sábado, 25 de abril de 2020


O ENSINO DA HISTÓRIA PARA QUE EPISÓDIOS TRÁGICOS DO PASSADO NÃO SE REPITAM

Como historiador/ pesquisador e professor da rede pública estadual por 37 anos, sempre busquei construir vínculos afetivos, éticos e profissionais com os estudantes. Jamais ousei impor idéias e conceitos no desejo de alimentar o ego de detentor supremo do saber. Na abordagem dos fatos, a busca da contextualização levava os estudantes a refletirem que havia sempre um ou mais fatores desencadeadores, sendo o econômico geralmente o mais recorrente. Numa sociedade extremamente desigual e miserável como a brasileira, é difícil um profissional de história assumir uma postura de neutralidade nas abordagens dos fatos.
Até é possível, mas em se tratando de escola pública onde estudantes são majoritariamente oriundos das classes populares, como manter um discurso de neutralidade, quando se sabe que as condições escassez e miséria vivida são causas estruturais, de um modelo econômico perverso. Em nenhum momento, nas minhas explicações houve questionamento sobre minha posição ou preferência política/ideológica, isso porque, escancarava algo nítido no cotidiano de cada um ali presente, a exploração social e econômica das suas famílias.
Se tais análises críticas dos fatos eram interpretadas como tendenciosas ou simpáticas modelo/os de sociedades que prezam pela justiça social, comunismo/socialismo/humanismo, ultradireitistas, saudosistas do regime militar, o definem como modelos maléficos à sociedade, tanto eu como outros tantos profissionais nos orgulhávamos por acreditar nessas utopias de igualdade e justiça social. Nossas análises ou afirmações teóricas dos fatos não se baseavam em achismos ou discursos hipotéticos sobre acontecimentos do nosso cotidiano.  Sempre nos muníamos de leituras de autores e pesquisadores respeitados, que se debruçaram em arquivos e outros documentos, transcrevendo os fatos como realmente acorreram.
Quando temas densos como de regimes ditatoriais eram tratados a exemplo do ocorrido no Brasil, sempre procurei contextualizá-los, discorrendo que essas formas violentas de governo, também tiveram passagem em regimes não capitalistas. Sobre tais temáticas, não havia como tornar-me imparcial diante episódios trágicos, onde milhares ou milhões de cidadãos foram torturados e mortos. A preocupação de todo professor comprometido com a verdade é trazer os fatos para o debate, refletindo os impactos provocados no momento do seu desencadeamento e suas repercussões no futuro.
A perversidade praticada pelos militares durante os vinte anos que tiveram a frente do comando do estado brasileiro deve ser insistentemente relembrada, como forma de exorcizar os fantasmas do terror que ainda permanecem zanzando mentes alienadas. A escola tem, em menor escola, responsabilidade por estarmos hoje vendo o aumento de grupos pró-ditadura, até mesmo de simpatizantes de regimes sanguinários como o nazismo e o fascismo. Por décadas os currículos escolares em especial das escolas públicas, estiveram carregados de conceitos alienantes. A própria arquitetura disciplinar da escola tem contribuído para disseminar valores repressores, transformando estudantes em prezas fáceis de movimentos ou grupos totalitários.
Nas manifestações pró-ditadura ocorridas no domingo passado cujo principal protagonista foi o próprio presidente Bolsonaro, não duvido que lá estivesse pessoas que odiavam a disciplina história quando ainda eram estudantes ou que jamais entenderam  suas explicações  dos sobre  golpes , AI-2, AI-5, porões de tortura, censura, perseguições políticas, etc. O nível de absurdo exibido pelo grupo chegou ao limite quando cartazes exibiam   frases pedindo o fechamento do congresso, do STF e a instituição do AI-5.
Possivelmente quem defendeu essa proposta insana não sabe que o ato institucional número cinco, instituído em 1968, dava direito do presidente de, além de fechar o congresso, cassar mandatos de deputados, censurar a mídia, também impedir que manifestações como a de domingo ocorressem.
Na Alemanha, que foi o epicentro de uma das páginas mais tristes da história mundial, o nazismo, hoje qualquer um que ousar fazer apologia em defesa do nazismo, tem prisão decretada automaticamente. No Brasil, pelo contrário, em defesa da liberdade de expressão, que não ocorre de fato, homenagear torturadores, apoiar a ditadura, são práticas que vem se normatizando, sem qualquer ação mais contundente das autoridades contra seus protagonistas.
Prof. Jairo Cezar           

