quinta-feira, 30 de maio de 2019


A APROVAÇÃO DA MP-867/2018 CONTRARIA ACORDOS ASSINADOS PELO BRASIL EM PARIS A FAVOR DO CLIMA GLOBAL

Na mesma semana que é apresentada o diagnóstico da realidade da mata atlântica com o agravamento do desmatamento em cinco estados entre eles Santa Catarina, a câmara dos deputados aprovou no dia 29 de maio, a medida provisória 867/18 que altera dispositivos do código florestal brasileiro. Na realidade a MP se transformou em um instrumento sagas, onde seguimentos do agronegócio se articularam para a inserção de proposições contidas no projeto de lei 2362/19, dos senadores Flávio Bolsonaro e Márcio Bittar, visando eliminar a obrigatoriedade de manter a reservas legais em propriedades rurais previstas pelo código florestal.
O projeto de lei incluiria, também, a não exigência de preservação de 80% das áreas de imóveis rurais na Amazônia; 35% no cerrado e 20% nas demais regiões. O que causa perplexidade é o modo como a sociedade vem sendo engambelada por certas figuras políticas escatológicas que conseguiram se eleger para a aprovação de projetos nada sustentáveis ao meio ambiente. O Rio de Janeiro, cidade natal do senador Flavio Bolsonaro, é um exemplo do que acontecerá com outras cidades havendo o descumprimento das normativas estabelecidas no código florestal brasileiro.
A conservação das Reservas Legais e das APPs têm finalidades ambientais e climáticas importantes. Uma delas é o cumprimento do acordo assinado em 2015, em Paris, tendo o Brasil se comprometido em reduzir até 2025, o total de 37% de gás carbônico à atmosfera, bem como restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas. MP 867 caminha na contramão dessas medidas necessárias ao reequilíbrio climático global. Quando a MP 867 foi apresentada em 2018, pelo então presidente Michel Temer, a intenção era prorrogar o prazo de entrega do PRA (Programa e Regulação Ambiental) aos agricultores que não haviam entregado até 31 de dezembro de 2018.
O Programa de Regulação Ambiental é uma medida que consta no código florestal, onde obriga todos os proprietários rurais a elaborarem um plano de regulação ambiental de suas propriedades conforme o que está relatado no CAR (Cadastro Ambiental Rural), cujo prazo também expirou em 31 de dezembro de 2018. O seguimento interessado em desfigurar ainda mais o código florestal, documento considerado extremamente permissivo, incluíram no projeto base, um total de 35 emendas aditivas.
Dentre os artigos polêmicos da MP, está o de n. 68, que altera a data de referência para recuperação de alguns biomas. O bioma da Amazônia passaria para 1989, os biomas do cerrado, caatinga e pampa, para 2000. Isso geraria uma flexibilização do código florestal, ao mesmo tempo produziria um conflito de normas sobre o mesmo tema. Prevalecendo essas normas na MP, uma extensa porção de área já desmatada não necessitaria mais ser restaurada. O argumento dos defensores da MP é que cada bioma tem sua legislação, portanto, deve seguir as normativas dessas leis e não do CF.
A aprovação da MP possibilitará a supressão de mata nativa das RL, que equivalerá a um território do tamanho de Portugal ou dos Sergipe. Em termos numéricos, o desmatamento alcançará quase cinco milhões de hectares de terras. No acordo de Paris de 2015, o Brasil havia se comprometido em reflorestar 12 milhões de hectares de área até 2025. Não é contraditório tudo isso? Quem acompanha os debates na TV Câmara e Senado, sobre temas como o da medida provisória 867, certamente deve ter se sentido estarrecido diante de argumentos tão vazios sobre o assunto explicitados pelos parlamentares favoráveis à proposta.
Defender uma proposta que, inquestionável, afetará ainda mais na sobrevivência da biodiversidade dos biomas brasileiros e no equilíbrio do clima global é um tiro no escuro. O que impera na mente desses deputados e senadores é a insensibilidade àquilo que já é nítido para milhares de brasileiros, que são as mudanças climáticas. Todos sabem que os ciclos das chuvas sobre o território brasileiro dependem das florestas. Menos florestas disponíveis, menos evaporação e menos ainda chuvas bem distribuídas. O resultado, portanto, é o impacto catastrófico no ciclo das plantações.
Prof. Jairo Cezar
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terça-feira, 28 de maio de 2019


QUAL A RELAÇÃO DO DESCONGELAMENTO NA ANTÁRTICA COM AS SEVERAS TEMPESTADES E CHUVAS TORRENCIAIS NO SUL DO BRASIL?

