terça-feira, 13 de novembro de 2018


MORRO DOS CONVENTOS - UM OASIS GEOECOLÓGICO QUE IMPRESSIONA PELA SUA BELEZA E POTENCIALIDADE TURÍSTICA

Foto - Jairo

A comunidade do Morro dos Conventos pode ter certeza, será conhecida por milhares de cidadãos/as brasileiros/as a partir do dia 8 de novembro de 2018, quando da realização de encontro com integrantes da Fundação SOS MATA ATLÂNTICA; SECRETARIA DE TURISMO DE ARARANGUÁ; FAMA; RAPSOL; SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO; AMOCO; PLANT FOR THE PLANET; UFSC; ADR/ARARANGUÁ; CRM-SC; GEOAMBIENTAL, ETC. A vinda a Araranguá se deve ao projeto Unidades de Conservação da Costa de Araranguá – difundindo a Natureza local com o roteiro geoecológico, como uma das demandas do Projeto Orla.
O projeto acima citado foi selecionado entre tantos encaminhados à SOS MATA ATLÂNTICA, que poderia se constituir mais um acontecimento trivial para a fundação, sem muita repercussão, porém, não foi o que aconteceu. A equipe julgadora o projeto coordenado pela Prof. Dr. Samanta Cristiano, como o mais relevante na categoria indicada. E não ficou somente na seleção por si só. A temática sugerida mobilizou a fundação para que conferissem em loco o que de relevante, exclusivo, havia naquele minúsculo ponto no mapa da costa sul catarinense.

Foto - Jairo

A proposta contemplada teve e tem por objetivo sensibilizar a sociedade sul catarinense das potencialidades ambientais, turísticas da faixa costeira de Araranguá, bem como dar visibilidade e conhecimento sobre os complexos e frágeis ambientes onde se está inserida. A região em foco foi transformada, por decreto, em 2016, em três unidades de conservação municipal: MONA – Monumento Natural – Unidade de Conservação Morro dos Conventos; APA (Área de Proteção Ambiental) e RESEX (Reserva Extrativista – Comunidade de Ilhas e Morro Agudo).
Sendo assim, a primeira versão do projeto que resultou nos painéis informativos e educativos da costa de Araranguá, será revitalizado, ajustado seguindo as prerrogativas legais das unidades de conservação. Essa revitalização, ampliação e demais atividades complementares, têm o apoio da SOS MATA ATLÂNTICA com recursos provenientes da REPSOL social.  

Foto - Jairo
  
O primeiro contado da fundação com membros do projeto ocorreu em agosto de 2018, quando Diego Agawa Martinez, biólogo da SOS Mata Atlântica e analista de áreas protegidas, esteve no Morro dos Conventos, que acompanhado por integrantes do Comitê Gestor do Projeto Orla, inspecionaram os painéis e algumas trilhas que compõem o roteiro. A visita do membro da fundação ao balneário lhe impressionou de tal forma que resultou num texto – Um Tesouro Protegido no Sul do Brasil, publicado na página eletrônica da fundação em 14 de agosto de 2018.[1]
A região de Morro dos Conventos, Morro Agudo, Ilhas e Barra Velha, que para muitos cidadãos e políticos locais se resumem em fragmentos territórios dispensáveis, aguçaram a curiosidade de outros integrantes da fundação SOS Mata Atlântica, a coordenadora de responsabilidade social da Repsol Sinopec, bem como da grande imprensa nacional. Isso mesmo, grande imprensa. Depois da publicação o texto de Diego Agawa, na Página oficial da fundação SOS Mata Atlântica e de grande repercussão nacional, no dia 08 de novembro de 2018, um novo encontro se sucedeu no Morro dos Conventos, dessa vez com um público ampliado. 

