sexta-feira, 29 de junho de 2018


OBRAS MONUMENTAIS E A FORÇA DA PROPAGANDA NO FORTALECIMENTO DO REGIME SOCIALISTA SOVIÉTICO

Foto Jairo
Edifício construído na época de Stalin
Na Rússia, no começo do regime Soviético, a perseguição contra padres e demais representantes do clero ortodoxo contribuiu para que debandassem para o exílio. Muitos não tiveram a mesma sorte, sendo presos, torturados e mortos. Na época de Stalin, o regime procurou fortalecer os vínculos com a igreja ortodoxa como estratégia de recriar uma imagem fraternal do Estado junto à sociedade.

Foto Jairo
Uma das estações do metrou de Moscou

 O desafio do regime socialista Stalinista sempre foi fortalecer a ideologia de que o regime poderia superar o regime capitalista com a idealização de obras grandiosas. Como concretizar os planos megalomaníacos num momento em que o país enfrentava uma de suas piores crises econômicas? O caminho seria a propaganda ideológica, o uso de todas as ferramentas midiáticas disponíveis para despertar o sentimento cívico patriótico, o voluntariado na edificação de obras importantes como o metrô de Moscou, que durou cinco anos para ser finalizada.
Foto Jairo
Monumento - Metrou de Moscou

Foto Jairo
Estatuas decorativas do período soviético - Metrou de Moscou

Na verdade o metrô tinha como premissa servir de propaganda política do partido socialista soviético. A dificuldade naquele momento era arregimentar profissionais qualificados para projetar a obra, bem como de trabalhadores. Aproveitando a crise de abastecimento que se abatia sobre o território, sendo os próprios alimentos racionalizados, milhares de camponeses migraram para a capital onde foram absorvidos na obra do metrô. Para dinamizá-la, o Estado soviético criou a empresa METROSTAI, que viabilizaria a construção dos túneis, bem como a montagem de todo um arcabouço que teria como objetivo oferecer alojamento e educação aos trabalhadores segundo os moldes comunistas.
Foto Jairo
Riquíssimas decorações da época soviética - Metrou Moscou 

Foto Jairo
Símbolo do comunismo soviético - Metrou Moscou
  

Em decorrência das condições precárias dos alojamentos, dos quase vinte mil trabalhadores contratados, mais de dez mil abandonaram os postos de trabalho, atrasando ainda mais a conclusão da obra, cuja ideia era finalizar em tempo recorde. Munindo-se de sua propaganda ideológica, Stalin lançou campanha intitulada “toda moscou constrói o metrô”. Foi uma estratégia que deu certo, pois conseguiu arregimentar cerca de quinhentos mil trabalhadores, que se dispuseram trabalhar aos sábados voluntariamente, oferecendo seu trabalho para que a obra do metrô fosse concluída. O que chamou a atenção quanto a obra do metrô foi sua profundidade, superando os cinquenta metros, servindo também de abrigo para os civis russos durante o ataque aéreo alemão entre 1941 e 1942.
Prof. Jairo Cezar

















