segunda-feira, 28 de agosto de 2017

FEIRA INTERDISCIPLINAR DE CIÊNCIAS DA EEBA, AS FRONTEIRAS ENTRE O TRADICIONAL E O INOVADOR NO CAMPO PEDAGÓGICO


Mesmo com todas as dificuldades que se repetem ano após anos como a falta de recursos financeiros e o excesso de atividades pedagógicas muitas vezes desnecessárias que sobrecarregam os/as professores/as, a feira interdisciplinar de ciência da EEBA vem se consolidando como proposta pedagógica alternativa importante, para a divulgação de trabalhos e projetos inovadores que devem ser valorizados e integrados ao Projeto Político Pedagógico.




Além da oficina de teatro que a cada peça encenada surpreende o público revelando novos talentos nas artes cênicas, nas áreas de língua portuguesa, língua estrangeira, artes, biologia, geografia, entre outras, os trabalhos apresentados cativaram o público infantil, adolescente e adulto, que transitaram pelas salas e corredores do educandário durante o período matutino e vespertino da quinta feira 23 de agosto de 2017.



Do mesmo modo como se sucedeu no ano anterior, 2016, o projeto, agora modificado com o título Escola Sustentável, também ocupou uma das salas da escola, onde foram sistematizadas todas as ações e resultados dos trabalhos no segundo ano de vigência. A mudança de nome do projeto se deu pelo fato de ter sido inserida na proposta original o tema água, ficando, portanto, assim denominado o lema: “Praticas Simples que auxiliam na Contenção dos Desperdícios de Energia Elétrica e Água na EEBA.  



Banners contendo imagens das viagens de estudos; cartazes com informações sobre reciclagem; lixeiras seletivas; demonstrações sobre os tipos de lâmpadas; placa fotovoltaica e vídeos informativos acerca do uso correto de equipamentos elétricos foram exibidos ao público. O objetivo das feiras interdisciplinares é compartilhar com o publico as iniciativas e as criatividades dos/as estudantes. Infelizmente as experiências obtidas nas feiras interdisciplinares ainda se constituem como atos isolados no cotidiano das escolas públicas. Pesquisar, promover viagens de estudos, elaborar relatórios, trabalhos interdisciplinares envolvendo professores e estudantes, ainda não são regras e sim exceções nas escolas públicas brasileiras.




Os países que apresentam os melhores índices de desenvolvimento educacional tem as suas escolas e metodologias ajustadas para estimular e despertar a capacidade criativa do público estudantil. No Brasil, com raras exceções, tais práticas transformadoras ocorrem uma vez por ano, e muitos casos com forte resistência do corpo docente alegando falta de tempo ou dificuldade de associar os temas abordados às ações concretas. Nosso modelo de ensino está muito distante de romper com tradicionalismo, o tecnicismo pedagógico, basta observar os mecanismos de avaliações adotados pelas escolas e em escala federal para acessar as fases subseqüentes e as universidades.




No entanto se debruçarmos sobre as legislações educacionais em vigor como os Planos Nacionais, estaduais e municipais de ensino e a própria LDB, ambos apresentam inúmeras prerrogativas que asseguram autonomia das escolas no desenvolvimento dos seus programas de ensino incluindo o próprio modo de avaliação. Em se tratando de Santa Catarina, a Proposta Curricular aprovada em 2014 estabelece um conjunto de princípios onde direciona as escolas à desconstrução sistemática do atual modelo de ensino. Contudo, a proposta curricular se choca frontalmente com um sistema de gestão pública ultrapassado, retrógrado, dominador, repressor, e escolas depredadas, sem autonomia, sem dinheiro, nem mesmo para promover pequenos reparos e a realização de atividades extraclasses, como feiras educativas. 