quinta-feira, 23 de abril de 2020


SANGUINÁRIO REGIME DO DITADOR CAMBOJANO POL POT RESPONSÁVEL PELO MASSACRE DE  UM TERÇO DA POPULAÇÃO DO PAÍS


No passado recente, Vietnã, Camboja, Laos e a Tailândia faziam parte de um único território cujo nome era Indochina. O nome Indochina se deve a forte influência das culturas indiana e chinesa. De fato esse deve ser o motivo da forte presença de ritos como o confucionismo, o hinduísmo e o budista nessas culturas, sendo o budismo com mais adeptos.
 No sudeste asiático o cristianismo não granjeou tantos seguidores a exemplo do ocidente, que se transformou em um entreposto de expansão dos princípios judaicos cristão. Talvez um dos motivos dessa insipiente incidência cristã no sudeste asiático e demais países orientais se devem a solidez dos cultos ou ritos milenares predominantes e bem assimilados pela população. Um exemplo da forte assimilação ritualística está presente no Camboja, onde somente dez por cento da população são adeptos ao cristianismo.
Devido às invasões e guerras genocidas, os cambojanos por pouco não se tornaram uma cultura extinta. O Camboja nos seus primórdios, o território possuía dimensões superiores ao atual. No entanto as progressivas invasões dos povos vizinhos foram corroendo o território pelas extremidades. Somente o Vietnã, país que faz fronteira a Leste do Camboja, anexou 20 províncias ao seu território. A Tailândia, país que faz fronteira a oeste, abocanhou 10 províncias. Ao todo são 10 milhões de cambojanos vivendo na Tailândia atualmente.
O guia cambojano, que nos acompanhou no período que lá estivemos, relatou que parcela significativa de sua família vive atualmente nas províncias cambojanas no lado Vietnã. O que é desconfortante e até mesmo constrangedor é ter de apresentar passaporte quando tem de visitá-los.  Os demais conterrâneos que estão na Tailândia, ambos não demonstram qualquer interesse em retornar ao Camboja ou querer pressionar o governo tailandês para devolver as terras ocupadas aos verdadeiros donos. Essa postura dos cambojanos recusarem regressar à terra natal, o Camboja, se deve ao elevado padrão econômico alcançado na Tailândia.
O Camboja, em comparação aos 11 países que integram a comunidade econômica do sudeste asiático, fica nas últimas posições no quesito IDH Índice de Desenvolvimento Humano. A lista em ordem decrescente do mais desenvolvido ao mais pobre está assim distribuída: Singapura, indonésia, Brunei, Tailândia, Vietnã, Camboja, Birmânia e Laos.  O Laos, que ainda está sob o comando de um governo “comunista”, sua economia se baseia na produção e exportação de energia elétrica por meio de hidrelétricas.
O desenvolvimento ou o retrocesso econômico de um país tem muito a ver com o modo como o território foi organizado ao longo de sua história. O Camboja, hoje uma economia em recuperação graças ao turismo, teve ciclos longos e curtos de estabilidade e instabilidades. Foi no passado, século IX, por exemplo, uma das regiões mais densamente povoada e rica do planeta. Com as constantes guerras e fragmentação territorial o país passou por um longo período de estagnação econômica.
Entre os anos de 1953 a 1970, o Camboja viveu um ciclo de bonança econômica. A capital, Pnou Phem, se transformou nesse período em uma das cidades mais belas e encantadoras da Ásia, ficando atrás apenas para o Japão. Na década de 1960 o número de indústrias de tratores, motocicletas, automóveis, elevou as taxas de emprego e qualidade de vida da população. O guia relatou que no momento o parque industrial do país é reduzido. O motivo da escassa industrialização se deve as guerras, de um lado a influência do capitalismo norte americano e do outro o comunismo Chinês.
No final da década de 1960 o nível de instabilidade econômica do país alcançou o ápice com o golpe militar, instalando uma ditadura que perdurou por quase vinte anos. Esse terrível momento da história do Camboja deve ser compreendido não como um episódio isolado, mas fragmento de um intricado quebra cabeça regional, que tem como pano de fundo as forças imperialistas globais.
A guerra no Vietnã deve ser considerada como peça chave desse tabuleiro de xadrez. Durante o conflito no Vietnã, disputas internas no Camboja intensificam a instabilidade política do país. Os Estados Unidos na tentativa desesperada de destruir bases inimigas vietcongs na fronteira com o Vietnã bombardearam o Camboja, fortalecendo ainda mais a guerrilha maoísta que pretendia assumir o comando político.
Na tentativa de se proteger do controle americano os guerrilheiros cambojanos se refugiaram nas selvas e montanhas e apoiados pelo regime comunista Chinês. Aqueles que não se debandaram para a selva ficaram na cidade recebendo apoio dos Estados Unidos. Entretanto, em 1972 teve início à guerra civil no Camboja entre forças guerrilheiras de um lado e forças pró-regime oficial, do outro. As batalhas permaneceram por algum tempo até que soldados apoiados pelos chineses invadiram a capital.
A população acreditava que o fim do conflito envolvendo soldados do campo e da cidade seria restabelecida a paz. Isso não aconteceu de fato, o país entrou numa fase de terror interminável.  Pol Pot, que liderava os rebeldes pró-comunismo, iniciou uma onda de perseguição e assassinato de opositores, no qual batizou o movimento de Khmer Vermelho. O partido do Khmer Vermelho acreditava que as cidades cambojanas estavam contaminadas com o capitalismo e, portanto, era responsável por todas as adversidades econômicas e sociais. A proposta do Khmer erra erradicar qualquer vestígio capitalista e retornar às origens, ou seja, tornar o Camboja, agrário, auto-suficiente, produzido o necessário para a subsistência da população. 
Nesse sentido, o regime iniciou uma escalada de perseguições e execuções sumárias contra cidadãos que não se enquadravam ao modelo estabelecido, visto como ideal, sem traços capitalistas. Escolas foram ocupadas e transformadas em prisões. Segundo opinião do líder do regime Pol Pot: “diploma se obteria trabalhando no campo, abrindo valos para a irrigação”.
Professores, médicos, intelectuais e todos que demonstrassem alguma habilidade artística eram enquadrados como defensores do capitalismo. Forças pró-governo assumiam a tarefa de recolhê-los do convívio social e familiar e executá-los. Estima-se que cinco milhões de pessoas ou um quarto da população perderam a vida, assassinadas ou vítimas de doenças.
No instante que o guia discorria acerca desse trágico episódio no Camboja, foi difícil o grupo conter as lágrimas. A emoção brotou com mais intensidade quando o guia mencionou o nome de dois de seus irmãos menores, que foram brutalmente executados pelo regime de Pol. Pot. Revelou que soldados foram até a sua casa, tiraram todos/as à força levando-os/as para o campo onde trabalhariam no cultivo do arroz. Naquele instante, disse o guia, o terror se abateu sobre sua família pelo fato do seu pai ser um médico, virtual candidato a ser assassinado.                                                                                                                      
Quando seu pai foi interrogado os entrevistadores conversaram com ele em Frances, dando-lhe um livro para que o lesse. Para se livrar de uma quase real execução, mentiu para os interrogadores informando que era motorista de “TUQUE TUQUE”, além de trabalhador na construção civil, e que, portanto, não sabia ler. Essa estratégia lhe salvou a vida.
O trabalho no campo era duro, relatou o guia. Trabalhava-se 362 dias ininterrupto. Os três dias que restavam no calendário para completar um ano eram destinados à grande festa nacional, entre os dias 13 a 15 de abril. Nesses dias os trabalhadores tinham direito a se alimentar com arroz e pescado, uma alimentação melhor, mais nutritiva que sopa de arroz, consumida todos os dias.
 As atividades no campo começavam cedo, antes do nascer do sol. O calor era escaldante e o trabalho era exaustivo todos os dias. A alimentação era precária, comia-se somente sopa de arroz. A fome era responsável pela Maria das mortes. Por qualquer motivo, um pequeno erro ou desatenção, poderia vir um soldado com uma baioneta e executar ali mesmo.
O guia explicou como seu irmão de dez anos morreu. Disse que o irmão estava cuidando de cinco bois, que cada um dos animais possuía uma corda de cinco metros. Tinha que cuidar para não comessem o arroz, pois poderia custar a sua vida. A situação era tão deplorável que seu irmão roubava batatas para comer, sem que os soldados o vissem. Teve um dia que seu irmão não teve tanta sorte. Quando estava descendo de um coqueiro com cocos nas mãos, soldados se aproximaram dele e o mataram com golpes de baioneta. Depois do ato, avisaram o seu pai para que fosse buscar o cadáver que estava cerca de 5 km de distância.
Informou o Guia que 70% de todo o arroz produzido no país era exportado para a China, como forma de pagamento pelos armamentos adquiridos pelo regime do Khmer Vermelho. Quando acabou a guerra do Vietnã, os americanos saíram do Camboja, pois o país não possuía riquezas que lhes interessavam. Entretanto, antes de evacuar do país lançaram toneladas de bombas, 236 kg cada, por meio de aviões B-52. Cada uma dessas bombas quando atingia o solo abria cratera de cinqüenta metros quadrados. 
O chinês relatou o guia, foram tão terríveis e sanguinários quanto os americanos. Antes de abandonar o Camboja tiveram o cuidado de enterrar milhares de minas sobre o território. Na época, 75% de toda extensão do Camboja estava com minas enterradas. Até hoje, crianças e adultos ainda são vítimas desses artefatos que explodem quando são tocadas involuntariamente.
O período de terror no Camboja começou declinar quando o primeiro ministro do país foi ao Vietnã pedir ajuda. Em 1979, o partido do primeiro ministro e o governo do Vietnã selou acordo de coalizão para libertar e trazer a paz ao país.  O ditador Pol Pot foi expulso para a selva e o Vietnã ocupou o Camboja por 12 anos, de 1979 a 1991. Nesse período parcela da riqueza do país como ouro, templos, diamantes, etc., foram transferidas para o Vietnã.
A desocupação do Camboja pelos vietnamitas não foi tão simples como se esperava. Naquele momento, começo da década de 1990, o imperador do Camboja vivia na China, pois era amigo do governo chinês. Os dois líderes discutiram estratégias para expulsar os vietnamitas do Camboja. Em resposta, em 1989, os chineses invadiram o norte do Vietnã, Hanói, pressionando para que os soldados vietnamitas abandonassem o Camboja.  
Nesse mesmo ano os vietnamitas se retiram do país, e em 1992, os capacetes azuis, soldados pacificadores da ONU, entram no Camboja e coordenam a primeira eleição livre ocorrida em 1993, com custo estimado de dois milhões de dólares. Vários partidos são criados para disputar o pleito, vencendo o partido do rei. Em 1998 novas eleições ocorreram cuja população elegeu o atual primeiro ministro, cuja justificativa por ter recebido votação majoritária era com a promessa para manter a pacificação do país.  O Camboja celebrou em 2018 os vinte anos de paz.
Foi perguntado para o guia o motivo de não ter seguido a carreira de médico como de seu pai. A resposta veio em tom de tristeza e lamentação, falta de dinheiro. Confessou que tinha vontade de estudar medicina, porém os custos para estudar no Camboja são muito altos, mais de cinco mil dólares. Ainda hoje tem poucos médicos trabalhando, cerca de 2000. Durante o regime de terror 70% desses profissionais foram mortos. Como não fez medicina, fez carreira de guia turístico, aprendendo a língua espanhola.
Um fato inusitado ocorrido no Camboja que merece ser aqui ressaltado em sinal de protesto. Mesmo depois de perder o comando do país, o Khmer Vermelho continuou liderando o país por mais 12 anos. O que é, portanto, estarrecedor foi saber que nesse período o Camboja assumiu uma das cadeiras da ONU como representante legítimo do Camboja. O que provoca indignação foi saber que dezenas de países ocidentais reconheceram e apoiaram esse governo. Pol Pot morreu em 1998 sem nunca ter sido julgado e condenado.
Aqueles que desconhecem os macabros massacres praticados pelo khmer Vermelho contra a população civil do Camboja, recomendo assistir o filme First They Killed My Father (primeiro eles mataram meu pai). Um filme dirigido pela atriz e diretora norte americana Angelina Julie. Há outras obras célebres produzidas sobre o Camboja, mas essa é mais fácil de acessar, pois está disponível ao público na Netflix.
Prof. Jairo Cezar


