sábado, 26 de janeiro de 2013


Um pedaço do Brasil visto pela ótica de quatro cidadãos(ãs) sul catarinenses: Br.101, Araranguá/SC – Natal/RN

Poucas são as pessoas que se aventuraram em conhecer o Brasil de ponta a ponta embarcados em um automóvel ou outros meios de transportes, exceto avião que atinge apenas as capitais e cidades importantes. É ousadia de qualquer um que seja acreditar que tenha havido indivíduos que tenha conseguido trilhar cada estrada, cada cidade desse imenso pais com uma área territorial que supera os 9 milhões de quilômetros quadrados. Para alcançar tal êxito seriam necessários meses e quem sabe até anos de estrada. Diante dessas dificuldades, as imagens que muitos tem do Brasil são aquelas transmitidas pela televisão e jornais, cuidadosamente selecionadas de acordo com os interesses de quem a produz.
Com a intenção de conhecer uma pequena fração desse imenso território, no dia 29 de dezembro de 2012, quatro aventureiros do sul de Santa Catarina, iniciaram uma longa jornada que duraria 23 dias e cujo objetivo final era chegar a capital do estado do Ceará, Fortaleza, distante 5 mil quilômetros aproximadamente de Araranguá, cidade onde iniciou a aventura. Depois de ter percorrido 4,5 mil quilômetros de estrada, sempre margeando o litoral pela Br. 101 chegamos a Natal/RN, última cidade visitada, iniciando a partir dali o retorno. A não continuidade da viagem até fortaleza foi em decorrência do cansaço e do pouco dinheiro disponível.
No trajeto entre Araranguá a Rio de Janeiro a rodovia 101 está totalmente duplicada, com exceção a alguns pontos ainda em construção no trecho sul de Santa Catarina. A surpresa foi a existência de uma grande quantidade de pedágios instalados em vários pontos da rodovia, cujos valores cobrados compartilham com as condições das mesmas. Nos trechos com preços menores percebemos certo desleixo quanto a conservação da rodovia. Porém na Via Dutra, ligando a capital de São Paulo à cidade de Rio de Janeiro as condições da rodovia são melhores que as demais, porém o valor do pedágio cobrado nas três praças é superior as demais praças, atingindo dez reais cada uma. No entanto constatamos que este valor, superior as outras praças, é apenas aparente, pois as distâncias das demais praças fora do eixo rio são Paulo são menores, equivalendo a 20km aproximadamente, enquanto que na via Dutra, é de 60 a 70 km entre um pedágio e outro.
Em toda extensão já duplicada da rodovia e conseqüentemente controlada pelas concessionárias foram gastos aproximadamente 200 reais entre ida e volta cuja distância total não atingiu a 1.500 km. A indignação era tamanha quando chegávamos a uma das muitas praças de pedágio e ter que pagar pelo uso da rodovia, sabendo da enormidade de carros que circulavam pela mesma e da enormidade de recursos cobrados pelo governo que seriam suficientes para melhorar todas as rodovias brasileiras. Quando chegamos ao município de Rio Bonito, 50 km de distância da cidade do Rio, sabíamos que a partir daquele trecho até Recife, a rodovia seria em pista única e em péssimas condições de acesso.
A sensação era de que estávamos entrando em outro país esquecido pelas autoridades, pois além da precariedade das estradas, a miséria beirava a rodovia cujas cidades na qual visitamos servia de referência acerca do distanciamento  do estado quanto aos projetos de infra-estrutura básica.
 O cenário da geografia foi mudando gradativamente a medida que íamos nos deslocando. A região que abrange o norte do Rio de Janeiro, todo o litoral do Espírito Santo e sul da Bahia a cultura do café expõe seu traço econômico dominante, porém, especialmente no norte do Espírito Santo e sul da Bahia percebemos que essa cultura vem sofrendo os efeitos da estiagem, com exceção a algumas propriedades que adotam o sistema de irrigação.  Também entre os estados do RJ e ES, enormes áreas da mata atlântica estão desmatadas ou queimadas e substituídas por reflorestamento de eucaliptos para abastecer as grandes indústrias de celulose ali existentes. São dezenas, centenas de caminhões bi e tri trens que trafegam diariamente pela 101 agravando ainda mais a trafegabilidade devido aos enormes buracos produzidos pelos mesmos. Um pouco mais a frente, já nos estados de Sergipe e Alagoas o problema são com os caminhões que transportam cana de açúcar para abastecer as usinas de álcool  que além de danificar a rodovia devido ao excesso de peso, transitam sem nenhuma proteção,  lançando sobre a estrada pedaços de cana causando riscos para aqueles que ali transitam. O fato mais grave é que não vimos em nenhum momento do caminho fiscalização policial ou balança de pesagem. 
