As
manifestações dos/as trabalhadores/as em educação pelas ruas da capital do
estado de Santa Catarina
Depois
da realização da Assembléia Estadual do Sinte no qual definiu pela continuidade
da greve por tempo indeterminado, os trabalhadores/as da educação seguiram em
passeata pelas principais ruas da capital. Mesmo com a forte chuva que se
abateu sobre os manifestantes, a mesma não foi suficiente para impedir a caminhada
de protesto dos cerca de dois mil trabalhadores/as da educação. A primeira parada
ou concentração dos manifestantes ocorreu em frente ao prédio da Secretaria de Educação,
onde foram expressas palavras de ordem contra o Secretário da Educação e o
governo Colombo, repudiando-os pela proposta ridícula de plano de carreira enviado,
considerado por todos/as pior que apresentado anteriormente. Da secretaria, os
manifestantes se deslocaram numa espécie de via crucis, para frente da catedral
metropolitana, onde se juntaram com os demais trabalhadores/as em greve e
entidades sindicais, que exibiam faixas e cartazes de protestos contra as
políticas do governo estadual e federal.
Dentre
as muitas faixas exibidas se destacaram algumas como a que solicitava aos deputados
e senadores para que não votassem a favor da PL 4330/04, sobre a terceirização
do trabalho. É importante ressaltar que a respectiva PL já foi aprovada pela
câmara, que dos 16 deputados catarinenses, quatro votaram contra o texto. Agora
o documento vai para a apreciação no senado, cuja pressão dos trabalhadores
deverá ser maior para quem sabe ser suprimida.
Outra
faixa destacava o pacote de maldades impostas pelo governo estadual e federal, que
visa suprimir direitos históricos conquistados pelos trabalhadores/as. Em
relação as maldades advindas do governo de Santa Catarina, os destaques são os
assédios morais e as ameaças de descontos e demissões dos/as trabalhadores/as
em greve, por parte das gerências regionais de educação e diretores, uma
explícita afronta à moral e a Constituição Federal, no seu Art. 9, que garante
o direito a mobilização e outros dispositivos legais que asseguram as vagas tanto
dos/as professores/as ACTs como daqueles/as em Estágio Probatório.
Em âmbito federal a mensagem da faixa criticava
a retirada de verbas para educação, ou seja, o corte bilionário de nove bilhões
de reais do orçamento. É uma postura um tanto quanto paradoxal pelo fato da presidente
ter lançado como slogan de seu segundo mandato: “Brasil Pátria Educadora”. Além
do corte gigantesco do orçamento para a educação, para assegurar a viabilização
do plano de ajustes o Plano Levi, o governo também desferiu ataques contra os/as
demais trabalhadores/as a partir da aprovação das MPs 664, 665 que altera as
políticas relativas ao seguro desemprego, pensão pós-morte e seguro-defeso dos
pescadores artesanais.
Outros
protestos se destacaram direcionados ao seguimento da comunicação em âmbito
nacional, Rede Globo, e sua sucursal no estado, RBS, que controla os dois
principais jornais de circulação estadual, Diário Catarinense e A Notícia, bem
como rádios AM/FM e imprensa digital. A crítica tem consistência porque
historicamente todos os movimentos ou greves dos/as trabalhadores/as em
educação esse seguimento no qual monopoliza a comunicação no estado sempre
atuou parcialmente favorecendo governos e grupos empresariais. Não há como não se
eximir desse posicionamento de parcialidade na informação quando se sabe que a
respectiva empresa de comunicação RBS assinou contrato com o governo do estado para
a distribuição de exemplares dos jornais Diário Catarinense e A Notícia, à
todas as unidades de ensino público distribuídas pelo estado. Quem acompanha
diariamente a distribuição desses dois jornais constata que o A Notícia, de
Joinville, suas reportagens priorizam exclusivamente a região norte do estado. Não
seria um gasto desnecessário por parte do estado?
Não
poderia ficar de fora dessa análise uma faixa que se acredita ser de
integrantes simpatizantes de uma das principais centrais sindicais do Brasil e
do partido no qual a Presidente da República é filiada. O que chama atenção são
as mensagens redigidas onde uma delas cita: Abaixo ao Plano Levy, não as MPs
664 e 665. Se a respectiva faixa foi confeccionada pelo respectivo grupo que se
intitula Diálogo e Ação Petista, por que seus integrantes, talvez apoiados por
membros da CUT, não pediam a demissão do Ministro Joaquin Levy, um dos
principais protagonistas das MPs e do Plano de Ajustes, e solicitado à
presidente para que assumisse o comando do governo. Isso porque o atual sistema
de governo, segundo a constituição, é regido pelo presidencialismo e não
parlamentarismo, como vem se configurando ultimamente.
Quanto
as duas últimas frases da faixa que fazem menção sobre a defesa da Petrobras e
contra a corrupção, poderiam também ter incluído outros itens ainda não
esclarecidos com as denúncias de irregularidades cometidas nas obras de
infraestrutura para a copa do mundo no Brasil. O que se sabe é que muitas das
grandes empresas indiciadas por terem sido beneficiadas na operação Lava Jato, participaram
e ganharam as licitações para a construção de estádios e demais obras nos
estados e cidades que sediaram os jogos do mundial.
Prof. Jairo Cezar
Nenhum comentário:
Postar um comentário