domingo, 27 de novembro de 2022

 

COP 27, NO EGITO: MAIS UMA CONFERÊNCIA DAS PARTES ONDE NADA SE AVANÇOU NO CUMPRIMENTO DAS METAS PARA COMBATER O AQUECIMENTO GLOBAL



No último dia do encontro da COP 27 no Egito, datado em 20 de novembro, começava no Catar a copa do mundo da FIFA. Claro que entre as demandas acordadas sobre o clima global no Egito, irrefutavelmente o evento esportivo mundial vem dominando a atenção dos habitantes do planeta nesse momento e, certamente, por muito tempo depois. Até o momento foram 27 conferências concretizadas para discutir e apresentar soluções à interferência humana às mudanças do clima. Entretanto, a cada encontro, um drama se prenuncia, uma enorme lista de boas intenções são ratificadas das quais semanas mais tarde são deixadas de lado ou esquecidas e relembradas novamente no encontro seguinte.

Nessas quase três décadas de COP (Conferência das Partes) e que já consumiram milhões de dólares com viagens e logísticas para acomodar os participantes, um dos temas que sempre foi consensual nos últimos encontros entre os chefes de estados presentes é a evidente certeza de que a temperatura média do planeta vem aumentando significativamente ano após ano. Tudo indica que a proposta de limitar em até 1,5 C a temperatura média do planeta até o final do século XX como vem se apregoando será muito difícil de ser alcançada. Conforme relatórios apresentados por entidades que monitoram o clima do planeta, já há dados suficientes que evidenciam que a terra extrapolou o seu limite tolerável de temperatura.

A queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás, sem dúvida são os principais vilões do aquecimento global. No entanto, não é correto excluir desse pacote de emissores de gases poluentes, as florestas, que são grandes catalisadores de CO2. A devastação e queima de enormes áreas florestas a exemplo da Amazônia está interferindo diretamente no ciclo das chuvas na América do sul e demais continentes. Já virou clichê afirmar que é tempo perdido e dinheiro jogando fora a realização de conferências todos os anos para tratar de problemas do clima que como todos sabem irão permanecer enquanto não forem atacadas as causas do aquecimento.

É fato, o problema de todo o desarranjo climático está no modelo de produção vigente que se alimenta do consumo exacerbado de recursos energéticos finitos, ou seja, combustíveis fósseis.  Tratar desse assunto sem considerar as práticas exploratórias como extrações desmedidas dos recursos naturais são como enxugar gelo. São aproximadamente dez países que atualmente emitem à atmosfera mais da metade de todos os gases que estão indiretamente comprometendo a vida de milhões de pessoas do mundo inteiro.

Frente a esse passivo ambiental que indiretamente está solapando as economias das nações mais pobres do planeta que ajudou a ser inserida nas pautas dos debates da Copa há cerca de trinta anos a criação de um fundo da ajuda financeira à essas frágeis nações. É injusto, por exemplo, países pobres como Bangladesh, Sri lanka, Paquistão, entre outros, terem que arcar com custos bilionários de reparação por desastres naturais, quando se sabe que tais adversidades climáticas extremas sofridas são motivadas pelos países ricos industrializados como EUA, China, Japão, Inglaterra, Austrália, etc.

Diante de enormes pressões e tentativas de sabotar a proposta, enfim uma saída mitigatória discreta foi acordada entre os líderes presentes. A ideia acordada é criar um fundo financeiro para perda e danos ambientais. É exatamente o que comentei acima, os países ricos industrializados se comprometeriam em depositar recursos em um fundo para ser destinado em ações com vistas a mitigar perdas e danos provocados por desastres naturais extremos nos países pobres. No entanto, surgiu o impasse em relação a administração do fundo. Os países europeus propuseram que o fundo seja gerido pelo mesmo fundo do clima, cuja sede fica na Coréia do Sul. Os países africanos, no entanto, não foram simpáticos à proposta da Coréia como gestora do fundo. A alegação contrária se deve das dificuldades que esses países vem enfrentando na obtenção de aportes financeiros do fundo do clima já existente.

Até aí tudo bem, penso ser uma proposta criação desse fundo de perdas e danos até de certo modo justa. O fato é que a COP chegou ao final sem que fosse tratado o modo como o fundo seria operacionalização, bem como quais os países que seriam contemplados com os recursos. No final acharam melhor retornar os debates para o encontro do próximo ano, 2023, que ocorrerá nos Emirados Árabes Unidos. Pela escolha do país anfitrião, há indícios claros que teremos mais uma COP fracassada, país essa nação do golfo pérsico é um dos maiores produtores e exportadores de petróleo do mundo.

O Brasil depois de tantas atrapalhadas protagonizadas pelo atual presidente derrotado na última eleição, finalmente assumiu seu importante papel de agente articulador de ações relevantes em defesa do clima global. Por possuir uma das maiores florestas tropicais do planeta e ser ela instrumento importante no equilíbrio das chuvas precipitadas principalmente na América do sul, a presença no Egito do futuro presidente eleito, Lula, trouxe certo alento e boas expectativa no cenário climático local e global.

Na última conferência ocorrida em Glasgow, Escócia, houve uma serie de proposições elencadas e assumidas pelos líderes participantes. Uma delas foi o compromisso do Brasil de zerar os desmatamentos até 2028, bem como reduzir em até 30% as emissões de CO2 a atmosfera. Quem acompanhou os desdobramentos no cenário nacional sabe que nada do que foi acordado foi cumprindo pelo atual governo. O que aconteceu de fato foi o aumento significativo dos desmatamentos e das emissões de gases do efeito estufa.

Prof. Jairo Cesa                     

https://oeco.org.br/reportagens/fim-de-jogo-a-repercussao-dos-resultados-da-cop27-no-brasil/

https://www.oc.eco.br/cop27-termina-com-uma-revolucao-e-tres-maldicoes/

https://www.greenpeace.org/brasil/blog/o-fim-da-cop27-e-uma-vitoria-para-a-justica-climatica/

https://www.wwf.org.br/?84140/Acordo-de-Perdas-e-Danos-e-volta-do-Brasil-a-diplomacia-climatica-sao-os-destaques-da-COP27

 

 

 

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