O problema da estiagem na região saltava aos olhos quando observávamos a paisagem seca e fosca dos campos e especialmente as condições dos rios tanto os pequenos como os considerados importantes entre eles o Rio Doce e o São Francisco cujos níveis de vazão estavam abaixo do limite normal.
Afetados pela longa estiagem, as condições de subsistência da população localizada no interior da região nordeste acredita ser nitidamente piores que aquelas situadas próximas a rodovia que, aproveitando-se do fluxo de veículos que trafegam pela mesma diariamente, principalmente caminhões e carros de passeio,  desenvolvem um comércio paralelo de frutas e produtos artesanais.
Saindo da região cafeeira viajamos uma longa distância até a região de Itabuna/BA cuja rodovia nas duas margens estão as plantações de cacau protegidas por uma floresta ainda preservada. Como em qualquer cidade de médio porte, Itabuna que teve sua origem associada a cultura do Cacau, nos deixou uma impressão negativa quando constatamos que o principal rio que corta a cidade e cujo hotel que hospedamos ficava muito próximo da sua margem, estava também poluído.  O intenso calor da manhã misturado com o odor vindo do leito do rio não tirava o estímulo das pessoas, dezenas delas que faziam suas caminhadas na sua duas margens. O grau de contaminação era tamanho que grande parte de sua extensão estava recoberto por água-pés, planta aquática que dependendo da sua quantidade nos fornece uma noção da intensidade de contaminação da água.
Saindo da região do Cacau um novo cenário nos aguardava, agora bem diferente dos anteriores. Vastas extensões de terras ocupadas por plantações de laranjas nos impressionavam desconstruindo a idéia de que a cultura da laranja não se concentrava somente no interior de São Paulo.   No entanto, era visível aos olhos de todos que a estiagem também afetara tal atividade, pois os laranjais estavam quase que completamente secos. Inúmeras barracas com frutas e  produtos regionais como em outros trechos da rodovia estavam distribuídas as margens da mesma, uma forma talvez de garantir a sobrevivência da população local.
Próximo a capital da Bahia, visitamos duas cidades próximas a Br.101, Cruz das Almas, conhecida nacionalmente pelas brincadeiras com fogos de artifícios durante os festejos juninos e Conceição que nos apavorou quanto a sua condição de higiene, o lixo e o esgoto a céu aberto dava as boas vidas ao visitante. No entanto, seus habitantes  calmamente transitavam por suas ruas sem se incomodarem com o problema, parecendo se conformarem com tudo aquilo.
O trecho mais crítico da Br. 101 foi entre os estados de Sergipe e Alagoas, considerado por muitos moradores da região como um dos mais perigosos em decorrência dos assaltos frequentes. Percebemos trechos que estão sendo duplicados, porém completamente parados, semelhante ao que vinha ocorrendo no trecho sul da Br.101, anos atrás.   A estrada não deixa dúvidas de que é muito arriscado dirigir a noite, pois são enormes crateras que tornam a viagem lenta de tediosa. Pelos buracos e matagal existente, acredita-se que há muito tempo a mesma não recebe manutenção.
Desde o litoral nordeste da Bahia, passando pelos estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba até Rio Grande do Norte, quase toda extensão de terras que margeia a rodovia 101 é ocupada pela cultura da cana de açúcar, cuja atividade como se constatou pela presença das usinas, tem por objetivo a produção de etanol. Deixa claro que a atividade canavieira tem uma grande representatividade na economia desses estados. No entanto, embora o cultivo, transporte e beneficiamento  sejam totalmente mecanizados, sem esquecer que a prática da irrigação é presente em todas as propriedades, quanto a realização do corte os enormes incêndios que eram possível de serem vistos na queima da palha abria uma suspeita de que o corte da mesma continuava manual.                                                        
Dito e feito, em pleno domingo pela manhã, debaixo de um sol escaldante dezenas de trabalhadores uniformizados faziam o corte da cana, um ambiente, como se viu, completamente insalubre. Por que o uso da mão de obra no corte da cana, sabendo que já havia tecnologia suficiente para a realização desse trabalho? Esse foi o questionamento que dominou o ambiente do automóvel durante alguns minutos.  Analisando o problema da estiagem que atinge vasta área da região, a presença de trabalhadores no corte da cana nos deu a certeza de que para o proprietário da fazendo era mais barato o emprego do trabalho manual que o mecanizado.

