quinta-feira, 16 de abril de 2015

As manifestações dos/as trabalhadores/as em educação pelas ruas da capital do estado de Santa Catarina

  

Depois da realização da Assembléia Estadual do Sinte no qual definiu pela continuidade da greve por tempo indeterminado, os trabalhadores/as da educação seguiram em passeata pelas principais ruas da capital. Mesmo com a forte chuva que se abateu sobre os manifestantes, a mesma não foi suficiente para impedir a caminhada de protesto dos cerca de dois mil trabalhadores/as da educação. A primeira parada ou concentração dos manifestantes ocorreu em frente ao prédio da Secretaria de Educação, onde foram expressas palavras de ordem contra o Secretário da Educação e o governo Colombo, repudiando-os pela proposta ridícula de plano de carreira enviado, considerado por todos/as pior que apresentado anteriormente. Da secretaria, os manifestantes se deslocaram numa espécie de via crucis, para frente da catedral metropolitana, onde se juntaram com os demais trabalhadores/as em greve e entidades sindicais, que exibiam faixas e cartazes de protestos contra as políticas do governo estadual e federal.  
Dentre as muitas faixas exibidas se destacaram algumas como a que solicitava aos deputados e senadores para que não votassem a favor da PL 4330/04, sobre a terceirização do trabalho. É importante ressaltar que a respectiva PL já foi aprovada pela câmara, que dos 16 deputados catarinenses, quatro votaram contra o texto. Agora o documento vai para a apreciação no senado, cuja pressão dos trabalhadores deverá ser maior para quem sabe ser suprimida.  


Outra faixa destacava o pacote de maldades impostas pelo governo estadual e federal, que visa suprimir direitos históricos conquistados pelos trabalhadores/as. Em relação as maldades advindas do governo de Santa Catarina, os destaques são os assédios morais e as ameaças de descontos e demissões dos/as trabalhadores/as em greve, por parte das gerências regionais de educação e diretores, uma explícita afronta à moral e a Constituição Federal, no seu Art. 9, que garante o direito a mobilização e outros dispositivos legais que asseguram as vagas tanto dos/as professores/as ACTs como daqueles/as em Estágio Probatório. 
   

 Em âmbito federal a mensagem da faixa criticava a retirada de verbas para educação, ou seja, o corte bilionário de nove bilhões de reais do orçamento. É uma postura um tanto quanto paradoxal pelo fato da presidente ter lançado como slogan de seu segundo mandato: “Brasil Pátria Educadora”. Além do corte gigantesco do orçamento para a educação, para assegurar a viabilização do plano de ajustes o Plano Levi, o governo também desferiu ataques contra os/as demais trabalhadores/as a partir da aprovação das MPs 664, 665 que altera as políticas relativas ao seguro desemprego, pensão pós-morte e seguro-defeso dos pescadores artesanais.


Outros protestos se destacaram direcionados ao seguimento da comunicação em âmbito nacional, Rede Globo, e sua sucursal no estado, RBS, que controla os dois principais jornais de circulação estadual, Diário Catarinense e A Notícia, bem como rádios AM/FM e imprensa digital. A crítica tem consistência porque historicamente todos os movimentos ou greves dos/as trabalhadores/as em educação esse seguimento no qual monopoliza a comunicação no estado sempre atuou parcialmente favorecendo governos e grupos empresariais. Não há como não se eximir desse posicionamento de parcialidade na informação quando se sabe que a respectiva empresa de comunicação RBS assinou contrato com o governo do estado para a distribuição de exemplares dos jornais Diário Catarinense e A Notícia, à todas as unidades de ensino público distribuídas pelo estado. Quem acompanha diariamente a distribuição desses dois jornais constata que o A Notícia, de Joinville, suas reportagens priorizam exclusivamente a região norte do estado. Não seria um gasto desnecessário por parte do estado?


Não poderia ficar de fora dessa análise uma faixa que se acredita ser de integrantes simpatizantes de uma das principais centrais sindicais do Brasil e do partido no qual a Presidente da República é filiada. O que chama atenção são as mensagens redigidas onde uma delas cita: Abaixo ao Plano Levy, não as MPs 664 e 665. Se a respectiva faixa foi confeccionada pelo respectivo grupo que se intitula Diálogo e Ação Petista, por que seus integrantes, talvez apoiados por membros da CUT, não pediam a demissão do Ministro Joaquin Levy, um dos principais protagonistas das MPs e do Plano de Ajustes, e solicitado à presidente para que assumisse o comando do governo. Isso porque o atual sistema de governo, segundo a constituição, é regido pelo presidencialismo e não parlamentarismo, como vem se configurando ultimamente. 
Quanto as duas últimas frases da faixa que fazem menção sobre a defesa da Petrobras e contra a corrupção, poderiam também ter incluído outros itens ainda não esclarecidos com as denúncias de irregularidades cometidas nas obras de infraestrutura para a copa do mundo no Brasil. O que se sabe é que muitas das grandes empresas indiciadas por terem sido beneficiadas na operação Lava Jato, participaram e ganharam as licitações para a construção de estádios e demais obras nos estados e cidades que sediaram os jogos do mundial.            


Prof. Jairo Cezar

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