As feiras interdisciplinares, entretanto, são um bom exemplo de como deveria funcionar a educação brasileira. O gosto pela pesquisa, experiências, a construção de maquetes, cartazes, vídeos, entre outras atividades, ativam a sensibilidade, a criatividade e toda gama de múltiplos estímulos cerebrais. Para corroborar, podemos citar como exemplo o grupo de 28 estudantes que atua diretamente no projeto Escola Sustentável. Desde o momento que integraram ao projeto, participando de reuniões ordinárias e atividades de campo, as mudanças de atitudes são perceptíveis em cada um.



O público que esteve presente na sala onde estiveram reunidos os coordenadores e os integrantes do projeto sustentabilidade acompanhou as inúmeras explicações deve ter avaliado a magnitude do projeto e a sua repercussão. São ações muito simples que poderão fazer parte do cotidiano de cada um, como apagar a luz, desligar a torneira, reciclar o lixo, entre outras tantas atitudes que tornam o dia a dia das pessoas mais agradável e um planeta mais saudável.  O fato é que o projeto escola sustentável, a cada dia vem assumindo funções e desafios imensuráveis. Se hoje são 28 estudantes de um total de quase 800 matriculados e quase cem trabalhadores, entre professores e demais servidores, a expectativa é que em pouco tempo todos estejam engajados e compartilhando com o mesmo propósito.



Trabalhar conceitos de sustentabilidade é um processo difícil e desafiador, pior ainda quando estamos inseridos numa cultura onde por séculos se trabalhou a crença do uso ilimitado dos recursos naturais. Do mesmo modo que se construíram hábitos do desperdício, se torna um tanto difícil desconstruí-lo. Se diariamente escovamos os dentes, lavamos as mãos, tomamos banho, etc., isso já faz parte da nossa rotina, são hábitos quase que inconscientes. Jogar lixo na lixeira, reciclar o lixo, desligar as lâmpadas, gastar o mínimo de água, etc., devem se constituir como prioridades das nossas vidas. Não mais apenas por querer uma melhor qualidade de vida, mas por necessidade, pela sobrevivência do planeta.
Prof. Jairo Cezar 










































    

         



quinta-feira, 17 de agosto de 2017

PARA ENTENDER A ABSURDA LEI APROVADA NA CÂMARA DE VEREADORES QUE TRATA SOBRE A GESTÃO DAS PRAIAS URBANAS DO MUNICÍPIO DE ARARANGUÁ


