domingo, 4 de julho de 2021

 

DESPERDÍCIOS DE ENERGIA ELÉTRICA EM MOMENTOS DE CRISE HÍDRICA

Foto - Jairo

O Brasil é um dos poucos países no mundo que possui enorme potencial de energia renovável, principalmente de fontes eólicas e fotovoltaicas. Hoje mais de 80% da energia que abastece as indústrias e milhões de residências são provenientes das hidrelétricas. Entretanto, a cada ano esse sistema vem sofrendo os efeitos das estiagens, com a diminuição do volume de água nos reservatórios que afeta o funcionamento das principais hidrelétricas no sudeste, sul e centro oeste do Brasil. Com a redução da oferta de energia o governo está acionando o funcionamento de usinas térmicas movidas a gás natural, carvão e outras fontes energéticas fósseis.

Além de serem mais caras, ambas contribuem para elevar as emissões de gases do efeito estufa. São consensuais as opiniões de pesquisadores e  entidades cientificas  que estão acompanhando passa a passo o comportamento do clima global. Ambos afirmam que as frequentes estiagens e ondas de calor extremas que se sucedem estão relacionadas a fatores antrópicos, ou seja, participação humana. Os desmatamentos e as queimadas recordes na floresta amazônica, na mata atlântica e no pantanal estão elevando os índices de emissão de gases poluentes à atmosfera.

A redução progressiva da cobertura verde afeta o processo de evapotranspiração das árvores, que se transforma em nuvens carregadas de umidades.  Com o problema da falta de água nos reservatórios o governo federal reajustou em 50%  o valor da tarifa de emergência cobrada na bandeira vermelha  A1, passando de seis para nove reais. Esse valor é cobrado no instante que o consumidor ultrapassar o limite de 100 Kw. Diante dessa crise, o ministro Bento Albuquerque, das minas e energias, se utilizou das mídias nacionais para lançar campanha de conscientização sobre o uso racional de energia elétrica.

Em seu pronunciamento, disse que: “é fundamental que, além dos setores do comércio, serviços e da indústria, a sociedade brasileira, todo o cidadão consumidor, participasse desse esforço, evitando desperdícios de consumo de energia elétrica”. No Brasil o setor que primeiro deveria tomar consciência para não desperdiçar energia elétrica seria o próprio governo federal. Levantamentos ou vistorias feitas redes de distribuição de energia chegou-se a conclusão que mais da metade da energia que saia das fontes produtivas era desperdiçada pelo caminho.

O problema da água é o mesmo. Nos estados e municípios abastecidos por companhias públicas ou privadas parcela significativa do líquido também é jogada fora devido a problemas na rede. Em 2016 trabalho a EEBA de Araranguá iniciou projeto ambiental com o propósito de sensibilizar a comunidade escolar sobre o consumo sustentável de energia elétrica e água. Um dos itens abordados no projeto foi verificar o quanto de energia elétrica o município desperdiça, devido a problemas nos sistemas de iluminação pública.



Foto - Jairo

Na época, levantamentos realizados pelos estudantes comprovaram a existência de mais de 300 lâmpadas com defeitos, onde permaneciam ativadas por vinte quatro horas. Por não serem lâmpadas LED, que são de baixo consumo, cálculos realizados na época, se concluiu que cada lâmpada acesa por vinte quatro horas, gerava ao município um custo adicional diário de mais ou menos cinco reais.   Vários alertas foram encaminhados ao poder público e a própria empresa fornecedora de energia para que medidas fossem tomadas para solucionar o problema das lâmpadas defeituosas.

Também na época em conversa com engenheiro da CELESC em Criciúma, o mesmo afirmou que havia projeto para substituição das lâmpadas convencionais por econômicas em vários municípios da região sul, dentre eles Araranguá. Cinco anos depois transitando por algumas vias públicas do município de Araranguá é possível constatar que nada foi feito para conter os desperdícios de energia. São dezenas de lâmpadas  que continuam  ligadas a luz do dia. Afinal quem paga essa conta? Enquanto autoridades ou  instituições públicas não derem exemplos  de como não desperdiçar energia e água, pouco impacto terão os discursos hipócritas junto a sociedade.

Prof. Jairo Cesa           

Nenhum comentário:

Postar um comentário