quarta-feira, 22 de abril de 2015

Posturas Autoritárias de Gestores/as ainda se mantém em muitas das escolas públicas estaduais. Escola Estadual do Pinheiro do Meio, Jacinto Machado, um modelo de gestão a ser repudiado.


 O comando de greve do Sinte Regional de Araranguá em visita a uma escola estadual do interior de Jacinto Machado se deparou com uma situação um tanto quanto embaraçosa no qual vem se tornando corriqueiro nas unidades de ensino estaduais, a postura autoritária de diretores e outros profissionais que atuam em cargos comissionados. Como professor e pesquisador da história política e educacional do estado e da região de Araranguá, o episódio vivenciado me fez admitir que tais práticas antes comuns nas administrações municipais, continuam vivas, presentes, nas escolas das áreas urbanas e do interior. Nas pequenas vilas os sacerdotes/padres e diretores/as de escolas, mantinham e ainda mantém certo grau de respeitabilidade e autoridade sobre os/as demais cidadãos/ãs, motivada como se bem sabe pela pouca presença do Estado, Municipal, Estadual e Federal, na execução de serviços essenciais à comunidade.
Os/as diretores/as que gerenciam tais escolas suas indicações que tiveram e ainda tem como um dos critérios a vinculação política partidária com o arco de alianças que garante sustentação ao governo estadual. Qualquer outro critério como competência ou habilidade em gestão educacional são pouco considerados no momento da indicação. O que pesa mesmo na seleção é a quantidade de votos obtidos para o/a candidato/a vereador/a ou deputado/a estadual, que depois de eleitos/as são eles/as que definirão quem ocuparão as respectivas vagas loteadas disponíveis nas escolas.


O resultando, portanto, é o que se vê, ou seja, verdadeiros/as déspotas, opressores/as, administrando escolas, ameaçando ou assediado moralmente trabalhadores/as da educação. Isso se torna mais corriqueiro nos momentos de paralisações como agora, onde o/a “gestor/a” seguindo as determinações de seus comandantes munem-se de todas as artimanhas possíveis para dificultar ou inviabilizar possíveis contatos com os pais/responsáveis, professores/as, com integrantes do comando de greve. 
Na sexta feira, 17 de abril, pela manha, quando em visita a uma escola na comunidade de Pinheirinho do Meio, cuja reunião estava agendada para iniciar às 10 horas, foram criados todo tipo de dificuldades possíveis para que o ato não ocorresse ou que fosse o mais rápido em um curto espaço de tempo. Além da atitude nada amistosa do diretor para com os/as professores/as visitantes, manteve-os/as esperando por cerca de uma hora e meia, tempo este que utilizou para conversar com os pais/responsáveis e professores/as da escola, a portas fechadas, uma clara intenção de esvaziamento, que não surtiu resultado, pois mesmo com o avanço das horas, já próximo do meio dia, ambos/as permaneceram no recinto possibilitando o debate.

 Se o processo de gestão nas unidades de ensino seguisse o processo democrático jamais diretores/as como o que presenciamos tomaria atitude tão autoritária. Sendo o procedimento de escolha dos gestores/as por indicação política, qualquer discurso pregando liberdade, democracia no interior da escola pouca ou nenhuma ressonância terá junto aos/as profissionais. Na verdade as escolas, muitas delas, refletem exatamente o modo como os Gestores Públicos/Governos pensam a educação, sem qualquer projeto consistente de educação e sociedade a médio longo prazo. Planos, como os PNE (Plano Nacional da Educação), que nada mais é que um receituário simplista dos organismos financeiros internacionais que buscam ajustar a educação brasileira à nova ordem do marcado.
 
Transformar a escola em espaço de debate político, propostas inovadores, entre outras ações, somente se concretizará por meio da luta, da resistência dos/as trabalhadores/as em educação. A tarefa dos/as gestores/as, na sua maioria, é atuar de tal modo que os problemas pertinentes no interior da escola e da comunidade sejam negligenciados. Sua exposição revelaria a fragilidade e a omissão de todo um sistema público viciado, cuja população se mantém refém. Um exemplo, no caso do Pinheiro do Meio, é o Ginásio de esportes cuja construção somente foi possível, graças a doação de um terreno ao Estado. Depois de concluída a obra, um temporal destruiu o telhado, permanecendo interditado por dois anos. Depois de reformado, há cerca de cinco meses aproximadamente, atualmente o que não faltam são goteiras que inundam a quadra recém pintada.

Para poder promover reparos no telhado do ginásio os recursos estão sendo alocados através de doações da própria comunidade, não do governo estadual, que seria o órgão gestor. Deveria o gestor da escola, sim, mobilizar a comunidade e pressionar o governo para que cumprisse com sua obrigação constitucional, e não coagir e reprimir professores/as que estão em greve e agir com desrespeito professores/as grevistas que lutam por direitos no qual também será beneficiado.   
Além dos problemas estruturais externos visíveis, a escola também carece de condições básicas como uma simples biblioteca que atenda confortavelmente estudantes e a comunidade, bem como de um laboratório de informática, que segundo o discurso do governo do estado todas as escolas públicas já estão munidas desses equipamentos. Nessa escola, realmente não há, nem mesmo um computador para os/as professores/as desenvolverem seus trabalhos pedagógicos. Portanto, no quesito gestão escolar, as expectativas de que ocorram transformações significativas a curto e médio prazo são tênues, mesmo quando se sabe do decreto lançado pelo governo em 2013 que permite eleições para diretores a partir do segundo semestre de 2015. O sindicado da categoria se posicionou contrário a tal decreto, por não ser uma lei, por restringir o processo, com clara intenção de perpetuar o controle sobre o processo de gestão das escolas.

 


















Prof. Jairo Cezar






















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