Há poucos dias, em 02 de agosto de 2017, a câmara de vereadores de Araranguá aprovou projeto de lei que trata sobre a Gestão das Praias Urbanas do Município, atendendo a portaria 113, de 12 de julho de 2017, do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. O que causa estranheza foi a rapidez na tramitação do processo, sem que fosse ao menos discutido com o grupo do Comitê Gestor do Projeto Orla, constituído por decreto do executivo municipal.  É de admirar que muitos dos vereadores reeleitos da atual gestão, que aprovaram a lei, talvez tenham participado de uma ou duas reuniões, durante os quase três anos de reuniões e discussões sobre o projeto orla no Balneário Morro dos Conventos.
 Desde o começo dos encontros, os/as delegados/as do projeto orla e o grupo gestor dedicaram horas, semanas, meses do seu tempo, para construir um plano que fosse no mínimo condigno para o desenvolvimento sustentável dos balneários, sem ameaçar o equilíbrio dos frágeis ecossistemas locais. Quando se pensou que o texto final do projeto, quando adentrasse a câmara de vereadores, os legisladores respeitassem a decisão da sociedade, inserido as proposições no plano diretor sem qualquer alteração ou emenda, veio a surpresa.
 A poucas horas da sessão extraordinária na câmara para a discussão e aprovação do plano diretor, contendo cláusulas relativas ao projeto orla, saiu a informação de que algumas emendas aditivas de última hora estavam sendo elaboradas para modificar pontos já aprovados em assembléia do projeto orla. Como incluir emendas, sem antes discutir com os integrantes do projeto Orla, que, voluntariamente, doaram longas horas do seu tempo para em prol do município de Araranguá?
Para muitos/as delegados/as do projeto orla, a atitude dos vereadores que mediaram tais “manobras” de bastidores, soava como um golpe contra os princípios da democracia. Todos que integraram o orla sabiam que embora o relatório conclusivo do documento não tenha sido o desejado, foi o que se pode construir depois de muitas negociações. O texto, por sua vez, estabelece planos de ações de curto, médio e longo prazo, dentre os quais a gestão da própria orla, praia, dos balneários.
Se for realizada enquete na câmara de vereadores e perguntar aos vereadores eleitos e reeleitos se ambos conhecem na integra os dispositivos elencados nas oficinas e nas dezenas de reuniões e que estão inseridas no relatório do orla, talvez um ou dois diriam que sim.  Um ou dois, talvez mais legisladores, devem saber que o projeto orla, mesmo concluído os debates e as oficinas, deve seguir um rito em conformidade com as normas que o rege. Dentre os itens obrigatórios está a formação do comitê gestor que atuará na execução das metas e estratégias, de curto, médio e longo prazo, elaboradas.
Com a aprovação na câmara do texto de adesão do município ao plano de gestão das praias urbanas, conforme a portaria 113 do Ministério do Planejamento, o que mais se ouviu falar no município nos dias seguintes à aprovação foi de que com a proposta promoverá o desenvolvimento do balneário, com impulsão do turismo. Quanta hipocrisia, desconhecimento desses que representam o povo de Araranguá. Há quantos anos os balneários que integram o município, Ilhas, Morro Agudo, Barra Velha e Morro dos Conventos, vem sofrendo o abandono das autoridades. É só ir até o morro dos conventos e observar em loco a realidade. Quando em impostos o município arrecada da comunidade e quanto é revertido em melhorias para o balneário?  
Ilhas e Morro agudo, barra velha, são comunidades quase desconhecidos pela população. Aprovado o projeto sobre a adesão da gestão das praias urbanas, inúmeras foram as reportagens publicadas nos jornais de circulação do município, ambos ressaltando o grande feito do legislativo e suas preocupações com o meio ambiente, o turismo e o desenvolvimento das comunidades que integram a orla. No entanto, o que causou mais estarrecimento foi uma entrevista ocorrida em uma das rádios do município de Araranguá, onde o apresentador justificou as ações dos órgãos federais, Tribunal Federal e MPF, que decidiram pelo bloqueio da orla para o trânsito de veículos não oficiais, às constantes denúncias encaminhadas àqueles órgãos.
