da licença.
Há poucos dias o governador do estado esteve na região do Vale do Araranguá, cujos moradores da Lagoa do Caverá, em contato com o secretário da SDR, solicitaram espaço na pauta de Raimundo Colombo para expor o drama que estão vivenciando. Quando da realização da reunião no Sombrio, não foi permitida a entrada da comissão pró-lagoa no auditório, porém, na saída da comitiva, conseguiram falar com o governador, no qual ficou surpreso diante do relato dramático acerca da lagoa, propondo que cobrassem das autoridades do sul. Disse que, não havendo sucesso com os políticos da região, que agendassem reunião em Florianópolis, para agilizar a solução do problema.
Há fortes indícios de que não liberando a licença até abril, dificilmente o projeto poderá ser executado no presente ano em decorrência do período eleitoral. Comentou-se também acerca do inquérito civil público encaminhado pelo Ministério Publico Estadual à gerência regional da FATMA, cuja resposta obtida foi de que o projeto orçado em 914.00 mil reais está ainda em análise técnica, sem data para sua conclusão. Alertou o vereador na entrevista que o complexo lagunar sul é interligado, que hipótese de secagem da Lagoa do Caverá, as demais lagoas e todo ecossistema serão também afetados, dentre elas a Lagoa da Serra, Sombrio, etc.
Nos instantes finais da entrevista, o presidente do Deinfra, Paulo Meller, por telefone, faz alguns esclarecimentos em relação ao problema da lagoa. Primeiramente, fez críticas ao oportunismo de alguns políticos que tentam capitalizar vantagens diante de situações como o problema da lagoa.   Discorreu que o projeto de contenção da lagoa que está na FATMA esperando o licenciamento, teve execução, graças o empenho do ex-vereador Anísio Premoli e Cesar Cesa. Se há demora em liberação, o motivo é a complexidade do mesmo, cuja decisão deverá ser puramente técnica. Portanto, a pressão poderá comprometer sua eficácia. Prometeu que tentará agilizar sua execução mantendo contato com o presidente estadual da entidade ambiental.
Retrucando as críticas advindas do presidente do Deinfra, o vereador entrevistado argumentou que o próprio Meller também faz parte entre os políticos do sul em dificultar ao máximo qualquer projeto que atenda os ensejos do vale do Araranguá. Teve influência na decisão da construção da penitenciária sul em Araranguá e na destinação dos trezentos milhões do um bilhão destinado, para a região de Criciúma.

Prof. Jairo Cezar  

domingo, 20 de abril de 2014

Algumas considerações relativas a Assembleia Estadual do Sinte realizada dia 15 de abril de 2014, em Florianópolis/SC.


Depois da última Assembleia Estadual do Sinte ocorrida em 18 de março de 2014 que colocou o Magistério Público Catarinense em estado de greve, o dia 15 de abril, os trabalhadores (as) da rede pública estadual reuniram-se novamente na capital do estado para avaliar o quadro de mobilização estadual e a possibilidade da deflagração da greve. A expectativa dos presentes no ato ocorrido no interior de um pavilhão ou “circo” armado nas proximidades da Assembleia Legislativa dava mostras de que o encontro seria marcado por tensões, visto que não havia pretensões concretas do grupo majoritário do Sinte, a exemplo do dia 18 de março, à deflagração de paralisação ou greve no presente memento. A dúvida, portanto, era qual a estratégia ou manobra que adotariam para inviabilizá-la.
Durante as falas, o Coordenador do Sinte enfatizou da necessidade de que as falas ou a assembleia não se estendessem além das 16 horas por estar agendada naquele horário a votação da Medida Provisória na plenária da assembleia que reajustaria o salário dos professores em 8,5%, bem como uma emenda à medida provisória para o pagamento integral do reajuste, retroativos a janeiro. Na análise de conjuntura, das falações proferidas, quase todas deram ênfase as políticas repressivas do governo estadual contra os trabalhadores (as) dos diversos seguimentos do serviço público. Foi mencionado o caso de uma escola pública estadual em Florianópolis cujos (as) professores (as) se recusaram a iniciar as atividades letivas por estar a unidade escolar em péssimas condições. A própria comunidade se sensibilizou e abraçou a causa conjuntamente com os (as) educadores (as), resultando em perseguições e ameaças dos (as) trabalhadores (as) vindas do governo.