domingo, 19 de abril de 2020


INVASÕES DE TERRAS E O CORONA VÍRUS PODEM RESULTAR EM GENOCÍDIO ÀS POPULAÇÕES INDÍGENAS

Em 2019 muitos devem lembrar-se das queimadas criminosas que devastaram milhões de hectares de florestas na região da Amazônia e de outros biomas importantes como o serrado. Não há dúvida que ninguém foi advertido ou punido pelos atos cometidos. Isso porque as ações foram incentivadas pelo próprio governo federal com a intenção de expandir a fronteira agrícola favorecendo grileiros e outros criminosos ambientais. Quem achava que o processo de desmatamento e ocupação da Amazônia havia recuado por conta da pandemia do corona vírus, se enganou. 
 Na edição do programa fantástico da rede globo do dia, uma longa reportagem trouxe a público um cenário preocupante. De acordo com imagens de satélite, o desmatamento na região da Amazônia teve um crescimento de 279% em março, em comparação ao mesmo mês do ano passado.  Foram mais de 250 km quadrados de áreas desmatadas e invadidas por garimpeiros e grileiros. O fato é que as ações criminosas investem sob territórios indígenas, a exemplo dos povos Yanomamis, na Amazônia e Roraima, que vêem suas terras invadidas, contaminando rios com mercúrio proveniente dos garimpos.
Na reportagem do fantástico foi mostrado a ação de fiscais do IBAMA que desativaram madeireiras e maquinários ilegais. O que gerou perplexidade depois da exibição dessa reportagem, foi a notícia de que o membro do órgão ambiental, que foi entrevistado no fantástico, havia sido demitido pelo governo federal, pelo fato de ter cumprido sua função constitucional. A ação de garimpeiros em áreas públicas na Amazônia põe em perigo milhares de indígenas devido ao contágio com o corona vírus. São cerca de 20 mil garimpeiros atuando ilegalmente em terras yanomamis.
O que causa mais revolta é quando se sabe da existência de uma MP de número 910, elaborada pelo próprio governo federal, no final do ano passado, na qual defende a regularização das terras já ocupadas por grileiros. A intenção é tornar legal áreas públicas invadidas até 2014. Esse ato é parecido o que consta em dispositivos do código florestal brasileiro de 2012, quando foram anistiados de punição quem desmatou florestas até 2008. A divulgação da primeira morte de um adolescente da etnia Yanomami por corona vírus acendeu a luz vermelha do que poderá ocorrer na região amazônica se tais absurdos como a MP forem referendadas.
Há cerca de quinhentos anos, quando terras brasileiras foram ocupadas por colonizadores brancos europeus, gripes e outras doenças infecciosas, levaram a morte mais da metade da população indígena. Não foram necessárias armas e outras técnicas belicosas convencionais para dominar o inimigo, bastou um gripezinha, um resfriadinho, para que tribos inteiras contaminassem rios e o solo com corpos em decomposição.  
O que pretende o atual governo e o seu ministério do meio ambiente é levar a cabo o desafio de exterminar a “raça de improdutivos”, que são responsabilizados pelo baixo índice de desenvolvimento econômico da região. É desse modo como o governo e seus asseclas vêem os indígenas, indolentes, improdutivos, que ocuparam uma vastidão de terras, que afirmam não produzir.
Portanto, no imaginário daqueles que comandam o Brasil por que manter improdutiva tanta terra, que sejam ocupadas e transformadas mesmo que viça sejam sacrificadas.  Um vírus, o corona vírus, poderia ser uma ação barata para suprimir barreiras impeditivas naturais, nesse caso o próprio índio.  Quem duvida que esse tipo de sentimento permeia o pensamento das mentes macabras de ruralistas, do governo e de seu grupo de apoio.
Nesse dia 19 de abril, não há o que comemorar. Essa data serve para levar a população a refletir sobre o eminente perigo que assombram as centenas de comunidades indígenas espalhadas pelos quatro cantos do Brasil. Não bastassem as investidas criminosas de grileiros, madeireiros, garimpeiros, agora vivem a ameaça do corona vírus. As políticas de incentivo às ocupações e redução de limites de terras indígenas já demarcadas, resultarem em 2019, nove indígenas assassinados e outras 39 lideranças ameaçadas.
Uma dessas lideranças, na véspera do dia do índio, foi assassinada em Rondônia. Trata-se do índio Ari, da comunidade URU-EU-WAU-WAU, que integrava o grupo de vigilância, fiscalização e denúncias a invasões de terras indígenas. Não há dúvida que outras tantas lideranças indígenas na Amazônia seguirão o mesmo caminho de Ari, se medidas severas contra essa barbárie não forem executadas imediatamente.
Indiretamente, por traz desses assassinatos e ameaças teve e tem um aceno positivo do presidente da república, quando reitera em seu discurso da necessidade de ocupar a Amazônia. Além da MP 910 que propõe regularizar as ocupações criminosas em terras indígenas, outra proposta insana de projeto de lei foi encaminhada pelo presidente em fevereiro de 2020, a PL 191/2020, que defende entre outras atribuições: regulamentação da pesquisa e exploração de recursos minerais, o garimpo, a extração de hidrocarbonetos e o aproveitamento dos recursos hídricos para a geração de energia elétrica em terras indígenas.
É necessária uma resposta urgente das autoridades constituídas, principalmente do STF, para impedir que tal barbárie seja oficializada contra as populações indígenas e grupos tradicionais remanescentes. Não podemos admitir que fatos trágicos se repitam, a exemplo do que aconteceu há quinhentos anos, na primeira invasão e massacre indígena, patrocinado pela corroa portuguesa.   
Prof. Jairo Cezar
        


