segunda-feira, 28 de abril de 2014

Mais um capítulo da interminável novela Lagoa do Caverá

A interminável novela da Lagoa do Caverá teve sequência com mais um capítulo apresentado em entrevista realizada por um veículo de comunicação de Araranguá que teve a participação de três moradores residentes no entorno da manancial. Na entrevista um dos moradores relatou que a FATMA não se manifesta quanto ao problema, que tal negligência vem contribuindo para a progressiva redução do volume da água e o desaparecimento de espécies da fauna local como pássaros, capivaras, ratões, entre outras espécies.
 Em 1962, segundo um dos entrevistados, a profundidade da lagoa alcançava aproximadamente três metros, sendo o canal protegido por uma expeça vegetação na qual controlava o fluxo de saída da água. Relatou que em 1985 a empresa Cominas, que explora a turfa nas proximidades, deliberou o desassoreamento do canal. Porém, beneficiado pela dinâmica do solo, rapidamente a vegetação se recompôs mantendo-se até 2004, quando novas aberturas do canal foram providenciadas que aceleraram o encolhimento da lagoa.
O que causa mais revolta, na opinião da entrevistada, é a insegurança e incerteza da população quanto ao futuro da lagoa, mesmo sabendo que há um projeto tramitando na FATMA, desde 2013, com mais de duzentas páginas. As autoridades locais, os deputados José Milton Scheffer e Manoel Mota, que conhecem o problema, pouca dedicação vem dando ao problema, demonstrando descaso com a sociedade araranguaense. A lagoa, mesmo com uma lâmina d’água que pouco ultrapassa os trinta centímetros, atrai  pescadores até de laguna. Segundo o vereador entrevistado, o problema se agravou quando em 2007, uma autoridade do órgão ambiental estadual, cuja sede é Criciúma, sobre a ponte do Rio Caveira, solicitou a dragagem do canal para a retirada da vegetação. Especula-se  que a ação de dragagem tenha relação com a empresa que explora turfa nas proximidades da lagoa e, talvez, seja o motivo de resistência do órgão ambiental estadual em expedir licença para o início da obra. Ressaltou que pode ter relação o descaso da lagoa, com políticos do sul, a maioria da região de Criciúma, que são influenciados pela empresa mineradora, por sua vez, está explicação do porque da morosidade da liberação da licença.
Há poucos dias o governador do estado esteve na região do Vale do Araranguá, cujos moradores da Lagoa do Caverá, em contato com o secretário da SDR, solicitaram espaço na pauta de Raimundo Colombo para expor o drama que estão vivenciando. Quando da realização da reunião no Sombrio, não foi permitida a entrada da comissão pró-lagoa no auditório, porém, na saída da comitiva, conseguiram falar com o governador, no qual ficou surpreso diante do relato dramático acerca da lagoa, propondo que cobrassem das autoridades do sul. Disse que, não havendo sucesso com os políticos da região, que agendassem reunião em Florianópolis, para agilizar a solução do problema.
Há fortes indícios de que não liberando a licença até abril, dificilmente o projeto poderá ser executado no presente ano em decorrência do período eleitoral. Comentou-se também acerca do inquérito civil público encaminhado pelo Ministério Publico Estadual à gerência regional da FATMA, cuja resposta obtida foi de que o projeto orçado em 914.00 mil reais está ainda em análise técnica, sem data para sua conclusão. Alertou o vereador na entrevista que o complexo lagunar sul é interligado, que hipótese de secagem da Lagoa do Caverá, as demais lagoas e todo ecossistema serão também afetados, dentre elas a Lagoa da Serra, Sombrio, etc.
Nos instantes finais da entrevista, o presidente do Deinfra, Paulo Meller, por telefone, faz alguns esclarecimentos em relação ao problema da lagoa. Primeiramente, fez críticas ao oportunismo de alguns políticos que tentam capitalizar vantagens diante de situações como o problema da lagoa.   Discorreu que o projeto de contenção da lagoa que está na FATMA esperando o licenciamento, teve execução, graças o empenho do ex-vereador Anísio Premoli e Cesar Cesa. Se há demora em liberação, o motivo é a complexidade do mesmo, cuja decisão deverá ser puramente técnica. Portanto, a pressão poderá comprometer sua eficácia. Prometeu que tentará agilizar sua execução mantendo contato com o presidente estadual da entidade ambiental.
Retrucando as críticas advindas do presidente do Deinfra, o vereador entrevistado argumentou que o próprio Meller também faz parte entre os políticos do sul em dificultar ao máximo qualquer projeto que atenda os ensejos do vale do Araranguá. Teve influência na decisão da construção da penitenciária sul em Araranguá e na destinação dos trezentos milhões do um bilhão destinado, para a região de Criciúma.

Prof. Jairo Cezar  

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