COP
27, NO EGITO: MAIS UMA CONFERÊNCIA DAS PARTES ONDE NADA SE AVANÇOU NO CUMPRIMENTO
DAS METAS PARA COMBATER O AQUECIMENTO GLOBAL
No
último dia do encontro da COP 27 no Egito, datado em 20 de novembro, começava
no Catar a copa do mundo da FIFA. Claro que entre as demandas acordadas sobre o
clima global no Egito, irrefutavelmente o evento esportivo mundial vem
dominando a atenção dos habitantes do planeta nesse momento e, certamente, por muito
tempo depois. Até o momento foram 27 conferências concretizadas para discutir e
apresentar soluções à interferência humana às mudanças do clima. Entretanto, a
cada encontro, um drama se prenuncia, uma enorme lista de boas intenções são ratificadas
das quais semanas mais tarde são deixadas de lado ou esquecidas e relembradas novamente
no encontro seguinte.
Nessas
quase três décadas de COP (Conferência das Partes) e que já consumiram milhões
de dólares com viagens e logísticas para acomodar os participantes, um dos
temas que sempre foi consensual nos últimos encontros entre os chefes de
estados presentes é a evidente certeza de que a temperatura média do planeta vem
aumentando significativamente ano após ano. Tudo indica que a proposta de
limitar em até 1,5 C a temperatura média do planeta até o final do século XX
como vem se apregoando será muito difícil de ser alcançada. Conforme relatórios
apresentados por entidades que monitoram o clima do planeta, já há dados
suficientes que evidenciam que a terra extrapolou o seu limite tolerável de
temperatura.
A
queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás, sem dúvida são os
principais vilões do aquecimento global. No entanto, não é correto excluir
desse pacote de emissores de gases poluentes, as florestas, que são grandes
catalisadores de CO2. A devastação e queima de enormes áreas florestas a
exemplo da Amazônia está interferindo diretamente no ciclo das chuvas na
América do sul e demais continentes. Já virou clichê afirmar que é tempo
perdido e dinheiro jogando fora a realização de conferências todos os anos para
tratar de problemas do clima que como todos sabem irão permanecer enquanto não forem
atacadas as causas do aquecimento.
É
fato, o problema de todo o desarranjo climático está no modelo de produção
vigente que se alimenta do consumo exacerbado de recursos energéticos finitos,
ou seja, combustíveis fósseis. Tratar
desse assunto sem considerar as práticas exploratórias como extrações
desmedidas dos recursos naturais são como enxugar gelo. São aproximadamente dez
países que atualmente emitem à atmosfera mais da metade de todos os gases que
estão indiretamente comprometendo a vida de milhões de pessoas do mundo
inteiro.
Frente
a esse passivo ambiental que indiretamente está solapando as economias das
nações mais pobres do planeta que ajudou a ser inserida nas pautas dos debates da
Copa há cerca de trinta anos a criação de um fundo da ajuda financeira à essas
frágeis nações. É injusto, por exemplo, países pobres como Bangladesh, Sri
lanka, Paquistão, entre outros, terem que arcar com custos bilionários de
reparação por desastres naturais, quando se sabe que tais adversidades
climáticas extremas sofridas são motivadas pelos países ricos industrializados
como EUA, China, Japão, Inglaterra, Austrália, etc.
Diante
de enormes pressões e tentativas de sabotar a proposta, enfim uma saída mitigatória
discreta foi acordada entre os líderes presentes. A ideia acordada é criar um
fundo financeiro para perda e danos ambientais. É exatamente o que comentei
acima, os países ricos industrializados se comprometeriam em depositar recursos
em um fundo para ser destinado em ações com vistas a mitigar perdas e danos
provocados por desastres naturais extremos nos países pobres. No entanto,
surgiu o impasse em relação a administração do fundo. Os países europeus
propuseram que o fundo seja gerido pelo mesmo fundo do clima, cuja sede fica na
Coréia do Sul. Os países africanos, no entanto, não foram simpáticos à proposta
da Coréia como gestora do fundo. A alegação contrária se deve das dificuldades
que esses países vem enfrentando na obtenção de aportes financeiros do fundo do
clima já existente.
Até
aí tudo bem, penso ser uma proposta criação desse fundo de perdas e danos até
de certo modo justa. O fato é que a COP chegou ao final sem que fosse tratado o
modo como o fundo seria operacionalização, bem como quais os países que seriam
contemplados com os recursos. No final acharam melhor retornar os debates para
o encontro do próximo ano, 2023, que ocorrerá nos Emirados Árabes Unidos. Pela escolha
do país anfitrião, há indícios claros que teremos mais uma COP fracassada, país
essa nação do golfo pérsico é um dos maiores produtores e exportadores de
petróleo do mundo.
O
Brasil depois de tantas atrapalhadas protagonizadas pelo atual presidente
derrotado na última eleição, finalmente assumiu seu importante papel de agente
articulador de ações relevantes em defesa do clima global. Por possuir uma das
maiores florestas tropicais do planeta e ser ela instrumento importante no
equilíbrio das chuvas precipitadas principalmente na América do sul, a presença
no Egito do futuro presidente eleito, Lula, trouxe certo alento e boas expectativa
no cenário climático local e global.
Na
última conferência ocorrida em Glasgow, Escócia, houve uma serie de proposições
elencadas e assumidas pelos líderes participantes. Uma delas foi o compromisso
do Brasil de zerar os desmatamentos até 2028, bem como reduzir em até 30% as
emissões de CO2 a atmosfera. Quem acompanhou os desdobramentos no cenário
nacional sabe que nada do que foi acordado foi cumprindo pelo atual governo. O que
aconteceu de fato foi o aumento significativo dos desmatamentos e das emissões
de gases do efeito estufa.
Prof.
Jairo Cesa
https://oeco.org.br/reportagens/fim-de-jogo-a-repercussao-dos-resultados-da-cop27-no-brasil/
https://www.oc.eco.br/cop27-termina-com-uma-revolucao-e-tres-maldicoes/
https://www.greenpeace.org/brasil/blog/o-fim-da-cop27-e-uma-vitoria-para-a-justica-climatica/
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