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O programa “Fantástico” da rede Globo exibiu no dia 12 de maio de 2019  reportagem intrigante sobre o clima no planeta, onde revelou que suas mudanças extremas em todo o globo têm relação sim com a ação humana. Tal certeza foi possível analisando alterações que estão ocorrendo nos ecossistemas do continente antártico devido à perda vertiginosa da cobertura de gelo das calotas. Na antártica foram feitas coletas de fragmentos de  gelo de centenas de metros de profundidade através de equipamentos especiais. Quanto maior a profundidade do gelo mais antigo ele é.





Nos fragmentos de gelo recolhidos foram identificadas pequenas bolhas de ar da atmosfera de tempos passados.  Quanto mais profundo, que demonstra ser mais primitiva a atmosfera, mais estável era a concentração de CO2 nas bolhas de ar. Próxima a superfície, as bolhas de ar apresentavam uma concentração maior de CO2 que as identificadas nas profundas camadas. A resposta dessa elevação de gás carbônico nas bolhas de ar se deve ao aumento da queima de combustíveis fósseis, carvão e petróleo, a partir da revolução industrial e que continua em ritmo acelerado.


Sobre as mudanças climáticas, a ONU apresentou um completo relatório inédito que teve a participação de 145 especialistas, de 50 países. Os pesquisadores elaboraram um total de 15 mil estudos que comprovaram que cerca de um milhão de espécies da fauna e da flora estão na lista de extinção. As savanas da África e a floresta amazônica ambas já perderam 20% da sua biodiversidade nos últimos cem anos.  Se o continente antártico é o mais afetado pelos efeitos do aquecimento, seus impactos no clima do planeta já são percebidos a começar pelo próprio continente gelado, que mostra haver redução da população de algumas espécies de pingüins.


Na península antártica onde está a estação brasileira Antártica, na ilha de São Jorge, conforme estudos realizados, a cada ano há um recuo de aproximadamente 10 metros de gelo dessa parte da antártica. Em todo o continente cuja área equivale uma vez em meia o tamanho do território brasileiro o derretimento do gelo está sendo 6 (seis) vezes mais rápido  que nos últimos quarenta anos. Para provar que a antártica sofre com o calor, entre 1970 a 1989, o continente perdeu 40 bilhões de toneladas de gelo. Esse volume, porém, foi muito maior em 2009 quando o calor derreteu 252 bilhões de toneladas.




Se esse ritmo de degelo permanecer, nos próximos 500 anos o nível do mar irá se  elevar a seis metros. Os impactos da elevação do nível do mar já estão sendo sentidos atualmente no Brasil e outras partes do planeta, com regiões costeiras e ilhas invadidas pela água do mar. Além do aumento do volume dos oceanos, os efeitos climáticos extremos como tempestades, enxurradas e estiagens prolongadas, já são uma constante no Brasil. No futuro, se não houver uma estagnação do aquecimento do clima, locais como o elevador Lacerda, na Bahia e a beira mar norte em Florianópolis serão cobertas pela água do mar. 


O degelo e as alterações climáticas no continente antártico poderão impactar mais o sul do Brasil que outras áreas do território brasileiro. O furacão Catarina em 2004 é um exemplo dos reflexos das mudanças extremas do clima. Na reportagem um pesquisador revelou que as frentes frias que são mais freqüentes no sul do Brasil no inverno estão mudando o pondo de formação e deslocamento na antártica.
 Até há pouco tempo, as frentes frias se formavam mais a oeste da antártica. Com o degelo, o processo de formação foi deslocado mais ao sul, numa região conhecida como mar de Weddell. O ar dessa região é considerado mais frio, em contato com temperaturas mais aquecidas no sul, provoca reviravoltas extremas do tempo, com ondas de frio elevadas chegando a atingir o centro oeste e o norte do país.





A violenta tempestade que atingiu Porto Alegre em dezembro de 2016 que derrubou seis mil árvores e mais 40 milhões de prejuízos, as inundações em abril de 2019 na cidade do Rio de Janeiro e as fortes precipitações nas cidades do litoral sul de Santa Catarina em 24 de maio de 2019, cujo volume de água chegou próximo a 300 mm em 24 horas, devem ser vistas com um olhar mais atendo pelas autoridades e governos que insistem em negar que tudo isso tem relação com as mudanças do clima global.

https://www.nsctotal.com.br/noticias/chuva-forte-causa-transtornos-em-cidades-do-sul-de-santa-catarina