O AGRONEGÓCIO E O ACELERADO PROCESSO DE DEGRADAÇÃO DO BIOMA DO CERRADO E DA AMAZÔNIA

A PRESSÃO  DO AGRONEGÓCIO SOBRE O BIOMA DO CERRADO

Desde o momento que foi homologado o código florestal brasileiro, em 2012, é a quarta vez consecutiva que o governo federal, via decreto, prorroga o prazo dos proprietários rurais brasileiros a fazerem o CAR (Cadastro Ambiental Rural), procedimento técnico que permite conhecer as coordenadas e as extensões das propriedades rurais e assentamentos, com suas respectivas APPs (Áreas de Preservação Permanente) e RL (Reservas Legais). É possível que o prazo estabelecido para dezembro de 2018 seja outra vez prorrogado, pois há pouco interesse do agronegócio em se adequar às normas tendo em vista o maior controle do governo e da sociedade civil sobre suas propriedades.
O código florestal brasileiro, porém, foi uma reivindicação desse seguimento, como forma de se isentar das penalidades atribuídas aos crimes ambientais cometidos nos quase cinqüenta anos de existência do código florestal anterior. Foram intensas discussões onde prevaleceu o pensamento conservador no texto, tornando os artigos e os dispositivos extremamente permissivos ao agronegócio. O CAR, no entanto, foi um dos poucos avanços tido no código, visto como capaz de assegurar o que ainda resta dos biomas brasileiros.
Desde o seu sansão em 2012, o que mais se ouviu e se leu foram notícias e reportagens denunciando desmatamentos em todo território brasileiro, com destaques os biomas do cerrado e da Amazônia. É quase como certo que muitas das propriedades autuadas pelos fiscais, jamais irão cumprir as penas, pois tem a seu favor todo um aparato judiciário e legislativo. A realidade dos biomas brasileiros é tão preocupante que vem chamando a atenção de organizações ambientais internacionais e até mesmo de revistas especializadas no tema ambiental como a Nature Ecology & Evolution, que publicou artigo discorrendo a forte ameaça do agronegócio no bioma do cerrado.
A intensa campanha publicitária dos últimos governos e do atual incentivando a exportação de commodities, mineração, pecuária e agricultura, aumentou o desejo principalmente de estrangeiros por novas áreas ocupadas por florestas e comunidades indígenas. Frente a isso o código florestal não faz qualquer restrição, porém quando o faz, entra em cena o batalhão da retaguarda, a UDR (União Democrática Ruralista), CNA (Confederação Nacional da Agricultura) e a BANCADA RURALISTA, esta última entrincheirada no congresso nacional, barganhando negociatas com o executivo para a aprovação de leis perversas à devastação das florestas e a saúde humana. A PL 6.299/2002, que flexibiliza a comercialização de venenos até então proibidos no Brasil, é uma dessas investidas assassinas do seguimento ruralista contra a saúde da população[1].
Decretos, resoluções, PECs, completam o pacote perverso que tornam cada vez mais esvaziado o código florestal brasileiro. O sucateamento dos órgãos reguladores e fiscalizadores como IBAMA ICMBio, integram esse plano maléfico na remoção de todos os obstáculos possíveis para facilitar a expansão da última fronteira agrícola brasileira. Áreas indígenas não regulamentadas, flexibilização dos licenciamentos ambientais e tornar nulos processos de Unidades de Conservação, ambos fazem parte do maligno cardápio do atual governo, atendo as pressões do agronegócio, bem como, estratégia para se livrar dos vários processos impetrados contra si que poderiam resultar na sua cessação.
A situação dos biomas brasileiros é tão preocupante que forçou a realização de audiência pública no senado para discutir em caráter de urgência o problema que afeta o Cerrado e a Amazônia, seus impactos à vida de milhares de espécies endêmicas da fauna e flora e das nascentes dos rios mais importantes do Brasil. Também foram discutidos os efeitos dos desmatamentos no aumento da temperatura média global dos últimos quatro anos. O incentivo às políticas públicas para a expansão da economia verde, de baixa emissão de dióxido de carbono, foi uma das várias propostas elencadas.[2]
Destacou também o presidente da comissão, o senador do Acre, Tião Viana, do PT, que o não comprimento de dispositivos do Código Florestal vem dando margem aos desmatamentos irregulares. A prorrogação do CAR, pela quarta vez, é uma dessas manobras que motiva ainda mais o desmatamento, pois não há como monitorá-lo. A legislação estabelece que terá direito a créditos para o financiamento agrícola o produtor que regularizar sua propriedade por meio do Cadastro Ambiental Rural. Protelar ao máximo o cadastro garante a supressão de novas áreas de vegetação sem qualquer risco de ser monitorado e autuado.
Quanto aos biomas, cerrado e Amazônia, o código florestal abre margem para novos desmatamentos. O exemplo é a floresta amazônica legal, cujos imóveis rurais, seus proprietários poderão suprimir até 80% da cobertura vegetal. Para combater a progressiva destruição desses ecossistemas, tramitam no congresso nacional projetos de leis específicos para o pantanal, cerrado e caatinga, ambos seriamente ameaçados. O modo como o congresso nacional está hoje constituído, são mínimas as possibilidades de que projetos que limitam ao máximo a degradação desses ecossistemas vem ser aprovados.
Até hoje se perguntarmos às pessoas sobre quais dos biomas brasileiros estão mais ameaçados, rapidinho responderão que é a bioma da Amazônia. Embora a resposta não seja totalmente verdadeira, deve ser considerada pela forte da ação antrópica também ocorrer lá de forma violenta. O Cerrado é, sem dúvida, o bioma mais ameaçado no planeta. No dia 21 de junho último o INEP PRADOS CERRADO divulgou relatório inédito dos desmatamentos anuais do respectivo bioma. Essa iniciativa poderá contribuir para o monitoramento permanente da região onde tenderá à tomada de medidas no combate a tais crimes ambientais.[3]
Entretanto os dados apresentados acerca do bioma não são tão animadores. Embora tenha havido uma sensível redução do desmatamento entre 2015 e 2016, o relatório de 2017 mostrou um crescimento de 9% de área desmatada em relação a 2016. Esses dados preocupam pelo fato do desmatamento continuar crescendo a partir de 2018. A área que mais vem sofrendo ameaça no cerrado é a da MOTOPIVA, que integra os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. A pecuária bovina e a cultura da soja se despontam como principais vilões dos desmatamentos.
A revista Nature Ecológy & Evolution, Greenpeace, WWF e outras organizações ambientais nacionais vem alertando as comunidades científicas e governos do perigo dessas atividades para o planeta.[4] Já ocorreram três vezes mais perdas de espécies da flora no bioma do cerrado do que houve desde 1500. Entre 2013 a 2015, a cada dois meses foram comprovadas perdas da cobertura vegetal equivalente a área territorial da cidade de São Paulo. Em caráter de comparativo, o Bioma do Cerrado estoca 13.7 bilhões de toneladas de CO2. Com a derrubada da floresta, a decomposição e as queimadas liberam todo esse gás à atmosfera. Em 2009 o congresso nacional aprovou a lei n. 12.187/09, estabelecendo como meta reduzir a emissão de dióxido de carbono em 40% até 2020, tendo como parâmetro os anos de 1999/2008. Sem contar outros protocolos assinados pelo Brasil em favor do clima nas inúmeras COPs que tem participado como o encontro de Paris, em dezembro de 2015.[5]
Além da iniciativa protagonizada pelo senado federal por meio da comissão do meio ambiente, onde discutiu com entidades ambientais e órgãos ligados ao governo sobre estratégias para minimizar os impactos do desmatamento nos biomas do cerrado e Amazônia, outras iniciativas foram adotadas como o manifesto “nas mãos do mercado, o futuro do cerrado: é preciso interromper o desmatamento”, lançado em setembro de 2017, com a colaboração de 40 organizações ambientais.[6]
Em maio de 2018 o IBAMA e a MPF realizaram operação conjunta na região da MATOPIBA, batizada de shoyo, autuando mais de 60 empresas que realizavam atividades irregulares. Dentre elas as multinacionais CARGIL e BUNGE, ambas multadas em quase seis milhões de reais. Somada as multas com as demais empresas o montante atingiu mais de cem milhões de reais. O que impressionou foi o fato das duas multinacionais terem acordado de que eliminaram o desmatamento em suas cadeias produtivas, que na prática não o fazem. Segundo representante do Greenpeace, não basta apenas acordos verbais, é necessário mais do que isso, ação rápida e consistente por parte do setor privado para conter a destruição do cerrado.[7]
Prof. Jairo Cezar