A priori, se não havia infração ou algum outro tipo de irregularidade, as denúncias não teriam surtido nenhum efeito significativo. Não é mesmo? Se a 4ª Regional do Tribunal de Justiça de Porto Alegre despachou liminar decretando o fechamento definitivo da orla, isso não se deu de forma aleatória, extemporânea, de ambas as instâncias. Também dizer que os integrantes dos respectivos órgãos federais “ficam dentro dos seus escritórios, com ar condicionado, simplesmente despachando, talvez nem saber onde fica a barra” é também um argumento pobre, rasteiro e de certo modo calunioso do apresentador, que além de desconhecer os fatos, afronta a honra de profissionais que atuam em defesa dos frágeis ecossistemas costeiros.
Para refrescar a memória do apresentador, desde 2012, o órgão federal, MPF, vem insistentemente recomendando que o município tome providências para cuidar de suas praias, coibirem os abusos na orla, dunas, restingas e ocupações irregulares, muitas das quais com o consentimento do órgão ambiental municipal. A primeira visita do Ministério Público Federal ao Balneário Morro dos Conventos ocorreu em outubro de 2012, quando a procuradora da república, Drª Rafaela, acompanhada pelo geólogo do órgão federal, MPE, FAMA, OSCIP PRESERV’AÇÃO, IMPRENSA E MORADORES LOCAIS, realizaram inspeção em toda orla.
 No instante da inspeção a procuradora determinou que o órgão ambiental municipal, FAMA, lavrasse o embargo de construções indevidas em APP na parte baixa do balneário Morro dos Conventos. Um ano depois da primeira inspeção realizada no balneário, em 01 de agosto de 2013, outra vez a MPF acompanhado pelo comando da polícia ambiental fizeram nova vistoria, para conferir se as recomendações elencadas haviam sido compridas. Como encaminhamento, a procuradora agendou, para o mesmo ano, a realização de audiência na sede do MPF, Criciúma, para discutir uma solução negociável para o Balneário.
 Participaram da audiência, representantes da AMOCO, PROCURADORIA DO MUNICIPIO, POLICIA AMBIENTAL, COMANDO DA POLÍCIA MILITAR, FAMA E OSCIP PRESERV’AÇÃO. A procuradora federal justificou que a forte atuação do órgão federal no Morro dos Conventos está sendo motivado pela inoperância do poder público municipal que vem se isentando de suas obrigações como órgão gestor e fiscalizador. O MPF questionou o procurador do município se havia algum plano de gestão da orla, especialmente sobre uso turístico da barra para apresentar.
Como não foi apresentado qualquer plano alternativo, a procuradora federal propôs que a própria comunidade tomasse a iniciativa de explorar a orla turisticamente, elaborando um sistema de transporte coletivo para transportar turistas à barra. Também nesse mesmo ano, em outubro de 2013, houve audiência no quartel da Polícia Militar de Araranguá, com a presença de representantes da Prefeitura, Fama e Oscip Preserv’Ação, para discutir o trânsito de na orla. Segundo o comandante da polícia, a orla do balneário não é considerada via pública, portanto, não é permitido o transito de veículos. Para que o comando da polícia pudesse atuar, seria necessária a fixação de placas informativas na orla, seguindo os mesmos moldes adotados em via pública. Essas ações justificariam a atuação da polícia.
Transcorreu um ano e os problemas permaneceram sem que o município cumprisse as determinações do órgão federal. Com o esgotamento de prazos previsto, para assegurar a integridade física dos freqüentadores da orla e preservação do ambiente, o Tribunal de Justiça de Porto Alegre decidiu pelo fechamento definitivo da orla. Então, como alguém pode afirmar que o Ministério Público Federal somente despacha liminares, resoluções, sem conhecer o objeto de suas ações? Outra prova do desconhecimento dos temas abordados pelos entrevistados foi quando argumentaram sobre as modalidades das unidades de conservação dos balneários.