Na mesma região ocupada por canaviais, em muitos trechos, próximo a rodovia, nos deparamos com acampamentos dos sem terras, cujo estado das residências nos impressionava devido a precariedade. As imagens das favelas divulgadas pela televisão e jornais são verdadeiros palacetes em comparação aos casebres feitos de barro e cobertos de palhas dos acampamentos e assentamentos dos sem terras.  
 Entre as capitais visitadas, Recife nos deu a impressão de ser uma cidade muito semelhante a cidade de São Paulo, com um trânsito inchado de automóveis, um rio que corta a cidade totalmente contaminado e suas praias como a de Boa Viagem dominada por arranha céus e quiosques a beira mar cujos proprietários dominam toda a orla instalando guarda sóis e cadeiras para serem alugadas aos turistas. Constata-se um processo gradativo de privatizando das praias, fato também corriqueiro nas praias do Rio Grande do Norte.
  Em termos de preservação do patrimônio histórico e arquitetônico tanto de recife como de Olinda, percebemos que o descaso do poder público é enorme. Na cidade de Olinda, é visível a depredação das igrejas e demais construções datadas dos séculos XVII e XVIII. Sem contar o impacto que a cidade vem sofrendo diante do crescimento do fluxo de veículos sobre suas ruas e vielas comprometendo a estrutura local. Na cidade de recife não é diferente, são poucas as construções preservadas, muitas das quais transformadas em centros culturais adotadas por organizações financeiras como Banco do Brasil, Caixa Econômica entre outros.   
Antes de chegarmos a capital pernambucana, ficamos um dia em Aracaju. Procuramos conhecer a cidade a pé. Foram quase 12 quilômetros de ida e volta, sob um sol escaldante. Durante o percurso notamos que a cidade tinha passado por melhoramentos a pouco tempo. Nas margens de um mangue na qual transitamos notamos que a calçada e a ciclovia tinham sido construídos ou restauradas recentemente, sendo que ambos faziam ligação ao principal parque da cidade, um local moderno com boa infra-estrutura esportiva de lazer.
No centro da cidade de Aracaju, além do grande movimento de pessoas nas ruas, há um grande mercado público com uma arquitetura colonial, demonstrando a presença do colonizador europeu na região. O mercado é certamente uma das principais atrações do local, atraindo pessoas de diferentes regiões e países na busca de produtos regionais.
   Chegando ao estado do Rio Grande do Norte, fomos direto para uma praia cujo nome era Ponta Negra, considerada para os cidadãos locais uma das mais preferidas por turistas estrangeiros. O que nos surpreendeu foi o enorme movimento de automóveis bugues, principalmente pela manhã. São esses veículos  que transportam turistas diariamente para conhecer as famosas dunas de Genipabu. Passeando na Orla de Ponta Negra nos deparamos que a mesma há muito tempo não recebia manutenção, pois o lixo e o mau cheiro ocupava toda o  trecho da praia onde estavam localizados os hotéis e pousadas mais importantes do balneário. Sem contar a existência de alguns córregos que lançavam no mar o esgoto.
  Quando perguntamos as pessoas o motivo pelo qual do lixo espalhado, a resposta foi unânime, a prefeita de natal tinha sido caçada por corrupção, deixando o município de natal numa situação de penúria. Muitos diziam, principalmente os comerciantes ambulantes, que o número de turistas no local tinha caído expressivamente nessa temporada  e o motivo principal era a depredação da praia.
Outro observação interessante presenciada em Ponta Negra é a progressiva destruição do calçadão em decorrência da elevação do nível do mar. Segundo os moradores, em julho de 2012, a praia foi atingida por uma imensa maré que destruiu parte da calçada. No entanto, até o momento que visitamos, a situação continuava a mesma.
Quando iniciamos o retorno, hospedamos na famosa praia de Porto de Galinhas, conhecida pelas suas belas praias e por suas piscinas naturais que se formam nas marés altas no oceano graças a presença de arrecifes, servindo de atração para o turista. O que se viu no local foi a existência de inúmeros hotéis e pousadas de categoria cinco estrelas cujas diárias impossibilitam o cidadão comum de usufruí-los.
 No entanto, são as grandes redes hoteleiras internacionais que estão se instalando no local, estimuladas certamente por incentivos fiscais e também graças a certeza de uma farta uma mão de obra barata, que garante a essas empresas ganhos fabulosos. Para se ter uma idéia do tamanho do lucro, a diária mais barata para um casal, com café da manhã chega a custar 650 reais.
A surpresa em Porto de Galinhas, um bairro que pertence ao município de Ipojuca, foi quando chegamos a vila onde estão instalados o comércio em geral e os  bancos. A sujeira e o mau cheiro tomava conta do local, sem contar com o esgoto a céu aberto margeando lojas, bares e restaurantes.               