[1] http://morrodosconventos-jairo.blogspot.com/2018/05/riscosirreversiveis-saude-se-pl-6.html

[2] https://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio_ambiente_e_natureza/?66262/Audiencia-no-Senado-debate-desmatamento-e-mudancas-climaticas
[3] http://www.dpi.inpe.br/fipcerrado/dashboard/cerrado-rates.html
[4] https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0959378014001046?via%3Dihub
[5] https://www.wwf.org.br/informacoes/noticias_meio_ambiente_e_natureza/?66282/Desmatamento-no-Cerrado-aumentou-9-em-2017
[6] https://drive.google.com/file/d/0B9Q81I9GzbdfeVNYNFJHWFp1ZzA/view    

[7] http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Operacao-do-Ibama-multa-empresas-e-produtores-por-soja-ilegal-no-Cerrado/

quinta-feira, 28 de junho de 2018



O PALÁCIO DE VERÃO DE PETERHOF – SÃO PETERSBURGO


                                                            Foto Jairo
Canal de ligação entre o palácio de Peterhof ao Golfo da Finlândia - Mar Báltico

Do mesmo modo que a família imperial russa construiu uma imponente edificação na área central de São Petersburgo, que se transformaria mais tarde no famoso museu de Hermitage, há cerca de quarenta quilômetros do palácio, outra espetacular construção foi erguida às margens do golfo da Finlândia, no mar báltico, a residência de verão da família real Russa. Conforme explicação da guia, a região onde estão edificados os magníficos palácios havia um imenso banhado com densa floresta.

                                                                                  Foto Jairo
Lado externo do Palácio de Peterhof

                                                                           Foto Jairo
Jardins floridos no interior do Palácio de Peterhof

                                                                           Foto Jairo
Chafariz - interior do Palácio de Peterhof. 