Em menor escala que os países industrializados o Brasil tem contribuído com a derrubada e queimada das florestas na emissão de CO2 a atmosfera. Nas últimas COP (Conferência das Partes sobre o Clima) o Brasil tem sido decisivo na articulação e amarração de acordos com os demais países na redução de gases poluentes responsáveis pelo aquecimento global. O acordo de Paris, de 2015, se notabilizou como um dos encontros mais importantes e decisivos sobre o clima já realizado até o momento. Até mesmo os EUA e outras nações que sempre se negaram aderir aos protocolos, decidiram engajar-se no cumprimento das metas favoráveis ao clima global.
O que não estava previsto era a decisão do presidente norte Americano Trump e romper com o acordo de Paris, decisão que pode colocar por terra tudo o que se avançou até o momento. O governo de Bolsonaro vem ensaiando querer seguir o mesmo caminho de Trump. Embora não tenha decidido ainda abandonar o acordo, todas as medidas que vem tomando sobre o tema meio ambiente mostram-se contrárias aquelas acordadas nos encontros de cúpulas, muitas das quais com resultados satisfatórios na melhoria do clima do país e do planeta.
Pela importância da presença do país nas conferências sobre o clima, em 2018 o Brasil foi escolhido para sediar a 25 COP. Entretanto, o governo Bolsonaro decidiu vetar o evento no país, cujas justificativas não foram convincentes. A desculpa é que o próprio governo reitera criticas  ao acordo de Paris e de que membros do governo refutam ou minimizam as mudanças climáticas. A saída do Brasil para sediar o evento, abriu portas para outro país, nesse caso o Chile será o país anfitrião.
Demonstrando total ceticismo às mudanças climáticas, o atual governo também decidiu não participar da Semana Climática America Latina e Caribe, nos dias 19 e 23 de agosto em salvador, BA, evento que serve como preparativo ao encontro do Chile. E não terminou por aí a guinada anti-ambiental do governo brasileiro. Em 13 de maio ocorreu em Lima, Peru, conferência regional da ONU sobre mudanças climáticas. Na lista de países convidados estava o Brasil por possuir vasta área constituída de floresta tropical.
A recusa do governo Brasileiro em não participar gerou questionamento do governo anfitrião e dos demais participantes, como a presidente do Fundo Para o Meio Ambiente Mundial, Naoko Ishii. Ela e representante desse fundo que distribui um bilhão de dólares aos países que lidam com problemas ambientais. Naoko se diz preocupada com a guinada do Brasil desde Janeiro. Disse que se o Bolsonaro fizer o que diz, é um risco.
É visível aos olhos de todos  que a postura negligente do atual governos sobre  temas relacionados às mudanças climáticas tende a acelerar ainda mais os problemas com perdas humanas e prejuízos financeiros milionários. O custo no cumprimento dos acordos para a redução do aquecimento tende a ser muito menor comparado com o que já está sendo gasto na reparação dos desastres ambientais.
Prof. Jairo Cezar      
