O Sinte de Florianópolis, frente ao terrorismo praticado contra professores (as) e patrocinado pelo Estado com fachada de “democrático”, determinou que no dia 30 de abril de 2014, data da entrega da escola à comunidade, irá ocupa-la. O governo Colombo, argumentou um manifestante, está conseguindo destruir a identidade das escolas públicas do estado quando insiste em manter mais de 50% da categoria numa condição de trabalhadores provisórios ou precários, que não conseguem manter vínculos permanentes com a escola e comunidade. Além do mais discordou da postura de uma sindicalista, integrante da CNTE, que insiste no argumento da lei eleitoral como justificativa para inviabilizar reajustes à categoria, que é o discurso defendido pelo próprio governo catarinense.  Outro manifestante lançou profundas críticas à postura de elementos que compõem a executiva estadual do Sinte, que  a proposta de defender a reeleição da presidente Dilma, é manter-se conivente com as políticas do governo Colombo que já disse em público que será aliado ou cabo eleitoral da presidente no estado. 
Sobre as sucessivas manifestações em curso no Brasil, na qual fazem oposição às políticas antissociais adotadas pela presidente, outra manifestante citou o fato ocorrido na cidade de Porto Alegre/RS, onde manifestantes foram criminalizados por protestarem contra o aumento das tarifas de ônibus, que a CUT e CNTE não estão mais a serviço dos interesses dos trabalhadores. O agravante nisso tudo é a postura adotada pelo governo brasileiro sancionando a Lei Antiterror como medida repressora visando criminalizar e levar a prisão indivíduos envolvidos em atos que ameacem a “ordem pública”. Outro participante comentou que o governo Colombo vem reeditando métodos da ditadura e utilizando-os contra os servidores públicos. É um governo apaziguado por uma quadrilha composta por deputados e partidos que participaram da destruição do plano de carreira do magistério em 30 de junho de 2011, que é necessário e imprescindível que a categoria defina um calendário de ações durante a copa. Em relação a postura dos partidos que se dizem fazer oposição ao governo Colombo, não se pode esquecer que tanto o PT como o PcdoB corroboraram com a eleição que indicou Juarez Ponticule para presidente da assembleia, principal protagonista do projeto de lei que destruiu o plano de carreira dos (as) professores (as).


Nos instantes finais da assembleia, a Coordenadora do Sinte Regional de Criciúma lançou proposta de encaminhamento para serem discutidas e votadas, dentre elas a realização da uma nova assembleia estadual marcada para o dia 12 de junho, data o início dos jogos da copa, quando a categoria paralisará as atividades por tempo indeterminado.  Propôs que antes da assembleia estadual, fossem promovidos atos no estado, cuja data prevista seria o dia 21 de maio, denunciando as políticas perversas do governo Colombo e federal. Uma dirigente da  CNTE, última escrita para a análise de conjuntura indagou à plateia presente, perguntando quais as regionais trouxeram indicativo de greve. Segundo ela, é preciso construir a greve, pois o governo Colombo está “encagaçado” com a possibilidade de decretação de paralisação das escolas.
Concluída as falas o Coordenador do Sinte Estadual enumerou as deliberações elencadas para votação e aprovação da plenária. Dentre as mencionadas, destacou o encontro estadual de combate ao racismo; o documento repudiando a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) por  criminalizarem os movimentos sociais, que reconsidere sua posição; o apoio ao sintesp (sindicato dos trabalhadores do serviço público), repudiando as perseguições dos servidores pelo governo, entre outras. Quando a assembleia estava encaminhando para o seu desfecho, deu início ao tumulto motivado pela confusa contraproposta lançada pelo coordenador defendendo o mês de setembro como dada para a assembleia, não junho como propunha a oposição. Na votação das propostas ficou evidenciado que a opção que recebeu maior  votação foi a de junho.


