domingo, 24 de março de 2019


AOS MESTRES PROFESSORES/AS DA EEBA, COM CARINHO E RESPEITO

Não é primeira vez que profissionais da EEBA (Escola de Educação Básica de Araranguá) e demais instituições de ensino estão se tornando alvo de difamação, injúria assédio moral, calúnia e outros   incontáveis adjetivos nefastos. São expressões que denigrem ainda mais a reputação de uma categoria tão importante e imprescindível, porém desvalorizada pelos governos e a sociedade num todo.  Foi o tempo quando o/a professor/a ou mestre era recebido/a com festas, flores e até foguetório nas vilas e freguesias dos rincões brasileiros.
O/A professor/a era tão respeitado/a que dividia com o padre, o delegado e o coronel o posto de personalidade honorária  município. Jamais era esquecido/a em eventos e celebrações, sendo assegurado a/ao mestre o acento principal ou central da mesa. Não há registros escritos ou mesmo testemunhos relatando ter sido algum/a professor/a sofrido injúria ou mesmo ameaça no seu “sagrado” ambiente de trabalho. Era desse modo que uma escola ou sala de aula era conhecida na época, templo do saber, de alegria, de danças, festas, de celebrações, etc.
O tempo passou e o/a professor/a foi perdendo sua dignidade e o respeito na sociedade e até mesmo em seu espaço de trabalho. Todas as sociedades que se superaram diante das crises cíclicas tiveram o/a professor/a como agente dinamizador, valorizado com legislações que lhes asseguram direitos à uma vida digna. No Brasil, o exercício da docência é por sua vez um desafio diário, ininterrupto. Primeiro para não ser agredido/a ou achincalhado/a por algum pais e estudantes desequilibrados, vitimas da sociedade. Segundo desafio, constante pressão junto aos governos que, sem exceção, não se cansam de tratar os educadores como classe dispensável e desprezível.
Todos os dias, quando nos deslocamos às nossas escolas, sempre ficamos atentos às notícias na expectativa de saber qual a última ação ou ataque dos governos aos nossos direitos. Nos últimos 30 anos foram infindáveis as investidas na tentativa de solapar conquistas históricas, muitas das quais obtidas de incansáveis lutas como o direito a uma remuneração que nos proporcione o mínimo de dignidade. Uma pena que a sociedade não dê o mesmo valor ao professor como de seu time de futebol predileto. Se tal sentimento de amor e devoção à agremiação fosse na mesma proporção a/ao professor/a e a escola das quais os filhos estudam, não há dúvida que viveríamos num país mais solidário e justo.
Quantos pais ou responsáveis conhecem ou visitam as escolas que seus filhos estudam regularmente? Acredito que são contados nos dedos aqueles que de vez ou outra dão uma passadinha para conversar com as/os diretores/as, professores/as. Uma lástima. Ambos/as não imaginam do incansável desafio diário dos/as mestres de terem de cumprir suas longas e complexas tarefas pedagógicas em ambientes muitas vezes insalubres, sem o mínimo do mínimo de condições à altura de seu profissionalismo.
 Não havendo possibilidades de aplicações de ferramentas inovadoras no ensino, pois muitas escolas não possuem laboratórios de informática, muito menos de ciência, etc, são forçados/as a adotarem planos B, C, D..., para atraírem a atenção e estimularem os/as estudantes nos temas ensinados. Muitos pais e a própria sociedade não se convenceram que escolas públicas de ensino básico também são dignas de elogios. 
A EEBA nos últimos exames do ENEM e vestibulares, o número de estudantes aprovados para cursos superiores em universidades públicas, foi expressivo. Isso tudo se deve a qualidade desses profissionais e o seu compromisso ético à profissão docente. Claro que poderia ser melhor. No entanto quem conhece a estrutura da EEBA, sabe que cada um que ali trabalha deveria ser merecedor/a de todas as honrarias possíveis. 
Os/as professores/as que ingressam aos quadros do magistério público e particular, no seu juramento de colação de grau à profissão docente, ambos/as declaram o seu compromisso à profissão docente a qual escolheram. Quando conclui o curso de licenciatura em história, também fiz tal juramento. No exercício da função docente há 36 anos, quase a totalidade na EEBA, convivi com todo o tipo de situação nessa que é e continua sendo, mesmo com todas as precariedades, em referência de ensino no estado de Santa Catarina.
Muitos/as profissionais que ensinaram ou até mesmo instruíram os avós, pais ou parentes dos nossos atuais estudantes, tiveram uns/as professores/as cuja formação ocorreu na EEBA, antigo Colégio Normal. Somente esse aspecto seria o motivo irrefutável para que cada um desses mestres fossem respeitado, principalmente aqueles que já partiram muitos/as dos/as quais dedicaram à vida lutando em prol do magistério e da sociedade. Em hipótese alguma admitiremos que alguém se utilize de adjetivos espúrios, difamatórios contra essa instituição de ensino e aos profissionais que ali exercem seu papel de educa(dor).
A EEBA não é simplesmente uma escola é uma instituição com quase cem presente na vida de cada cidadão do sul de Santa Catarina. Hoje o município de Araranguá que tem uma população estimada em 60 mil habitantes, é quase impossível não ter uma família onde não tem ou tenha passado algum integrante pelos bancos da Escola David do Amaral, Escola Normal, Colégio Estadual ou EEBA, nomes que engrandeceram e ajudaram a construir um pouquinho da nossa trajetória histórica.
Prof. Jairo Cezar