O representante do Coma, em nenhum momento informou que no final de 2016, três decretos foram assinados pelo executivo, criando o MONA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO MORRO DOS CONENTOS; APA – MORRO DOS CONVENTOS, MORRO AGUDO E ILHAS E  RESEX EM ILHAS. Citou apenas a APA, que segundo ele não vai estar necessariamente inserida no projeto Orla. Como não vai estar? Ele deveria ter clarificado ao publico que é função agora do Comitê Gestor do Projeto Orla, o compromisso de adequar as três modalidades de preservação ao Projeto Orla.
Na área urbanizada da orla do Morro dos Conventos, além de fazer parte da APA, se constituiu em uma MONA (Monumento Natural Morro dos Conventos), ou seja, uma Unidade de Conservação com normatizações próprias. Deve se ressaltar que com o decreto, que já está valendo, o comitê terá que inserir o MONA-UC (representado no mapa abaixo pela cor laranja) no orla, respeitando as leis que disciplinam sua gestão, como as zonas de amortecimento. Vê no mapa que quase toda orla, até a barra do rio Araranguá, está integrada a Unidade de Conservação. Não serão o SPU e muito menos o MPF, os órgãos que decidirão como deverá ser gestado esse programa, e sim o comitê gestor do projeto orla em conjunto com toda a sociedade civil organizada, poder público e demais entidades afins.
     Outro detalhe importante. A reunião que foi agenda para o dia 23 de agosto de 2017, com o COAMA, para tratar sobre a portaria 113, deveria ser de direito com o Comitê do Orla, pois são os que mais apresentam condições para debater o assunto, pelo vasto conhecimento das peculiaridades relativas ao Morro dos Conventos. A pargunta que não quer calar é: por que razão que em nenhum momento o legislativo e muito menos o executivo se predispôs em realizar encontro com o comitê do projeto orla para discorrer sobre a portaria 113?
Por que cargas d’água, também querer aprovar com tanta urgência uma lei sobre um tema complexo, sem conhecer a fundo o seu teor e suas implicâncias para o município? Será que agora, com uma portaria que impõe ao o município tantas exigências, todas as cláusulas serão cumpridas? Observe o absurdo: a câmara aprova uma lei relativa a uma portaria sobre praia urbana, onde o próprio presidente da casa informou que irá à sede do SPU em Florianópolis para entender melhor a lei. O correto não seria primeiro ir à Capital, tirar todas as dúvidas acerca da proposta, retornar, reunir as entidades, Comitê Gestor Projeto Orla, Coama, Câmara de Vereadores, Poder executivo, Ongs e Oscips, etc, e discutir a proposta, verificar a sua viabilidade?
Mais uma vez, como integrante de uma organização ambiental, delegado do projeto e do atual comitê gestor do orla, venho por meio deste lançar meu repúdio, minha indignação, a forma desrespeitosa dos poderes constituídos municipais, legislativo e executivo, com os delegados do comitê gestor, que não foram em nenhum momento consultados para opinar acerca da portaria 113 e do projeto de lei que autoriza o município a assumir a gestão das suas parias.  Reitero também meu repúdio aos responsáveis pela elaboração do projeto de lei, que poderiam ao menos ter considerado a Clausula Quarta, inciso I da portaria onde diz que São deveres da União, por intermédio da Secretaria do Patrimônio da União: I - mediante solicitação do Município, garantir-lhe disponibilidade de corpo técnico apto a orientar a elaboração ou atualização do seu respectivo Plano de Gestão Integrada da Orla (PGI). Em nenhum momento o comitê foi procurado ou consultado.
Essa cláusula deixa explícito que qualquer projeto pensado para faixa costeira do município de Araranguá deve, necessariamente, passar primeiro pelo crivo do comitê gestor do Orla, que não ocorreu. É bem provável que no SPU, no momento que receber alguma visita de alguém do executivo ou legislativo, para pedir melhores esclarecimentos sobre a portaria, vai ter como resposta, volte e converse com o comitê gestor do orla, eles possuem as diretrizes de como deve proceder os trâmites.