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Estavam presentes no salão de festas da Igreja São Judas Tadeu do Bairro, além das entidades acima mencionadas, o fotografo da fundação SOS; profissionais das ARTV e duas jornalistas, uma do Jornal O Globo, do Rio de Janeiro, e a outra do Estadão, São Paulo. Quando se soube que haveria tal evento no Morro dos Conventos, numa quinta feira à tarde, para tratar de demandas vinculadas ao meio ambiente, turismo, a expectativa era que estivessem no local três ou quatro pessoas, como é de praxe quando se trata dessas temáticas.
Entretanto o numero ficou acima da expectativa, porém, muitos dos quais, de fora, curiosos em saber o que de tão espetacular o balneário tem que movimentou entidades como a SOS Mata Atlântica e a imprensa. Quando conversei com as duas jornalistas, questionei-as se o fato de ambas estarem no evento teria sido mera casualidade ou foi ato premeditado, com fim exclusivo jornalístico? Responderam que foram convidadas pela fundação, onde dispensaram outras matérias em tela para conhecer o que de tão espetacular havia aqui.  
Como integrante de uma organização ambiental que desde a sua fundação os membros vêm enfrentando pressões do seguimento imobiliário e o poder público, ouvir aquela resposta das jornalistas ressoou como um conforto, um prêmio, uma retribuição por anos, décadas de engajamento e luta pela preservação deste que é, conforme classificou a pesquisadora Dr. Samanta: “um Oasis na extensa dimensão da costa sul de Santa Catarina”.
Há tempo tem se ouvido que a faixa costeira de Araranguá é uma jóia rara, um diamante bruto não lapidado, que bem trabalhado pode elevar o município e região do extremo sul do estado à condição de principal rota turística do sul do estado. O fato é que integrantes de ONGs, OSCIPs, associações de moradores, fundações ambientais, imprensa, pesquisadores, ministério público, universidades, imprensa, etc, todos, indistintamente, corroboram com essa afirmação, menos o poder público e políticos locais.[2]

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Um encontro da magnitude e importância que foi o dia 8 de novembro no Morro dos Conventos, outros municípios com menor potencial ambiental e turístico, comparado a Araranguá, teria preparado uma apoteose para recepcionar pessoas e entidades tão ilustres, que fazem a diferença no país e no planeta. Para um município da envergadura de Araranguá, tais preparativos são quase utopias, pois o que prevalece ainda são os interesses individuais e o jeito tosco de fazer política. Para muitos, endinheirados, o Morro dos Conventos é de certo modo o “El dourado verde” do setor imobiliário e empreiteiras, que deve ser explorado a todo custo, mesmo que para isso tenham que suprimir parágrafos, incisos de legislações, decretos.

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Antes de abrir espaço para as discussões e os questionamentos, os promotores do projeto Unidades de Conservação Costa de Araranguá com objetivo de difundir a natureza local por meio do Roteiro Geoecológico, fizeram uma breve explanação destacando aspectos pertinentes e críticos da região abrangida pelo projeto. Informaram os apresentadores Samanta e Pedro, que a proposta é sensibilizar a população acerca das unidades de conservação, bem como revitalizar os painéis informativos dos roteiros geoecológicos fixados em cinco pontos estratégicos do faixa costeira de Araranguá.[3]

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 Para que o conhecimento sobre as unidades de conservação se estendesse a um público expressivo, foram elencadas atividades como palestras, oficinas, etc, em escolas, associações de moradores, universidade e instituto federal de ensino. Uma das ações mais importantes previstas para o começo de 2019 será uma oficina educativa sobre unidades de conservação a ser oferecida aos professores das redes de ensino do município.  Esclareceu que nas palestras proferidas estão sendo distribuídos questionários aos presentes para avaliar a compreensão acerca de aspectos concernentes às áreas amparadas pelas unidades de conservação.
Nas intervenções e questionamentos, as jornalistas do o globo, Ana Lúcia Azevedo, e do estadão, Geovana Girardi, estavam ansiosas para entender por que a escolha do tema do projeto foi relacionada à geologia, já que geralmente muitos programas se busca dar mais ênfase aos aspectos bióticos, ecológicos, ambientais. Respondeu a palestrante que há um projeto maior em tramitação na região intitulado Caminho dos Canyos Sul, que o Morro dos Conventos estava incorporado na proposta principal, quando foi lançado, devido à relevância geológica do local, datada de mais de 150 milhões de anos.

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De acordo com estudos feitos, o Morro dos Conventos é um remanescente da serra geral, constituído, entre outros componentes geológicos, do afloramento RIO do RASTO. Quando se fala do afloramento Rio do Rasto, são informações fundamentadas em escassas bibliografias existentes. Poucas pesquisas sobre o geossítio Morro dos Conventos abrem precedentes para virtuais equívocos tanto para a compreensão fidedigna dos tipos de afloramentos, como nas datações dos mesmos. Não há dúvida, o Monumento Natural Morro dos Conventos, deverá se constituir, junto com a arqueologia, ecologia, geoclimatologia, em extraordinários campos de pesquisa, dando mais cientificidade e proteção ao singular “Oasis da costa sul catarinense”.