sexta-feira, 22 de março de 2019


DIA MUNDIAL DA ÁGUA: RECURSO FINITO CADA VEZ MAIS ESCASSO NO PLANETA

Para uma população hoje estimada em 8 bilhões no planeta, ter mais da metade sem acesso a saneamento básico é de certo modo uma tragédia planetária. Quando se chega a tal conclusão de tragédia é pelo fato de os resíduos não tratados terem como destino os aquíferos, rios, oceanos e demais mananciais de abastecimento público. O dia 22 de março se constitui como momento importante para que pessoas e autoridades no mundo inteiro reflitam sobro o modo como estão agindo no uso da água, recurso cada vez mais escasso. De acordo com levantamento feito por entidades especializadas, hoje no planeta cerca de dois bilhões de pessoas não tem acesso regular a água potável.
A água que deveria ser um recurso para a manutenção da vida no planeta vem se transformando dia após dia num dos principais vetores à proliferação de doenças epidêmicas como a dengue e outras tantas derivadas do mosquito transmissor. Não há dúvida que esse problema já generalizado no Brasil inteiro, tem como um dos fatores causadores a precariedade do saneamento básico. Se olharmos os países com melhor padrão de IDH em comparação ao Brasil, os principais rios que cortam suas capitais ou principais cidades são considerados cartões postais.
Quem visita Paris, Viena, Veneza, entre outros, no roteiro de viagens está o tour pelos rios que cortam essas cidades. No Brasil, transitar pelas marginas dos rios ou lagos que atravessam cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, etc, é momento de constrangimento e mal estar, tamanho o mau cheiro. Em vez de espaços de lazer e criação de pescados para população, esses mananciais se transformam em receptáculos de toneladas de esgotos e lixo, despejados diariamente. Atualmente, mais de cinqüenta e cinco por cento do esgoto produzido no Brasil não são tratados.
Para um país que concentra parcela significativa de toda a água doce do planeta, o não tratamento do esgoto é um fator preocupante. São pouquíssimos os rios brasileiros que apresentam níveis satisfatórios de qualidade para o consumo humano. Além do esgoto, outros poluentes como resíduos de mineração e agrotóxicos estão matando os rios e intoxicando toda a biótica e o ser humano. Muitas doenças degenerativas como Parkinson, mal de alzheimer e diferentes tipos de cânceres tem a água consumida pela população como vetores contaminantes.
O sul de Santa Catarina concentra os rios mais poluídos do estado. Por ser a região uma das maiores produtoras de arroz irrigado, o uso de agrotóxicos no seu cultivo vem contaminando os recursos hídricos. São inúmeras as aplicações de pesticidas, fungicidas e herbicidas durante todo o ciclo produtivo contaminando por sua vez todo o ecossistema. Levantamento realizado por um grupo de investigados do ministério da saúde constatou a presença de substâncias químicas na água consumida pela população de várias cidades do estado.
A campeã em toxinas foi Rio do Sul, com sete tipos diferentes de pesticidas. Não ficaram de fora do levantamento nem mesmo cidades do extremo sul do estado como Balneário Gaivota, onde foi identificada a presença de no mínimo um tipo pesticida na água. É claro que outros municípios que congregam a bacia hidrográfica do rio Araranguá e do Mampituba também devem ter problemas semelhantes na água que a população consome.
É possível que esse problema de contaminação não se restringe somente ao Balneário Gaivota. Se levarmos em conta o baixo percentual de tratamento de esgoto realizado nessas duas bacias do extremo sul, é de se cogitar que milhares de pessoas na região estão ingerindo há muito tempo, água contaminada com ferro, alumínio, manganês, mercúrio, enxofre, nitratos, e outros tantos pesticidas de efeito cumulativo no organismo.[1]
Prof. Jairo Cezar         

