terça-feira, 28 de maio de 2019


QUAL A RELAÇÃO DO DESCONGELAMENTO NA ANTÁRTICA COM AS SEVERAS TEMPESTADES E CHUVAS TORRENCIAIS NO SUL DO BRASIL?

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O programa “Fantástico” da rede Globo exibiu no dia 12 de maio de 2019  reportagem intrigante sobre o clima no planeta, onde revelou que suas mudanças extremas em todo o globo têm relação sim com a ação humana. Tal certeza foi possível analisando alterações que estão ocorrendo nos ecossistemas do continente antártico devido à perda vertiginosa da cobertura de gelo das calotas. Na antártica foram feitas coletas de fragmentos de  gelo de centenas de metros de profundidade através de equipamentos especiais. Quanto maior a profundidade do gelo mais antigo ele é.





Nos fragmentos de gelo recolhidos foram identificadas pequenas bolhas de ar da atmosfera de tempos passados.  Quanto mais profundo, que demonstra ser mais primitiva a atmosfera, mais estável era a concentração de CO2 nas bolhas de ar. Próxima a superfície, as bolhas de ar apresentavam uma concentração maior de CO2 que as identificadas nas profundas camadas. A resposta dessa elevação de gás carbônico nas bolhas de ar se deve ao aumento da queima de combustíveis fósseis, carvão e petróleo, a partir da revolução industrial e que continua em ritmo acelerado.


Sobre as mudanças climáticas, a ONU apresentou um completo relatório inédito que teve a participação de 145 especialistas, de 50 países. Os pesquisadores elaboraram um total de 15 mil estudos que comprovaram que cerca de um milhão de espécies da fauna e da flora estão na lista de extinção. As savanas da África e a floresta amazônica ambas já perderam 20% da sua biodiversidade nos últimos cem anos.  Se o continente antártico é o mais afetado pelos efeitos do aquecimento, seus impactos no clima do planeta já são percebidos a começar pelo próprio continente gelado, que mostra haver redução da população de algumas espécies de pingüins.


Na península antártica onde está a estação brasileira Antártica, na ilha de São Jorge, conforme estudos realizados, a cada ano há um recuo de aproximadamente 10 metros de gelo dessa parte da antártica. Em todo o continente cuja área equivale uma vez em meia o tamanho do território brasileiro o derretimento do gelo está sendo 6 (seis) vezes mais rápido  que nos últimos quarenta anos. Para provar que a antártica sofre com o calor, entre 1970 a 1989, o continente perdeu 40 bilhões de toneladas de gelo. Esse volume, porém, foi muito maior em 2009 quando o calor derreteu 252 bilhões de toneladas.




Se esse ritmo de degelo permanecer, nos próximos 500 anos o nível do mar irá se  elevar a seis metros. Os impactos da elevação do nível do mar já estão sendo sentidos atualmente no Brasil e outras partes do planeta, com regiões costeiras e ilhas invadidas pela água do mar. Além do aumento do volume dos oceanos, os efeitos climáticos extremos como tempestades, enxurradas e estiagens prolongadas, já são uma constante no Brasil. No futuro, se não houver uma estagnação do aquecimento do clima, locais como o elevador Lacerda, na Bahia e a beira mar norte em Florianópolis serão cobertas pela água do mar. 


O degelo e as alterações climáticas no continente antártico poderão impactar mais o sul do Brasil que outras áreas do território brasileiro. O furacão Catarina em 2004 é um exemplo dos reflexos das mudanças extremas do clima. Na reportagem um pesquisador revelou que as frentes frias que são mais freqüentes no sul do Brasil no inverno estão mudando o pondo de formação e deslocamento na antártica.
 Até há pouco tempo, as frentes frias se formavam mais a oeste da antártica. Com o degelo, o processo de formação foi deslocado mais ao sul, numa região conhecida como mar de Weddell. O ar dessa região é considerado mais frio, em contato com temperaturas mais aquecidas no sul, provoca reviravoltas extremas do tempo, com ondas de frio elevadas chegando a atingir o centro oeste e o norte do país.





A violenta tempestade que atingiu Porto Alegre em dezembro de 2016 que derrubou seis mil árvores e mais 40 milhões de prejuízos, as inundações em abril de 2019 na cidade do Rio de Janeiro e as fortes precipitações nas cidades do litoral sul de Santa Catarina em 24 de maio de 2019, cujo volume de água chegou próximo a 300 mm em 24 horas, devem ser vistas com um olhar mais atendo pelas autoridades e governos que insistem em negar que tudo isso tem relação com as mudanças do clima global.

https://www.nsctotal.com.br/noticias/chuva-forte-causa-transtornos-em-cidades-do-sul-de-santa-catarina


Em menor escala que os países industrializados o Brasil tem contribuído com a derrubada e queimada das florestas na emissão de CO2 a atmosfera. Nas últimas COP (Conferência das Partes sobre o Clima) o Brasil tem sido decisivo na articulação e amarração de acordos com os demais países na redução de gases poluentes responsáveis pelo aquecimento global. O acordo de Paris, de 2015, se notabilizou como um dos encontros mais importantes e decisivos sobre o clima já realizado até o momento. Até mesmo os EUA e outras nações que sempre se negaram aderir aos protocolos, decidiram engajar-se no cumprimento das metas favoráveis ao clima global.
O que não estava previsto era a decisão do presidente norte Americano Trump e romper com o acordo de Paris, decisão que pode colocar por terra tudo o que se avançou até o momento. O governo de Bolsonaro vem ensaiando querer seguir o mesmo caminho de Trump. Embora não tenha decidido ainda abandonar o acordo, todas as medidas que vem tomando sobre o tema meio ambiente mostram-se contrárias aquelas acordadas nos encontros de cúpulas, muitas das quais com resultados satisfatórios na melhoria do clima do país e do planeta.
Pela importância da presença do país nas conferências sobre o clima, em 2018 o Brasil foi escolhido para sediar a 25 COP. Entretanto, o governo Bolsonaro decidiu vetar o evento no país, cujas justificativas não foram convincentes. A desculpa é que o próprio governo reitera criticas  ao acordo de Paris e de que membros do governo refutam ou minimizam as mudanças climáticas. A saída do Brasil para sediar o evento, abriu portas para outro país, nesse caso o Chile será o país anfitrião.
Demonstrando total ceticismo às mudanças climáticas, o atual governo também decidiu não participar da Semana Climática America Latina e Caribe, nos dias 19 e 23 de agosto em salvador, BA, evento que serve como preparativo ao encontro do Chile. E não terminou por aí a guinada anti-ambiental do governo brasileiro. Em 13 de maio ocorreu em Lima, Peru, conferência regional da ONU sobre mudanças climáticas. Na lista de países convidados estava o Brasil por possuir vasta área constituída de floresta tropical.
A recusa do governo Brasileiro em não participar gerou questionamento do governo anfitrião e dos demais participantes, como a presidente do Fundo Para o Meio Ambiente Mundial, Naoko Ishii. Ela e representante desse fundo que distribui um bilhão de dólares aos países que lidam com problemas ambientais. Naoko se diz preocupada com a guinada do Brasil desde Janeiro. Disse que se o Bolsonaro fizer o que diz, é um risco.
É visível aos olhos de todos  que a postura negligente do atual governos sobre  temas relacionados às mudanças climáticas tende a acelerar ainda mais os problemas com perdas humanas e prejuízos financeiros milionários. O custo no cumprimento dos acordos para a redução do aquecimento tende a ser muito menor comparado com o que já está sendo gasto na reparação dos desastres ambientais.
Prof. Jairo Cezar      
















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