                                                                             Foto Jairo
Pessoas e edificações as margens do Golfo da Finlândia - Mar Báltico - Área que integra o palácio de verão de Peterhof.    

                                                                                 Foto Jairo
Aos fundos uma das principais atrações do Palácio de Verão de Peterhof. 
 

Quem acreditava que o palácio de Hermitage era a principal obra prima da arquitetura clássica/moderna russa, deve ter se surpreendido quando transitou pelos corredores do palácio de verão e pelo gigantesco jardim com formas, cores, linhas, impossíveis de serem descritos sem conhecer a fundo aspectos subjetivos dos seus idealizadores. Cada uma das dezenas esculturas, fontes d’água, chafarizes, até mesmo a distribuição simétrica e assimétrica das centenas de árvores, tem um porque de estar onde está. O início da construção do palácio de Peterhof se deu no reinado de Pedro I, o grande, em comemoração a conquista russa do Golfo da Finlândia, sob o domínio do Suécia.
                                                                              Foto Jairo
Jardins Floridos - Palácio de Verão de Peterhof

                                                                                Foto Jairo
Estatua que simboliza à vitória Russa na guerra contra a Suécia  

                                                                                 Foto Jairo
Árvores em posição neoclássica nos jardins do Palácio de Peterhof.

                                                                                Foto Jairo
Estatuas distribuídas na parte inferior do Palácio de Peterhof 

                                                                               Foto Jairo
Principal avenida que leva ao palácio de Peterhof. 


O aspecto curioso relativo aos palácios que integram o complexo conjunto arquitetônico e paisagístico de Peterhof é que o mesmo foi inspirado no palácio de Versalhes, na França, uma forma de aproximar a cultura Russa a européia.  O início da obra ocorreu em 1714, cuja conclusão se deu nove anos depois, em 1723. Após a revolução socialista de 1917 os cômodos da gigantesca construção deram lugar a um centro educacional. Durante a segunda guerra, os nazistas aproveitaram o cerco em Lenigrado, atual São Petersburgo, transformando o palácio de inverno numa espécie de quartel general. Foi de lá que o comando alemão orquestrou todo o cerco à cidade russa.
                                                                                     Foto Jairo
Chafarizes, árvores e figuras coloridas embelezam os jardins do palácio de Peterhof.  


                                                              Foto Jairo
Residência do Czar Pedro - interior dos jardins do Palácio de Peterhof. 

                                                                                  Foto Jairo
Distribuição das árvores em traçado barroco - Jardins do Palácio de Peterhof

                                                                         Foto Jairo
Turistas brasileiros visitando o interior do Palácio de Peterhof

Antes da invasão nazista, os russos conseguiram retirar cerca de 50 estatuas e 8000 objetos de decoração, depositando-as em locais seguros.  De todos os ambientes que reúnem maior número de pessoas quanto visitam as dependências de Peterhof, a grande cascata com 124 jatos d’água das 64 fontes existentes, é sem dúvida o momento mais sublime e encantador. Ninguém imaginava que a força imprimida aos jatos d’água, no momento da apresentação musical, se deve à pressão gravitacional devido ao desnível entre a parte superior e inferior da fonte. Bem no centro da fonte há a escultura de alguém abrindo a boca de um leão simbolizando a vitória russa sobre a Suécia, na chamada guerra do norte.
Prof. Jairo Cezar

































O CONTRASTE DE DUAS REALIDADES DISTINTAS EM SÃO PETERSBURGO

Canal - São Petersburgo - Foto - Jairo
Subúrbio de São Petersburgo - Foto Jairo

Saindo do perímetro central da cidade histórica de São Petersburgo em direção ao palácio de Peterhof,  antiga residência de verão dos Czares Russos, é possível se  confrontar com um cenário bem diferente do que foi visto até o momento, ricos palácios, museus, igrejas, monumentos, canais, etc. O que se viu no caminho foi outra São Petersburgo, de gigantescos conjuntos residenciais com padrões arquitetônicos simples, construídos na época soviética para abrigar a enorme demanda de trabalhadores operários absorvidos pelas indústrias. Segundo explicações da guia, a área periférica da cidade continua se expandindo intensamente nos últimos anos em decorrência do processo migratório de regiões distintas do enorme território Russo.
São famílias que estão fixando residência tanto em São Petersburgo como Moscou pelo fato de ambas oferecerem melhores condições de subsistência que outras tantas províncias espalhadas. Na opinião da Guia são conjuntos residenciais coletivos, com infraestrutura que não garante conforto adequado às famílias especialmente durante o inverno. O uso de bondes como meio de transporte também é uma característica marcante em São Petersburgo. Porém, o que diferencia o sistema Russo dos países visitados como a Dinamarca e a Finlândia é qualidade dos veículos coletivos oferecidos.  Notou-se que a frota de bondes elétricos que transportam milhares de trabalhadores de cidades como São Petersburgo diariamente  são remanescentes da época soviética.
Shoppíng Center - Subúrbio de São Petersburgo - Foto - Jairo
 