domingo, 17 de março de 2019


OS ARQUÉTIPOS DA VIOLÊNCIA SOCIAL ESTÃO NOS GESTOS E ATITUDES TRANSMITIDOS PELOS SEUS LIDERES

O ato violento ocorrido em uma escola pública na cidade de Suzano que vitimou 10 jovens não pode ser entendido como um episódio isolado, desconexo de outros episódios convergentes. Esse é o terceiro ocorrido no Brasil nos últimos anos, ao contrário dos Estados Unidos que está se tornando rotina. Interpretar tais ocorridos à luz das várias ciências como sociologia e a psicologia se torna quase uma necessidade. A pergunta é o que leva jovens entrarem em escolas e tirarem a vida de outros de um modo tão macabro como o de Suzano? 
Deixa explícito nas cenas exibidas que o ato cometido havia forte sentimento de ódio contra aquela escola. Sem entrar em detalhes se os jovens assassinos tinham ou não histórico bom ou ruim naquela escola, pois lá estudou, o que importa aqui é entender o que está acontecendo com a educação das crianças no campo doméstico e escolar. Onde está os nexos causais para tanta violência, tanta brutalidade?
Seria o ato, reflexo de um campo energético negativo que permeia o inconsciente coletivo?  A família, a frágil estrutura das escolas, os governos omissões no cumprimento de políticas educacionais como o PNE, são essas e outras tantas, demonstrações claras que o ambiente escolar vem se transformando no principal catalisador de uma crise social sem precedente.
Recorrer a certas teorias na tentativa de explicações a tais comportamentos insanos é o que deve acontecer para reverter possível patologia social que insiste em permanecer.  Vasculhar os escritos de Jung, trazendo à luz do debate os arquétipos simbólicos, tende a ser necessário para apontar explicações do modo como o inconsciente coletivo se manifesto no processo de individuação. Em todas as culturas, a atividade lúdica, ou seja, o brinquedo é um dos instrumentos utilizados para a sua representação do mundo real, onde contribui para o amadurecimento dos processos neurológicos e emocionais.
Ultimamente, esses ritos de passagem do campo lúdico (fantasia) para o real (adulto), está se tornando traumático com seqüelas neurológicas irreversíveis. As crianças já na tenra idade se vêem enclausuradas em seus cubículos domésticos, solitárias, recorrem a suportes artificiais para suportar as frustrações recorrentes. Paulatinamente vão construindo conceitos de mundo a partir de imagens e sensações captadas pelos órgãos dos sentidos, a exemplo dos olhos, órgão mais ativado dentre os demais. Na cultura do consumismo em massa, as crianças e adolescentes desde cedo são impelidas a idealizarem seus heróis e super-heróis fictícios, muitos dos quais forjados a partir de personagens aculturados.
Num mundo tumultuado e desacreditado, cuja violência prevalece com mais veemência em locais desassistidos pelo Estado, é claro que os heróis personalizados pelos desatentos jovens são moradores do próprio bairro, do morro, chefes de milícias, bandidos, traficantes, entre outros.  A criança, nesses espaços fétidos, sua infância é roubada já ao nascer. Em vez de objetos lúdicos, bolas, carrinhos, bonecas, etc, o contato são com fuzis, revolveres, drogas, tudo aquilo que mata, que devassa sua psique, sua família, sua educação. Se o seu mundo é permeado pela violência, por bandidos ostentando aquilo que não se terá no mundo real, é claro que a tendência desses meninos e meninas é querer se espelhar nesses arquétipos.
O futebol é sem dúvida o esporte onde crianças tendem a se espelhar em jogadores que simbolicamente os vêem como ídolos. No instante que esses ídolos assumem qualquer postura, positiva ou negativa, as crianças e os jovens tendem a repeti-los como uma extensão do seu eu simbólico. Na musica, na política, também é diferente. Um exemplo de irresponsabilidade e que ser um dos motivos de atos violentos replicados no país inteiro é o arquétipo/gesto criado pelo presidente da república quando ainda candidato.
O movimento dos braços e das mãos como se estivem empunhando arma de fogo passou a ser o gesto repetido principalmente pelas crianças. É possível que tais arquétipos não tenham qualquer relação com o que ocorreu em Suzano. Entretanto, devemos prestar atenção, principalmente aqueles que têm suas imagens largamente expostas ao público, de estar sempre atentos ao que expressam oralmente ou sob a forma de gestos. Por trás de pequenos e talvez ingênuos gestos, podem estar implícitos sentimentos de ódio, de rancor, que se transformam em estopins de atos bárbaros que esfacelam vidas humanas.
Prof. Jairo Cezar

