quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

 

O GENOCÍDIO NA FAIXA DE GAZA CHANCELADO PELO GOVERNO CIONISTA ISRAELENSE E SEUS ALIADOS

Depois de quase cinco meses de constantes ataques terrestres e aéreos do poderoso exército israelense aos territórios palestinos ocupados e em especial a Faixa de Gaza, pela primeira vez depois desse longo período de barbarismo uma luz se acende no fundo do túnel e tendo como  protagonista o presidente brasileiro. Tudo aconteceu em Adis Abeba, capital da Etiópia, na reunião da cúpula africana, quando, durante a sua fala, Lula afirmou que o que está acontecendo na Palestina pode se assemelhar ao extermínio de judeus na Europa durante a ofensiva.

É importante resguardar as proporções da fala do presidente, isso pelo fato de que outros holocaustos ocorreram posteriormente ao segundo conflito mundial. Os genocídios em Ruanda, Camboja, Armênia, territórios curdos, até mesmo os extermínios institucionalizados de populações negras e indígenas no Brasil, são alguns exemplos nefastos da nossa história. A fala do presidente Brasileiro foi recebida com indignação junto aos altos escalões do governo israelense, cujo primeiro ministro o chamou de “persona non grata”. Em linguagem diplomática essa expressão nada mais é que o começo de um processo que poderá resultar em rompimento diplomático entre o Brasil e Israel.

Independente se haverá ou não rompimento diplomático, o que importa foi o ato em sim, no qual gerou desconforto ao regime de Israel, pois sabem que a postura do presidente brasileiro poderá estimular outras nações à tomarem a mesma postura corajosa, aumentando ainda mais o isolamento do premiê israelense em decorrência de suas investidas criminosas contra palestinos. O próprio presidente dos EUA, com poder de veto no conselho da ONU, vem pressionando o líder israelense para um cessar foto junto a Faixa de Gaza. Os ataques aéreos e terrestres já mataram  quase quarenta mil pessoas, incluindo nessa conta desaparecidos que permanecem sob os escombros das construções destruídas pelos bombardeios israelenses.

Segundo o governo israelense, a próxima ofensiva está prevista para a cidade de Rafah, no sul da Faixa, na qual faz fronteira com o Egito, onde vivem mais de um milhão de pessoas, na sua maioria refugiados do norte, em acampamentos gigantes. A promessa do governo israelense é para que a ação militar a Rafah ocorra durante o Ramadã, importante feriado muçulmano. Penso que em outras ocasiões já devo ter me manifestado sobre o ato de sete de outubro de 2023, quando integrantes do Hamas, romperam a cerca que separa a Faixa de Gaza às terras ocupadas por colonos judeus matando centenas de civis. A brutalidade foi maior quando os mesmos ditos “terroristas” invadiram uma festa rave de jovens israelenses, próximo a Gaza, matando centenas e transformando outras tantas em reféns.

Claro que é condenável tal barbaridade contra pessoas indefesas, independente da nacionalidade, etnia ou crença religiosa. Se houve essa reação do Hamas, que é condenável, não justifica a reação do Israel que decidiu invadir o enclave palestino, Faixa de Gaza, um território de 40km de comprimento por 6km de largura, onde vivem precariamente aproximadamente dois milhões de pessoas.

A justificativa acerca das investidas do exército israelense a Gaze foi para "exterminar os terroristas do Hamas". As imagens que diariamente correm o mundo pelos telejornais mostram escombros do que eram antes áreas residenciais inteiras. Nos bombardeios não são poupados nem mesmo hospitais. O que choca  são os corpos de adultos e crianças envolvidos em lençóis, o que nos alimenta mais a convicção que a intenção do governo de Benjamin Netanyahu era e é sim promover limpeza étnica contra palestinos.

É conveniente admitir que o processo de extermínio dos palestinos na Cisjordânia e Faixa de Gaza vêm se dando há décadas, se intensificando ainda mais depois da segunda guerra mundial com a criação do Estado de Israel. Paulatinamente levas de judeus europeus e de diversas partes do planeta foram chegando ao novo estado, estendendo suas possessões, assentamentos, sobre áreas palestinas. Foram inúmeras as negociações ou acordos mediados por grandes potências na tentativa de solucionar às tensões cada vez mais violentas naquela minúscula região, onde estão os símbolos sagrados das três principais religiões monoteístas do planeta.  A criação de um estado único, de convivência mútua entre palestinos e judeus foi insistentemente colocada às mesas de negociações, porém sem sucesso.

Visitando  em Israel em 2014 pude ver de perto o quão reprimidos vivem os palestinos. Na Jerusalém antiga onde estão os símbolos religiosos dos judeus, cristãos e muçulmanos, o lugar mais vigiado pelo exército israelense era a esplanada das mesquitas, cujo acesso todos deviam ser revistados por meio de detectores de metais. No local está a famosa mesquita de Al-Aqsa, a mesma que deu nome da operação coordenada pelo Hamas em 07 de outubro, batizada de “em defesa da mesquita de Al-Aqsa”.  Para os muçulmanos a presença de qualquer autoridade judaica ou soldado no entorno da mesquita é interpretado como ato de blasfêmia, insulto a divindade islâmica.

Tanto em Tel Aviv quanto em outras cidades israelenses a força de trabalho empregada na construção civil, comércio, entre outras de baixa remuneração são na maioria de cidadãos/ãs palestinos/as. Diariamente, para sair e entrar das suas vilas, muitas das quais cercadas por enormes muralhas e vigiadas por forças israelenses, por exemplo a cidade de Belém, os cidadãos/ãs palestinos devem passar por revistas minuciosas, ações essas dispensadas aos israelenses. Uma enorme muralha de concreto, coberta por arames farpados e câmeras de vigilâncias foi construída por Israel para proteger a Cisjordânia ocupada da Jordânia. Entretanto, dentro do seu próprio território o palestino vive sob um brutal e permanente apartheid que para muitos é bem mais agressivo que o da África do Sul, que perdurou por mais de cinquenta anos.

Observando as reportagens e debates de grandes redes de comunicação pró sionismo no ocidente, tem-se a sensação que todo o palestino/muçulmano é um terrorista em potencial, que deve ser evitado. Esse tipo de estereótipo não era observado nas cidades visitadas em Israel, bem como em Jerusalém, onde conviviam de forma aparentemente harmoniosa judeus, cristãos e muçulmanos. Outro detalhe importante, por estarem em Jerusalém e em diversos pontos de Israel e territórios palestinos, símbolos sagrados das três religiões monoteístas importantes, todos os anos milhares de pessoas e peregrinos se deslocam para lá. Fato é que Parte da renda de milhares de famílias palestinas vem do turismo.

Em 2014, a faixa de gaza havia sido bombardeada não nas proporções de hoje. Devido ao ocorrido, centenas de grupos de turistas de todas as partes do mundo haviam cancelado suas viagens. Era perceptível o baixo fluxo de pessoas transitando nos lugares sagrados como a cidade de Belém, Jericó, Nazaré, Galileia e na Jerusalém. Se na época, dez anos atrás,  o quadro social e econômico dos palestinos já era desolador, considerada uma investida curta do exercito israelense, imaginemos hoje, com os ataques diários a gaza e a forte repressão imposta aos cidadãos palestinos nos territórios ocupados. Quem não perdeu a vida nos ataques certamente  irá morrer de fome e de doenças.  Se isso não é genocídio deliberado, o que é então?

Prof. Jairo Cesa           

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