O
RETORNO DAS AULAS PRESENCIAIS COLOCA EM RISCO A VIDA DE PROFESSORES E
ESTUDANTES.
Nas
últimas semanas o assunto que dominou os noticiários televisivos e digitais nos
quatro cantos do Brasil foi retornar ou não às aulas presenciais nas redes de
ensino básico. Em se tratando de retorno as atividades discentes nas redes
estaduais, especialmente do estado de Santa Catarina, é consenso dos sindicatos
dos profissionais da educação e da própria comunidade, que a volta representa
alto risco de contaminação pelo corona vírus.
As
secretarias de educação de todos os estados deveriam, antes de decidir pelo
retorno à “normalidade”, ter como parâmetro a cidade de Manaus, primeira
capital que voltou às atividades presenciais. Lá, na segunda semana após o retorno,
dos 1.064 profissionais que realizaram teste para o COVID, 342 testaram
positivo. O agravante é que os/as
professores/as contaminados não foram afastados por 14 dias, como está
estabelecido no protocolo da OMS.
Na
Europa, países como a Alemanha, que tiveram a reabertura das escolas em maio,
houve o aumento significativo de profissionais contaminados pelo Vírus. Outros
países melhores classificados nos índices de avaliação do PISA, como Cingapura,
Nova Zelândia, China, etc, conseguiram controlar com êxito o contágio com o
Vírus. São países que avançaram culturalmente, com escolas bem estruturadas e a
população com níveis de escolaridade elevada.
Agora,
quando se trata de educação pública no Brasil, principalmente no nível básico
(fundamental e médio) já podemos deduzir antecipadamente que a reabertura das
escolas trará efeitos catastróficos. Ou será que estou equivocado? Essa previsão
nada otimista e de enorme risco à vida da população é fundamentada nas
condições precárias das escolas distribuídas nos mais de cinco mil municípios
brasileiros. Eram ínfimas as escolas antes da pandemia que asseguraram
condições adequadas a um ensino satisfatório.
Com
a pandemia, mesmo com todas as recomendações e cuidados à população adulta no
cumprimento dos protocolos de proteção ao vírus, os riscos de contágios
continuaram elevados, imaginemos agora as escolas públicas diante de tantas carências
de infraestrutura. Umas das recomendações clássicas para minimizar o contágio
do vírus é o uso da máscara. Como convencer crianças ou adolescentes ao uso desse
equipamento essencial se a principal referência pública, o presidente da
república, que deveria dar o exemplo, vem negligenciando tais recomendações. É
possível que haja conflitos entre professores e estudantes no descumprimento das
medidas. O argumento do estudante é que em casa os pais compactuam com o
comportamento negacionista do presidente da república.
Em
entrevista concedida a uma rádio de Araranguá, o secretário da educação da rede
estadual confirmou que o retorno às aulas presenciais ocorrerá no inicio de
outubro. Destacou que a volta é facultativa, que ocorrerá, em primeiro lugar,
para os estudantes do terceiro ano do ensino médio. A intenção é que esse
processo de retorno contemple até o final de 2020 os estudantes do sétimo ano
do ensino fundamental. Não são todos os estudantes que retornarão às escolas,
relatou o secretário. A exclusividade será para aqueles que apresentarem
dificuldades na aprendizagem.
Informou que a SED, Secretaria Estadual de Saúde,
Defesa Civil, entre outros órgãos estaduais, elaboraram protocolo sobre as
diretrizes sanitárias que deverão ser seguidas por todas as instituições de
ensino. Dentre as diretrizes propostas estão:
III.
Manter disponível um frasco de álcool gel 70% para cada professor, recomendando
a este que leve consigo para as salas de aula para sistematicamente higienizar
as mãos;
II.
Garantir equipamentos de higiene, como dispensadores de álcool em gel, lixeiras
com tampa com dispositivo que permita a abertura e fechamento sem o uso das
mãos (como lixeira com pedal);
Quem
conhece o cotidiano de uma escola estadual sabe das dificuldades que é
administrar uma unidade de ensino quando falta tudo, do papel higiênico a outros
insumos essenciais. Pensar que agora vai
ser diferente, diante de uma crise cujos recursos disponíveis ficaram mais
escassos. Quem garante que as mais de mil escolas estaduais terão a disposição
álcool gel, medidores de temperaturas, lixeiras especiais, tapetes para
higienizar os calçados, entre outros à disposição?
Antes
da pandemia, conserto de janelas, telhados, ar condicionados, compra de
materiais de expedientes, etc, os recursos eram obtidos por meio de eventos realizados
nas escolas, como festas juninas, bingos e rifas, etc. Os repasses oriundos do
Estado sempre foram insuficientes para cobrir as necessidades mínimas das
escolas durante o ano letivo. Pelo o que se sabe, poucas foram às unidades de
ensino restauradas, muitas das quais estavam com dificuldades até no
abastecimento de água potável
O
secretário também ressaltou que a educação não parou que as escolas estão
recebendo equipamentos novos, que os investimentos continuam e que a educação é
prioridade. Entretanto, o governo federal, anunciou há poucos dias o corte de
1, 6 bilhão de reais no orçamento no próximo ano para a educação. Isso se dá
num momento crítico, quando os investimentos nesse setor deveriam ser o maior
entre todos os demais ministérios. É bom esclarecer que a decisão de retorno se
deve a pressão imposta ao governo do estado pelas escolas particulares, que
viram os lucros exorbitantes despencarem com a pandemia. A pressão para o
retorno não está na queda dos níveis de aprendizagem desse segmento, o motivo é
financeira, lucro.
Em
entrevista concedida ao jornal Estado de São Paulo, o Ministro da Educação
mostrou claramente sua incompetência para gerir um cargo de tamanha magnitude
que é o da educação. Disse ao jornal que em relação ao problema do ensino
remoto, onde parcela dos estudantes não tem acesso à internet, que o problema
não é do MEC e sim do Brasil. Seguindo o exemplo do presidente da república,
ambos jogam toda a responsabilidade pelo retorno às aulas presenciais aos
estados e municípios. Mas o ponto crucial da entrevista foi quando lhe
questionaram sobre a educação de gênero na escola.
Sua
resposta mostrou-se carregada de preconceito. Relatou que estudantes com
comportamentos LGBT nas escolas, isso se devem as famílias desajustadas onde
estão inseridos. Nesse sábado, 27 de setembro de 2020, o ministro a educação
respondeu as acusações de comportamento homofóbico em entrevista concedida ao
jornal Estado de São Paulo. Afirmou que foi mal interpretado, que aquilo que
divulgado nas mídias ocorreu de forma descontextualizada.
Prof.
Jairo Cezar
https://www.brasil247.com/brasil/ministro-da-educacao-que-pode-ser-investigado-por-homofobia-diz-que-foi-mal-interpretado
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