Prof. Jairo Cezar

sábado, 12 de agosto de 2017

PROJETO ESCOLA SUSTENTÁVEL

VISITA AO MUNICÍPIO DE TREVISO, SUAS BELEZAS NATURAIS CONTRASTANDO COM OS ATIVOS E OS PASSIVOS AMBIENTAIS RESULTANTES DA ATIVIDADE CARBONÍFERA



Há quase dois anos que está sendo executado o projeto escola sustentável vem se consolidando como uma importante iniciativa da EEBA no que tange as práticas permanentes de sensibilização a toda comunidade educacional para a contenção dos desperdícios de energia elétrica e água no referido estabelecimento de ensino. Inúmeras ações já foram realizadas para divulgar o projeto, desde palestras com os pais, estudantes e trabalhadores da educação, feiras e viagens educativas. O envolvimento do curso de Engenharia de Energia da UFSC, representado pelo professor Luciano Alves, e da CELESC, pelo engenheiro e professor Célio Bolan, proporcionaram um impulso importante para a dinamização da proposta.



Com a substituição de lâmpadas convencionais por Led e a fixação de comunicados nas salas de aulas, banheiros, corredores, etc, alertando o público estudantil e o corpo docente sobre o uso correto dos equipamentos elétricos e da água, resultou, nos meses maio e junho de 2017, a redução de quase 50% na conta de luz do educandário. A inclusão da temática água no projeto se deu no início do ano letivo de 2017, alterando desse modo a nomenclatura da proposta original, passando agora se chamar “Projeto Escola Sustentável”.
Atrair o interesse do público jovem e dos professores ao projeto, envolvendo-os nas diferentes atividades e quem sabe até inserir ao currículo formal da escola, temas discorridos, foi decisão tomada pelos coordenadores, que estão se empenhando em convidá-los para encontros periódicos na Biblioteca da EEBA. São cerca de 30 a 40 estudantes que vem se revezando nos encontros, elencando e mediando propostas junto com seus colegas de classe. Como uma das primeiras iniciativas de trabalho para o primeiro semestre de 2017, o grupo elencou como sub-tema “os recursos hídricos da bacia hidrográfica do rio Araranguá, seus problemas e ações encaminhadas”.
Por ser a bacia do rio Araranguá uma das mais degradadas do estado de Santa Catarina por agrotóxico, resíduos de carvão, rejeitos orgânicos, desmatamento, extração de seixos, entre outros, nada melhor iniciativa do que conhecer em loco como tudo acontece, os responsáveis pelos crimes ambientais e as proposições para o combate e recuperação dos passivos ambientais.  O fato é que quase todos os afluentes e subafluentes da bacia do rio Araranguá tem a suas nascentes na base ou topo da serra geral.


Um ou dois km depois das nascentes, a água pura e cristalina que desce das montanhas, com um pH 7.5, de excelente qualidade, começa a receber os primeiros efluentes poluidores, carvão, esgoto, dos quais vão se diluindo com outros componentes químicos como agrotóxicos, até chegar ao seu destino final, a foz do rio Araranguá. Já em solo Araranguaense, o mesmo líquido que brotou das rochas, alcalina, seu índice de acidez atinge picos alarmantes de pH 2.0 a pH 3.0 que é extremamente alto, onde impossibilita a proliferação de qualquer espécie viva.  
Ouvir as explicações dos professores em sala de aula sobre tais questões relativas à água é uma coisa, mas ver, tocar, cheirar, sentir, tudo ao vivo é, com certeza, outra sensação que jamais se esquecerá. Das propostas de municípios sugeridas para a concretização dessa etapa do projeto, um dos coordenadores do projeto escolheu Treviso, por conhecê-lo e ter familiarização com lideranças locais ligadas as causas ambientais. O município de Treviso está situado a cerca de 70 km de Araranguá, próximo a Siderópolis, onde também está integrada a bacia carbonífera de Criciúma.
O município escolhido também poderá oferecer ao grupo, além de cenários encantadores, quase que paradisíacos, outras sensações nem tão encantadoras assim. Depois de quase duas semanas de preparação, finalmente no dia dez de agosto de 2017, o grupo composto por 28 estudantes e seis professores, se deslocaram para o respectivo município, repletos de expectativas. Ao chegar a Treviso, o grupo foi recepcionado pelo cidadão Mario Maneli, que é ambientalista, membro do comitê da bacia do rio Araranguá e integrante da associação de moradores do rio Morosini, comunidade histórica ocupada por imigrantes italianos a partir de 1891. 



O ambientalista Mario Maneli há muitos anos vem se empenhando na luta em defesa dos mananciais hídricos do município e região, especialmente os subterrâneos, densamente ameaçados pela atividade carbonífera. Do restaurante “Point 37”, de sua propriedade, o ambientalista Mario acompanhou o grupo a uma pequena comunidade ao pé da serra, onde residem cerca de 6 famílias ou 15 pessoas. No trajeto, o respectivo guia foi mostrando aos estudantes algumas companhias carboníferas instaladas às margens da rodovia e os problemas ambientais oriundos do beneficiamento do carvão mineral.