domingo, 26 de maio de 2019


CENSO ESCOLAR/2018 DO INEP REVELA UM QUADRO NADA ANIMADOR DA EDUCAÇÃO BÁSICA CATARINENSE

O Diário Catarinense na sua edição impressa do dia 22 trouxe reportagem contendo três páginas divulgando o resultado do censo escolar brasileiro elaborado pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) cujos resultados, muitos dos quais negativos, não geraram nenhuma surpresa, menos ainda aos profissionais da educação, já habituados com tais adversidades infraestruturais todos os dias. Era quase impossível ter um censo mais animador quando se está num país onde quase a totalidade dos gestores públicos eleitos, independente se é em âmbito municipal, estadual ou federal, o primeiro sinal de crise econômica, os setores apontados para cortes ou contingenciamento orçamentário são educação e saúde. Não é mesmo?
Quando tudo parecia que não teria mais o que piorar na educação, que os governos sob risco de crime de responsabilidade teriam de cumprir as vinte metas do Plano Nacional de Educação, veio a impactante informação do corte de 30% do orçamento para o ensino público superior. Essa notícia caiu com balde de água fria na cabeça dos reitores e milhões de estudantes pesquisadores que podem ter seus trabalhos abortados por falta de recursos. Para qualquer país que ousa se desenvolver, alcançar autonomia e respeito internacional, investimento maciço em educação sempre foi e será um procedimento importante.
 Não para o Brasil onde é eleito governo que ridiculariza professores, chama estudantes de imbecis e idiotas, desrespeita e rebaixa Paulo Freire à categoria de persona non grata, uma celebridade reverenciada no mundo inteiro, porém, aqui no Brasil... A resposta, portanto, a todo esse desarranjo institucional é revelado no censo educacional do INEP-2018, cujos números exibem uma realidade vergonhosa para Santa Catarina, muito aquém das fictícias, mostrada nas apoteóticas e dispendiosas publicidades dos governos passados para fins eleitoreiros.
O resultado do censo deixa qualquer catarinense estarrecido. O que assusta é que o estado, de acordo com os levantamentos, apresenta um dos melhores níveis em estrutura e ensino se comparado com outros estados da federação. Imaginemos como deve ser as estruturas dessas escolas. O censo traz um mapa das condições infraestruturais das unidades de ensino públicas estaduais, municipais, federais e das particulares. Destaca aspectos como funcionamento de salas de aulas em empresas, centros prisionais, templos, igrejas, galpões, se compartilham espaços com outras escolas, etc.
 Desses itens mensurados o que mais chamou a atenção foi que existem no estado de Santa Catarina 15 (quinze) escolas estaduais que funcionam em galpões, podendo ser um antigo supermercado, clube, etc. O documento revela também que 106 escolas estaduais e 699 municipais a água que abastece as mesmas são de ponteira ou poços artesianos. Se a água recebe algum monitoramento permanente das autoridades competentes para avaliar sua potabilidade, se não há contaminação ou não, é algo que deve ser investigado. No estado, uma escola da rede estadual e três municipais declararam que não são atendidas com água por nenhum desses meios, muito menos da rede público. Como são abastecidas, também é outra incógnita. Como essas escolas lidam com esse problema é outro item a ser investigado.
 O bom ou mal IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de qualquer país ou estado depende de inúmeros fatores, dentre eles o percentual de esgoto recolhido e tratado. Santa Catarina se destaca entre os demais 25 estados e o distrito federal, como um dos piores em percentuais de municípios atendido por sistemas de tratamento de efluentes domésticos e industriais. Nesse sentido, mais da metade das unidades de ensino do estado não está conectada a rede pública de esgoto, muito menos ainda ter o esgoto tratado. São 2.686 unidades de ensino que não possuem qualquer tipo de fossa coletora de esgoto. Todo esse material lançado in natura no solo certamente está contaminado os lençóis freáticos do entorno da escola.
Nas primeiras décadas do século XX eram raras as escolas que possuíam banheiros acoplados as mesmas. A grande maioria possuía privada (patentes), localizadas nas suas imediações. O atual censo revelou um cenário um tanto curioso. São 5.710 escolas onde o banheiro fica fora do prédio. Quando é dito fora, se supõe que está acoplado externamente ao prédio da unidade de ensino. Tudo leva a crer que esses “banheiros” podem estão deslocados dos estabelecimentos de ensino, como privadas, que devem seguir o padrão antigo, de madeira, sem vaso sanitário? Será?
Se no aspecto saneamento básico a situação das escolas catarinenses já é quase impraticável para o funcionamento, imaginemos então a infraestrutura pedagógica. O curioso é que mesmo com toda carência e fragilidade estrutural, ainda assim os profissionais da educação impulsionados pelo profissionalismo e competência conseguem se superar nesses ambientes onde tudo falta, assegurando um ensino próximo ao ideal. É claro que ficarão fissuras na aprendizagem difíceis de serem reparadas. Essa deficiência no aprendizado coloca os estudantes brasileiros em patamares desiguais nos exames internacionais como o PISA, onde sempre destacam estudantes de países com melhores IDH e investimentos em educação, com raras exceções, é claro.