Na tentativa de reverter o processo e garantir a proposta para o mês de setembro, o coordenador teve  a audácia de afirmar que seria necessário esclarecer melhor a proposta, para uma nova votação, pois o público não tinham compreendido o teor das propostas que foram votadas. Explicitou, de forma errônea, que a proposta encaminhada pela oposição era intensificar os atos ou manifestações na tentativa de impedir a realização da copa, que seria, portanto, essa, a proposta a ser votada pela plenária contrapondo com a proposta de assembleia setembro. Indignado com a postura golpista do coordenador, já visto em eventos passados como no Congresso de Fraiburgo, em 2013, Assembleia Estadual do Sinte, 18/03/2014, iniciou o tumulto que  levou o coordenador a decretar o encerramento da assembleia, sem consultar a plenária e sem pauta de luta, postura que levou expressiva parcela dos presentes a solicitarem sua destituição imediata.
Não havendo mais clima para reorganizar a plenária e encaminhar as ações   que faltavam, os (as) professores (as) foram para o interior da Assembleia Legislativa acompanhar as votações da medida provisória que estabeleceria o reajuste salarial dos (as) professores (as). A surpresa, quando se adentrou nas dependências da casa legislativa, foi saber que a votação prevista para aquela tarde, tinha sido cancelada e transferida para o dia seguinte, quarta feira, 17 de abril. O que teria levado o presidente da Assembleia a tomar tal decisão? Certamente seria pelo fato de estarem ali presentes centenas de professores (as) de várias regiões do estado, cujas votações e falas poderiam resultar em críticas e acirradas vaias que certamente arranhariam suas imagens junto aos eleitores (as) das suas bases eleitorais. Adentrando no plenário da assembleia observou-se que os (as) deputados (as) da base governista tinham se retirado, permanecendo apenas o secretario da mesa e deputados (as) da oposição vinculados aos partidos PT, Pc do B e PSol.  Em plena terça feira de trabalho, à tarde, dos quarenta deputados (as) que integram a assembleia legislativa, pouco mais de cindo estavam presentes, demonstrando nitidamente total desrespeito aos contribuintes que pagam seus salários e com os (as) professores (as) da rede pública estadual, onde certamente seus filhos jamais foram matriculados.
Dentre os (as) deputados (as) que se pronunciaram, a deputada Luciane Carminatti ocupou a tribuna fazendo uma breve exposição acerca do livro publicado pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina, que foi distribuído para todos (as) os (as) deputados (as) que traz dados consistentes acerca do modo como os recursos públicos são gestados na educação. Ressaltou que o argumento manifestado pelo governo de que não há recursos disponíveis para o pagamento do piso do magistério, não condiz com a realidade. Houve aumento significativo da arrecadação do estado, cujo percentual disponibilizado para o Fundeb garante o cumprimento imediato do pagamento dos 8,5%. Segundo a deputada no ano de 2014 serão gastos do Fundeb 93.52% com a folha dos professores, representando 20% dos recursos entre os 25% que devem ser investidos pelo Estado. A discussão é com os 5% restantes, onde serão aplicados. De acordo dados do Tribunal de Contas, entre 2008 a 2012 o governo de estado gastou indevidamente R$ 1,23 bilhão com pagamento de inativo, que segundo a legislação o governo teria que utilizar recursos do próprio caixa geral e não da educação.


Outro dado estarrecedor diz respeito a aplicação dos 25% obrigatório sobre os recursos do Fundosocial[1] e Seitec, totalizando R$ 816,97 milhões, que somados com o R$ 1,23 bilhão teria disponível o equivalente a R$ 2,046 bilhões, não aplicados à educação como determina a lei. Para 2014, segundo avaliação feita em janeiro, a previsão de orçamento do estado foi  de R$ 21,3 bilhões. Porém, o valor sofreu alteração, devido a uma nova avaliação realizada em março pelo governo que estipulou um superávit ou acréscimo de R$ 2,046 totalizando R$ 23.5 bilhões de reais. Se o governo tivesse atendido as solicitações da categoria e os 17 deputados votado a favor da emenda da medida provisória determinando o pagamento integral dos 8,32% retroativos a janeiro, o comprometimento da folha  seria de R$ 300 milhões. Com a aprovação do parcelamento em três vezes dos míseros 8,32%, não deixou dúvidas que o governo e seus comparsas quadrilheiros do legislativo que votaram contra o magistério, vão se apropriar desses recursos para financiar suas campanhas, negociando votos dos eleitores em troca de favores e a garantia de permanecer no poder e assegurar as políticas repressoras e de precarização do serviço público, sucateando a educação, segurança e saúde - vide Hospital Regional de Araranguá – SPDM.   