Na chegada à comunidade, o grupo se encantou com infinita beleza, o contraste dos imensos penhascos da serra com a luz do sol e a vegetação do paredão. Na pequena comunidade, um pequeno balneário foi edificado, aproveitando a geografia do local e a pureza da água que desce a cachoeira. Acredita-se que possivelmente nenhum dos integrantes do grupo presente no local já tivesse experimentado sensação igual nas suas vidas. O empreendedorismo do proprietário do balneário é de se surpreender. Para atrair turistas ou visitantes ao balneário, está construiu uma infraestrutura para assegurar melhor mobilidade e segurança às pessoas.







Uma singela igrejinha católica também foi edificada na comunidade, bem ao estilo das primeiras capelinhas, construídas pelos imigrantes italianos. Para dar mais opção ao visitante, que com certeza já se bastariam com as cachoeiras e o visual da serra, o proprietário foi mais longe, erguendo uma réplica de residência no estilo dos primeiros colonos italianos, transformando-a em museu. No interior da residência estão reunidos imagens, objetos, utensílios, etc, das primeiras famílias que ocuparam a comunidade.






Depois de quase uma hora na comunidade, o grupo retornou, fazendo algumas paradas pelo caminho para analisar em loco os problemas oriundos do carvão mineral.  A primeira parada foi diante de uma área, onde uma empresa mineradora estava depositando resíduos de carvão no solo e cobrindo-o com terra. É um processo muito comum na região, que é adotado pelas empresas que atuam na extração e beneficiamento de carvão. Entretanto, segundo o ambientalista, esse procedimento é totalmente irregular pelo fato da barreira estar situada em APP (Área de Preservação Permanente), ou seja, dentro dos limites dos 50 metros às margens do Rio Mão Luzia, que deveria ser respeitado.


Mais a frente, outra parada. Próxima estrada havia um córrego que conduzia água contaminada por resíduo de carvão, do aterro, até um motor que bombeava a água para o alto da barreira, que seria outra vez tratada e reconduzida ao rio. O que chamou atenção de todos foi que ao lado da bomba, havia um canal, cuja água contaminada, não bombeada, escorria para um canal, remetendo-a para o leito do Rio Mão Luzia. Comprovava-se ali a prática de crime ambiental.






Propôs o ambientalista Mario, que a coordenação do Projeto Escola Sustentável, encaminhe também denúncia crime junto a FATMA (Fundação Ambiental Tecnológica do Meio Ambiente), solicitando intervenção junto aos proprietários da empresa mineradora para que repare o dano ambiental causando pela empresa mineradora responsável.  Um pouco mais a frente, outra parada, onde dezenas de máquinas e operários atuavam na recuperação de uma área degrada pela empresa carbonífera Trevoso, que decretou falência há algum tempo.


No entanto, segundo opinião do Superintendente da Fundação Ambiental de Treviso que acompanhava os trabalhos no local, o mesmo informou que no momento que uma empresa mineradora quebra a responsabilidade pela recuperação do passivo ambiental fica sob a responsabilidade do Estado, sendo o Ministério Publico Estadual e o órgão ambiental estadual seus fiscalizadores. Todo o investimento para a recuperação do passivo é oriundo do próprio Estado, ou seja, de todo o povo catarinense, esclareceu o servido público de Treviso.


Vários questionamentos foram feitos ao representante da fundação ambiental de Treviso e ao responsável pela execução do reparo do passivo ambiental. A primeira questão se referiu aos crimes ambientais praticados pelas empresas a montante do rio mão Luzia, se o mesmo tinha conhecimento? Informou que não é de sua responsabilidade à fiscalização e sim da FATMA, que é o órgão encarregado pelos licenciamentos e fiscalização. Argumentou que é necessário conciliar desenvolvimento com preservação ambiental. No entanto, há situações em que é necessário ter “bom senso”, pois são centenas de empregos diretos e indiretos assegurados por tais empresas do carvão, que medidas mais restritivas poderiam comprometer o trabalho dessas pessoas.
Depois do almoço, por volta da 13h30min o grupo partiu para a comunidade histórica do Rio Morosini, onde conheceria uma pousada, cujo proprietário adotou técnicas avançadas, sustentáveis e de baixo custo para edificação dos chalés. Antes de conhecer os chalés, os estudantes e os professores subiram a pé um morro onde foram conhecer uma adutora de água, construída no alto do morro pela própria associação de moradores. Próxima a adutora, existe um lago artificial com água pura. Esse imenso buraco foi escavado no passado para extrair o carvão na superfície do solo.