TRANSPORTE DE CANA DE AÇÚCAR - ESTADO DE ALAGOAS

 USINA DE ETANOL - ALAGOAS 

                                 CORTE DE CANA - ESTADOS DE SERGIPE E ALAGOAS

       ACAMPAMENTOS DE SEM TERRA - AS MARGENS DA BR-101, ALAGOAS E SERGIPE

 ASSENTAMENTOS DE SEM TERRA NAS PROXIMIDADES DA BR-101: SERGIPE E ALAGOAS

                                      PORTAL DE UM PARQUE - CIDADE DE ARACAJU

                                 COMÉRCIO DE AMBULANTES - PRAÇA DE ARACAJU

                                             PRAIA DE BOA VIAGEM - RECIFE/PE

                                    AREIAS MONAZÍTICAS - PRAIA DE GUARARAPI/ES

                                                CICLOVIA E CALÇADA - ARACAJU/SE

                                               PRAIA DE PONTA NEGRA - NATAL/RN

 
                                            PRAIA DE PONTA NEGRA - NATAL/RN

                                                PORTO DE GALINHAS - PERNAMBUCO

                                                      CENTRO HISTÓRICO DE RECIFE

                                ASSENTAMENTOS DE SEM TERRA - SERGIPE E ALAGOAS

                                                   CENTRO HISTÓRICO DE RECIFE

                                                    PRAIA DE BOA VIAGEM - RECIFE

                                                  PRAIA DE PONTA NEGRA - NATAL/RN

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013



Políticas econômicas e sociais controversas no período Lulismo e Neolulismo

Nas três últimas décadas do século XX, depois de ter passado por  uma experiência de governos totalitários, o cenário político e econômico brasileiro sofreu três profundas transformações: a redemocratização política a partir da eleição de Collor de Mello;  a investida neoliberal nos anos 1990 e a era Lulismo, dando as boas vindas ao terceiro milênio e reacendendo as esperanças de um período de “vacas gordas”, que poria um fim definitivo na histórica desigualdade social brasileira. Passados oito anos de governo Lula o cenário comprovou que as políticas econômicas adotadas não promoveram transformações estruturais expressivas, cuja pobreza, violência contra populações minoritárias - indígena e tradicional degradação ambiental e outros males continuam ocorrendo, muitas vezes em proporções muito superiores as anteriores.
Os debates políticos ocorridos nos anos 1980 com a participação de intelectuais da sociedade civil, organizações sindicais e demais entidades lançavam os alicerces para a construção de um novo projeto de sociedade mais solidária e igualitária em oposição ao modelo econômico vigente que se sustentava na exploração tanto humana como ambiental.
A ruptura política esperada não ocorreu e possivelmente não ocorrerá dentro dessa estrutura social vigente. Para que se processe uma grande transformação social são imprescindíveis investimentos vultosos em setores estratégicos como saúde, educação, saneamento básico e segurança. Porém, não é isso que ocorreu e vem ocorrendo. Na área educacional, por exemplo, o Brasil está numa posição ridícula entre os países que mais investem nesse setor, sem contar também os parcos investimentos em saneamento básico, saúde, segurança entre outros. Romper o modelo de exploração capitalista como caminho necessário a preservação da vida e do próprio planeta, uma utopia que permeava o imaginário de milhares de partidários e simpatizantes petistas, começou a desandar a partir do segundo mandato de Lula, quando se percebeu que não havia nada de espetacular nas políticas adotadas e nem rupturas a vista, e sim, o continuísmo do antigo modelo agora mais elaborado e com o apoio das camadas mais pobres da sociedade, atendidas por programas assistencialistas e populistas.           