quarta-feira, 13 de março de 2019


MICROPLÁSTICO ESTÁ SE TRANSFORMANDO NO TERROR DOS OCEANOS.

Durante anos entidades não governamentais e instituições de pesquisas no mundo inteiro vem alertando sobre os impactos ao planeta o descarte de lixos plásticos, como sacos, garrafas, copos, canudinhos, etc. Entretanto, pouca gente sabe que há outro vilão tão letal aos ecossistemas que os plásticos acima citados. São os microplásticos. São micropartículas sintéticas presentes nos poliéster e do tipo fleece, que oferece conforto e proteção térmica. O consumo desses tipos de tecidos são difundidos em muitos países do mundo.

O que se sabe é que no momento da lavação as microfibras de plásticos são liberadas escoando para os cursos d’água, principalmente os oceanos. Levantamentos feitos comprovam que todos os anos quinhentas mil toneladas dessa fibra é descartada na natureza, volume equivalente a 50 bilhões de garrafas pet de água. Nos próximos 30 anos, se não houver o empenho das autoridades em impor legislações mais disciplinadoras e restritivas desses sintéticos, mais de 22 milhões de toneladas serão jogadas na natureza. A diferença do poliéster e algodão é que as sintéticas não são biodegradáveis.
Porém essas fibras tóxicas não são identificadas exclusivamente nos tecidos. Também são encontradas em outros produtos como pneus, pastas de dente, tintas e revestimentos marítimos. Levantamento feito pela OMS identificou 259 garrafas de água, de 11 marcas em 9 países diferentes, a presença dessas micropartículas. Pesquisadores constataram que o desprendimento dessas partículas durante as lavações compromete ecossistemas marinhos, prejudicando a capacidade de organismos de se alimentarem, além, é claro, das toxinas que se acumulam nos estômagos e tecidos de espécies marinhas consumidas pelo ser humano.
 Países como os Estados Unidos vem criando leis obrigando que as empresas, com mais de 50% de material sintético, exponham nas etiquetas a presença das fibras alertando acerca dos cuidados que se deve ter no seu manuseio. Diante disso fica o alerta aos governos e universidades para que dediquem recursos em pesquisas para detectar a presença dessas micropartículas na nossa cadeia alimentar. Quanto mais agilidade mais cedo será possível se precaver de danos irreversíveis a já fragilizada biótica marinha.
Prof. Jairo Cezar     