Mario informou que atualmente o município de Treviso, especialmente os moradores da comunidade de Rio Marosini, entre outras, vivem o pesadelo de terem suas fontes de água comprometidas com as mineradoras que insistem em querer explorar o subsolo da região. Explicou o guia que existe no subsolo uma grande rocha cuja água escorre sobre ela, que é a mesma água que brota sobre o solo e abastece os mananciais. As mineradoras no momento que vão extrair o carvão usam explosivo, dinamite. Com a explosão, a rocha que segura à água, sofre fraturas, e o resultado é o rebaixamento dos lençóis freáticos. Isso é terrível, catastrófico para o ambiente, disse Mario. 



  
    
Retornando às cabanas, o que se constatou foi que para oferecer o máximo de conforto e o mínimo possível de impacto ambiental, os moveis e utensílios das cabanas foram construídos com madeiras recicláveis. O telhado, no lugar de telhas de barro ou outro material sintético, foram cobertas por sapatas de grama, que tornou o ambiente interno dos chalés ou cabanas, mais arejados. O que fazer com os rejeitos do esgoto do banheiro e da cozinha para não contaminar o lençol freático e as águas superficiais que escorrem por valas de cima do morro. A estratégia adotada foi construir um sistema de esgotamento totalmente sustentável para o reaproveitamento da matéria orgânica na fertilização das plantas, sem contaminar o ecossistema local. Essa técnica de reutilização da água, o próprio Mario adotou no seu restaurante, onde fez algumas demonstrações, mostrando a eficiência desse sistema aos professores.






O grupo ficou encantado quando o mesmo retirou de um tanque água quase transparente em um copo. Disse que os níveis de impureza eram quase zero. Segundo ele, para que a referida água possa ser consumida, basta somente aplicar cloro e está pronta. Nas cabanas os procedimentos em relação aos esgotos são os mesmos. Segundo Mario, nas pequenas comunidades, os proprietários poderiam adotar esse sistema de tratamento dos efluentes orgânicos, alem de ser extremamente barato, sua eficiência e extraordinária.




Enfim, todos estavam esperando para o desafio final, ou seja, o empolgante passeio pelas trilhas até as cachoeiras de um rio. Foram quase duas horas de caminhadas, ficando de fora 4 ou 5, que se recusaram em participar por já estavam bastante exaustos. Subindo por uma estrada pavimentada com pedras de cachoeira, tendo as margens recobertas com eucaliptos, floresta nativa e um bananal, o grupo chegou finalmente ao local decisivo, onde somente “os fortes conseguiriam”, a difícil descida de um morro íngreme, repleto de obstáculos e tendo abaixo um rio. Foi um trecho extremamente extenuante para alguns estudantes e professores. No entanto, todas as dificuldades vividas no trajeto foram compensadas diante de tanta beleza vista nas enormes paredes que margeavam o rio.

















Caminhar sobre as pedras no leito do rio, que continha pouca água devido a longa estiagem dos últimos meses, ter de subir uma difícil  parede de pedra lisa, foram realmente momentos desafiantes. É claro que a empreitada não teria tido sucesso, se não houvesse o emprenho de todos, que de uma forma ou de outra se mostraram camaradas, auxiliando aqueles que mostravam mais dificuldade na caminhada. Chegando a cachoeira, se notava nos semblantes de todos a satisfação de estar ali e de ter superado todos os desafios. Mesmo com todo o frio que aparentava estar a água da cachoeira, alguns estudantes, os mais ousados, não resistiram e arriscaram banhar-se num pequeno fosso esculpido pela água que caía da cachoeira.    

Prof. Jairo Cezar