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O Geossítio Morro dos Conventos é considerado singular pelo fato de estar próximo ao oceano atlântico e por apresentar rica e frágil diversidade ecológica. Outro aspecto preponderante dessa singularidade é a preservação dos ecossistemas, incluindo a água do oceano que torna a orla do município uma das mais apreciadas na alta temporada. A escolha se dá pelo fato das análises laboratoriais sobre balneabilidade, jamais tornara imprópria para o banho, exceto numa única análise feita há alguns anos que detectou presença de poluentes.  Depois disso todas as análises deram resultados negativos à presença de coliformes fecais.  Esse é um fator atenuante que pode agregar e estimular o fluxo de turista para a região. 

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        Foram destacados também os sítios arqueológicos como futuro e importante atrativo agregador do roteiro geoecológico Morro dos Conventos, como potencialidade cultural, científica e turística. Não está ainda incorporado ao roteiro por estarem ainda desprotegidos. A divulgação dos sítios presume-se que poderá atrair curiosos mal intencionados para o local, estando sujeitos a atos de vandalismo. Sobre as unidades de conservação, é consenso que somente os decretos não são suficientes para a garantia da sua efetividade, é necessário dar visibilidade, demarcando a área de abrangência, onde inicia e onde termina.  Nos painéis educativos pode-se acrescentar mapas indicativos dos limites do território protegido. Esse procedimento ajuda regular interesse e impacto à biodiversidade.

Foto -- Jairo

Outro exemplo concreto de benefícios que terão a unidades de conservação, a exemplo do MONA ou APA, no Morro dos Conventos, são os licenciamentos ou embargos impetrados aos proprietários de terrenos nas áreas protegidas. Parcela dos recursos oriundos dos licenciamentos ou multas poderá compor um fundo destinado aos gestores das unidades.  Também devem ser mencionadas as tais contrapartidas legais às unidades de conservação. Tais instrumentos compensatórios devem ser articulados entre as comunidades dentro das unidades e os demais agentes poluidores, que de alguma forma contribuem com ativos e passivos ambientais.  Mineradoras de carvão, rizicultura, agroindústria, são exemplos de seguimentos que teriam que compensar as UCS - RESEX (Reserva Extrativista) de Morro Agudo e Ilhas.

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Findada a apresentação do projeto, das discussões e dos encaminhamentos, o grupo, distribuído em vários veículos, foi conhecer os atuais painéis do roteiro geoecológico, que estão distribuídos em seis pontos estratégicos, sendo que o painel referência está postado na entrada do Morro dos Conventos, anexo ao Posto de Combustível Morro dos Conventos. Alguns dos equipamentos visitados estavam danificados, necessitando de reparos urgentes. Foi discutida a aquisição de equipamento mais resistente, bem como ajustes nos leyauts e escritas para torná-los mais atrativos.

Foto - Jairo
Na realidade, o tour aos painéis serviu de modelo demonstrativo de como deve ser realizado quando indivíduos ou grupos de pessoas quiserem adquirir tais serviços no município. Não há dúvida que e efetivação das unidades de conservação, somada aos painéis geoecológicos informativos reformulados, tudo isso dinamizará o turismo sustentável na região, trazendo ganhos econômicos e culturais à região.

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O segundo dia do grupo no balneário foi para conhecer e fazer as trilhas, que também é uma atividade piloto, pois requer uma melhor adequação com intuito de minimizar ao máximo os impactos aos ecossistemas. A ARTV, que esteve presente no dia anterior, no salão de festas da igreja, no dia seguinte também se fez presente, registrando os deslocamentos do grupo pelas trilhas e colhendo algumas opiniões sobre o que sentiam estar naquele local tão mágico. O integrante da fundação SOS MATA ATLÂNTICA, assim definiu o lugar: “lugar único no território brasileiro”. 

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Já a coordenadora de responsabilidade social da Repsol Sinopec, Beatriz Jacomini, empresa que financia o projeto, deu o seguinte testemunho: “lugar bem diferente, reúne diferentes espécies e tipos de vegetação e clima que nunca tinha visto antes – lugar bem particular, com apelo turístico muito interessante. Merece ser explorado com responsabilidade”.  
Prof. Jairo Cezar          
  



[1] https://www.sosma.org.br/blog/um-tesouro-protegido-sul-brasil/
[2] https://www.facebook.com/artv.canal05/videos/326288281288450/
[3] http://www.abequa.org.br/trabalhos/227_resumo.PDF


































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