   
A partir de agora, todos os (as) educadores (as) comprometidos (as) com a educação pública e o bem-estar da população trabalhadora, pagadora de impostos e discriminada pelo Estado, terão o dever ético e moral de sair às ruas e fazer  campanha para que a população não deposite o voto àqueles deputados que votaram contra o magistério público catarinense, ou seja, contra a educação dos (as) filhos (as) dos (as) trabalhadores (as). Não é a escassez de recursos disponíveis a justificativa para terem votado contra o magistério. Os dados financeiros acima mencionados não deixam transparecer nenhuma dúvida. Por que tanta perversidade, desrespeito a uma categoria que mesmo com todas as dificuldades enfrentadas, baixos salários, horários extenuantes de trabalho, se esforçam ao máximo para cumprir sua árdua jornada de trabalho, muitas vezes excedendo a sessenta horas semanais. Trabalhar numa escola pública depredada, caindo aos pedaços, com salas cheias, sem recursos pedagógicos e riscos permanentes de serem agredidos por estudantes é muito diferente do ambiente arejado, repleto de segurança, onde “trabalham” deputados (as) estaduais e demais servidores. São dois mundos completamente opostos, o da opulência e do descaso absoluto.
O espaço da sala de aula, quase tudo é improvisado, da Assembleia Legislativa, um mundo quase perfeito, da circulam pessoas eleitas pelo povo, para o povo, porém, longe das bases, votam leis contra o povo,  evidenciando suas posições burguesas, eleitoreiras, aprovando projetos de interesse próprio, de grupos econômicos ou governamental, como a medida provisória 193/14, parcelando o reajuste salarial dos (as) professores (as). Dentre os deputados da região sul do estado que votaram a favor da medida provisória concedendo 8,32% de reajuste para o magistério os destaques foram Altair Guidi, José Milton Scheffer, Joares Ponticelli, Manoel Mota, Valmir Comin e Ada Faraco de Luca. Nessa votação não estavam na plenária, José Ney Ascari, Dóia Guglielmi, Joares Ponticellie e os petistas Ana Paula Lima e Volnei Morastoni, sendo que a deputada Ana justificou sua ausência na própria sessão da Assembleia do dia 15 de abril.


Na plenária seguinte para a votação da Emenda Substitutiva Global da bancada do Partido dos Trabalhadores à medida provisória na qual garantiria o pagamento dos 8,32% retroativos a janeiro, votaram contra, a (os) deputada (os) Ada de Luca, Altair Guidi, Manoel Mota e Valmir Comin. Ausentaram-se da plenária ou não estiveram presentes, Ana Paulo de Lima, que justificou a ausência no dia anterior, Volnei Morastoni, Dóia Guglielmi, Joares Ponticelli, José Milton Scheffer e José Nei Ascari. A Deputada Ângela Albino argumentou na plenária da Assembleia Legislativa que a sua posição contrária a medida provisória parte do princípio de que há mesma não apresenta embasamento jurídico quando se trata de reajuste de servidores, que o procedimento correto deveria ser mediante Emenda Complementar. Talvez, como argumentou a deputada do Pc do B, os demais deputados do PT e do PSol, seguiram o mesmo caminho nas votações.



     Diante das votações alguns parlamentares justificaram suas posições como o líder do governo o deputado Aldo Schneider do PMDB que argumentou incapacidade do tesouro do estado de pagamento de parcela única aos professores, que muitos estados brasileiros passam pelo mesmo drama, não honrando com a lei do piso do magistério. Segundo o deputado Derci Matos do PSD, o “reajuste parcelado dos professores foi a única medida possível para não estourar o caixa do governo”.   Não deveremos jamais esquecer, que tais legisladores certamente estarão batendo à porta de nossas casas daqui alguns dias pedindo nosso voto. A resposta que daremos é votando contra qualquer um que tenha assumido alguma atitude prejudicial à classe trabalhadora catarinense.



No rol da Assembleia Legislativa o bloco oposicionista do Sinte se reuniu encaminhando para terça feira, 22 de abril, reunião em Florianópolis para avaliar os reflexos do episódio do dia 15 para a categoria e definir estratégias que serão adotadas para salvar o Sinte e restabelecer a bandeiras históricas da entidade como o fortalecimento da base, esquecida nos últimos anos.
Prof. Jairo Cezar          




