O
QUE HÁ DE VERDADE E FAKE/MENTIRAS NAS FALAS RELATIVAS AS AÇÕES DO MPF
(MINISTERIO PÚBLICO FEDERAL) NA ORLA DO BALNEÁRIO MORRO DO CONVENTOS.
Na
quarta feira, primeiro de junho, dando início as comemorações da semana mundial
do meio ambiente, na sessão da câmara de vereadores de Araranguá um determinado
vereador foi à tribuna da casa e fez comentários desprovidos de conhecimento
acerca de uma decisão do MPF de ter embargado obra em área de dunas e restinga no
Balneário Morro dos Conventos. Desconhece o cidadão, eleito pela sociedade, que
entre 2014 a 2016 aconteceu no Balneário mais ou menos cem encontros e oficinas
para discutir e definir estratégias do modo como toda a faixa costeira do
município deveria ser ocupada.
Os
encontros e oficinas tiveram a participação de dezenas de entidades
representando o poder público, o segmento econômico e a sociedade civil. Infelizmente
o poder público, em especial o legislativo de Araranguá, teve participação
modesta, com um ou dois vereadores presentes nos encontros. Sabemos que na
época o vereador que usou a tribuna não ocupava a cadeira da casa, mas
certamente tinha conhecimento dos encontros, mas não participou. Em dezembro de
2016, o executivo municipal assinou decretos criando três unidades de
conservação, uma APA, uma RESEX e um MONA-UC. Embora criados oficialmente,
essas três unidades permanecem paralisadas desde julho ou agosto de 2017 quando
cessaram as reuniões ordinárias do grupo gestor permanente.
Se
o grupo gestor não tivesse desativado, com certeza hoje quase todas as suas
etapas do orla já estavam concluídas, evitando desse modo cenas inconvenientes
protagonizadas por cidadãos alheios a realidade do local. Foram mais de 200
demandas aprovadas no projeto orla. Outro relato desproporcional do vereador
foi querer afirmar que o MPF desconhece a realidade local, pois fica parte do
seu tempo confinado em escritórios com ar condicionados. Desde o instante que
criamos no balneário a OSCIP PRESERV’AÇÃO, em 2011, que provavelmente também
desconhece a existência, todos os procuradores que passaram pela 4 regional de
Criciúma visitaram o Morro dos Conventos no cumprimento de suas funções de inspeção
ambiental.
Nas
várias investidas realizadas, constataram inúmeras irregularidades, desde a
supressão indevida da vegetação de restinga, dunas, a construção ou reforma de
residências sem os devidos licenciamentos. Convém lembrar o vereador que o
balneário morro dos conventos jamais esteve estagnado, muito pelo contrario, nunca
se construiu tanto como acontece atualmente. É mais uma inverdade, seguindo a mesma linha
habitual do representante máximo do executivo federal que vem abusando desse
dispositivo para enganar e confundir a população mais desatenta.
Sugiro
ao vereador que acesse aos arquivos do executivo e leia atentamente o PGI e os
decretos que criaram as três unidades de conservação. Irá observar que tudo
está ali escrito, que não existe nada escrito que impede qualquer
empreendimento em áreas permissivas. Acontece que muita gente está acostumada a
fazer as coisas a revelia das legislações, principalmente no seguimento
ambiental. Exemplos têm de sobra para provar que isso acontece realidade aqui
em Araranguá. Informar também que desde
a conclusão do projeto orla, no qual foi inserido no plano diretor municipal, o
documento vem paulatinamente sendo desfigurado atendendo interesses escusos de
particulares.
Claro
que “ninguém” quer ver o Morro dos Conventos como Balneário Camboriu, Arroio do
Silva ou outros tantos balneários onde todos os anos aparecem na lista do IMA Instituto
do Meio Ambiente, com vários pontos diagnosticados como impróprios para banho.
Se a praia do Morro dos Conventos vem sendo a preferida para veranistas e
turistas se devem também a sua excelente balneabilidade. Entretanto, quando insistimos
em afirmar que o balneário é um ecossistema frágil, uma das referências é o
solo arenoso, cujo lençol freático é extremamente superficial.
Uma
fossa séptica geralmente sua instalação ocorre a uma profundidade de aproximadamente
dois metros. Em períodos de chuvas mais volumosas, inúmeros laguinhos surgem em
toda a superfície do balneário, que são resultados da saturação do lençol freático.
Com o aumento do número de novos empreendimentos, residências e grandes
edificações, não há dúvida que resíduos dos esgotamentos sanitários contaminarão
o lençol freático e a orla. A existência de dunas frontais no balneário tem
funções especificas: servir de barreira às ressacas; segundo, neutralizar a
incidência da água salgada sobre os aquíferos que abastecem os mananciais. Cabe
aqui esclarecer ao vereador que é graças as ONGs, ao MPF, POLICIA AMBIENTAL,
entre outros que o balneário Morro dos Conventos ainda encanta todos que o
visitam pelo fato de ainda estar preservado.
O
respectivo vereador e possivelmente os demais que integram o legislativo
desconhecem que o Morro dos Conventos tem um magnífico acervo de sítios
arqueológicos, e que estão desprotegidos, com risco de desaparecer. Temas como
esse, de extraordinária relevância, a câmara de vereadores poderia se ater mais
durante as sessões. Como proteger mais esses espaços, como torná-los acessíveis
a visitação pública. Sabia que a furna do Morro dos Conventos também é um sitio
arqueológico, classificado como abrigo sob rocha? Outro detalhe importante,
jamais qualquer membro de ONG no balneário foi processado ou indiciado por
cometimento de crime de calúnia, falsa denúncia, etc. O papel sempre foi de
ajudar o poder publico, órgão ambiental, na busca de soluções para o
desenvolvimento verdadeiramente sustentável do balneário. Mas tudo leva a crer
que o poder público, órgão ambiental municipal e integrantes do legislativo não
têm muita simpatia com o desempenhado dessas entidades.
