DIA
MUNDIA DA ÁGUA: AINDA ESTAMOS LONGE DE COMEMORAR
Em
2016 a EEB de Araranguá iniciou o projeto escola sustentável com o objetivo de
envolver a comunidade escolar em práticas ambientais sustentáveis de energia
elétrica e água. Inúmeras atividades, palestras, oficinas e saídas de campo
foram promovidas nos três anos de duração do projeto. Além visitar uma das
nascentes do rio Araranguá, os estudantes da escola conheceram as duas
principais estações de tratamento e distribuição de água para o município de
Araranguá.
Conheceram
o complexo processo de captação e tratamento, bem como o montante de água
consumido pela população. O que mais chamou a atenção dos estudantes no relato
de um dos técnicos da companhia de abastecimento de município foi quando confessou
que mais da metade dá água que é distribuída, é desperdiçada. A perda de água
ocorre, ou por vazamento ou por uso inadequado, ou seja, além do necessário. Por
que razão procurei trazer tal experiência da EEBA para o atual momento, 23 de
março de 2021?
A
resposta se deve ao dia de ontem, 22 de março, comemorada no mundo inteiro como
dia mundial da água. É sabido e não é de hoje, que pouco se tem o que comemorar
nesse dia acerca do precioso líquido. Todo ano no mundo inteiro a quantidade de
água disponível para o consumo humano vem reduzindo progressivamente. As mudanças
climáticas estão influenciando no fluxo pluviométrico de muitas regiões. Ano após
ano a quantidade de chuvas não está sendo suficiente para a reposição dos
mananciais e aqüíferos.
Outro
agravante é a poluição. Muitos rios se transformam em depósito de esgoto e
outros tantos rejeitos. O Brasil, mesmo sendo um dos países com maior concentração
hídrica planetária, a falta de água já é uma realidade em regiões como Manaus,
cortada pelo rio amazonas, o maio do mundo em volume de água doce. Santa
Catarina, quem diria, possui três bacias hidrográficas que juntas a de outros
estados estão no topo das mais poluídas.
São
elas, as bacias hidrográficas dos rios Tubarão, Urussanga e Araranguá. O
carvão mineral foi e continua sendo um dos principais vetores desse quadro
desolador que ainda assombra as três bacias. Agrotóxicos, esgotamentos
sanitários, desmatamento, manejo equivocado do solo, são outros fatores que
estão comprometendo com a qualidade e quantidade de água disponível. A agricultura
e a indústria são hoje os segmentos que mais tem demanda por água.
O
extremo sul de Santa Catarina se destaca pela rizicultura irrigada. A cada ano,
o comitê da bacia do rio Araranguá tem aumentado sua participação em ações de
apaziguamento de conflitos decorrentes pelo uso da água. É inacreditável, mas já acontece no extremo
sul de Santa Catarina. Muitos municípios, a exemplo de Turvo, frequentemente
tem o seu abastecimento comprometido pela escassez de água. Em várias
oportunidades o município chegou ao extremo de recorrer a caminhões pipas para o
abastecimento dos reservatórios.
É
inacreditável, mas a região é uma das que mais chove no Brasil. O fato é que
associada as praticas agrícolas equivocadas, desmatamento, etc, toda essa água
precipitada rapidamente é escoada no oceano. O município de Araranguá,
distintivamente dos demais municípios que integram a bacia do rio Araranguá é
agraciado pela natureza por tantos mananciais de água doce em seu território. Infelizmente os governos que se sucedem no município
acreditavam e acreditam que o problema do abastecimento comum na AMESC jamais
ocorrerá aqui.
Nos
planos para o desenvolvimento do município o que mais se observa são medidas
visando à expansão econômica. Estimular o crescimento demográfico é um deles. No
entanto, nesse debate o tema água e a sua disponibilidade pouco espaço é dado
nos encontros. Tem-se a equivocada sensação de que nossos recursos hídricos são
inesgotáveis. Problemas ambientais e maior demanda por água já dão sinais da
necessidade de maior atenção quanto aos cuidados no manejo desse precioso e
finito líquido.
Bem
no dia alusivo ao Dia Mundial da Água, o município de Araranguá dá um mau
exemplo sobre o tema, que não deve ser seguido por ninguém. Por três dias um vazamento
em uma tubulação na rua geral Canjiquinha lançou à natureza milhares de litros
de água tratada. Se água fosse prioridade da administração ou das
administrações passadas, rapidamente o problema seria sanado. Talvez precisemos
passar por uma grave crise hídrica para nos tocarmos do quão importante é
cuidar dos nossos mananciais e valorizar cada gota de água.
Prof.
Jairo Cesa