sábado, 18 de abril de 2020


COMO PODEMOS ELEGER TANTOS INEPTOS

Quando nos deparamos com o atual e confuso cenário político, tendo a frente do executivo federal um presidente que demonstra profundo desequilíbrio emocional, passamos a pensar que esse incômodo tem suas raízes no modelo de sociedade forjada há quinhentos anos, quando aqui chegaram os portugueses. Desde aquela época, o Brasil se configurou em uma colônia, suprindo a metrópole portuguesa e outras nações europeias ascendentes com gêneros marcantis, pau Brasil, cana, café, ambos produzidos com mão de obra escrava. 
Por ser uma colônia com função de suprir a metrópole portuguesa, bem como de uma diminuta casta de políticos e donatários locais, jamais houve interesse de que fosse aqui construída uma nação genuinamente brasileira. Para se construir uma nação sólida, pungente, uma boa educação se mostra necessária, algo que não ocorreu no Brasil durante quase cinco séculos.
Não era possível imaginar educação pública e universal numa época em que expressiva parcela da população era constituída de escravos. As escolas existentes eram gestadas por religiosos, integrantes da congregação jesuítica, que atuaram decisivamente na ocupação e imposição de uma nova cultura às populações indígenas. 
Entretanto, os primeiros passos a um projeto de educação pública no Brasil tiveram início na segunda metade do século XIX, ou seja, quase quatrocentos anos depois da chegada dos portugueses. As escolas públicas, criadas nas províncias, em pequeno número, garantiam apenas o ensino elementar, com raras exceções, o ensino secundário. As primeiras universidades brasileiras datam do começo do século XVII.  
Ascender aos níveis subsequentes de ensino, do secundário e superior, havia uma barreira gigantesca quase intransponível às classes populares. Na realidade quase não havia classe popular até o final do século XIX, pois a escravidão ainda era predominante. As poucas escolas de ensino elementar surgidas em meados do século XIX estavam instaladas nas grandes cidades e capitais das províncias.
A proclamação da República revelava ser um acontecimento importante com vistas a reparar cinco séculos de atraso da cultura brasileira. Com o fim da escravidão, o domínio econômico e político permaneceram sob a tutela de antigos escravocratas e da nascente classe burguesa empresarial, que mantinham o controle dos pleitos eleitorais, forjando resultados seguindo interesses de grupos oligárquicos. No começo da República ou Primeira República, os investimentos em educação, construção de escolas e formação de professores, eram desprezíveis. Aqueles que concluíam o ensino elementar mal sabiam ler e escrever. No entanto, nada era por acaso.
A elite dominante da época aproveitava da massa de miseráveis analfabetos para manipulá-los nos pleitos eleitorais, barganhando votos em troca de benefícios particulares. Essa prática politiqueira se perenizou e vem se sustentando até nossos dias, atingindo também a esfera educacional. Em muitos municípios brasileiros, cargos de gestores, administrativos e pedagógicos nas escolas, critérios observados no momento da escolha dos candidatos, se pautam na filiação partidária e apoio eleitoreiro ao grupo político hegemônico.  
Muitas vezes as fragilidades no processo pedagógico nas milhares de escolas públicas distribuídas pelo país, está no quesito gestão, cujo ocupante à vaga não apresenta o mínimo necessário de qualificação. Quem achou que uma educação pública universal no Brasil teve início de imediato com a Proclamação da República, se equivocou. A experiência brasileira de educação pública universal é muito recente, data da constituição de 1988.
No entanto, foi somente em 1996, que o Brasil finalmente instituiu uma legislação específica, abrangendo os níveis básico e superior de ensino. Portanto, o Brasil tem séculos de atrasado em educação em comparação com outros países que congregam a OCDE. O fato é que infelizmente os quinze anos de gestão petista, com promessas de transformações radicais na educação, não conseguiram minimizar o profundo poço histórico a qual a educação brasileira estava submetida.
Foi, de certo modo, um momento importante, porém perdido, que o partido teve para implantar um projeto inovador e revolucionário na educação, que poderia estar colhendo os frutos com uma geração de jovens mais preparados e conscientes. Se uma educação transformadora seguindo os moldes pensados por educadores como Paulo Freire fosse executado, certamente os níveis culturais da sociedade brasileira estariam muito melhores que os atualmente registrados.
Outro aspecto importante de uma sociedade bem educada e consciente é o fato de poder compreender melhor o modo como uma estrutura social, econômica e política funciona. O impacto positivo de uma boa educação ocorreria de imediato na escolha dos integrantes dos postos do legislativo e executivo em todas as instâncias de poder.
É claro que em sociedade profundamente desigual e com fortes ranços escravocratas, jamais a classe dominante permitiria que tais transformações ocorressem.  Precarizar ao máximo os ambientes escolares, bem como desqualificar a força de trabalho educacional com baixa remuneração e formação profissional, são ingredientes utilizados pelo Estado burguês. Os frutos dessa política de destruição da educação pública são observados nos processos eleitorais, a partir dos ocupantes às vagas do legislativo e executivo. Expressiva parcela dos que integram os cargos de decisão são provenientes das classes dominantes, que atuarão na elaboração e execução de projetos contrários aos interesses dos que os elegeram.
Um exemplo disso são as atuais reformas em curso como a previdência, trabalhista, aprovadas no congresso, das quais suplantaram direitos dos trabalhadores. Com baixos investimentos e por acima de tudo mal aplicados em educação, as últimas avaliações do IDEB e do PISA colocaram o Brasil nas ultimas posições em áreas como matemática, ciência e linguagem, entre quase 70 países avaliados. Essa ridícula posição do Brasil expõe uma ferida histórica que tende a se agravar nos próximos anos, o analfabetismo. Dados do IBGE, no ano de 2018, revelaram que 11,3 milhões da população foram classificados como analfabetos absolutos.
O que causou mais perplexidade foi o absurdo número de pessoas, que embora saibam ler e escrever, não consegue compreender o que escreveram. Foram 38 milhões nessa condição, dos quais são classificados como analfabetos funcionais. Com esses números é possível ter um perfil do quadro de ignorância que assola a população. Com um percentual elevado de analfabetos apontado pelo IBGE, a tendência será o recrudescimento ainda maior do processo político e administrativo do Brasil, com a eleição de pessoas ineptas aos principais cargos dos poderes constituídos, a exemplo do que vem ocorrendo hoje no executivo federal.
