FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA TORNARIAM
O BRASIL MENOS DEPENDENTE DOS OLIGOPÓLIOS DO PETRÓLEO
Outrora,
lá pelos idos de 1950 um presidente que até hoje é endeusado por muitos lançou
um manifesto afirmando que o petróleo brasileiro agora era nosso. Isso se deu
pelo fato de Getúlio Vargas ter criado a Petrobras, empresa estatal, que se
configuraria dali para frente como uma das empresas mais importantes e
rentáveis do Brasil. Chegou o século XXI e finalmente veio a notícia que transformaria
radicalmente o Brasil. O país se tornaria um dos maiores produtores de petróleo
do mundo.
O
anúncio da descoberta de petróleo no Pré-sal, em 2006, gerou uma onda de
empolgação e otimismo aos políticos e à população na época. No imaginário
social foi alimentada a expectativa de bilhões de barris de petróleo jorrando
das profundezas do oceano, de que os preços pagos pelo litro da gasolina do
diesel e do botijão de gás seriam tão baratos como bananas em feiras. Quem não
se lembra da promessa jamais cumprida de transferência de 10% dos royalties da
extração do pré-sal para a educação.
A
ingerência e os escândalos de corrupção na Petrobrás tornaram-se a cereja do
bolo do Estado brasileiro, para dar início ao movimento de entrega da companhia
ao grande capital. Quando os governos entreguistas decidem se livrar de
empresas estratégicas e altamente rentáveis, como a Vale do Rio Doce, na década
de 90, a estratégia que usaram foi forjar informações de que tais companhias
são deficitárias, sendo culpado, portanto, o Estado por incapacidade de gestão.
Na
época, a estatal de mineração foi vendida por pouco mais de cinco bilhões de
reais. Somente em reservas minerais
disponíveis no solo, os valores superavam os três trilhões de reais. Pouco
tempo depois da grande descoberta do pré-sal e dos escândalos na Petrobras, o
governo brasileiro iniciou o processo de desmonte da companhia, permitindo que
empresas particulares do segmento fossem autorizadas a fazer prospecção e
extração de petróleo no pré-sal.
Uma
das expectativas dos eleitores de Bolsonaro quando ainda candidato à presidência
da república era de que o Brasil entraria nos eixos, atraindo investimentos
externos e empresas. O resultado desse enredo protagonizado por Bolsonaro, que
mais parece um filme pastelão, todos já sabemos. Foram dois anos de total
desgoverno, que comprovam a total incapacidade do ex-capitão do exército em
administrar um país tão complexo e com tantos problemas.
O
governo Bolsonaro poderia até querer se justificar do baixo êxito nos dois anos
a frente do poder, a crise provocada pela pandemia do Corona Vírus. O modo como
se comportou diante da pandemia, negando a doença e afirmando ser uma
gripezinha, um resfriadinho, influenciou nos mais de 250 mil mortos registrados
em um ano de pandemia. Depois de um ano difícil no qual foi 2020, havia a
expectativa que 2021, com a chegada da vacina, o número de infectados e mortos
viessem a diminuir.
Mais
uma vez o governo federal não tomou como deveria as medidas preparativas para a
vacinação da população. Deixou para a última hora a aquisição de insumos e de
vacina, provocando atraso no processo de imunização da população. Nos últimos
vinte dias, a média de mortes/dia por COVID 19 não baixou de mil. Isso tem
relação com o processo de flexibilização dos serviços, além, é claro, do comportamento
negacionista da população que tem o presidente como espelho.
Não
bastasse a tragédia das mortes pelo vírus, a população vem sofrendo com o
desemprego e o aumento vertiginoso dos preços dos alimentos. Em um país como o
Brasil que tem o rodoviário como o principal meio de transporte, o valor pago
pelos alimentos e demais produtos variam seguindo as oscilações dos preços dos
combustíveis, principalmente do diesel.
Quem
ainda lembra o preço do litro da gasolina em 2012 ou 2013? Pouco mais de 2.50
por litro, não é mesmo? A partir do governo Temer quase toda a semana os preços
da gasolina e do diesel eram majorados. A Petrobras usava como justificativa o
aumento do dólar e do preço do barril de petróleo internacionalmente. Com
Bolsonaro no governo, a população se acostumou com os aumentos semanais dos
combustíveis. Mas, para aí, tem algo errado nisso. O Brasil não se tornaria um
grande produtor de petróleo, dando-lhe autonomia para definir políticas de
preços?
No
momento que grandes corporações se apropriaram de algo tão rentável como petróleo,
é claro que fariam de tudo para garantir mais e mais lucros. É necessário
urgentemente mudar o cenário energético brasileiro. A busca por fontes
alternativas de energia como a eólica e a fotovoltaica faria o Brasil depender
menos de matrizes energéticas fósseis, que são prejudiciais a clima global.
O
Brasil até a chegada de Bolsonaro no governo sempre se colocou como um dos
principais signatários nas políticas de redução de gases do efeito estufa. Entretanto,
nos últimos dois anos o governo Bolsonaro protagonizou ações que elevaram
abruptamente os níveis de gases poluentes na atmosfera. Os incêndios na
Amazônia, no pantanal, somada ao aumento da queima de combustíveis fósseis, acendeu
a luz amarela das organizações em defesa do clima, que vêem cada vez mais
distante as possibilidades de cumprimento das metas de redução dos níveis de
emissão de gases poluentes.
Em
vez de estar discutindo se deve ou não haver interferência do governo federal
na Petrobras, se o diesel deve ou não ser subsidiado pelo governo, o momento
seria oportuno para repensar o atual cenário energético brasileiro. É importante
levar adiante o plano de incentivo à pesquisa de fontes limpas de energia, capaz
de tornar o Brasil e o resto do mundo, menos dependente dos grandes oligopólios
de combustíveis fósseis.
Prof.
Jairo Cesa