Conjunto residencial - subúrbio de São Petersburgo - foto Jairo              

Nas áreas periféricas densamente povoadas de São Petersburgo, contrastando com os conjuntos residenciais, estão às fábricas e os shoppings centers com estilos arquitetônicos arrojados no qual retratam o atual espírito de uma cidade e de um país capitalista que ainda mantém vivo traços socialistas nos monumentos espalhados por todos os cantos. São Petersburgo, portanto, até a Revolução Socialista de 1917, continuou sendo a capital da Rússia. Acontecimentos importantes como a Guerra da Manchúria, contra os japoneses, o Domingo Sangrento em que manifestantes pró-reformas foram fuzilados a mando do Czar Nicolau II, tiveram suas decisões tomadas ou servidas de palco na própria capital. 
De fato a Revolução Socialista Russa se concretizou em outubro de 1917 quando os sovietes em Petrogrado, antiga São Petersburgo, promoveu uma insurreição organizada pelo seu Comitê Militar Revolucionário tendo a frente o representante do partido Bolchevique, Vladinir Lênin. Várias foram às ações tomadas como a nacionalização de empresas e uma intensa reforma agrária. De forma inesperada, em 1924, Lênin faleceu,  a liderança, portanto, do partido Bolchevique passa a ser disputado por Trotsky e Stalin.
Prof. Jairo Cezar









quarta-feira, 27 de junho de 2018



PRINCÍPIOS DO SOCIALISMO RUSSO E O CERCO DE LENIGRADO – ATUAL SÃO PETERSBURGO

O CERCO DE LENIGRADO - ATUAL SÃO PETERSBURGO

Esse aparente clima de “liberdade” na Rússia que aflorou nos movimentos teve como motivação a derrota Russa na Guerra da Crimeia. Os estudantes acreditavam que uma revolução seria o caminho necessário para romper o domínio secular do regime czarista. Porém, o processo de ruptura da monarquia não foi consenso entre os membros revolucionários, porque de um lado estava os membros radicais ( A Vontade do Povo), que eram favoráveis às práticas terroristas para derrubar o regime. Do outro lado, os moderados, que acreditam que com as manifestações populares enfraqueceria o regime, proporcionando a sua destituição definitiva.
O movimento que apregoava o terror passou a obter novos adeptos comungando desejos de atacar os membros do governo imperial. No entanto as ações ocorriam na clandestinidade, pois a legislação em vigor não permitia a organização de movimentos, nem mesmo a constituição de partidos políticos. A ideia do movimento, portanto, era expandir as idéias revolucionárias em direção as áreas rurais, na tentativa de preparar os camponeses para ingressarem na luta contra o regime dos czares. O que não imaginavam era a reação adversa dos campesinos que agiam indiferentes ao movimento a tal ponto de denunciarem os integrantes às autoridades policiais.
Depois de sair em leso a uma tentativa de assassinato na sua casa de verão, em são Petersburgo, Alexandre II não teve a mesma sorte quando chegava a sua casa de inverno. Duas bombas foram lançadas em sua carruagem que resultaram na sua morte, ato que foi interpretado pelas autoridades como um atentado contra o Estado. Quanto aos movimentos estudantis que contribuíram para a execução do ato revolucionário de 1917, poucas são as fontes conhecidas que abordam esse tema.
Saber mais sobre o cotidiano político e econômico da Rússia nos momentos decisivos do fim de um longo regime de governos despóticos, autocráticos, de famílias poderosas, obcecadas pelo poder, pelo luxo dos palácios, serão discutidos mais a frente, quando Moscou se tornar o centro das minhas reflexões e críticas. Partirá de um olhar breve, porém atento e meticuloso da história e do cotidiano de um país que ainda congrega grandiosidade territorial e miséria social.
Dois dias apenas na cidade de São Petersburgo foram insuficientes para conhecer com mais precisão uma cidade que retrata exatamente o pensamento de gerações de famílias poderosas. Esse pensamento está representado nos traçados das ruas, nos córregos que cortam a cidade, nos suntuosos e ricos palacetes que combinam luxo e estilo, nas magníficas igrejas ortodoxas que retratam sua importância na construção da identidade social. Entretanto, por traz dessa aparente beleza estética, a cidade de São Petersburgo esconde um dos acontecimentos mais terríveis da história russa. Entre 1941 a 1943, durante a segunda guerra mundial, a cidade na época Lenigrado foi cercada pelo exército de Hitler provocando a morte de aproximadamente dois milhões de pessoas de fome e frio.
O que é estranho é que quando se visitou os lugares importantes da cidade, acompanhado por guias, os mesmos fizeram referências ao museu da segunda guerra que mantém em exposição equipamentos e imagens retratando a resistência russa durante a ocupação alemã em Lenigrado. Os guias, porém, não fizeram qualquer menção ao cerco que muito se assemelha ao assombroso Holocausto Judeu. Por que as mídias e os próprios livros didáticos destacam tanto o extermínio dos seis milhões de judeus nos campos de concentrações europeus e quase nada dos dois milhões ou mais de Russos mortos de fome e frio na época do cerco? Deixar claro que o holocausto jamais deve ser esquecido, porém, o cerco de Lenigrado deveria receber a mesma importância nos espaços escolares.
Prof. Jairo Cezar