Não é segredo para ninguém, que uma das conquistas pós-ditadura militar e fortalecida pela constituição de 1988 foi o processo democrático, assegurando a população de quatro em quatro anos a escolha de seus representantes máximos. Todos têm consciência que o modelo de democracia que ora se apregoa não é o desejado, no entanto, nos assegura alguns direitos mínimos como liberdade de expressão. Para os detentores do capital, quando essa máxima começa a interferir os interesses individuais uma poderosa maquinaria instrumental entra em cena com a tentativa de fragilizar os alicerces do estado democrático.
O caminho da fragilização se dá, entre outros, no campo eleitoral, com o aproveitamento da massa desinformada e alienada da sociedade, que atuará na concretização desse processo fragilização democrática. A eleição de um ex-capitão do exército e apoiador tácito do regime militar e cujo herói revelado é um torturador dos porões do DOE CODE, é um exemple do grande perigo que está submetida a sociedade brasileira. Um ano apenas de mandato foi suficiente para comprovar o que os críticos alertaram durante sua campanha eleitoral. Munido de um arcabouço de assessores e ministros, muitos dos quais ineptos aos cargos, seu primeiro ato foi começar a desmanchar a grande rede que constitui o Estado brasileiro.
O que notamos com preocupação durante o primeiro ano a frente da presidência foi a enorme ferida não cicatrizada da escravidão, que ainda permanece latente no inconsciente coletivo.  Temos exemplos na história mundial de regimes forjados no fanatismo ilimitado dos quais trouxeram guerras, mortes e desestabilização social que duraram séculos. O fanatismo, por outro lado, também suas raízes na fragilidade dos sistemas educacionais.
Quanto mais caquético for a estrutura educacional pública, maior será a leva de pessoas sem o mínimo de compreensão do modo como funciona os tentáculos da complexa rede sistêmica da sociedade.  No instante que uma gama significativa da sociedade, com o mínimo de instrução, insiste em recorrer à fé para acalentar o sofrimento, temos, portanto, um demonstrativo do recuo civilizatório, visto por meio da intolerância, do ódio e o individualismo social.  
No final do século XIX o cientificismo ou o racionalismo passou a se sobrepor ao pensamento idealista que por séculos conduziu os caminhos da civilização ocidental. A pesquisa, a investigação científica permitiu o desenvolvimento de instrumentos (tecnologias) para minimizar o esforço humano em tarefas antes inviável. No campo da medicina, a pesquisa ajudou na descoberta de vacinas e medicamentos para o combate de doenças ou epidemias que dizimaram milhões de pessoas no passado.
Agora, como explicar que depois quase mil anos da comprovação da esfericidade da terra, alguém ousa vir a público e por em dúvida tal teoria, insistindo em afirmar que a terra é plana. O mais impressionante é saber que muitos compartilham dessa ideia estúpida. Tem-se a sensação que quem profecia de tais absurdos deve estar contaminada por um tipo de vírus que corroeu camada do cérebro responsável pelo processo cognitivo.
A pandemia do corona vírus, onde governos do mundo inteiro seguem as recomendações da OMS, exceto três ou quatro, incluindo o Brasil, está revelando a face monstruosa desses estadistas inescrupulosos, que expõe a população a um terrível genocídio.  Não acatar o que determina o principal órgão mundial sobre saúde, que se mune de dados cientificamente comprovado, que recomenda o isolamento social para evitar a proliferação do vírus, também expõe o Brasil num patamar de vexame global.
No instante em que índices de contaminação e morte pelo vírus mais que dobrou em uma semana, o presidente tomou a decisão insana de demitir o ministro da saúde, cujo argumento da decisão foi por ter posicionamento divergente ao seu na condução da pandemia. O ministro sempre se pautou em critérios técnicos na condução da pasta, defendendo que a população permanecesse em quarentena para dificultar a disseminação do vírus.
Bolsonaro, adotando um comportamento insano, teve a coragem de afirmar que o vírus nada mais era que uma gripezinha, um resfriadinho. Vem defendendo enfaticamente o fim do isolamento, que é preciso reativar a economia, porque sem trabalho o Brasil pode quebrar. É um discurso que deixa nítido o tamanho da insensibilidade de um estadista junto ao seu povo.
O comportamento perverso, insano, do presidente Bolsonaro, não revolta os seus apoiadores, que permanecem fiéis a sua conduta. Medir o grau comportamental, cognitivo, dessa parcela de apoiadores, pode revelar traços emocionais disfuncionais semelhantes ao do presidente.  Mais uma vez insisto em afirmar que estamos sendo comandados por um cidadão acometido de grave patologia cujos profissionais da psicologia classificam como sociopatia.
Retornando ao tema educação pública, que anterior a pandemia caminhava para um profundo retrocesso histórico, pelo fato de ter no comando do ministério da educação, uma figura sem o mínimo de qualificação, agora com a crise o cenário tende a se tornar catastrófico. Se o Brasil com toda a “normalidade” nas redes públicas de ensino vinha nos últimos anos ocupando as últimas posições nas avaliações internacionais, imaginemos como ficará nos próximos testes, matemática, ciências e linguagens, quando se sabe que 100% dos estudantes dessas respectivas redes estão em casa ou um percentual mínimo com aulas remotas.
Para tentar aliviar a tragédia anunciada no ensino, estados e municípios estão procurando adotar algumas medidas paliativas como atividades online ou aulas remotas. Uma nação pobre e desigual como a brasileira essas ferramentas digitais conseguem atingir uma pequena fração dos estudantes brasileiros. Agora pensemos, se as vastidões das escolas públicas tiveram seus laboratórios de informática desativados ou sucateados por falta de investimentos, o que esperar dos milhões de famílias que sequer possuem computador ou rede de internet em suas residências.
Quem se beneficia com o sucateamento das redes de ensino públicas são as elites econômicas que tem seus filhos matriculados em unidades particulares. É claro que nas avaliações programadas como o ENEM, cuja data permaneceu para outubro, não há dúvida que as vagas disponibilizadas pelas universidades públicas serão quase todas preenchidas por estudantes oriundos das escolas particulares. O próprio ministro da educação foi contrário a proposta encaminhada pela justiça que pediu o adiamento da prova.    
Fora da sala de aula e sem qualquer perspectiva do retorno das aulas, a sociedade brasileira mergulha num abismo de dimensões catastróficas. Mesmo as atividades docentes e discentes normalizadas, professores e estudantes necessitariam de um tempo para se restabelecer do trauma do corona vírus.     Porém, não é isso o que pensa a equipe que comanda o Ministério da Educação, mantendo o ENEM para outubro.
O que é consensual hoje é o sentimento de incapacidade generalizada da sociedade diante do gigantesco imbróglio que corroem as estruturas do Estado brasileiro. Acompanhar os desdobramentos e o fim imprevisível desse triste cenário é o que nos reserva. A esperança é que a sociedade e em especial os alucinados seguidores do presidente se libertem da terrível cegueira da qual estão acometidos.  
Prof. Jairo Cezar      
    
     




