quarta-feira, 13 de março de 2019


O LIXO NOSSO DE CADA DIA PODERÁ COLAPSAR O PLANETA ATÉ 2030


Duvido que entre os milhares de indivíduos que transitam semanalmente pelas principais ruas do centro de Araranguá, alguns mais atentos já não se sentiram irritados com tanto lixo espalhados pelas vias públicas. É claro que todos nós produzimos lixo e o destino são os centros de triagem para reciclagem ou aterros sanitários, sendo esse último o destino mais comum. O plástico, porém, é hoje uma das principais pragas do planeta.   Sua difusão irracional a partir do início do século XXI na cadeia produtiva global está se tornando num problema irreparável para os ecossistemas, especialmente para os oceanos. 
Todos os anos os oceanos recebem o equivalente a 10 milhões de toneladas de plásticos. Com esse volume a fauna marinha dos oceanos está correndo sérios riscos de desaparecer. São milhões de aves, tartarugas, e outras dezenas de espécies marinhas que já estão na lista de espécies em vias de extinção devido aos plásticos.  O Brasil, de longe, não é exemplo para nenhum outro país em se tratando de políticas de saneamento básico, em especial no item reciclagem. Atualmente, ocupamos a quarta posição em produção de lixo plástico. Ficamos atrás dos EUA, China e Índia.
O nos distingue desses países é o fato de que mesmo produzindo muito lixo, ambos apresentam políticas de reciclagem, ou seja, do montante produzido, uma grande parcela é reaproveitada retornado à cadeia produtiva.  Dos 11,3 milhões de toneladas de lixo produzido, o índice de reciclagem é vergonhoso, apenas 1,28%.  O que é terrível nesse levantamento são os números reveladores, 7,7 milhões do lixo recolhido têm os aterros sanitários como destino, os demais 2,4 milhões, ainda seguem para os aterros comuns, que qualquer plano de contenção de impactos ambientais.
Isso significa que ecossistemas inteiros são contaminados, provocando danos irreparáveis ao solo e águas superficiais e subterrâneas.  O lixo plástico também é um indutor de outros problemas freqüentes em áreas densamente povoadas como São Paulo e Rio de Janeiro, as inundações. As incidências de inundações têm como um dos vetores a obstrução das bocas de lobos pelo acúmulo de lixo. Sacolas de lixos, garrafas pets, canudinhos, e outra infinidade de resíduos plásticos são hoje um problema mundial que requer ações emergências para evitar um possível colapso.
Não havendo mobilização, até 2030, cada quilômetro quadrado dos oceanos terá recebido cerca de 30 mil garrafas plásticas. Esse volume terá impacto direto na economia do planeta, com prejuízos orçados em 10 bilhões de dólares.  Outro agravante se dará na vida de bilhões de seres humanos com o aumento de doenças provenientes do consumo de alimentos contaminados, especialmente de espécies marinhas, como mariscos, peixes e outros tantos crustáceos.
Estudos realizados em universidades estão detectando o acúmulo de nanoparticulas de plásticos em crustáceos que resultam em toxinas. Muitos acreditam que são as florestas as principais responsáveis pela produção de oxigênio no planeta. Claro que as florestas têm um papel importante, porém, os oceanos contribuem com 54,7 desse montante. A poluição desenfreada já está comprometendo o seu ciclo biótico que por fim tornará o ar do planeta cada vez mais irrespirável.
O problema das inundações também já é uma realidade em cidades médias e pequenas no Brasil. O município de Araranguá, qualquer chuva um pouco mais Abundante já traz transtornos nas vias públicas. É sabido que um dos vetores dos alagamentos é o lixo espalhado nas vias que escorrem para as tubulações pluviais bloqueando o fluxo da água.
Há cinco anos o município de Araranguá concluiu seu plano municipal de saneamento básico e plano de gestão integrada de resíduos sólidos. O plano, elaborado a partir de legislações federais como as leis 11.445/07 e 12.305/10 estabeleceu um conjunto de normas que auxiliará os gestores municipais a gerirem suas políticas de coleta, destinação e tratamento dos resíduos produzidos pela população.
Desde a conclusão do plano a única proposta executada foi construção da usina de tratamento de esgoto, um sistema de custo milionário que ainda hoje, dois anos depois de sua inauguração, atende menos de 5% de sua capacidade total de tratamento. Agora quando o assunto é políticas de resíduos sólidos no município, a situação é bem preocupante. Basta sair nas ruas e conferir com os próprios olhos.
O plano nacional de resíduos sólidos aprovado em 2010 tem como diretrizes a não geração, a redução, a reciclagem e o tratamento de resíduos sólidos. O documento também determina que os municípios devam discutir maneiras de gerenciar os resíduos produzidos. No diagnóstico elaborado pela UNESC, o plástico apareceu como o principal vilão vindo em seguida matéria orgânica e lixo sanitário.
No relatório foi constatado que a população não acondicionava corretamente o lixo produzido, bem como as lixeiras e os locais onde estavam fixadas não atendiam preceitos legais e ambientais adequados. No plano, o município deveria determinar um padrão de lixeira que pudesse acondicioná-los evitando que se espalhasse pelo chão, exalando mau cheiro e a proliferação de insetos e roedores.
Diz o documento que o poder público deveria instruir a população sobre como deveria administrar o seu lixo. A fixação de placas em locais estratégicos informando as pessoas o dia do recolhimento do lixo também está no plano. Agora quando o assunto é coleta seletiva de resíduos sólidos, o município de Araranguá está entre os milhares do Brasil que não realizam.
Sua implantação poderia resolver muitos problemas ambientais no município, além é claro de contribuir para a geração de emprego e renda para muitas famílias envolvidas na triagem e indústria de transformação. É preciso mobilizar a população, o ministério público, para que ambos pressionem o poder público municipal no cumprimento das metas do seu plano de saneamento básico.
Prof. Jairo Cezar

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