segunda-feira, 22 de março de 2021

 

DIA MUNDIA DA ÁGUA: AINDA ESTAMOS LONGE DE COMEMORAR

Em 2016 a EEB de Araranguá iniciou o projeto escola sustentável com o objetivo de envolver a comunidade escolar em práticas ambientais sustentáveis de energia elétrica e água. Inúmeras atividades, palestras, oficinas e saídas de campo foram promovidas nos três anos de duração do projeto. Além visitar uma das nascentes do rio Araranguá, os estudantes da escola conheceram as duas principais estações de tratamento e distribuição de água para o município de Araranguá.

Conheceram o complexo processo de captação e tratamento, bem como o montante de água consumido pela população. O que mais chamou a atenção dos estudantes no relato de um dos técnicos da companhia de abastecimento de município foi quando confessou que mais da metade dá água que é distribuída, é desperdiçada. A perda de água ocorre, ou por vazamento ou por uso inadequado, ou seja, além do necessário. Por que razão procurei trazer tal experiência da EEBA para o atual momento, 23 de março de 2021?

A resposta se deve ao dia de ontem, 22 de março, comemorada no mundo inteiro como dia mundial da água. É sabido e não é de hoje, que pouco se tem o que comemorar nesse dia acerca do precioso líquido. Todo ano no mundo inteiro a quantidade de água disponível para o consumo humano vem reduzindo progressivamente. As mudanças climáticas estão influenciando no fluxo pluviométrico de muitas regiões. Ano após ano a quantidade de chuvas não está sendo suficiente para a reposição dos mananciais e aqüíferos.

Outro agravante é a poluição. Muitos rios se transformam em depósito de esgoto e outros tantos rejeitos. O Brasil, mesmo sendo um dos países com maior concentração hídrica planetária, a falta de água já é uma realidade em regiões como Manaus, cortada pelo rio amazonas, o maio do mundo em volume de água doce. Santa Catarina, quem diria, possui três bacias hidrográficas que juntas a de outros estados estão no topo das mais poluídas.

São elas, as bacias hidrográficas dos rios Tubarão, Urussanga e Araranguá.   O carvão mineral foi e continua sendo um dos principais vetores desse quadro desolador que ainda assombra as três bacias. Agrotóxicos, esgotamentos sanitários, desmatamento, manejo equivocado do solo, são outros fatores que estão comprometendo com a qualidade e quantidade de água disponível. A agricultura e a indústria são hoje os segmentos que mais tem demanda por água.

O extremo sul de Santa Catarina se destaca pela rizicultura irrigada. A cada ano, o comitê da bacia do rio Araranguá tem aumentado sua participação em ações de apaziguamento de conflitos decorrentes pelo uso da água.  É inacreditável, mas já acontece no extremo sul de Santa Catarina. Muitos municípios, a exemplo de Turvo, frequentemente tem o seu abastecimento comprometido pela escassez de água. Em várias oportunidades o município chegou ao extremo de recorrer a caminhões pipas para o abastecimento dos reservatórios.

É inacreditável, mas a região é uma das que mais chove no Brasil. O fato é que associada as praticas agrícolas equivocadas, desmatamento, etc, toda essa água precipitada rapidamente é escoada no oceano. O município de Araranguá, distintivamente dos demais municípios que integram a bacia do rio Araranguá é agraciado pela natureza por tantos mananciais de água doce em seu território.  Infelizmente os governos que se sucedem no município acreditavam e acreditam que o problema do abastecimento comum na AMESC jamais ocorrerá aqui.

Nos planos para o desenvolvimento do município o que mais se observa são medidas visando à expansão econômica. Estimular o crescimento demográfico é um deles. No entanto, nesse debate o tema água e a sua disponibilidade pouco espaço é dado nos encontros. Tem-se a equivocada sensação de que nossos recursos hídricos são inesgotáveis. Problemas ambientais e maior demanda por água já dão sinais da necessidade de maior atenção quanto aos cuidados no manejo desse precioso e finito líquido.

Bem no dia alusivo ao Dia Mundial da Água, o município de Araranguá dá um mau exemplo sobre o tema, que não deve ser seguido por ninguém. Por três dias um vazamento em uma tubulação na rua geral Canjiquinha lançou à natureza milhares de litros de água tratada. Se água fosse prioridade da administração ou das administrações passadas, rapidamente o problema seria sanado. Talvez precisemos passar por uma grave crise hídrica para nos tocarmos do quão importante é cuidar dos nossos mananciais e valorizar cada gota de água.

Prof. Jairo Cesa                

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