O GRANDE RETROCESSO EDUCACIONAL EM
ARARANGUÁ CAPITANEADO PELO MDB
Os
retrocessos na educação pública catarinense continuam a todo vapor. O primeiro ato foi dado pelo governo do
estado com uma proposta de reforma previdenciária para os servidores públicos
que poderá retroceder cem anos. Nessa época, início do século XX, professores
só poderiam se aposentar com quarenta anos de trabalho, com comprovação de
incapacidade para o exercício. Agora muitos municípios catarinenses cujas
escolas públicas municipais adotam gestão democrática para a escolha dos seus
gestores, estão sob a ameaça de prefeitos e vereadores saudosos com os tempos
da politicalha na educação.
Em
época eleitoral diretores e demais funcionários de escolas exerciam a força
tarefa de angariar votos na comunidade para certo candidato com a promessa de permanência
no cargo. Era comum candidato a vereador ou a deputado estadual lotearem todas
as escolas públicas, ou seja, definir quem ocuparia cada unidade na hipótese do
candidato a majoritária sagrar-se vitorioso. Na rede pública estadual de ensino
de Santa Catarina a gestão democrática sempre foi uma das bandeiras de lutas da
categoria do magistério.
A
permanência das oligarquias e partidos tradicionais no comando da política
catarinense sempre teve relação direta e indireta com o complexo sistema de
controle das escolas pelo aparelho estatal. Aparelhamento político das escolas
públicas se constituiu como estratégia bem sucedida dos partidos políticos no
passado a exemplo do MDB estadual. Inúmeras foram as tentativas do magistério
estadual para o rompimento definitivo desse vício institucional, porém a força
repressora do Estado atuou com mais poder.
Quando
se imaginava que esse cancro politiqueiro já estivesse completamente
cicatrizado no estado, de repente saudosistas de outrora, filhotes do atraso
são eleitos nas câmaras e executivos municipais. Em vez de convergir energias
para fortalecer ainda mais os processos democráticos já sedimentados, adotam
uma postura contraria, tirar da população o direito de escolher aquele que vai
dirigir a escola de seus filhos. Lembro muito bem das sábias palavras ditas
pelo educador e militante do magistério Nilson Matos Pereira. Afirmava ele
sobre eleições nas escolas: “independente do resultado o que importa é assegurar
o processo democrático”.
Nilson
estava se referindo ao pleito eleitoral nas escolas públicas da rede estadual
de Santa Catarina, que somente foi efetivada não exatamente como se pretendia, anos
após a sua morte. Independente de bom ou
ruim o candidato eleito, o fato é que deveria permanecer tal instrumento como
exercício da democracia. Em 2019 pela
primeira vez o município de Araranguá teve um dispositivo legal, decreto n.
9.011/2019 que permitia a população eleger os gestores das escolas municipais.[1]
Cinco
anos se passaram, e no dia 12 de julho de 2021, em uma sessão ordinária da
câmara municipal, vereadores de Araranguá votaram contra emenda 002/2021 que
visava alterar o art. 19 do projeto de lei 20/21 do executivo municipal que definia
o cargo de diretor, entre outros, como de sua responsabilidade, ou seja,
indicação política. Não ficou só na
derrota da emenda a fatídica noite do retrocesso da educação municipal na
câmara. Havia uma proposta encaminhada por um vereador, que também foi
rejeitada, obrigando que os responsáveis por centros infantis tivessem um ano
para dar início a um curso de graduação.
Todas
as teorias e estudos já realizados até o presente momento comprovam que são nos
primeiros anos de vida que a criança necessita de maior atenção para o seu
desenvolvimento pleno. Portanto, é no ensino infantil, que é responsabilidade
dos municípios, a contratação de profissionais qualificados para o exercício da
sua função docente. Os países melhores classificados no ranque educacional têm
no ensino infantil os maiores aportes financeiros e profissionais com graduação
superior e mestrado. Não é o caso do Brasil em que essa etapa tão importante de
formação humana é entregue às pessoas com pouco ou nenhuma habilitação.
O
que é mais estarrecedor é saber que entre os legisladores que aprovaram tais aberrações
estão professores/as que sabem da importância da expansão das práticas
democráticas nas escolas. E por que votaram contrário? A resposta pode estar no fato de integrar o
mesmo partido do executivo ou fisiologismo mesmo, votando projetos de interesse
do executivo em troca de apoio para ações que favoreçam seus currais eleitorais.
Prof.
Jairo Cesa
O Prefeito Mariano
Mazzuco Neto no exercício das atribuições emanadas da Lei Orgânica do Município,
especificamente o artigo 83, VII, atendendo ao disposto na Lei Municipal
nº 3.346/2015, DECRETA:
Art. 1Aº O processo de escolha de diretores das
Escolas Básicas da Rede Pública Municipal de Ensino previsto nesta Lei
observará os princípios de autonomia, cidadania, dignidade da pessoa humana,
gestão democrática do ensino público, pluralismo político, igualdade perante a
lei, valorização dos trabalhadores na educação, promoção da integração
escola-comunidade, legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
eficiência e melhoria da qualidade social da educação básica pública.
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