O LIXO NOSSO DE CADA DIA PODERÁ COLAPSAR O PLANETA ATÉ 2030


Duvido que entre os milhares de indivíduos que transitam semanalmente pelas principais ruas do centro de Araranguá, alguns mais atentos já não se sentiram irritados com tanto lixo espalhados pelas vias públicas. É claro que todos nós produzimos lixo e o destino são os centros de triagem para reciclagem ou aterros sanitários, sendo esse último o destino mais comum. O plástico, porém, é hoje uma das principais pragas do planeta.   Sua difusão irracional a partir do início do século XXI na cadeia produtiva global está se tornando num problema irreparável para os ecossistemas, especialmente para os oceanos. 
Todos os anos os oceanos recebem o equivalente a 10 milhões de toneladas de plásticos. Com esse volume a fauna marinha dos oceanos está correndo sérios riscos de desaparecer. São milhões de aves, tartarugas, e outras dezenas de espécies marinhas que já estão na lista de espécies em vias de extinção devido aos plásticos.  O Brasil, de longe, não é exemplo para nenhum outro país em se tratando de políticas de saneamento básico, em especial no item reciclagem. Atualmente, ocupamos a quarta posição em produção de lixo plástico. Ficamos atrás dos EUA, China e Índia.
O nos distingue desses países é o fato de que mesmo produzindo muito lixo, ambos apresentam políticas de reciclagem, ou seja, do montante produzido, uma grande parcela é reaproveitada retornado à cadeia produtiva.  Dos 11,3 milhões de toneladas de lixo produzido, o índice de reciclagem é vergonhoso, apenas 1,28%.  O que é terrível nesse levantamento são os números reveladores, 7,7 milhões do lixo recolhido têm os aterros sanitários como destino, os demais 2,4 milhões, ainda seguem para os aterros comuns, que qualquer plano de contenção de impactos ambientais.
Isso significa que ecossistemas inteiros são contaminados, provocando danos irreparáveis ao solo e águas superficiais e subterrâneas.  O lixo plástico também é um indutor de outros problemas freqüentes em áreas densamente povoadas como São Paulo e Rio de Janeiro, as inundações. As incidências de inundações têm como um dos vetores a obstrução das bocas de lobos pelo acúmulo de lixo. Sacolas de lixos, garrafas pets, canudinhos, e outra infinidade de resíduos plásticos são hoje um problema mundial que requer ações emergências para evitar um possível colapso.
Não havendo mobilização, até 2030, cada quilômetro quadrado dos oceanos terá recebido cerca de 30 mil garrafas plásticas. Esse volume terá impacto direto na economia do planeta, com prejuízos orçados em 10 bilhões de dólares.  Outro agravante se dará na vida de bilhões de seres humanos com o aumento de doenças provenientes do consumo de alimentos contaminados, especialmente de espécies marinhas, como mariscos, peixes e outros tantos crustáceos.
Estudos realizados em universidades estão detectando o acúmulo de nanoparticulas de plásticos em crustáceos que resultam em toxinas. Muitos acreditam que são as florestas as principais responsáveis pela produção de oxigênio no planeta. Claro que as florestas têm um papel importante, porém, os oceanos contribuem com 54,7 desse montante. A poluição desenfreada já está comprometendo o seu ciclo biótico que por fim tornará o ar do planeta cada vez mais irrespirável.
O problema das inundações também já é uma realidade em cidades médias e pequenas no Brasil. O município de Araranguá, qualquer chuva um pouco mais Abundante já traz transtornos nas vias públicas. É sabido que um dos vetores dos alagamentos é o lixo espalhado nas vias que escorrem para as tubulações pluviais bloqueando o fluxo da água.
Há cinco anos o município de Araranguá concluiu seu plano municipal de saneamento básico e plano de gestão integrada de resíduos sólidos. O plano, elaborado a partir de legislações federais como as leis 11.445/07 e 12.305/10 estabeleceu um conjunto de normas que auxiliará os gestores municipais a gerirem suas políticas de coleta, destinação e tratamento dos resíduos produzidos pela população.
Desde a conclusão do plano a única proposta executada foi construção da usina de tratamento de esgoto, um sistema de custo milionário que ainda hoje, dois anos depois de sua inauguração, atende menos de 5% de sua capacidade total de tratamento. Agora quando o assunto é políticas de resíduos sólidos no município, a situação é bem preocupante. Basta sair nas ruas e conferir com os próprios olhos.
O plano nacional de resíduos sólidos aprovado em 2010 tem como diretrizes a não geração, a redução, a reciclagem e o tratamento de resíduos sólidos. O documento também determina que os municípios devam discutir maneiras de gerenciar os resíduos produzidos. No diagnóstico elaborado pela UNESC, o plástico apareceu como o principal vilão vindo em seguida matéria orgânica e lixo sanitário.
No relatório foi constatado que a população não acondicionava corretamente o lixo produzido, bem como as lixeiras e os locais onde estavam fixadas não atendiam preceitos legais e ambientais adequados. No plano, o município deveria determinar um padrão de lixeira que pudesse acondicioná-los evitando que se espalhasse pelo chão, exalando mau cheiro e a proliferação de insetos e roedores.
Diz o documento que o poder público deveria instruir a população sobre como deveria administrar o seu lixo. A fixação de placas em locais estratégicos informando as pessoas o dia do recolhimento do lixo também está no plano. Agora quando o assunto é coleta seletiva de resíduos sólidos, o município de Araranguá está entre os milhares do Brasil que não realizam.
Sua implantação poderia resolver muitos problemas ambientais no município, além é claro de contribuir para a geração de emprego e renda para muitas famílias envolvidas na triagem e indústria de transformação. É preciso mobilizar a população, o ministério público, para que ambos pressionem o poder público municipal no cumprimento das metas do seu plano de saneamento básico.
Prof. Jairo Cezar