Como era previsível quando da ascensão petista no governo, acreditava-se que haveria uma profunda oposição de setores ligados ao grande capital às políticas que deveras seriam implantadas. No entanto, o que se viu foi o inverso, ou seja, a construção de uma forte base aliada composta por partidos historicamente não afinados ao projeto petista como o PP, PMDB, DEM, entre outros, porém agora fazendo parte do arco de alianças tanto no executivo como no legislativo. É com o apoio desses partidos fisiológicos no congresso que possibilitou a governabilidade de Lula durante oito anos e que procura manter o ciclo da era Dilma.
Porém vale ressaltar que a chamada governabilidade é referendada pelo próprio capital nacional e internacional que tem o Brasil como um dos paraísos de oportunidades para obter ganhos milionários, sempre, é claro, viabilizado pelo Estado, injetando vultosas somatórias de recursos em infra-instrutora como estradas, aeroportos, hidrelétricas, etc. Além do mais, é no governo de Dilma que o grande capital vem obtendo ganhos consideráveis facilitados pelas políticas de cambio livre, expatriação de juros, livre entrada e saída de capitais, privatização de bens públicos como ferrovias, aeroportos, petróleo e outros. Para oportunizar essa sangria financeira e garantir a pseudo estabilidade econômica o governo vem adotando políticas de flexibilização das leis trabalhistas como também a cooptação dos movimentos sociais especialmente os sindicatos.
Tais políticas desenvolvimentistas adotadas no regime militar, como a jamais concluída transamazônica, que foi responsável por um profundo impacto ambiental na região norte do Brasil, tem no governo Lula e Dilma, através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) uma nova oportunidade para se concretizar, trazendo, como vem sendo alertado pela mídia não comprometida com o capital, problemas e impactos ambientais e sociais irreversíveis, muitos superiores àqueles ocorridos na época dos militares. Dentre os inúmeros projetos em execução podemos destacar a construção da BR. 319, que ligará Porto Velho/RO Manaus/AM; dezoito usinas hidrelétricas projetadas para o Rio Araguaia e Tocantins; o complexo hidrológico do Rio Madeira e as usinas hidrelétricas de Volta Grande do Rio Xingu e, não menos grave, usina hidrelétrica de Belo Monte considerada um dos projetos mais controversos e impactantes ambientalmente já conhecidos na história do Brasil.
O que muitos não sabem em relação à Usina Belo Monte, há 15 quilômetros do local está sendo instalada o canteiro de obras da mineradora canadense Belo Sun Minig, considerada uma das maiores do mundo em extração de ouro, que para seu funcionamento necessitará de energia elétrica suficiente para abastecer uma cidade de 70 mil habitantes.  O que é mais grave é que grande parte desses projetos além dos impactos ambientais irreversíveis, ocupam ou irão ocupar áreas pertencentes a grupos tradicionais/quilombolas ou terras indígenas.
