quarta-feira, 6 de março de 2019


MINISTRO DA EDUCAÇÃO SEGUE FIEL A CARTILHA DE DESMONTE DA EDUCAÇÃO PÚBLICA DO GOVERNO BOSLSONARO

Uma das primeiras medidas de Ricardo Vélaz Rodrigues no ministério da educação de Bolsonaro já demonstrou seu descompromisso e descaso com demandas emergentes no campo infraestrutura afetando mais de 90% das escolas públicas espalhadas pelo Brasil. Um governo que se mostra mais preocupado com temas patrióticos de cunho ideológico conservador, como hastear bandeira e cantar o hino nacional nas escolas, contradiz com o seu discurso de campanha de querer revolucionar a educação.
É possível que até mesmo fiéis escudeiros de Bolsonaro devam ter se embasbacado quando souberam que o ministro da educação havia encaminhado recomendação às escolas públicas para que estudantes ficassem enfileirados e cantassem o hino nacional. No documento o ministro solicitava filmagens das crianças e o seu envio ao MEC, bem como a leitura de uma mensagem contendo, no final, o lema da campanha de Bolsonaro.
De imediato a notícia viralisou nas redes sociais, se transformando em piada e motivo da exibição de milhares MEMES. A justiça imediatamente interviu arguindo inconstitucionalidade, pois o ato infringia dispositivos da estatuto da criança e do adolescente e da própria constituição federal. Dias depois do ato hilário do ministro, ele encaminhou comunicado retirando o absurdo pedido. A alegação do ministério da retirada foi por ter havido problemas no recebimento dos vídeos, sobrecarregando os sistemas.
A verdade do cancelamento do documento foi sim a avalanche de vídeos enviados de escolas caindo aos pedaços que constrangeu o próprio ministro e o MEC. Atos constrangedoras como esses poderiam ter sido evitados, com governos mais inteligentes e ministros conhecedores da realidade da educação brasileira. Nem um nem outro, e o resultado é esse, exposição ao ridículo e a indignação de brasileiros, principalmente de eleitores apaixonados que já demonstram desiludidos, percebendo a besteira que fizeram o elegendo.
Há quantos anos vem sendo denunciados as mazelas que envolvem o ensino público de sul ao norte, cujos resultados são percebidos nas avaliações o IDEB e PISA? Governos passados acreditavam que com reformas pedagógicas seriam suficientes para conter os baixos índices avaliativos. Todos os países que alcançaram níveis de excelência no ensino investiram parcelas expressivas do PIB em educação, começando com estruturação dos espaços físicos e valorização do profissionais.
O atual governo usou as redes sociais afirmando que o Brasil investiu muito em educação nos últimos anos. Disse que é inadmissível tanto recurso disponibilizado com tão baixo retorno. Defendeu que fosse feito uma CPI na educação envolvendo vários seguimentos como o MEC e MPF e MPE para detectar onde estão os motivos do péssimo desempenho dos estudantes. Ousou em afirmar que o motivo do disparate no rendimento pedagógico é culpa dos profissionais da educação que sonegam conteúdos essenciais, adotando posturas de cunho ideológico no exercício da docência. Afirmou que a CPI é para “impedir o avanço da fábrica de militantes políticos para formarmos cidadãos”.
Chega doer a alma de quem vive as dificuldades do dia a dia de uma escola pública e ter de ouvir tamanha besteira, logo de quem deveria estar construindo canais amistosos de debates com educadores e gestores de todas escolas brasileiras. A própria rede globo, em um dos seus principais telejornais diários, apresentou reportagem mostrando a terrível saga de milhares de estudantes de escolas do Mato Grosso que estão estudando dentro de contêineres adaptados como sala de aulas. O agravante disso é que as chamadas “escolas de latas,” “improvisadas”, já estão se popularizando no país inteiro.
Sem o mínimo de infraestrutura, crianças são forçadas a passarem quatro ou mais horas do dia nesses cubículos. Se o atual presidente estivesse realmente preocupado com a educação pública, no lugar de solicitar o envio vídeos de crianças cantando o hino nacional e declamando o slogan “brasil acima de todos e deus acima de tudo”, encaminhassem diagnósticos das estruturas das escolas, poderia atacar de imediato o real motivo do fraco rendimento dos estudantes brasileiros.
Porém, jamais o fará, pois comprometerá a reputação de gestores públicos estaduais e municipais que o apoiaram, cujas escolas públicas onde gerenciam estão aos frangalhos. O governo bem sabe que se “bilhões” de reais do orçamento federal foram disponibilizados para educação pública, o fato é que no longo caminho até a escola parte desses recursos se perderam pelos ralos da corrupção e desvios de finalidades. Todos nos unamos contra governos que insistem em querem destruir a educação pública.
Prof. Jairo Cezar


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