Prefeito
de Araranguá abre verbo e escancara falta de ética com os/as Trabalhadores/as
em Educação da Rede Pública Estadual
Depois
de ter ouvido comentários de que o prefeito de Araranguá em entrevista a um
programa de TV afirmou que a greve do magistério estadual poderá contribuir
para a elevação do FUNDEB do município, imediatamente acessei o SITE de uma
rádio do município onde estava postada a entrevista no qual fiz a seguinte
constatação. A postura do prefeito não
condiz com sua trajetória política construída nos movimentos sociais, que junto
com outros militantes participaram do processo de criação do partido no qual
integra.
Muitos
dos militantes são trabalhadores da educação, muitos já aposentados e ativos da
rede pública estadual. Quando diz que irá fazer uma campanha muito forte para
trazer os estudantes da rede estadual, que cada aluno vindo do estado irá
acrescentar no FUNDEB é um comentário maldoso contra esses profissionais,
porque bem sabe ele, ou faz que não sabe, que reduzindo as matrículas nas
escolas estaduais, turmas serão extintas que resultará em salários rebaixados,
bem como a demissão de muitos trabalhadores.
Falou
também na entrevista que tem boas razões para trazer os estudantes da rede
estadual para o município, citando que o que motivará essa demandada será o
fornecimento de uniformes, a boa merenda servida, a boa estrutura pedagógica, entre
outras. É, sem dúvida, argumentos pouco inteligentes e insensatos de alguém que
talvez pouco conhece a realidade educacional brasileira. Qualidade educacional
não consiste em doações de uniformes e fornecimento de merenda escolar, é muito
mais do que isso.
Tanto
um quanto outro são práticas geralmente adotadas em sociedades economicamente
fragilizadas. O Brasil, inserido nesse modelo de país fragilizado, esmagadora
parcela dos estudantes que atuam nas escolas públicas tem a merenda escolar
como principal refeição. Portanto, não é orgulho dizer que fornece uma boa
merenda, deveria sim, ter dito que a merenda é um paliativo, que a intenção do
Estado é promover políticas que possibilite a todos/as condições de um salário
digno que garanta a subsistência da família.
Se
hoje a educação pública, num todo, incluindo do próprio município de Araranguá,
é deficiente, tem relação sim como o projeto político do atual governo federal,
que cortou do orçamento geral desse ano, 7 bilhões de reais. Quando afirmou,
com certo orgulho, que o município não tem greve e o estado tem e que fará de
tudo para evitar qualquer paralisação para 2016, é vergonhoso para ele para o partido
no qual integrante, que historicamente sempre prezou pela justiça, ter que
parcelar 13,01%, ou seja, 4% agora e as duas últimas parcelas para o próximo
ano. Esse valor para 2015, sequer repõe as perdas inflacionárias, que segundo
estimativa do Banco Central, deve chegar a 8,23% para esse ano. Quem garante
que as próximas parcelas serão pagas diante do quadro caótico da economia, que
segundo os analistas irá se agravar ainda mais nos próximos meses? É muito
estranho um sindicado como dos municipários ter concordado com tal
parcelamento. Se o/as Professores/as da rede pública estadual estão em greve é
pelo fato do governo querer tentar empurrar uma proposta de plano de carreira
tosca, que retira direito. Jamais nos renderemos a governos exploradores e
opressores. Isso também é postura pedagogia.
Os estudantes
da rede pública certamente se orgulham de seus professores, que são lutadores,
que jamais se rendem as ameaças históricas de governos opressores, que tratam a
educação pública como descaso, pois que lá estuda são os filhos dos
trabalhadores. Que a vitória do movimento refletirá tanto processo educacional
como no próprio conjunto da sociedade, com sujeitos mais críticos que
escolherão melhor seus representantes políticos. Na entrevista ficou claro que o prefeito esboça
profundo interesse na municipalização, que é uma política defendida pelo atual
governo estadual e que vem sendo intensamente repudiado pelo sindicado da
categoria, que encara o processo como estratégia para a fragmentação da classe
e a fragilização do movimento sindical.
Com
a municipalização muitos dos/as professores/as das escolas estaduais serão
demitidos/as ou ficarão reféns aos mandos e desmandos dos políticos
tradicionais dos municípios, que além de lotear os cargos de gestão das
escolas, manipulam o processo eleitoral nos municípios, através da comercialização
de votos e promessas de cargos. Como ficar omisso a uma resposta tão insensível de um administrador público quando
disse que “quem tem filho na rede estadual traze para a rede municipal, seja
porque não tem greve, seja porque estamos melhor que muitas escolas
particulares”.
Poderia o prefeito, em vez de ter lançado
opinião tão infeliz e que nada acrescenta, muito pelo contrário, fragiliza o
movimento, como bem quer o governo do estado, ter prestado apoio ou, quem sabe,
encaminhar moção ao secretário do estado e ao governo para uma solução imediata
ao impasse. Portanto, reitero mais uma vez meu sentimento de tristeza e
indignação ao prefeito de Araranguá pelo que falou na entrevista em relação aos
trabalhadores da educação. Espero que os/as professores/as da rede pública
estadual que ainda militam no partido, encaminhe ao mesmo, moção de repúdio
pelo que disse, solicitando-o que o envio de nota ao SINTE desconsiderando seu discurso equivocado.
Prof.
Jairo Cezar
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