sexta-feira, 8 de março de 2019


DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA LEGAL CRESCE EM 2019 EM COMPARAÇÃO  AO MESMO PERÍODO DE 2018

Os quase sessenta milhões de eleitores que depositaram os votos no candidato eleito Bolsonaro, de um modo ao outro, são cúmplices pelos elevados índices de desmatamentos ocorridos na Amazônia Legal. Somente no mês de janeiro de 2019, de acordo com o BOLETIM DO IMASON, houve um aumento de 54% da perda da cobertura vegetal em comparação ao mês de janeiro de 2018. Os estados que lideraram os desmatamentos foram o Pará, Mato Grosso, Roraima, Rondônia, Amazonas e Acre. O que mais chocou no levantamento feito foi que os dois municípios da Amazônia que mais desmataram, elegeram o candidato Bolsonaro no primeiro turno.
Já era previsível que isso acontecesse, bastava prestar atenção nos seus discursos de campanha, de suas promessas escrotas relativas ao meio ambiente. Bastou o resultado das urnas e já iniciou especulações relativas à pasta ambiental, uma delas a fusão com o ministério da agricultura. Não precisaria bola de cristal, muito menos de vidente para prever o futuro, somente na área ambiental. Outra mostra da besteira cometida pelos eleitores foi quando anunciou o ministro da pasta, alguém já condenado pela justiça por improbidade administrativa no governo de Geraldo Alckmin, do estado de São Paulo.
Não faltaram ameaças e ataques frontais contra os fiscais do IBAMA e do ICMbio, responsabilizando-os pelo excesso de multas cobradas, das quais comprometia a estabilidade do agronegócio. Foram esses discursos de caráter acusatórios e difamatórios, suficientes para gerar clima de permissibilidade geral. A sensação que permeou no imaginário social era de que se o próprio governo se posicionava flexível no quesito ambiental, era óbvio que isso criaria pretextos generalizados ao aumento dos desmatamentos.
Há outros dados que corroboram com tal argumento. Nos dois meses de governo Bolsonaro houve uma redução significativa de multas cobradas por infrações ambientais, comparadas ao ano anterior. Ao mesmo tempo em que houve a redução do número de infrações ambientais, elevaram-se os índices de desmatamentos no bioma amazônico. As investidas dos criminosos ambientais não pouparam nem mesmo as Unidades de Conservação e áreas indígenas. Isso já era profetizado por ambientalistas e pesquisadores. O veredicto para o desmatamento aconteceu quando foi encaminhado a MP-870 que transferiu para o MAPA (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) a responsabilidade para a regulação e novas demarcações de terras indígenas. Antes, essa função era do Ministério da Justiça.
Todos sabem que por trás dessa decisão há interesses escusos, ou seja, favorecer o agronegócio. Por ser o MAPA órgão agora vinculado ao ministério da agricultura, tendo como ministra, Teresa Cristina, uma das principais integrantes da bancada ruralista no congresso, podemos ter certeza que seguindo essa proporção de desmatamento, nos quatro anos de governo Bolsonaro, se chegar ao fim, o Brasil baterá todos os recordes possíveis em desmatamentos e violência no campo.
Prof. Jairo Cezar 
http://www.greenpeace.org

quarta-feira, 6 de março de 2019


MINISTRO DA EDUCAÇÃO SEGUE FIEL A CARTILHA DE DESMONTE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA DO GOVERNO BOSLSONARO