Um exemplo para elucidar os efeitos negativos que tais projetos proporcionam as comunidades indígenas é o que vem ocorrendo com os índios Guarani-Kaiawá, no estado do Mato Grosso Mato, cuja justiça federal autorizou desapropriação de suas terras com vistas à implantação de projetos destinados a expansão da fronteira agrícola. É com essas políticas desenvolvimentistas que vem contribuindo para o agravamento da violência como o assassinato de 452 índios entre os anos de 2003 a 2009, sendo que somente no estado do Mato Grosso do Sul esse número foi de 247.
A região norte do Brasil vem convivendo com episódios semelhantes aos anos de 1980 quando a região enfrentou a corrida do ouro, deslocando-se para lá milhares de garimpeiros na esperança de conquistar fortunas da noite para o dia, deixando um rastro de degradação da fauna e da flora, sem contar os impactos sociais envolvendo comunidades indígenas que habitavam o entorno das áreas mineradas. Junto com a mineração do ouro outras atividades como a extração de madeira de lei vem se processando na região. Não há de se negar, para que tais atividades extrativistas ilegais e depredatórias ocorram é necessário que haja demanda de consumidores. Muitas dessas transações com produtos ilegais ocorrem tanto dentro do próprio Brasil como no exterior, alimentando um mercado milionário
Mesmo com tantas carências infra-estrutureis no campo da saúde, educação e segurança, nos governos Lula/Dilma foram confirmados dois grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas que despenderá de vultosos recursos públicos para sua efetivação. Como já é cultural no Brasil, a aplicação desses recursos na construção dos estádios, reformas de aeroportos, rodovias e uma série de obras de infra-instrutora deixa dúvida quanto ao valor real dos projetos. Combinado as essas mega-obras que estão sendo construída nas principais capitais brasileiras, a cidade do Rio de Janeiro é a que recebe mais atenção das autoridades, pois além de ser uma das sedes da copa do mundo, sediará, em 2016, as olimpíadas. Por ser uma das principais portas de entrada de estrangeiro a preocupação das autoridades tanto do estado do Rio como do próprio governo brasileiro é divulgar uma imagem lá fora de que não há risco algum vir para o Brasil.
Nesse sentido, por ser o Rio de Janeiro uma das cidades mais violentas do Brasil e possuir aproximadamente 900 favelas muitas da quais controladas pelo narcotráfico, coube ao governo, como forma de reassumir o controle das favelas, a implantação de um projeto arrojado, as UPPS (Unidades de Polícia Pacificadora). Com a sua implantação, áreas que até então possuíam uma forma muito particular de organização, abre caminho para que o mercado tenha acesso a essas zonas informais e então estabelecer bases jurídicas da propriedade territorial. Quem ganha com a pacificação? É claro que são os grandes grupos imobiliários muitos dos quais localizados no entorno das áreas pacificadas e pertencentes ao mega empresário Eike Batista.   
                                                                                                                                     Prof. Jairo Cezar