Se analisarmos os discursos dos governantes passados e dos atuais, eleitos, quase todos destacam a importância ou a necessidade de o estudante do ensino básico ter boa formação na área de informática. Quanta demagogia, não é mesmo? Para que isso acontecesse seriam necessários investimentos em laboratórios de informática e o aporte de profissionais competentes para monitorá-los em todas as escolas. Os dados do censo escolar revelam um cenário desanimador nesse seguimento.
São 355 escolas estaduais, 2.650 municipais, 557 privadas e duas federais, que não possuem laboratórios de informática. Muitas escolas que estão inseridas no censo como portadoras de salas de informática, esses espaços foram desativados, virando depósitos, cujas máquinas que restaram duas ou três, que ainda funcionam, foram alocadas para outros espaços, bibliotecas, por exemplo.
No quesito internet, veja só, são 74 escolas estaduais sem esse importante equipamento de comunicação. Outro detalhe que não aparece no Censo, embora expressiva parcela das unidades de ensino esteja sendo atendida com banda larga, a potência oferecida em mega bit é insuficiente à demanda de atividades das escolas. Para os professores e demais profissionais cumprirem com os compromissos diários como chamada e postagem de notas, os gestores são forçados a promoverem eventos para arrecadar recursos destinados às despesas extras, dentre eles melhorar a eficiência da internet. 
Quem conheceu, trabalhou ou viveu no tempo dos grupos escolares deve lembrar-se dos impecáveis museus de história natural, laboratórios de ciência, entre outros atrativos que tornaram o ensino muito mais estimulante.  Hoje em dia esses seguimentos são uma raridade nas escolas catarinenses e de outros estados, independente se é pública ou privada. Em tempo de tecnologias de 4 e 5 G nenhum estudante suporta ter de estudar plantas, células, insetos etc, sem tocar, mexer, sentir, ou seja, sem uma interação com o objeto de estudo. É possível que nas 5.709 escolas de Santa Catarina, listadas pelo censo, os professores, com poucas exceções, adotem as mesmas técnicas tradicionais de ensino de repetição, memorização, prova, recuperação, pois essas não possuem laboratórios de ciência. Valeria a ousadia investigar a qualidade do ensino das 740 escolas no estado que possuem laboratórios de ciência.
Há três anos o Brasil sediou os jogos olímpicos, considerado um dos maiores eventos esportivos mundiais do gênero. A expectativa era que com um evento dessa magnitude o Brasil se despertasse no campo esportivo, deslocando investimentos na edificação de ginásios e quadras esportivas em todos os cantos do país. Acreditem, a um ano do inicio dos próximos jogos olímpicos, ou seja, quatro anos depois da Olimpíada do Rio de Janeiro, das 6.449 escolas de todo o estado, 3.709 não possuem quadras de esportes.
Esses números demonstram que a educação física, se existe nessas escolas, é oferecida com extrema precariedade pelo professor. Das quadras existentes é possível que nem todas oferecem condições mínimas para uma satisfatória prática esportiva, pois devem faltar equipamentos básicos como traves, aros e cestas de basquete, redes, bolas, etc, etc. Uma educação de qualidade não se faz apenas com laboratórios de informática, de ciência, quadra esportivas, etc. É preciso estimular a curiosidade e o gosto dos estudantes pela pesquisa e a leitura de boas obras de literatura e outros gêneros literários.
Desde a antiguidade a biblioteca sempre revelou ser um espaço de excelência para o desenvolvimento das culturas. Ainda hoje os países mais desenvolvidos economicamente, todas as escolas, comunidades e cidades, têm uma ou mais bibliotecas disponíveis à população. No Brasil, todos os anos são abertos inúmeros templos religiosos, enquanto que livrarias e bibliotecas lutam para sobreviver e manter-se abertas.
 Se não todas, mas expressiva parcela das crianças que são matriculadas nas escolas públicas em todo o Brasil tem na escola o primeiro contato com livros e o gosto da leitura. Se quisermos formar adultos curiosos, críticos, questionadores, pesquisadores, temos que oportunizá-los a partir da tenra idade a ter contato com livros. Hoje, em pleno século XXI, seria inadmissível imaginar que alguma escola que não possua uma biblioteca em suas dependências. É quase inacreditável, hoje o estado de Santa Catarina 407 escolas estaduais, 2.444 municipais e 409 privadas, não disponibilizam desse importante espaço para seus alunos.
A cerca dez anos, em 2010 o congresso brasileiro aprovou e foi sanciona pelo governo a lei n. 12.244/2010 na qual determinava que todas as escolas no país, tivessem pelo menos uma biblioteca. A própria lei estabelecia prazo de dez anos para que as escolas se adequassem. Uma década quase se passou e tudo continuou igual, como se estivesse congelado no tempo. A proporção de bibliotecas existentes no estado era a mesma em 2018 em comparação a 2010. 
A legislação obriga também que os gestores contratem bibliotecários para gerirem as bibliotecas. De acordo com o secretário de educação do estado de santa Catarina o mesmo informou que as equipes de gerência e coordenação espalhadas pelo estado estão incentivadas a apontar as necessidades das escolas para poder atendê-las o mais rápido possível. Com o corte desmedido de verbas do orçamento para educação pública tudo sinaliza um cenário nada animador para o ensino público catarinense, pior será ainda para 2020 quando irá expirar o prazo de validade do FUNDEB, onde milhares de escolas funcionam devido aos recursos transferidos desse fundo.

