DESPERDÍCIOS DE ENERGIA ELÉTRICA EM
MOMENTOS DE CRISE HÍDRICA
Foto - Jairo |
O
Brasil é um dos poucos países no mundo que possui enorme potencial de energia
renovável, principalmente de fontes eólicas e fotovoltaicas. Hoje mais de 80%
da energia que abastece as indústrias e milhões de residências são provenientes
das hidrelétricas. Entretanto, a cada ano esse sistema vem sofrendo os efeitos
das estiagens, com a diminuição do volume de água nos reservatórios que afeta o
funcionamento das principais hidrelétricas no sudeste, sul e centro oeste do
Brasil. Com a redução da oferta de energia o governo está acionando o
funcionamento de usinas térmicas movidas a gás natural, carvão e outras fontes
energéticas fósseis.
Além
de serem mais caras, ambas contribuem para elevar as emissões de gases do
efeito estufa. São consensuais as opiniões de pesquisadores e entidades cientificas que estão acompanhando passa a passo o
comportamento do clima global. Ambos afirmam que as frequentes estiagens e
ondas de calor extremas que se sucedem estão relacionadas a fatores antrópicos,
ou seja, participação humana. Os desmatamentos e as queimadas recordes na
floresta amazônica, na mata atlântica e no pantanal estão elevando os índices
de emissão de gases poluentes à atmosfera.
A
redução progressiva da cobertura verde afeta o processo de evapotranspiração
das árvores, que se transforma em nuvens carregadas de umidades. Com o problema da falta de água nos
reservatórios o governo federal reajustou em 50% o valor da tarifa de emergência cobrada na
bandeira vermelha A1, passando de seis para
nove reais. Esse valor é cobrado no instante que o consumidor ultrapassar o
limite de 100 Kw. Diante dessa crise, o ministro Bento Albuquerque, das minas e
energias, se utilizou das mídias nacionais para lançar campanha de
conscientização sobre o uso racional de energia elétrica.
Em
seu pronunciamento, disse que: “é fundamental que, além dos setores do
comércio, serviços e da indústria, a sociedade brasileira, todo o cidadão
consumidor, participasse desse esforço, evitando desperdícios de consumo de energia
elétrica”. No Brasil o setor que primeiro deveria tomar consciência para não
desperdiçar energia elétrica seria o próprio governo federal. Levantamentos ou
vistorias feitas redes de distribuição de energia chegou-se a conclusão que
mais da metade da energia que saia das fontes produtivas era desperdiçada pelo
caminho.
O
problema da água é o mesmo. Nos estados e municípios abastecidos por companhias
públicas ou privadas parcela significativa do líquido também é jogada fora
devido a problemas na rede. Em 2016 trabalho a EEBA de Araranguá iniciou
projeto ambiental com o propósito de sensibilizar a comunidade escolar sobre o
consumo sustentável de energia elétrica e água. Um dos itens abordados no
projeto foi verificar o quanto de energia elétrica o município desperdiça,
devido a problemas nos sistemas de iluminação pública.
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Na
época, levantamentos realizados pelos estudantes comprovaram a existência de
mais de 300 lâmpadas com defeitos, onde permaneciam ativadas por vinte quatro
horas. Por não serem lâmpadas LED, que são de baixo consumo, cálculos
realizados na época, se concluiu que cada lâmpada acesa por vinte quatro horas,
gerava ao município um custo adicional diário de mais ou menos cinco reais. Vários alertas foram encaminhados ao poder
público e a própria empresa fornecedora de energia para que medidas fossem
tomadas para solucionar o problema das lâmpadas defeituosas.
Também
na época em conversa com engenheiro da CELESC em Criciúma, o mesmo afirmou que
havia projeto para substituição das lâmpadas convencionais por econômicas em
vários municípios da região sul, dentre eles Araranguá. Cinco anos depois
transitando por algumas vias públicas do município de Araranguá é possível
constatar que nada foi feito para conter os desperdícios de energia. São
dezenas de lâmpadas que continuam ligadas a luz do dia. Afinal quem paga essa
conta? Enquanto autoridades ou
instituições públicas não derem exemplos de como não desperdiçar energia e água, pouco
impacto terão os discursos hipócritas junto a sociedade.
Prof.
Jairo Cesa
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