      

domingo, 5 de abril de 2020


NOSSA CASA COMUM, A MÃE TERRA

Todas as pandemias que se tem notícia tiveram suas origens em momentos de enorme instabilidade econômica e ambiental. A peste negra que dizimou milhões de pessoas durante a idade média, bem como a gripe espanhola no começo do século XX, são dois exemplos que ilustram bem esses dois momentos distintos. Depois da gripe espanhola que matou cerca de 50 milhões de pessoas no mundo, a primeira e segunda guerras mundiais, juntas conseguiram superar a gripe em vinte milhões a mais de vítimas. Isso mostra o estrago que um vírus pode causar a toda uma geração.
Ninguém imaginava que outra pandemia com dimensões parecidas com a gripe espanhola pudesse ocorrer um dia. A AIDS, nos seus mais de trinta anos de existência ceifou a vida de milhares de pessoas no mundo. Até o momento, não foi encontrado uma vacina que pudesse evitar o seu contágio. Porém, um coquetel de comprimidos faz com que o indivíduo contagiado consiga ter uma vida normal.
Outras doenças também contagiosas protagonizaram momentos de grande tensão no mundo, como as GRIPE SUÍNA, EBOLA, SARS, o MAL DA VACA LOUCA, etc. Não há como deixar de listar outras patologias, algumas letais, transmitidas por insetos, como a DENG, FEBRE AMARELA, ZICA VÍRUS, CHIKUNGUNYA. Não há dúvida que quase todas as endemias, epidemias ou pandemias conhecidas, seus vetores são animais oriundos de áreas silvestres que sofreram algum tipo de intervenção atropica, humana.
Nos últimos cinqüenta anos o planeta vem passando por perigosas transformações, com impactos quase que irreversíveis em todos os biomas conhecidos. O modelo econômico vigente, do qual se nutre da exploração irracional dos recursos naturais, vem dando sinais de que é preciso repensar esse modelo produtivo, pois resultará na extinção da espécie humana.
O aquecimento global vem dando sinais claros de que a terra está no seu limite máximo de exploração, que não havendo ações emergenciais, o planeta terá todos os recursos necessários à sobrevivência humana estagnados, inclusive a água. Os governos das nações mais ricas como EUA, China, Japão, vinham resistindo ao máximo em acatar as determinações dos encontros de cúpula sobre o clima global.
Para evitar um possível colapso climático, as potências que mais degradam o planeta deveriam disponibilizar cifras maiores de recursos para projetos que limitassem ao máximo a liberação de poluentes à atmosfera. As comunidades científicas que monitoram o clima global já vinham alertando de que catástrofes climáticas mais severas estariam pra acontecer com mais freqüência nas próximas décadas do século XXI, se os níveis de poluentes continuassem seguindo o mesmo ritmo.  
Poucos talvez imaginassem que uma catástrofe profetizada ocorreria não por meio de estiagens ou enxurradas, que arruinariam safras inteiras de alimentos, mas de outro modo, silencioso e invisível, um minúsculo vírus letal que mataria milhares ou milhões de pessoas no mundo. Quem achava que os constantes alertas vindos de pesquisadores e estudiosos do clima e da natureza sobre as ameaças que se abateria sobre a espécie humana eram discursos falaciosos de opositores ao capitalismo, estão agora de barbas de molho, vendo suas fortunas se esvair pelo ralo com água.
A pandemia do corona vírus pode ter sido desencadeada pelo modo como os detentores do capital atuavam e atuam no manejo dos seus métodos produtivos, tanto na agricultura como na pecuária. Na agricultura, cada vez mais novas áreas de florestas são derrubadas dando lugar a monoculturas, mediante emprego de tecnologias sofisticadas, dentre elas o veneno, contaminando, solo, água e alimentos.  
Tanto o desmatamento e queimadas de extensas áreas de florestas, como as registradas no Brasil, Austrália, EUA, Portugal, nos últimos meses, ambas foram responsáveis pela destruição de ecossistemas complexos, muitos servindo de habitats de animais hospedeiros de doenças contagiosas. Em outros casos, muitos animais silvestres com a destruição seus habitats são forçados a migrarem para as áreas urbanizadas, suscetíveis ao contágio por doenças. Suínos, aves, bovinos, entre outros espécies criadas em cativeiros, como uma fábrica, tendem a se transformarem em hospedeiros de vírus transmissores de moléstias contagiosas.
O sistema capitalista criou verdadeiras fábricas de criação de animais confinados, muito semelhantes a uma fábrica de produção em série. Quem já visitou uma fazenda de suínos e frangos confinados para o mercado, deve ter observado o tamanho estresse que esses animais estão submetidos em tais ambientes. É claro que qualquer animal até mesmo o ser humano, submetido à ambientes estressantes, seu organismo fica mais fragilizado e suscetível as doenças oportunistas.
A pandemia do corona vírus tenderá a provocar profundas transformações no sistema capitalista, pois ficou explícito que o livre mercado não consegue dar conta de conter a grave crise produzida pela doença. A ideia de estado mínimo tão desejado pelos defensores do neoliberalismo colapsou. Como em outras oportunidades no passado, a exemplo da crise de 1929 e o pós- segunda guerra, o Estado assumiu papel decisivo recuperando empresas, bancos, com bilhões de dólares dos cofres públicos.
Será que mais uma vez a história se repetirá, a exemplo das crises passadas, através do socorro do Estado salvaguardando o que restará do capitalismo em chamas? Se isso ocorrer, com certeza a sociedade global não mais olhará o sistema de livre mercado como antes. As relações de produção não serão mais a mesma. Os governantes tenderão a adotar políticas visando melhorar sistemas de infraestrutura na tentativa de reduzir as desigualdades sociais.
A crise da pandemia da corona vírus deixará uma grande lição. As desigualdades sociais criadas pelo capitalismo contribuíram para o agravamento da proliferação da pandemia. A doença não escolheu a quem contaminar primeiro, ricos e pobres, sentiram na pele o terror de um mal que poderia ter sido minimizado se serviços essenciais como saúde fosse priorizado. Os países que priorizaram esse seguimento, os números de infectados e mortes foram bem menores.
O Brasil é um bom exemplo de país onde investimentos em serviços públicos de saúde, educação, segurança e saneamento básico são pífios. Nas últimas décadas parcela significativa de recursos públicos foram destinados a execução de projetos mirabolantes e fúteis, como a construção de arenas esportivas bilionárias para olimpíada e a copa do mundo. Esses espaços, depois dos eventos esportivos, permaneceram ociosos. O que é irônico é saber que muitos desses espaços foram montados hospitais improvisados para atender o público infectado pelo corona vírus.
Os governos estaduais e federal vêm insistentemente lançando campanha atreves dos meios de comunicação pedindo para as pessoas não saírem de casa para não serem contaminadas. Diante dessa campanha, como ficam os 13 milhões de pessoas que vivem nas favelas, outros seis milhões sem moradia justa, trinta e cinco milhões sem acesso a rede de abastecimento de água e a metade da população, cem milhões, que não possuem rede de coleta e tratamento de esgoto. Tudo isso são fatores agravantes do corona vírus no Brasil.
Sem um sistema de saúde satisfatório, essas comunidades pobres onde famílias vivem apinhadas em pequenos cômodos, no momento que o vírus lá chegar o colapso do sistema de saúde já colapsado, se transformará em um filme de terror. O individualismo apregoado pelo capitalismo não terá mais motivo de existir. As comunidades onde os laços de solidariedade são mais presentes, as dificuldades do dia a dia são resolvidas mais rapidamente.
Entretanto, o que esperar do futuro pós pandemia. Não há dúvida que as pessoas sairão das suas clausuras mais sensíveis, reconhecendo que o convívio comunitário saudável somente será possível, cuidando de si e do outro. Nossa casa comum, nossa terra, deve ser entendida como local de todos, compartilhando o mesmo ar, a mesma água, o mesmo alimento. Estaremos agindo com ética conosco e com as futuras gerações, quando entregarmos em condições ideais de sobrevivência aquilo que foi nos presenteado por uma complexa combinação de átomos há cerca de cinco bilhões de anos, nossa minúscula e sensível mãe terra.   
Prof. Jairo Cezar