quinta-feira, 23 de maio de 2019


DIA INTERNACIONAL DA BIODIVERSIDADE SERVE DE ALERTA SOBRE O RISCO DA EXTINÇÃO DA VIDA NO PLANETA

Não sei se o Brasil tem alguma coisa para comemorar ou somente lamentar nesse 22 de maio, data alusiva a biodiversidade do planeta. Nos últimos anos ou dias as notícias que mais ocuparam as manchetes dos jornais e telejornais foram sobre os riscos eminentes de desaparecimento de espécies da fauna e da flora devido as práticas agrícolas inadequadas. Toda a criança em idade escolar sabe que o equilíbrio dos ecossistemas é essencial à sobrevivência do próprio planeta.
O modelo capitalista de produção agrário hoje adotado no mundo e no Brasil é predatório, altamente impactante aos frágeis ecossistemas. Milhares de espécies de plantas só se reproduzem quando insetos como abelhas, entre outros, fizerem a polinização. No Brasil, pesquisas realizadas há poucos dias comprovam que quase um bilhão de abelhas morreu intoxicadas por agrotóxicos. Se abelhas e outros insetos desaparecerem por completo, a população do planeta morreria de fome em pouco tempo, pois plantas como milho, soja, arroz e espécies frutíferas, dependem da polinização para se reproduzirem.
A proteção dos biomas da Amazônia e da mata Atlântica é crucial para o planeta. Neles vivem integradas plantas e organismos ainda desconhecidos da ciência. Esse é o motivo da preocupação de ONGs internacionais sobre o contínuo desmatamento desses dois ecossistemas. Hoje é sabido que muitos medicamentos produzidos e consumidos no mundo foram desenvolvidos a partir de plantas medicinais. A proteção das comunidades tradicionais residentes nas florestas também é uma maneira de salvaguardar o vasto acervo de conhecimentos sobre as florestas.
A fragilidade na pesquisa científica, a pressão do agronegócio e da pirataria sem controle, ambos estão  tirando do Brasil a oportunidade de vir a ser protagonista na produção de medicamentos e vacinas. Quem duvida que junto às centenas de florestas e organismos destruídos todos os dias não estão também espécies que trariam a cura da AIDS e vários tipos de CÂNCER. O que revolta é saber que nada disso é prioridade ou compreensível pelo atual governo e muitos dos seus ministros como do meio ambiente. Basta observar como este vem se comportando frente às demandas emergenciais da pasta. O que dizer do ministro da educação, sem qualquer critério e sensibilidade ousa e lançar tesouradas no orçamento da educação, afetando em cheio a pesquisa.
 No instante em que o alvo dos ataques é a educação, abre-se as portas para uma debandada de cérebros, atraídos por governos e populações mais inteligentes, que se construíram e se tornaram potência respeitada a partir da educação. O que no resta então é a pressão contra a insanidade dos atuais gestores e de uma elite urbana e agrária que se alimentam e se fortalecem da ignorância social em crescimento vertiginoso.  
A prepotente e arrogante elite agrária deveria saber que o modelo produtivo em curso é completamente insustentável e que está afetando a sua própria produtividade. Quanto mais agrotóxico e desmatamento praticarem, mais desgastado e infértil ficará o solo, além do desequilíbrio do ciclo das chuvas que depende das florestas. Mais desmatamento e aditivos químicos, menos microorganismos presentes no solo. A agroecologia vem se mostrando uma alternativa necessária à agricultura convencional. Manejo eficiente do solo, adubação orgânica e sementes não transgênicas tenderá a ocupar mais e mais áreas cultivadas no futuro.
Esse processo de sensibilização ambiental pode ser realizado até mesmo em casa ou apartamentos. Basta recolher as sobras de alimentos e transformá-los em adubo. Essas práticas sustentáveis podem também ser desenvolvidas nas escolas, a partir da compostagem com restos de alimentos. Envolver as crianças menores com tais experiências, estimulando o hábito da reciclagem, da observação do ciclo evolutivo das plantas e da complexa biodiversidade formada nesses espaços, deve ser exercitada durante todo o ano letivo.
As escolas se eximindo dessa tarefa e os governos continuarem insistindo em defender políticas nada sustentáveis aos ecossistemas, nos próximos anos, pesquisadores alertam que no mundo cerca de 500 mil espécies de animais e plantas vão desaparecer. No Brasil os números são assustadores: 2.113 espécies da flora e 1.173 espécies da fauna vão desaparecer.
Prof. Jairo Cezar 

