sexta-feira, 24 de abril de 2015

Prefeito de Araranguá abre verbo e escancara falta de ética com os/as Trabalhadores/as em Educação da Rede Pública Estadual

Depois de ter ouvido comentários de que o prefeito de Araranguá em entrevista a um programa de TV afirmou que a greve do magistério estadual poderá contribuir para a elevação do FUNDEB do município, imediatamente acessei o SITE de uma rádio do município onde estava postada a entrevista no qual fiz a seguinte constatação.  A postura do prefeito não condiz com sua trajetória política construída nos movimentos sociais, que junto com outros militantes participaram do processo de criação do partido no qual integra.
Muitos dos militantes são trabalhadores da educação, muitos já aposentados e ativos da rede pública estadual. Quando diz que irá fazer uma campanha muito forte para trazer os estudantes da rede estadual, que cada aluno vindo do estado irá acrescentar no FUNDEB é um comentário maldoso contra esses profissionais, porque bem sabe ele, ou faz que não sabe, que reduzindo as matrículas nas escolas estaduais, turmas serão extintas que resultará em salários rebaixados, bem como a demissão de muitos trabalhadores.
Falou também na entrevista que tem boas razões para trazer os estudantes da rede estadual para o município, citando que o que motivará essa demandada será o fornecimento de uniformes, a boa merenda servida, a boa estrutura pedagógica, entre outras. É, sem dúvida, argumentos pouco inteligentes e insensatos de alguém que talvez pouco conhece a realidade educacional brasileira. Qualidade educacional não consiste em doações de uniformes e fornecimento de merenda escolar, é muito mais do que isso.
Tanto um quanto outro são práticas geralmente adotadas em sociedades economicamente fragilizadas. O Brasil, inserido nesse modelo de país fragilizado, esmagadora parcela dos estudantes que atuam nas escolas públicas tem a merenda escolar como principal refeição. Portanto, não é orgulho dizer que fornece uma boa merenda, deveria sim, ter dito que a merenda é um paliativo, que a intenção do Estado é promover políticas que possibilite a todos/as condições de um salário digno que garanta a subsistência da família.  
Se hoje a educação pública, num todo, incluindo do próprio município de Araranguá, é deficiente, tem relação sim como o projeto político do atual governo federal, que cortou do orçamento geral desse ano, 7 bilhões de reais. Quando afirmou, com certo orgulho, que o município não tem greve e o estado tem e que fará de tudo para evitar qualquer paralisação para 2016, é vergonhoso para ele para o partido no qual integrante, que historicamente sempre prezou pela justiça, ter que parcelar 13,01%, ou seja, 4% agora e as duas últimas parcelas para o próximo ano. Esse valor para 2015, sequer repõe as perdas inflacionárias, que segundo estimativa do Banco Central, deve chegar a 8,23% para esse ano. Quem garante que as próximas parcelas serão pagas diante do quadro caótico da economia, que segundo os analistas irá se agravar ainda mais nos próximos meses? É muito estranho um sindicado como dos municipários ter concordado com tal parcelamento. Se o/as Professores/as da rede pública estadual estão em greve é pelo fato do governo querer tentar empurrar uma proposta de plano de carreira tosca, que retira direito. Jamais nos renderemos a governos exploradores e opressores. Isso também é postura pedagogia.
Os estudantes da rede pública certamente se orgulham de seus professores, que são lutadores, que jamais se rendem as ameaças históricas de governos opressores, que tratam a educação pública como descaso, pois que lá estuda são os filhos dos trabalhadores. Que a vitória do movimento refletirá tanto processo educacional como no próprio conjunto da sociedade, com sujeitos mais críticos que escolherão melhor seus representantes políticos.  Na entrevista ficou claro que o prefeito esboça profundo interesse na municipalização, que é uma política defendida pelo atual governo estadual e que vem sendo intensamente repudiado pelo sindicado da categoria, que encara o processo como estratégia para a fragmentação da classe e a fragilização do movimento sindical.
Com a municipalização muitos dos/as professores/as das escolas estaduais serão demitidos/as ou ficarão reféns aos mandos e desmandos dos políticos tradicionais dos municípios, que além de lotear os cargos de gestão das escolas, manipulam o processo eleitoral nos municípios, através da comercialização de votos e promessas de cargos. Como ficar omisso a uma resposta tão  insensível de um administrador público quando disse que “quem tem filho na rede estadual traze para a rede municipal, seja porque não tem greve, seja porque estamos melhor que muitas escolas particulares”.
 Poderia o prefeito, em vez de ter lançado opinião tão infeliz e que nada acrescenta, muito pelo contrário, fragiliza o movimento, como bem quer o governo do estado, ter prestado apoio ou, quem sabe, encaminhar moção ao secretário do estado e ao governo para uma solução imediata ao impasse. Portanto, reitero mais uma vez meu sentimento de tristeza e indignação ao prefeito de Araranguá pelo que falou na entrevista em relação aos trabalhadores da educação. Espero que os/as professores/as da rede pública estadual que ainda militam no partido, encaminhe ao mesmo, moção de repúdio pelo que disse, solicitando-o que o envio de nota ao  SINTE desconsiderando seu discurso equivocado.
Prof. Jairo Cezar     


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