domingo, 9 de dezembro de 2018


AGROTÓXICO PERIGOSO 2,4-D DESTRÓI CULTURA DE VINHEDO NO RIO GRANDE DO SUL


Como faço quase todos os domingos pela manhã, ligo a TV e assisto algumas reportagens exibida pelo programa Globo Rural. Nesse domingo, 08 de novembro, uma das manchetes exibidas e que me chamou a atenção, dizia: herbicida usado em lavouras de soja afeta a produção de parreira no RS. O assunto realmente era para ser acompanhado, especialmente pelo fato de estar no congresso, projeto de lei que altera dispositivos que flexibiliza o uso de novos agrotóxicos, flexibilizando o comércio até daqueles que então proibidos pelos órgãos legisladores. Assistindo a reportagem notei que o problema vem acontecendo na região da campanha gaucha onde plantações de vinhedos dividem espaços com culturas de soja[1].
A denúncia dos produtores de uva era contra os contra os agricultores que utilizam herbicidas nas lavouras, dentre eles o herbicida 2,4-D, cujas partículas são transportadas pelo vento até os vinhedos. É sabido que a liberação do uso desse herbicida pela agência reguladora brasileira, todos os usuários deveriam e devem seguir regras rígidas de manejo. Entretanto, afirma os vinicultores que o uso incorreto desse produto está atingindo as parreiras, afetando a produção, a qualidade dos frutos e do vinho.
O problema não se restringe apenas às uvas, as plantações de oliveiras (azeitonas) e a mata nativa também estão sendo afetadas pelo produto. De acordo com laudo apresentado por laboratórios no Rio Grande do Sul, das cinqüenta amostras analisadas, no resultado obtido em 30 avaliações, 29 apresentavam substâncias advindas do agrotóxico 2,4-D. 
Segundo relatou um dos produtores entrevistados na reportagem, o mesmo confessou que o problema já é antigo e que afeta outras regiões do estado, totalizando área de 1500 hectares.  Alguns relatos dão conta de que os vinhedos afetados pelo veneno seus galhos crescem de forma desordenada, que os frutos embora se desenvolvam, não ocorre maturação.
Os prejuízos, segundo representantes de cooperativas dos produtores, são enormes. Há casos de haver redução na produção de uva de um milhão para 450 mil toneladas por safra. O caso é tão grave que foram protocolados denúncias no Ministério Público com o objetivo de apurar os fatos e punir os responsáveis pelo crime ambiental.
A divulgação da reportagem se dá num momento crítico, onde tramita no congresso projeto de lei com intuído de facilitar ainda mais o uso de agrotóxicos na agricultura. O próprio presidente da república eleito, indicou para o ministério da agricultura, uma das principais integrantes do agronegócio brasileiro, forte defensora da flexibilização das políticas sobre os agrotóxicos ou Produtos Fitossanitários, como aparecerá nos rótulos das embalagens. Não é segredo para ninguém que Glifosato round up é considerado o agrotóxico mais comercializado no mundo, sendo o Brasil o primeiro ou segundo na lista.
 No entanto, no começo do ano a empresa dona da marca sofreu um forte revés quando a justiça dos Estados Unidos decidiu dar sentença favorável a um cidadão que responsabilizou a empresa Monsanto como culpada pelo câncer contraído quando esteve exposto por longo tempo. Quanto ao agrotóxico 2,4-D, proibido em muitos países como Moçambique, Noruega, Vietnã, entre outros, devido a comprovação por danos à saúde, no Brasil, o mesmo é liberado. Parar sua liberação aqui, os órgãos governamentais deveriam exercer rígido acompanhamento na comercialização e uso nas lavouras. Algo que não vem ocorrendo. Isso num momento em que as regras sobre os agrotóxicos no Brasil são consideradas avançadas.
Imaginamos agora como irá ficar com a nova legislação quando entrar em vigor? Quanto ao agrotóxico 2,4-D, investigações em laboratórios comprovaram que o princípio ativo desse veneno provoca alterações hormonais, disfunção da tireoide, do sistema reprodutivo, etc.[2] Outro alerta importante. Na guerra do Vietnã, esse veneno foi adicionado a outros produtos dando origem ao nefasto Agente laranja. O exército Norte Americano, durante a guerra, usou aviões para pulverizar as florestas daquele país, levando a morte milhares de pessoas.
Até hoje, cinqüenta anos depois, a população do Vietnã sofre os efeitos nefastos desse agrotóxico. Por isso sua proibição nas culturas daquele país.  O que mais seria necessário para sensibilizar as autoridades e os políticos brasileiros para que repensem suas posições quanto aos agrotóxicos? Até quanto continuaremos consumindo água e alimentos contaminados. Ainda há tempo de repensar e substituir agrotóxicos por práticas ecológicas.
Prof. Jairo Cezar      
     


[1] https://g1.globo.com/economia/agronegocios/globo-rural/
[2] https://www.brasildefato.com.br/node/27082/


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