quarta-feira, 22 de maio de 2019


A FRONTEIRA ENTRE A VIDA E A MORTE SOB O OLHAR DA FILOSOFIA

Um momento ímpar e inusitado da área de filosofia foi vivenciado por um grupo de estudantes da EEBA quando decidiram visitar o principal e mais antigo cemitério da cidade. O que tem de importante essa estranha visita a um lugar “funesto”, “triste e frio” com a disciplina? No imaginário coletivo o cemitério é lugar de fim de uma trajetória, onde tudo acaba até mesmo os sólidos túmulos. Para a filosofia o cemitério é um extraordinário acervo de informações reveladoras da existência humana, lugar para desconstruir mitos e tabus sobre o sentido da vida e da morte.  
Na cultura cristã o rito do sepultamento é um arquétipo repleto de significados, necessários para dar acalento à vida dos ficaram. Quantas e quantas vezes somos invadidos por pensamentos confusos e angustiantes desse inusitado e fatídico momento que chegará para todos, a morte. De imediato desviamos tais pensamentos para não penetrarmos no abismo existencial que nos remete a sentimentos de profunda introspecção. É exatamente esse o papel da filosofia, pensar o quão pequeno e frágil somos, que podemos num piscar de olhas deixar de existir, fincando apenas nossa memória, que também é efêmera, passageira, como a própria vida.  
Esse é, portanto, o fascínio da vida, viver sabendo que partiremos a qualquer momento. Tanto na antiguidade clássica quanto em culturas diversas modernas, vida e morte são celebradas de distintas maneiras. Algumas sepultam seus mortos junto às plantações acreditando na presença dos espíritos na proteção, fertilidade e colheitas fartas. Outros como os hindus, cremam os corpos, já os cristãos enterram os corpos em urnas na expectativa da ressurreição e vida eterna. Em fim são os cemitérios os ambientes repletos de saberemos e arquétipos da nossa existência primordial.  
Claro que nesses espaços somos invadidos por uma atmosfera de melancolia, saudosismo, pois na nossa cultura aprendemos que a morte é um instante terrível, dolorido, mesmo consciente que não poderemos relutar a sua presença. A filosofia ajuda a pensar e a desconstruir conceitos equivocados acerca desse tema, tornar esse momento mais leve, sublime, de autoconhecimento. No entanto, embora tantas justificativas e explicações racionais é impossível se esquivar de reações químicas involuntárias como o choro no momento que perdemos alguém que muito amamos.
O que conforta os corações dos crédulos é acreditar que morrendo se estará diante dos que já partiram. Os incrédulos têm a morte como um processo natural. Não existe nada fora desse mundo, tudo o que fazemos tem o seu fim aqui mesmo.  O que vale é o aqui e agora. Fora isso, o que fica são os nossos legados, os bons exemplos para que outros possam se inspirar a aplicar em suas vidas.
No cemitério, portanto, aprendemos sobre arte, história, política, religião, sociologia, filosofia, geografia, etc. O cemitério é de certo modo um vasto acervo historiográfico a céu aberto. As primeiras famílias, os extratos sociais, a geografia e a arquitetura dos túmulos, a forma das escritas e objetos decorativos, entre outros, podem servir de documento explicativo da nossa sociedade, sua evolução, contradições, ao longo do tempo.
Prof. Jairo Cezar        



DE VOLTA AO TEMPO DA MARIA FUMAÇA

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No final dos anos vinte o município de Araranguá é integrado ao restante do estado catarinense pela malha férrea  Dona Theresa Christina, que por quarenta anos foi responsável pelo transporte de passageiros e mercadorias até os municípios de Criciúma, Tubarão, Laguna e Imbituba. Se perguntarmos às pessoas mais antigas que residem no município, sobre a estrada de ferro, certamente iriam comentar sobre o som diário do apito do trem, que poderia ser ouvido de longe, funcionando como um relógio que jamais atrasava. O apito, por sua vez, agitava a estação ferroviária da barranca, com dezenas, centenas de pessoas que para lá se dirigiam à espera de quem vinha de viagem.

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Além de passageiros e mercadorias, o trem trazia as novidades de um mundo cada vez mais moderno, cujo tempo passava a ser medido pela velocidade das locomotivas. Claro que em comparação aos lentos carros de bois que levavam até sete dias para chegar à laguna, de trem, depois de quatro ou cinco horas já estaria chegando ao destino final, o porto de Imbituba.
O trem, portanto, foi uma revolução aos costumes e à economia de uma cidade acostumada com o ritmo do movimento dos carros de boi. Quantos turistas, políticos e cidadãos comuns devem ter embarcado e desembarcado nas plataformas da estação no bairro barranca, onde atravessavam as balsas do caudaloso rio para chegar às largas avenidas de uma cidade que respirava progresso e prometia revolucionar o extremo sul de Santa Catarina.

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Os anos se sucederam e o trem, todos os dias, insistia em despertar os sonolentos moradores de Araranguá com seu estridente apito, trazendo novidades das grandes cidades cada vez mais industrializadas e levando nos seus vagões a riqueza e a esperança de dias melhores aos milhares de araranguaenses. O final da década de 1960 vislumbrou um cenário nada otimista para o transporte ferroviário brasileiro, que já demonstrava estagnação devido a pressão do setor rodoviário em franca expansão. Por fim, num determinado dia, a densa fumaça de carvão queimado da chaminé da velha locomotiva e o som do apito forte, deixariam de ser visto e ouvido, ficando para sempre na lembrança dos mais saudosistas.

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Restaram apenas os trilhos e a estação que com o tempo foi se deteriorando com a ação do tempo. A malha férrea que ligava Criciúma a Araranguá foi totalmente removida, hoje restam apenas os trilhos ligando os municípios da AMREC à usina termelétrica de Capivari de Baixo e o porto de Imbituba. Não ouve mais o pulsar compassado da romântica Maria fumaça, também conhecida como trem horário, seus maquinistas, tripulantes que se deslocavam de um vagão ao outro prestando apoio aos passageiros. Hoje o que restaram são possantes locomotivas conectadas com dezenas de vagões carregados de carvão mineral ou container a serem embarcados em navios no porto de Imbituba. Quem imaginaria que um dia pudesse ser revivido o esplendor, o romantismo, um momento mágico na vida de milhares de cidadãos, fazendo o mesmo caminho feito pelo trem há 40, 50 anos.