[1] É um fundo de natureza financeira, destinado a financiar programas e ações de desenvolvimento, geração de emprego e renda, inclusão e promoção social, no campo e nas cidades, no Estado de Santa Catarina, inclusive nas áreas da cultura, esporte e turismo, educação especial e educação superior. A educação especial será promovida por meio das ações desenvolvidas pelas Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE’s, situadas no Estado de Santa Catarina. E, a educação superior será financiada com bolsas de estudo integral.
Os recursos financeiros do FUNDOSOCIAL poderão ser empregados por meio da descentralização de créditos, da celebração de convênios e da concessão de subvenções sociais. A Administração superior do FUNDOSOCIAL é exercida por um Conselho Deliberativo e o órgão gestor é a Secretaria Executiva de Recursos Desvinculados da Secretaria de Estado da Casa Civil, a qual compete exercer sua administração orçamentária, financeira e contábil. http://www.scc.sc.gov.br/






















quinta-feira, 10 de abril de 2014

A LGC (Lei Geral da Copa) e suas implicações na vida dos brasileiros

A partir da última edição da copa do mundo realizada na África do Sul, em 2010, a atual que se transcorrerá no Brasil e as duas edições seguintes, Rússia e Catar, ambos os países apresentam democracias ou fragilizadas ou geridas por regimes absolutistas como o Catar, que sediará o mundial de 2022. O que tudo isso tem a ver com o dia a dia de milhões de pessoas que vivem nesses países? Tudo! A FIFA fundada em 1904 e considerada uma das maiores organizações esportivas do atual mundo globalizado, que agrega mais de duzentas federações afiliadas, vem se constituindo como um Estado paralelo quando o assunto é copa do mundo.
São tantas as exigências impostas pela entidade no momento da seleção, que o país contemplado é forçado a se subordinar a uma espécie de constituição paralela ou Legislação de Exceção, que assegura as empresas contratadas para a realização das obras de infraestrutura privilégios excepcionais como a suspensão das licitações. São, portanto, bilhões de reais disponibilizados e oriundos de bancos públicos como o BNDS, a juros irrisórios, para o financiando de verdadeiros “elefantes brancos” como as Arenas Cuiabá, Manaus, Natal, entre outras, que depois de concluídas e finalizadas as competições, os quarenta ou cinquenta mil assentos disponibilizados ficarão obsoletos ou semiocupados em jogos envolvendo equipes sem expressão local ou nacional como o Mixto e o Cuiabá (MT), São Raimundo (AM), América e CRB (RN), etc., algumas dessas agremiações não disputam as divisões intermediárias do campeonato nacional. E os custos de manutenção dessas arenas, quem arcarão? Presume-se que os respectivos estádios citados terão o mesmo destino como o Ninho do Pássaro, construído em Pequim/China para as Olimpíadas, e os da África do Sul, obsoletos e bem dizer abandonados.
O que dizer da remoção forçada de cifras que ultrapassam duzentas mil pessoas em algumas cidades sedes brasileiras, cinquenta mil aproximadamente somente no município do Rio de Janeiro, para dar lugar a obras de infraestrutura e “higienização” (limpeza) condicionadas aos eventos previstos como copa do mundo e olimpíadas? E o envolvimento das três forças armadas no processo de pacificação dos morros e favelas do Rio de Janeiro, cuja mídia coorporativa a serviço do capital maquia as informações divulgando a falsa ideia de que a ação é necessária porque visa exclusivamente retomar o controle do estado sobre áreas dominadas pelo tráfico e garantir “segurança” à população. Muitos dos que foram forçados a abandonarem suas casas e transferirem-se para lugares distantes, cinquenta quilômetros aproximadamente, não obtiveram proteção devida do Estado, ou seja, a garantia mínima de uma nova alocação sem prejuízo econômico e social.
Com a “pacificação” das ditas áreas ocupadas por favelas próximas a área central da cidade, o resultado foi a valorização financeira desses espaços que por sua vez contribuiu para a intensificação da especulação imobiliária envolvendo grandes empreiteiras. Transferir populações marginalizadas para áreas distantes da qual viviam segue a mesma política adotada pelo município décadas atrás quando cortiços ou casebres foram destruídos e justificados pela necessidade de higienização da cidade. Como acreditar que através do simples deslocamento de centenas de militares fortemente armados para as respectivas áreas será possível contornar um problema crônico que tem sua causa o próprio modelo econômico que se alimenta e se reproduz das desigualdades sociais existentes.            