O
por que será? No Brasil o seguimento que mais sofre perseguição e difamação são
as ONGs, a ponto de alguns dos seus membros sofrerem violência física. Mais um
esclarecimento ao cidadão conhecedor das leis. A última vez que o MPF esteve ao
Morro dos Conventos foi em dezembro de 2021, acompanhado de mais de uma dezena
de entidades, incluindo o chefe do executivo municipal. A intenção da visita
foi como é rotineiro, inspecionar a orla. Essa última inspeção foi para
conferir se realmente o poder público estava considerando o PGI do projeto orla
na execução dos projetos de infraestrutura, especialmente nos limites relativos
às áreas da UNIÃO.
Foi
dito em uma rádio da cidade que o MPF ou TRF 4 regional de Porto Alegre agiram de
maneira autoritária quando decretaram o fechando a orla do Morro dos Conventos
para o transito de veículos não oficiais. Outra demonstração de desconhecimento
dos fatos. Desconhecem que foram inúmeras as incursões, reuniões, audiências com
integrantes do poder público municipal, associação de moradores do balneário,
Polícia Ambiental Polícia Militar, ONG, na tentativa de buscar soluções ao
problema do vandalismo na orla e na barra do rio Araranguá. A própria
procuradora na época sugeriu que o município junto à associação de moradores
explorasse de forma organizada o turismo na Barra, com a aquisição de um meio
de transporte coletivo. Uma proposta muito similar ao que acontece no Cabo
Apolônio, região costeira do Uruguai que faz limite com o Brasil.
Passado
três ou quatro anos, o problema na orla se repetia a cada nova temporada.
Diante da negligência do poder público em solucionar o problema, o TRF (Tribunal
Regional Federal) decidiu, portanto, pelo fechamento definitivo do transito de
veículos na orla. Todos sabem que atualmente os veículos continuam transitando
normalmente pela orla, sem qualquer impedimento. O assunto da abertura da
estrada que ligará o Paiquerê/Morro dos Conventos também foi explanado.
Disseram que os moradores resistem à abertura desse traçado. O que espanta,
ouvindo a fala do prefeito e do entrevistador da rádio, é a escancarada omissão
de ambos em citar o Projeto Orla, as mais de 200 demandas elencadas e as três
unidades de conservação criadas por decreto em dezembro de 2016.
Todos
que integram o poder público municipal, Prefeitura, FAMA, além do COAMA, deveriam
conhecer e se ater a tudo que foi discutido e aprovado nos quase quatro anos de
Projeto Orla. Se o MPF está intervindo em obras no Balneário, é bem possível
que está havendo alguma negligência desses órgãos no cumprimento do PGI. É uma
inverdade o que disse o prefeito que a população do Morro é contra a abertura
da estrada. O PGI (Plano de Gestão Integrada) do projeto Orla, lá está assim
redigido: “o poder público deve contratar estudo técnico para verificação da
melhor locação da via de ligação entre os Balneários Paiquerê e Morro dos
Conventos parte baixa”.
O
que se sabe é que em 2021 foram instaladas pequenas estacas sobre as dunas
frontais entre as duas comunidades. Questionado durante a inspeção com o MPF no
ano passado, se ali seria mesmo a estrada, o mesmo se irritou afirmando que
sempre teve uma estrada ali, que o local é seguro e viável. Se realmente o
local é viável quem deve ou deveria afirmar são os estudos que estão sendo
realizados, seguindo o que consta no PGI. Porém, parece que o prefeito não está
muito interessado em considerar PGI e outras regras ambientais relevantes. Isso
pode ser provado.
Na
inspeção do ano passado pelo MPF o procurador e a polícia ambiental detectaram
falhas no projeto de edificação de um deck na orla central do balneário. Exigiram
que o poder público refizesse o projeto para que as dunas frontais fossem
protegidas. A repercussão dessa decisão caiu como uma bomba junto à prefeitura
que de imediato agiram para forjar culpados. Como já é hábito dos
administradores públicos, trabalharam a opinião público afirmando que no Morro
nada pode ser construído; que o Morro é de um punhado de gente que não querem o
desenvolvimento, que tem um bando de "ecochatos" que ficam fazendo denúncias etc,
etc.
Claro
que isso é uma prática de terrorismo aqueles que ousarem cumprir com suas
funções de cidadãos conscientes, conhecedores das leis e atribuições dos órgãos
gestores. Então, por que promover o
terrorismo contra moradores, ONGs e o MPF que simplesmente agem seguindo o que
está escrito na própria constituição federal, atuação em defesa do cumprimento
das legislações ambientais em vigor. A intenção é criar inimigos imaginários na
tentativa de desviar o foco das responsabilidades não cumpridas. Criar “botes expiatórios”
vem sendo regra das últimas administrações, ou seja, é mais fácil forjar culpados,
ONGs, Polícia Ambiental, MPF, como exemplos, para que a população possa catalisar
toda a frustração queimando-os em praça pública.
Prof.
Jairo Cesa
https://www.cmva.sc.gov.br/tvcamara/videos/TV_Camara/0/1347/sessao_ordinaria
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