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Foi isso o que aconteceu no dia 19 de maio de 2019, quando um grupo de aproximadamente 200 pessoas foi contemplado com um passeio de Maria fumaça, cumprindo procedimentos ou ritos muito parecidos há 50 anos. O projeto Trem da História inaugurou nesse dia novo percurso entre Tubarão a Jaguaruna, com tempo aproximado de viagem de uma hora. Para aqueles/as que jamais tiveram a chance de viajar num trem movido a carvão mineral e cuja velocidade não superava os cinqüenta km/h, o passeio até Jaguaruna serviu para contemplar as mesmas sensações e emoções sentidas pelos nossos pais e avós no passado.   

FOTO JAIRO

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Viajar de Maria fumaça não é a mesma coisa que viajar de ônibus e automóvel. A relação tempo e espaço é diferente. A pouca velocidade do veículo que se move sobre trilhos permite contemplar as magníficas paisagens de morros, campos agrícolas, florestas, animais, que dificilmente seriam possíveis de apreciar se embarcados em ônibus ou automóveis. Todo esse esplendor contemplativo ajudou a relaxar, descarregar as tensões e sentimentos comuns num mundo cada vez mais acelerado e medido por maga bit, giga bit. Embarcar nos vagões com acentos confortáveis e janelas panorâmicas é a primeira etapa do grupo antes de iniciar a curta, porém longa viagem.

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Uma ferromoça ou tripulante auxiliava os passageiros instruído-os sobre os cuidados que deveriam ter no momento da partida do trem, dentre os cuidados não colocar os braços e a cabeça para fora da janela, coisa que pouca gente fez tamanha a ansiedade de ver o trem pela janela se movimentando sobre o trilho.  O trem ao partir da estação o único ruído possível de ser ouvido era das emendas dos dormentes ou o apito que soava a cada cruzamento de estrada, alertando motoristas e pessoas desatentas para não parar na linha férrea.

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Nas décadas de vinte, trinta em diante, o apito provavelmente soava para alertar os cavaleiros, condutores de carros de bois e animais que estivessem parados sobre os trilhos.  Um problema que talvez irritasse passageiros a bordo dos vagões no passado era a espessa fumaça expelida pela chaminé da locomotiva que tornava os ambientes irrespiráveis dependendo da direção do vento.
Em fim, fora a fumaça e outros pequenos imprevistos, quarenta minutos de Tubarão a Jaguaruna, despertou a atenção de dezenas de pessoas residentes as margens da ferrovia, cujos mais antigos talvez tivessem até se emocionado relembrando os tempos em que a Maria fumaça transitava pelos mesmos trilhos. Na chegada a Jaguaruna o público foi levado a um centro de eventos onde foi oferecido um delicioso café colonial. Tanto na ida quanto no retorno, os passageiros foram contemplados com atrações culturais e sorteios de brindes.
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É possível que tais atrativos artísticos e culturais não acompanhassem os passageiros nas demoradas viagens do passado. Talvez nem fosse necessário pelo fato da enorme singularidade de paisagens e cenários que atraiam os olhares de todos em todo o percurso. Nos passeios de Maria fumaça, antes ou depois, o público tem a oportunidade de visitar o museu ferroviário, local onde estão guardados um dos maiores acervos de locomotivas a vapor das Américas. Além desses veículos de diferentes épocas e nacionalidades, é possível contemplar a história da ferrovia Thereza Christina por meio de fotografias.

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Um olhar mais atento no acervo de locomotivas revela o esplendor e a pujança econômica de uma época. A questão é como um país que possuía todas as condições para se despontar no setor ferroviário de repente vê seu futuro dominado pelo rodoviário. O Brasil, portanto, paga hoje um preço alto a essa decisão equivocada de seus governantes. Entretanto ainda há tempo para reverter esses erros históricos. Os países desenvolvidos tiveram e têm o sistema ferroviário como dinamizador da economia, da cultura, se mantendo quase inabaláveis às crises cíclicas até o momento.

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O Brasil não pode mais se manter dependente unicamente do sistema rodoviário. É preciso repensar formas alternativas e sustentáveis de transportes que traga o mínimo de impacto ao meio ambiente. Fazer uma viaje de Maria fumaça e visitar o museu ferroviário em Tubarão é um jeito saudável de fazer as pessoas refletirem que nada é imutável, que as futuras gerações poderão ter um mundo melhor, com cidades menos entupidas de automóveis e ar mais respirável.
Se Araranguá teve sua estação ferroviária por quase quarenta anos, o que poderia estar dificultando o poder público de Araranguá em recuperar fragmentos desse período construindo um museu da memória da ferrovia? Não há dúvidas que o espaço atrairia um enorme público curioso em conhecer objetos e imagens de um passado que foi importante e determinante na transição das várias fases de cultura e economia.  
Prof. Jairo Cezar