Uma das primeiras medidas de Ricardo Vélaz Rodrigues no ministério da educação de Bolsonaro já demonstrou seu descompromisso e descaso com demandas emergentes no campo infraestrutura afetando mais de 90% das escolas públicas espalhadas pelo Brasil. Um governo que se mostra mais preocupado com temas patrióticos de cunho ideológico conservador, como hastear bandeira e cantar o hino nacional nas escolas, contradiz com o seu discurso de campanha de querer revolucionar a educação.
É possível que até mesmo fiéis escudeiros de Bolsonaro devam ter se embasbacado quando souberam que o ministro da educação havia encaminhado recomendação às escolas públicas para que estudantes ficassem enfileirados e cantassem o hino nacional. No documento o ministro solicitava filmagens das crianças e o seu envio ao MEC, bem como a leitura de uma mensagem contendo, no final, o lema da campanha de Bolsonaro.
De imediato a notícia viralisou nas redes sociais, se transformando em piada e motivo da exibição de milhares MEMES. A justiça imediatamente interviu arguindo inconstitucionalidade, pois o ato infringia dispositivos da estatuto da criança e do adolescente e da própria constituição federal. Dias depois do ato hilário do ministro, ele encaminhou comunicado retirando o absurdo pedido. A alegação do ministério da retirada foi por ter havido problemas no recebimento dos vídeos, sobrecarregando os sistemas.
A verdade do cancelamento do documento foi sim a avalanche de vídeos enviados de escolas caindo aos pedaços que constrangeu o próprio ministro e o MEC. Atos constrangedoras como esses poderiam ter sido evitados, com governos mais inteligentes e ministros conhecedores da realidade da educação brasileira. Nem um nem outro, e o resultado é esse, exposição ao ridículo e a indignação de brasileiros, principalmente de eleitores apaixonados que já demonstram desiludidos, percebendo a besteira que fizeram o elegendo.
Há quantos anos vem sendo denunciados as mazelas que envolvem o ensino público de sul ao norte, cujos resultados são percebidos nas avaliações o IDEB e PISA? Governos passados acreditavam que com reformas pedagógicas seriam suficientes para conter os baixos índices avaliativos. Todos os países que alcançaram níveis de excelência no ensino investiram parcelas expressivas do PIB em educação, começando com estruturação dos espaços físicos e valorização do profissionais.
O atual governo usou as redes sociais afirmando que o Brasil investiu muito em educação nos últimos anos. Disse que é inadmissível tanto recurso disponibilizado com tão baixo retorno. Defendeu que fosse feito uma CPI na educação envolvendo vários seguimentos como o MEC e MPF e MPE para detectar onde estão os motivos do péssimo desempenho dos estudantes. Ousou em afirmar que o motivo do disparate no rendimento pedagógico é culpa dos profissionais da educação que sonegam conteúdos essenciais, adotando posturas de cunho ideológico no exercício da docência. Afirmou que a CPI é para “impedir o avanço da fábrica de militantes políticos para formarmos cidadãos”.
Chega doer a alma de quem vive as dificuldades do dia a dia de uma escola pública e ter de ouvir tamanha besteira, logo de quem deveria estar construindo canais amistosos de debates com educadores e gestores de todas escolas brasileiras. A própria rede globo, em um dos seus principais telejornais diários, apresentou reportagem mostrando a terrível saga de milhares de estudantes de escolas do Mato Grosso que estão estudando dentro de contêineres adaptados como sala de aulas. O agravante disso é que as chamadas “escolas de latas,” “improvisadas”, já estão se popularizando no país inteiro.
Sem o mínimo de infraestrutura, crianças são forçadas a passarem quatro ou mais horas do dia nesses cubículos. Se o atual presidente estivesse realmente preocupado com a educação pública, no lugar de solicitar o envio vídeos de crianças cantando o hino nacional e declamando o slogan “brasil acima de todos e deus acima de tudo”, encaminhassem diagnósticos das estruturas das escolas, poderia atacar de imediato o real motivo do fraco rendimento dos estudantes brasileiros.
Porém, jamais o fará, pois comprometerá a reputação de gestores públicos estaduais e municipais que o apoiaram, cujas escolas públicas onde gerenciam estão aos frangalhos. O governo bem sabe que se “bilhões” de reais do orçamento federal foram disponibilizados para educação pública, o fato é que no longo caminho até a escola parte desses recursos se perderam pelos ralos da corrupção e desvios de finalidades. Todos nos unamos contra governos que insistem em querem destruir a educação pública.
Prof. Jairo Cezar