sexta-feira, 3 de abril de 2020


A FACE PERVERSA DE UM GOVERNO EGOCÊNTRICO, INSENSÍVEL, QUE SE NUTRE NO CONFLITO

Há dez anos criei um blog cuja proposta era publicar textos ou artigos discorrendo aspectos da economia, política, educação, ambiente, entre outros temas de relevância social. Desde 2011, jamais poupei palavras isentando de críticas personalidades de destaques no campo político, econômico e social. Na época da criação do Blog o Brasil estava no começo da segunda fase do regime petista, com Dilma Rousseff ocupando a cadeira de Presidente da República, vaga deixada por Luiz Inácio da Silva.  
Foram muitas as críticas das quais lancei tanto na gestão Lula quando do seu sucessor, Dilma, especialmente no campo ambiental, em decorrência de posturas equivocadas em mega projetos desenvolvimentistas, insustentáveis, como as inúmeras hidrelétricas programadas para serem edificadas na região da Amazônia Legal.  Embora em menor grau, houve alguns avanços nas gestões petistas, a exemplo das políticas de renda mínima, da qual retiraram da miséria absoluta milhões de famintos.
Entretanto o pecado cometido pelas gestões petistas foi não ter iniciado o plano de ruptura do sistema capitalista de produção, altamente excludente. Tal iniciativa poderia se configurar no nascedouro de um novo modelo econômico, talvez menos degradante, trágico, como o que a sociedade passou a conviver pós era petista.  A articulação e a execução do golpe que suprimiu do posto de presidente, Dilma Rousseff, deram mostras claras que a poderosa elite econômica, a mesma que apoiou o golpe de 1964, estava mais uma vez no comando absoluto do país. 
Quem achou que os quase quinze anos do regime petista não foram tão promissores à economia e a sociedade, os governos que os sucederam davam mostras de um futuro cenário terrível às massas trabalhadoras, que seriam profundamente afetadas pelas brutais reformas neoliberais. Reforma trabalhista e previdenciária foram umas delas, fragilizando ainda mais direitos que tornariam milhões de brasileiros reféns à ganância do Capital.
Em pouco mais de dois anos no poder, o golpista Michel Temer, conseguiu preparar o terreno para o pior, pois a eleição presidencial de 2018, parcela significativa da população brasileira elegeu para presidente uma figura caricata, um ex-capitão do exército e defensor do regime militar, que espalhou o terror e medo por cerca de vinte anos. O governo de Jair Bolsonaro se traduziria no eco da voz reprimida de uma imensa legião de brasileiros odiosos. São figuras acobertadas por discursos moralistas, que defendem a família tradicional, o proselitismo religioso, entre outros absurdos não mais condiz com o atual modelo plural de sociedade.  
Bastaram poucos dias de governo para que a parcela da população menos esclarecida tomasse consciência do terrível erro cometido, elegendo Bolsonaro para presidente.  No entanto, para outros milhares de pessoas e integrantes do capital selvagem, Bolsonaro demonstrava ser a pessoa ideal para a concretização dos seus macabros interesses. Para concretizar seus planos insanos contra a sociedade, reuniu uma legião de figuras sem o mínimo de capacidade para o exercício do cargo, a exemplo dos ministérios do Bem Estar Social, Educação e Meio Ambiente, áreas consideradas estratégicas de qualquer governo.
O pior foi a indicação de um ex-integrante da escola de Chicago e articulador do golpe militar no Chile, na década de 1970, para ocupar a pasta da economia. Paulo Guedes, Damares Alves, Abrahan Weintraub, Ricardo Salles,  entre outros nomes, serão lembrados no futuro como protagonistas de um dos maiores desarranjos sociais praticados na história brasileira. A incitação a violência através da flexibilização no uso de armas e o incentivo a ocupação de áreas de preservação permanente e indígenas, ascenderam o estopim da violência nessas áreas, podendo resultar em um dos maiores genocídios semelhantes à época da ocupação portuguesa. 
Com o fim do primeiro ano de governo Bolsonaro, o desemprego já havia alcançado cifras preocupantes, atingindo 15% da população economicamente ativa.  Para sobreviver, esses brasileiros são desafiados a recorrer à informalidade, sem qualquer garantia de seguridade social, como aposentadoria. Se em 2019 uma tempestade de medidas impopulares solapou direitos de milhões de brasileiros que terão de trabalhar até a morte, que lembra a escravidão, em 2020 um terrível acontecimento põe em cheque não só espécie humana como o próprio sistema capitalista.  
Um vírus batizado de Corona Vírus, ou COVID 19, se abateu sobre uma cidade chinesa, de 11 milhões de pessoas, onde em poucos meses se alastrou pelo resto do mundo, transformando em uma pandemia.  Para evitar ou minimizar o alastramento, cidades, estados e países tiveram que adotar medidas rígidas como a restrição do deslocamento de pessoas. Um mundo globalizado como é atualmente, raros são os países sem nenhum cidadão contagiado com a doença, cujos sintomas se assemelham a uma gripe, porém, letal, às idosas com alguma moléstia preexistente.   
De tempo em tempo o mundo é acometido por pandemias que ceifam milhões de vidas humanas.  A mais recente e extremante letal aconteceu há cento e dois anos foi a Gripe Espanhola, que matou mais de 50 milhões de pessoas no mundo. O Brasil também teve suas vítimas com a gripe, trinta e cinco mil mortes, não poupando nem autoridades importantes como o recém eleito à Presidência da República Rodrigues Alves, que não chegou assumir o cargo. Na ocasião da gripe, uma das medidas tomadas para reduzir sua proliferação foi decretar quarentena à população.
Na realidade, a gripe Espanhola, segundo pesquisadores, sua verdadeira origem foi na cidade de Kansas, EUA. A doença foi levada para Europa por soldados americanos durante a primeira guerra mundial. Na ocasião, vários países incluindo o Brasil, as autoridades trataram a gripe com certo desdém, retardando as medidas de isolamento da população. Higienização das mãos, entre outras medidas para evitar o contágio, foram disseminadas na época.
O fato é que o surto do corona vírus revela o quão frágil é a espécie humana no qual habita um planeta que divide espaço com outras milhares de espécies, porém, de forma arrogante, insiste e se sentir superior as demais. Pesquisadores afirmam que o vírus do corona vírus, sua disseminação tem alguma relação no modo como o homem vem atuando sobre ecossistemas frágeis. Grande parte das doenças, epidemias ou pandemias que se abatem sobre o ser humano seus vetores geralmente são animas silvestres que tem o vírus incubado no seu organismo.
No instante que florestas ou ambientes selvagens são impactadas por agentes humanos, alguns animais, vetores de doenças, são expostos nos ambientes urbanizados. É possível que o vetor do corona vírus tenha sido um morcego. No momento que o animal suga o sangue de outro animal, equino, suíno, bovino, etc, o patógeno é inoculado e transmitido ao ser humano por meio da carne consumida. A AIDS teve o macaco como vetor nas florestas da África. Deng, Malária, Zica Vírus, Chikungunya, são doenças também transmitidas por algum animal silvestre, como mosquitos. 