Se uma pequena fração dos bilhões de reais utilizados nas obras estruturantes estivesse sendo aplicados na melhoria das condições de vida dessas populações, esquecidas e abandonadas pelo Estado, talvez hoje não estivessem reféns do tráfico, da violência e nem tão pouco submetidas ao controle das forças armadas. Poucos sabem também que durante a realização dos jogos estarão suspensas a validade do estatuto do idoso e o Código de Defesa do Consumidor, tudo minuciosamente planejado e acordado entre as partes e explicitado na LGC (Lei Geral da Cópia), Lei n. 12.663/12 para beneficiar empresas parceiras da FIFA. Dentre outros acordos inconvenientes que também afronta leis nacionais destacamos a liberação da venda de cerveja nos estádios durantes os jogos exclusivamente para beneficiar a principal multinacional americana  Budweiser. Em relação a esse tema, na copa do mundo da Alemanha, em 2006, as cervejarias nacionais conseguiram na justiça vetar tal dispositivo assegurando a comercialização das marcas locais nos estádios.
Uma situação semelhante ocorreu na cidade de Salvador (BA) cuja tradição é a comercialização do Acarajé no entorno e interior  dos estádios  durante as partidas de futebol. A FIFA na tentativa de favorecer uma multinacional de FEST FOOD tentou assegurar que tal iguaria regional tivesse seu comércio proibido num raio de dois quilômetros  durante os jogos, sem sucesso. E sobre à venda dos ingressos para os jogos que além de serem questionáveis os procedimentos para os sorteios, tem o agravante de penalizar os compradores na hipótese de quererem desisti-los independentemente dos motivos. De acordo com a LGC (Lei Geral da Copa), a FIFA tem direito assegurado reter 10 a 20% do valor total do ingresso no instante da desistência e devolução do dinheiro ao  comprador, decisão que afronta em cheio o código do consumidor que permite o cidadão, na compra pela internet, ter o reembolso total do valor pago num prazo de sete dias antes da realização do evento. 
E a lei antiterrorismo que visa enquadrar manifestantes como dos bleck blocs e de outros grupos que saíram às ruas em junho de 2013, em criminosos comuns que ameaçam a ordem pública? Não podemos esquecer que todas essas medidas que estão sendo adotadas fazem parte do pacote de recomendações impostas pela FIFA. É ou não é a respectiva entidade um Estado Paralelo, tão poderoso que consegue fazer com que seus governantes se curvem a ponte de sofrerem humilhações como no episódio em que um representante da entidade indignado com os atrasos das obras expressou publicamente que o governo brasileiro deveria receber um chute no traseiro como punição pelos atrasos. Qual a punição recebida por tal dirigente? Nenhuma.      
Faltam três meses aproximadamente para o início das competições e a população brasileira que na época da escolha da sede tinha recebido com entusiasmo e euforia a escolha do Brasil, não demonstra o mesmo sentimento hoje, paira no semblante dos mais céticos uma aura de expectativa e preocupação, são bilhões de reais que deverão ser pagos após o evento, acredita-se, que tais recursos sairão dos bolsos dos contribuintes, pagando mais caro pelo quilo do arroz, feijão, leite e outros produtos de primeira necessidade. E a FIFA, qual sua responsabilidade em todo esse passivo financeiro? Nenhum. A única beneficiada nesse mar de falcatruas e irregularidades que paira sobre as obras em andamento é que a entidade e seus parceiros terão lucros líquidos superiores a um bilhão de dólares. Isso mesmo. Essa é uma das razões pelas quais há anos países com democracias mais consolidadas vêm se recusando a aceitar eventos protagonizados por essa entidade.
Acredita-se que milhões de pessoas na expectativa do começo da copa no dia 12 de junho quando o Brasil estreará esqueceram que no estádio onde Neymar e outros tantos jogadores que recebem salários milionários, o Itaquerão, perderam a vida três trabalhadores, sendo o último, no dia 31 de março, cujas explicações da causa morte são controversas. É claro que dificilmente serão as empreiteiras responsabilizadas pelos incidentes no Itaquerão que segundo informações obtidas dos bombeiros que vistoriaram o local constataram 26 (vinte seis) irregularidades, além da estafante jornada de 16 horas de trabalho diário que são submetidos os operários, justificadas pelas horas extras. Não podemos esquecer que historicamente no Brasil o montante dos recursos que financiam os  eleitorais são oriundos de empreiteiras e empresas de transportes coletivos. Esse é um dos motivos que faz com que nos planos diretores dos municípios brasileiros, temas como mobilidade e ocupação urbana sejam sempre polemizados ou postergados para o final na expectativa de barganhar benefícios.
   Observem que tanto a África do Sul como Brasil e a Rússia são repúblicas ainda fragilizadas cujas instituições e  partidos políticos volta e meia aparecem no cenário nacional e internacional envolvidos em denúncias de corrupção. São essas as nações que se enquadram perfeitamente no padrão FIFA, falta de transparência, analfabetismo estrutural, democracia fragilizada, passividade do povo, entre outros. 

Prof. Jairo Cezar