ANVISA
PROIBE PRODUÇÃO E COMÉRCIO DO VENENO PARAQUAT NO BRASIL, RESPONSÁVEL PELO MAL DE
PARKINSON E SUICÍDIOS ENTRE OS AGRICULTORES
http://www.contag.org.br/index.php?modulo=portal&acao=interna&codpag=101&id=14121&mt=1&nw=1
Um
dos jornais de circulação no sul do estado de santa Catarina trouxe como
matéria de capa a seguinte manchete: proibição do Paraquat volta ao debate. O
assunto que foi discorrido na pagina 14 traz explicações sobre a decisão da
ANVISA, que podemos considerar como uma primeira vitória em favor do meio
ambiente e da vida. O fato é que em 2017 a ANVISA havia decidido que o agente
químico, proibido em 50 países, por ser responsável pelo mal de Parkinson,
suicídios e outros morbidades, seria banido no Brasil a partir do dia 22 de
setembro de 2020.
Entretanto,
a reunião entre os membros da entidade onde decidiu pelo banimento do
agrotóxico, foi apertada, três votos a dois. Um dos votos esperados favoráveis ao fim do banimento
era do presidente do órgão, o almirante e medico Antônio Barra Torres. O mesmo
foi indicado pelo presidente Bolsonaro em 2019, e desde o inicio do mandato vem
tomando medidas que não confrontam com o Bolsonaro e sua ala ideológica. Contrapôs-se
ao ex-ministro da saúde, Mandetta, buscando minimizar a gravidade resultante do
vírus sobre a população brasileira.
De
2017 até o momento, representantes do agronegócio e da indústria de pesticidas
intensificaram pressão sobre os membros da ANVISA, foram vinte reuniões
realizadas com a intenção de convencer a agencia de que o agrotóxico não é tão
perigoso como vem sendo mencionado. Só a empresa SYNGENTA, uma das principais
produtoras e distribuidora do pesticida, importou da Inglaterra oito mil
toneladas, em 2019. Um dos argumentos defendidos pela diretora do órgão era de
postergar a proibição até 2021 em respeito aos estoques do produto adquiridos
pelos agricultores.
A
diretora e o presidente da agência votaram pela manutenção do veneno baseado em
pesquisa realizada pela UNICAMP que considerava o Paraquat pouco perigoso. O fato
é que a pesquisa foi patrocinada pela Associação Brasileira de Produtores de
Soja, que já foi suspensa por constatar erro de metodologia. É possível ter
havido sabotagem nas amostras de urina coletadas para estudo.
Mesmo
posicionando favorável a manutenção do veneno por mais um ano, o voto da
diretora foi vencido. Como adquirir estoques pelo produtor de um produto que já
se sabia que seria proibido? A impressão que ficou era que havia certeza por
parte da indústria e do agronegócio que a decisão da ANVISA seria pela
manutenção do agrotóxico. Uma pequena derrota para um governo que desde 2019
liberou o registro para 787agrotóxicos, muitos, muitos banidos há décadas em
países da União Europeia e outras partes do mundo.
Com
tanto veneno na mesa dos brasileiros, o presidente teve a coragem de dizer no
último encontro da ONU que o Brasil tem forte legislação de proteção ao meio
ambiente. Em 2014, o MPF do Rio Grande
do Sul e o fórum gaúcho de combate aos impactos dos agrotóxicos alertaram sobre
os riscos do Paraquat à saúde humana, onde tomaram a decisão pelo banimento no
estado. O principal argumento pelo
banimento é a sua elevada e persistência toxidade no corpo humano. O contato
com o herbicida paraquat provoca a falência aguda de órgãos e fibrose pulmonar
agressiva.
Também
há estudos que confirmam o aumento da incidência do mal de Parkinson entre
produtores rurais que mantiveram contato permanente com esse principio
ativo. A própria China, que é
considerada o país pouco transparente em termos de legislação e defesa do meio
ambiente, baniu esse veneno da sua agricultura em julho de 2014. Estudos feitos
na Coréia do Sul, entre 2005 e 2011, comprovaram que 81,6% dos pacientes
afetados pelo veneno foram a óbito.
Em
Santa Catarina, a notícia da proibição do uso do herbicida não agradou o segmento
do agronegócio, que alegam terem feitos estoques para a safra 2020 e 2021. Esse
setor esta pressionando o órgão regulador e fiscalizador de santa Catarina, a
CIDASC, para liberar na atual safra. Sobre o assunto, uma reunião foi agendada
para o dia 6 de outubro. Até então está vedado o uso e comércio, cuja multa
para que for flagrado será de 1mil a 10 mil reais.
O
próprio coordenador clínico do centro de informações e assistência toxicológica
de SC, o médico Pablo Moritz, foi categórico em afirmar que o produto é
considerado altamente tóxico, cuja exposição crônica, ocupacional, aumento o
risco das pessoas terem doenças de Parkinson, entre outras. O responsável pela
divisão de fiscalização de insumos agrícola da CIDASC, Matheus Mazon Fraga,
disse que há outros produtos similares ao Paraquat que fazem o mesmo serviço,
porém, os valores pagos são maiores, e essa é um dos argumentos dos
agricultores em defesa do herbicida banido, preço mais em conta.
Prof.
Jairo Cezar
Nenhum comentário:
Postar um comentário