O modo como lideranças políticas mundiais se posicionaram diante da pandemia do Corona Vírus foram essenciais para poupar ou levar a morte milhares de pessoas. Enquanto a China, com uma população superior a um bilhão de habitantes, medidas importantes tomadas por lideranças municipais e estaduais contribuíram para que o número de mortas fosse minimizado.
Esse comportamento deveria ter sido assumido por outras autoridades como da Itália e Espanha, cujas cifras de mortes já superam em muito aos ocorridos na China. Na Itália, as autoridades desdenharam o vírus, acreditaram que não se espalharia tão rapidamente. Quando foi decretado quarentena, parte da população do norte do país já estava contaminada.
Na Espanha, no mesmo dia em que a população italiana se isolava, manifestações contendo milhares de pessoas ocorriam nas ruas de Madri. O resultado foi catastrófico. Hoje, 29 de março, o país registrou quase mil mortes ao dia vítima do Corona Vírus. É um número espantoso, que poderia ser muito menor se as posições das autoridades fossem diferentes.
Quando o primeiro caso de corona vírus foi detectado no Brasil, acendeu uma luz amarela junto às autoridades públicas. Com a confirmação das primeiras mortes, vários estados e municípios deram início ao programa de restrição do deslocamento de pessoas em vias públicas. O que se esperava diante dessa determinação era uma convergência das forças políticas para tomada de posições conjuntas. O que se vê foi o acirramento das forças decisórias entre os gestores dos estados e o governo federal. 
Os governos, nas suas tomadas de ações, como a decretação de quarentena e o isolamento geral da população, se baseiam em decisões encaminhadas pela ONS. Entretanto, o presidente da República, Jair Bolsonaro, vem agindo na contramão dessas medidas, fazendo pronunciamentos em rede nacional, incitando a população para voltar à normalidade, que o corona vírus é uma “gripezinha”, um “resfriadinho”. São posturas irresponsáveis, muito semelhantes à adotada pelo prefeito de Nápoles, na Itália. O resultado foi o aumento vertiginoso de contaminados. O próprio prefeito de Nápoles foi à imprensa pedir desculpas à população sobre o erro cometido.
Bolsonaro se mostra tão irresponsável e despreparado que através das redes sociais que ousou promover campanha nacional, cujo slogan O Brasil não Pode Parar, para que as pessoas, do grupo de não risco, voltassem ao trabalho. O resultado dessa mente insana foi ocorrência de carreatas de seus adeptos em várias cidades brasileiras.
No domingo, 29 de março de 2020, o fantástico trouxe reportagem mostrando o presidente visitando alguns locais no Distrito Federal, Brasília, atraindo junto a si dezenas, centenas de pessoas. Essa atitude descumpre todas as recomendações do ministério da saúde e de demais organizações de saúde do assunto no mundo inteiro.  
Nos EUA, o Presidente Donald Trump, uma personalidade controvertida e admirada por Jair Bolsonaro, embora com certa relutância no início, tomou todas as atitudes para conter a disseminação do vírus em conformidade as recomendações das OMS. O presidente brasileiro, junto com outros dois, são os únicos estadistas que insistem descumprir decisões das agencias internacionais de saúde para não proliferar o vírus nos seus respectivos países.  Como explicar tal comportamento confuso de um presidente? Talvez a resposta esteja no campo da saúde mental, psicologia ou psiquiatria.
A revista Carta Capital, publicou artigo admitindo que o presidente Bolsonaro esteja acometido por um tipo de patologia cujos profissionais da área classificam como sociopatia. Os sintomas dessa anomalia se verificam a partir do modo egocêntrico de comportamento, da insensibilidade diante da dor alheia, o desejo de criar conflitos e de jamais se sentir culpado por tudo que faz.
Desde que assumiu a presidência, vem tomando posições sempre com a intenção de criar controvérsia, isso pode ser comprovado atualmente quanto a sua relação com os governadores e outras autoridades dos demais poderes. Ele sabe que suas ações equivocadas são compartilhadas por milhares de simpatizantes, que provavelmente convivem com sintomas parecidos. Tem consciência que tanto o STF, o congresso nacional ou as comunidades científicas não irão aprovar suas posições. No entanto, vai usar isso para se justificar junto aos seus apoiadores, mantendo o respaldo que deseja.
O desejo doentio de querer chamar a atenção de todos, ser visto e admirado pelas pessoas é outro sintoma de um sóciopata. Buscar sempre responsabilizar governos anteriores pela atual crise econômica é perceptível toda vez que questionado sobre o assunto. Quando fazemos uma reflexão historiográfica, percebemos que no passado alguns estadistas que protagonizaram a dizimação de milhões de vidas, Adolfo Hitler, Benito Mussolini, Francisco Franco, entre outros, apresentavam sintomas parecidos a do atual presidente. Um bom filme para esclarecer melhor essa patologia que acometeu autoridades no passado e no presente foi produzido pelo diretor italiano Pier Paulo Pazolini, com o título Salò, 120 Dias de Sodoma.  
O maior receio será como uma pessoa que apresenta tais patologias agirá quando, por ventura, tiver o cargo ameaçado. Por ser um ex-capitão do exército e ter nos quadros do primeiro e segundo escalão do governo, militares de diversas patentes, inclusive generais, é claro que tenderá a resistir à força a perda do posto.   Quem achava que depois das críticas advindas das agencias de saúde, entidades científicas e expressiva parcela da população, pela atitude irresponsável de ter saído à rua no domingo contrariando todas as recomendações, reconhecesse o erro e pediria desculpas à população, enganou-se.
Além de não reconhecer o erro, continuou insistindo admitindo que todas as medidas tomadas são extremas e gerarão um caos na economia, que levarão à morte mais pessoas de fome que contaminadas pelo vírus. Na saída do palácio da alvorada, no dia 31 de março de 2020, um aglomerado de apoiadores recepcionou o presidente com palmas e gritos histéricos de apoio ao modo como vem governando. Mais uma vez procurou humilhar os profissionais da imprensa que estavam presentes.
Quando perguntado sobro o 31 de março, data relativa ao golpe militar de 1964 foi enfático em afirmar que a ação foi necessária, pois o Brasil passou a respirar a democracia. É consenso de todos, exceto daqueles que acreditam que a terra é plana, que o regime militar produziu centenas de mortes e desaparecidos.  Não bastasse a insensatez do presidente, o vice- presidente comungou do mesmo raciocínio, parabenizando a data. A ação dos militares foi importante e necessário, pois restabeleceu a ordem social e a democracia, disse.  
Prof. Jairo Cezar