segunda-feira, 25 de junho de 2018

OS VENTOS REVOLUCIONÁRIOS PÕEM EM XEQUE MAIS DE TRÊS SÉCULOS DE SUPREMACIA DOS ROMANOV NA RÚSSIA

Czar Alexandre II, da Rússia

Os debates que se sucediam entre grupos pró-reformas liberais se davam pelo fato de que enquanto a Europa se transformava economicamente e culturalmente, respirando ares de modernidade em todos os setores estratégicos como transportes, a Rússia continuava mergulhada em uma atmosfera medieval, com cerca de 60 milhões de pessoas vivendo no campo e submetidas às condições de servidão/escravidão. Na contramão desse caminho pró-reforma estrutural estava a classe senhorial feudal respaldada politicamente pelo poder autocrático dos Czares. 
As guerras e projetos estruturantes como a construção da grande ferrovia transiberiana que ligaria Moscou à extremidade oriental do país exigiram do Estado altas somas de recursos cujos impostos cobrados deixavam a população cada vez mais insatisfeita. ALEXANDRE II, acatando as pressões dos setores mais liberais encaminhou algumas reformas importantes que garantiram melhorias à população do campo como o direito de propriedade e abolição da servidão. Além dessa incipiente “reforma agrária”, promoveu mudanças no sistema judiciário do país, garantindo independência dos juízes nos tribunais e fazendo valer a ação dos contraditórios.
Os ventos revolucionários de cunho marxista que dominavam os debates políticos na Europa ocidental envolvendo estudantes e seguimentos da classe média, também passaram a ter vez na Própria Rússia dos Czares, cujo cenário conjuntural criado, por pouco não antecipou a revolução socialista que culminou em 1917. Quanto aos acontecimentos que antecederam a revolução de 1917, frágeis são as fontes que procuram dar tal interpretação. No Brasil, os livros referentes ao tema disponibilizados nas escolas além de não mencionar esses fatos, simplificam ao máximo o contexto histórico russo, tanto anterior como depois da revolução.
Até hoje o debate sobre o socialismo e a sua concretização como proposta de projeto de sociedade rende debates calorosos, principalmente quando os posicionamentos são divergentes sobre qual estratégia seguir, se é pelo esgotamento do capitalismo ou pela ação armada. Para uma corrente de intelectuais ortodoxos, a Inglaterra, por exemplo, nação que teria superado as fases da Revolução Industrial, seria o país com reais condições de promover a revolução socialista. O fato de ter ser materializado em um país que não cumpriu sequer a primeira etapa da industrialização, atrasada economicamente e socialmente, levantou discussões sobre a necessidade de aprofundar os estudos dos  clássicos do socialismo, entre eles o próprio Karl Marx.
Atualmente quando se pensa na Revolução Socialista na Rússia, o que permeia no imaginário são os intelectuais que tiveram participação direta no movimento de outubro de 1917, como Lênin e Trotsky. Não podemos esquecer que o movimento de 1917 teve suas raízes muito antes da queda do Czar Nicolau II, ou seja, na metade do século XIX quando NIKOLAY CHERNYSHEVKSKY conseguiu a partir do lançamento do romance -“O QUE FAZER” - modificar padrões de comportamento de uma geração de jovens universitários russos, muitos dos quais estudantes de São Petersburgo.
Prof. Jairo Cezar

