quinta-feira, 17 de novembro de 2022

 

MANIFESTAÇÕES ANTI-REPUBLICA NO FERIADO DO DIA 15 DE NOVEMBRO, DATA COMEMORATIVA À REPÚBLICA BRASILEIRA

Não resisti como professor de história e por décadas atuando como ativista nas áreas ambientais e sindicais, fui tentado nesse quinze de novembro, feriado nacional em comemoração a Proclamação da República brasileira fazer algumas reflexões relativas às manifestações pró intervenção militar, ou seja, golpismo. É isso mesmo, milhares de pessoas inconformadas com os resultados do pleito de 30 de outubro, segundo turno, que deu a vitória a ao candidato do PT, Lula, saíram às ruas nesse feriado em carreatas e ocupando as frentes dos quartéis em todo o território nacional.

Vestidos de verde amarelo e munidos da bandeira nacional executaram o hino nacional e aos gritos protestaram contra os resultados das eleições, alegando terem sido fraudadas as urnas. Tive que registrar esse episódio bizarro da nossa história para que no futuro as pessoas saibam que isso aconteceu de fato, pessoas saíram às ruas no feriado de 15 de novembro para pedir intervenção federal. Qualquer criança sabe que uma “intervenção federal” é nada mais nada menos que o fechamento do congresso nacional, e demais instituições que compõem o complexo sistema republicano que norteia as vidas de toda a sociedade.  

Quem viveu, leu ou estudou na escola o golpe de 1964 e os mais de vinte anos de dominação militar, sabe que o que aconteceu no dia 15 de novembro de as pessoas estarem protestando em frente de quartéis ou outros atos ditos “democráticos”, foram permitidos durante o regime. Se fosse à época, todos que estavam ali seriam escorraçados a golpes de cassetetes, bombas de efeito moral, gás de pimenta, etc. É inimaginável que depois de quinze dias do pleito e oficialmente reconhecido pelo próprio exército, admitindo não ter havido fraudes nas urnas, bolsonaristas radicais ainda insistem em provocar tumultos contra a democracia, contra o sistema republicano.

Não há dúvida que essas centenas de pessoas insatisfeitas com suas vidas não representam os quase sessenta milhões de eleitores do candidato derrotado, que voltaram à vida normal e torcem para que o futuro governo tenha sucesso nos seus quatro anos de mandato. Deveriam saber que o próprio general e ex-porta voz do presidente Bolsonaro, Otávio Santana do Rego Barros, respondeu em entrevista a Folha de São Paulo que é contra tais manifestações, que tudo isso são atos de extremistas insatisfeitos.

Para muitos não há surpresa que grupos extremistas haveriam de agir e com truculência contra as estruturas democráticas na tentativa de criar um cenário de instabilidade social. Mas, todavia, como assim tentar contra as estruturas democráticas, quando todos sabem que em 2021, o atual presidente sancionou lei n. 14.197/2021, na qual define quais crimes são passivos de pena àqueles que atentarem contra a democracia.

Entre as prerrogativas estabelecidas pela lei das quais são definidas como crime estão ações que atuam contra o estado democrático de direito, impedindo o restringindo o exercício dos poderes constitucionais com o emprego de violência ou grave ameaça. O artigo 359-M é mais específico no que tange a crimes à democracia. O artigo diz o seguinte: “tentar depor por meio da violência ou grave ameaça, o governo legitimamente democrático”. Isso já não seria o suficiente para a Polícia Rodoviária Federal e demais forças de segurança nacional, no primeiro momento da obstrução das rodovias por manifestantes pedindo a intervenção militar, atuassem prendendo todos que estivessem afrontando a legislação e a própria constituição nacional.

Mas, para ai, manifestações são um direito assegurando a todos em regimes democráticos!! Mas o fato é que tais manifestações pós pleito eleitoral ocorreram em ataque à própria constituição que assegura esse direito. Parece insano, mas é verdade. Se as obstruções das estradas por si só já se caracterizavam como o extremo dos absurdos, pelo fato de pedir a anulação das eleições que o próprio candidato Bolsonaro reconheceu como legítima, como explicar então os atos golpistas em frente aos quartéis?

Acreditem sem quiser, são atos contrários a democracia e cujos manifestantes alegam estarem defendendo, pasmem, a própria democracia!! Na realidade todo esse delírio em frente aos quartéis, muitos até se utilizando do espaço para cultos religiosos, merece sim uma atenção especial de pesquisadores de áreas distintas do conhecimento. Penso que uma abordagem freudiana dos fatos poderia resultar em respostas possivelmente assertivas. Não há dúvida que fatores patológicos inconscientes estão por trás desses atos golpistas que tentam desestabilizar as estruturas do estado republicano. A obra "Psicologia das Massas e Análise do Eu" de Sigmund Freud, escrita em 1920, pode ser bem útil para compreensão da atual realidade brasileira. Prometo que o próximo texto que  postarei no meu blog será construído a partir dessa obra de Freud. 

Prof. Jairo Cesa

 

https://revistaforum.com.br/politica/2022/11/13/general-rgo-barros-ex-porta-voz-de-bolsonaro-detona-atos-golpistas-game-over-127323.html

https://www.conjur.com.br/2022-nov-04/fernando-fernandes-manifestacao-golpe-crime-mesmo-desarmada

 

        

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