domingo, 24 de junho de 2018


O CONTROVERSO E BREVE  REINADO DO CZAR PAULO I, FILHO DE CATARINA (A GRANDE) DA RÚSSIA

Czar Paulo I - da Rússia

Ao mesmo tempo em que Catarina adotou uma política transformando São Petersburgo em uma das cidades mais modernas e fascinantes do mundo a um custo extremamente elevado para o povo, PAULO I, talvez por vingança pelo modo imoral como sua mãe se comportara durante seu reinado, um dos seus primeiros atos como imperador foi sancionar decreto proibindo que mulheres ascendessem ao trono na RÚSSIA. Outra atitude questionável foi à exumação dos restos mortais de seu pai sepultado ao lado de sua mãe, Catarina II. Foi um procedimento que não lhe pouparam críticas, bem como dúvidas sobre suas intenções, que muitos acreditam querer mostrar aos súditos que Catarina conquistou o trono por graça de PEDRO, não por competência.
O que de fato causou apreensão e preocupação dos nobres russos foram as propostas de reformas estruturais encaminhadas por PAULO. Dentre as previstas estavam o corte de despesas judiciais; a simplificação do aparto judicial; a proibição dos proprietários rurais de forçar os servos a trabalharem aos domingos e o aumento de impostos aos nobres. É claro que qualquer um que ocupasse um espaço tão importante como o trono russo, com propostas consideradas um tanto progressistas, ameaçando o status quo da nobreza poderia resultar no que resultou, ou seja, transformar o Czar Paulo em uma figura desprezível ao ponto de questionar sua idoneidade mental, taxando-o de “louco”.
Sua morte que foi fruto de uma conspiração, que segundo os próprios historiadores, o próprio filho tinha conhecimento, representou para a classe dominante a expectativa do retorno aos tempos áureos quando CATARINA II governava. O próprio monarca PAULO dizia que: “na metade do seu reinado tudo será como foi durante o tempo da minha avó”. Ele estava se referindo a Imperatriz ISABEL.
A Rússia depois da morte de PAULO I, em 1804, vários episódios importantes como as GUERRAS NAPOLEÔNICAS e a GUERRA DA CRIMÉIA contribuíram para cada vez mais minar as estruturas autocráticas, “mãos de ferro”. Esse sistema de  governo justificava sua existência como necessária para garantir a governabilidade de um território tão extenso e diverso em termos étnicos. Depois da morte prematura do CZAR PAULO I, a RÚSSIA, antes da REVOLUÇÃO BOLCHEVIQUE de 1917 teve mais cinco imperadores, tendo ALEXANDRE II, (1855 a 1881), sua vida abreviada em decorrência de um atentado a bomba que sofreu na cidade de SÃO PETERSBURGO. 

Prof. Jairo Cezar


quarta-feira, 20 de junho de 2018



O ESTILO MODERNISTA DE ADMINISTRAR DA IMPERATRIZ CATARINA II - DA RÚSSIA

Imperatriz Catarina II - da Rússia 

Faltava agora escolher uma noiva para PEDRO, sendo SOFIA (CATARINA) a pessoa indicada. Após o casamento, Sofia foi convertida a Igreja Ortodoxa Russa mudando seu nome para EKATARINA ou CATARINA. Sua relação afetiva com Pedro jamais correspondeu às expectativas do povo. Catarina liderou um movimento conspiratório para assassiná-lo. Sua ascensão ao poder lhe deu autonomia de promover reformas estruturais estimulando a agricultura e o fortalecendo o exército. No entanto algumas posições tomadas como o estreitamento das relações diplomáticas com a PRÚSSIA, governada por FREDERICO III, gerou insatisfação dos nobres russos. Como forma de abrandar os ânimos exaltados na nobreza, decidiu promulgar leis que interessou a classe rica dentre elas a isenção de impostos e a ampliação de seus poderes políticos.
Catarina se qualificou como uma administradora extremamente influenciada pelos princípios ILUMINISTAS europeus, fato que muitas das suas decisões políticas como a redução das penas de tortura, o fim da pena de morte, a estatização de propriedades eclesiásticas e a liberdade de culto, foram interpretadas como atos de natureza iluminista. Sua aproximação com a França era de tal modo imenso que mantinha vínculos trocando correspondências com os filósofos DIDEROT e VOLTAIRE. Foi no reinado de Catarina que ocorreu a construção da universidade de moscou, finalizada em 1783. A fama de Catarina, a grande, tornou-se conhecida nos quatro cantos do planeta vista como uma mulher poderosíssima, que amava as artes, além é claro, se dando ao luxo de viver os prazeres da vida, constituindo várias relações intra e extraconjugais.
Quem gosta de apreciar arte visitando museus e outros espaços culturais em viagens pelo mundo, o Museu Hermitage, em são Petersburgo, admitem os críticos e conhecedores do mundo da arte, é, sem dúvida, considerado um dos mais impressionantes. Como não tenho conhecimento de outros museus famosos para poder compará-los ao de São Petersburgo, minha percepção quando adentrei no seu interior, foi de estar envolto de algo inimaginável, que somente pessoas de extraordinário bom gosto e fortuna, poderiam pensar em edificá-lo.
Também não seria possível em tão pouco tempo, conhecer com detalhes todos os cômodos e a vasta coleção de esculturas, peças históricas raras como múmias egípcias, objetos de decoração e pinturas de artistas holandeses, neoclássicos franceses, impressionistas e pós-impressionistas, modernistas alemães, etc.  Nesse seguimento, foi possível conhecer de perto obras de pintores importantes como de hambrand.  Já na escultura, há uma sala exclusiva para acomodar coleções de esculturas de impecável beleza estética. Dentre as que reuniam maior público de apreciadores estava a do famoso pintor e escultor italiano, Michelangelo
O primeiro núcleo da coleção do Hermitage ocorreu na época de Catarina II em 1764  quando foram reunidos no seu interior 225 pinturas flamengas e alemãs. No entanto, em 1837 o Hermitage sofreu um terrível incêndio que quase consumiu por completo as edificações e o valioso acervo de pinturas e demais obras de artes. É importante ressaltar que o atual Hermitage, que também foi residência de inverno da família imperial Russa, teve sua edificação concluída em 1730.  Entretanto, no reinado da imperatriz Elizabeth Petrovna, (1741-1762) o antigo prédio foi remodelado, cuja conclusão ocorreu na gestão da imperatriz Catarina II, entre os anos de 1754 a 1762. O ano de 1762 foi quando Catarina II foi coroada Imperatriz da Rússia.  Foram remanejados cerca de 4 mil trabalhadores na construção da obra, de estilo barroco.
Durante a II Guerra Mundial, temendo que as forças alemãs pudessem tomar a cidade e o palácio, dois três foram recrutados para transportar as peças do museu para abrigos seguros nos montes Urais. No terceiro comboio a cidade foi sitiada, cujas peças que sobraram tiveram que ser depositadas no porão da residência. Além das peças guardadas no térreo, mais de 12 mil pessoas se refugiaram entre os vários cômodos da construção durante a invasão alemã da qual manteve cercada a população de Lenigrado, atual São Petersburgo. Com o fim da guerra, parte do museu atingindo por bombas incendiárias foi restaurada. Na inauguração em 1844 uma exposição simbólica de obras de artes foi realizada. Em 1945, trens retornaram dos montes Urais com toda coleção que havia sido evacuada antes do cerco de Lenigrado.     
     
Foto - Jairo



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              O que se sabe também é que Catarina sempre se manteve fiel aos seus amantes, mesmo depois do rompimento. Vários foram os seus cortesãos presenteados com títulos de nobreza, terras e até um extraordinário número de servos ou escravos. Sabe-se também da sua relação amorosa com um embaixador polonês em São Petersburgo, que a mesma ajudou no financeiramente no processo que lhe garantiu o trono.
O que Catarina não imaginava era que o próprio monarca polonês mais tarde viesse enfrentá-la disputando territórios. Sua reação foi forçá-lo a abdicar o trono, ação que obteve sucesso. No reinado de Catarina, o território russo se expandiu territorialmente. Por outro lado, seu modo de governar ou promover reformas estruturais não agradavam setores da aristocracia, pelo fato das medidas serem consideradas um tanto quanto progressistas. Sua paixão pela arte fez com que promovesse melhorias no sistema de ensino do país.
Com a morte de CATARINA, o trono foi ocupado pelo seu filho PAULO, cuja educação foi entregue a responsabilidade de sua avó paterna ISABEL. Foi um reinado curto, que durou apenas quatro anos, que teve um desfecho semelhante ao pai de ISABEL, PEDRO (O GRANDE), que foi assassinado possivelmente a mando de Catarina, sua esposa. Diferente do modo como sua mãe reinou por mais de três décadas, no trono, “PAULO” instituiu algumas medidas interpretadas como ousadas por serem progressistas resultando em reações violentas da nobreza que sempre tiveram privilégios no reinado de Catarina.
Prof. Jairo Cezar