sexta-feira, 14 de setembro de 2018


NOSSO VOTO PODE SER DECISIVO ESCOLHENDO A CIVILIZAÇÃO OU A BARBÁRIE 

Diante do atual quadro político e social perturbador, a barbárie se desponta como ameaça à democracia. Dia sete de outubro é a data limite do/a eleitor/a decidir o futuro do Brasil,  votando pela civilização ou pela barbárie. Foram vários os países que passaram por experiências terríveis de barbárie, a exemplo da Alemanha e Itália, tomadas por forças ultra-direitistas, nazismo/fascismo. Tais feridas histórias ainda não cicatrizadas vez ou outra ameaçam ressurgir com poderio colossal.
Na realidade tais patologias sociais cíclicas têm a sua gênese no equivocado projeto civilizatório calcado no mercado insano, que se nutre do esgotamento da natureza e das desigualdades sociais. A democracia ocidental foi concebida  como estratégia do Estado liberal para equilibrar as forças antagônicas do sistema produtivo, sem perder o domínio sobre o trabalhador.  O Estado, portanto, nasceu de uma necessidade, uma espécie de apetrecho ideológico apaziguador ou repressor das fissuras sociais. O Brasil durante os seus mais de quinhentos anos de existência não viveu qualquer experiência de democracia plena. Foram séculos de dominação, primeiro da metrópole portuguesa sobre a colônia; segundo do imperialismo britânico e norte americano; terceiro  das oligarquias rurais e urbanas, e por último do capital financeiro especulativo globalizado.
Os mesmos grupos de dominação sempre se revezaram no poder a partir da colonização, basta comparar nomes e sobrenomes dos políticos ocupantes de postos de poder  na época com a atualidade. Um embrionário processo de republicanização brasileira começou a ser finalmente encubado com a constituição de 1988. Porém, os mesmos que protagonizaram esse feito histórico passaram a corrompê-la temendo ameaças aos seus interesses. Desde o final do regime militar, os ocupantes da cadeira do executivo federal não ousaram sanar as feridas deixadas pelos generais.
Nem mesmo governos gerados nas camadas populares tiveram capacidade de reverter um cenário de desigualdade que tendeu manter-se inalterado nos anos seguintes. As crises que se seguiram minaram qualquer expectativa de construção de um projeto de sociedade no mínimo justa  em um país controlado por poderosas facções tanto na economia como nas mídias de massa. A monstruosa engrenagem do capital especulativo global sempre se beneficiou das benesses oferecidas pelos governos fantoches entrincheirados nas periféricas do capital.
Foi por meio de benesses como isenções fiscais, juros faraônicos e uma dívida pública impagável, que o capital celebra a chance de voltar a reinar mais soberano na hipótese de vitória de candidatos conservadores e ultraconservadores. É claro que a trajetória que garantiu a ascensão de uma figura caricata e esculpida nas hastes do militarismo, virtual candidato à vaga ao segundo turno eleitoral, tem como agentes desencadeadores, a crise econômica, a crise partidária, a crise das instituições clássicas e a forte influência da mídia monopolista ideológica.
Afina, como se deu a intercessão da mídia manipuladora na desconstrução dos aparatos institucionais clássicos? O processo foi simples. Uma população constituída majoritariamente de analfabetos estruturais, um jeito fácil é repetir todos os dias inverdades, fazendo-as acreditarem como reais. Criminalizar certos políticos ou partidos como se todos fossem a mesma coisa, são formas sorrateiras e mal intencionadas de fortalecer candidatos oportunistas de viés extremista que surfam na onda do caos, do quanto pior melhor. Não há como superar tais crises que assolam as instituições elegendo governos que incitam à violência, o ódio.
Não há outra experiência vivenciada no mundo melhor que a democracia. Mesmos as sociedades que experimentaram práticas comunistas ou anarquistas de governo, como certas comunidades indígenas, o exercício da democracia sempre prevaleceu e prevalece. O que devemos lutar não é contra a democracia, os partidos, os políticos, os juízes, os procuradores, acreditando que suprimindo-os teremos uma sociedade melhor. Temos que lutar sim para preservá-los, torná-los mais fortes e que cumpram o que está descrito na constituição federal.  Os regimes militares que tiveram presença no Brasil, na Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai, muitos dos quais ainda sofrem seus efeitos perversos, devem estar sempre na memória de todos/as como página trista da história que jamais deve se repetir.
Devemos lutar bravamente pela prevalência das instituições democráticas. Melhor seria se pudéssemos alcançar níveis de maturidade política a ponto de eleger políticos verdadeiramente comprometidos com a justiça e a transformação social.  Talvez tal utopia possa levar gerações para se concretizar, exigindo ainda maturidade cultural. Se não temos condições históricas reais para empreendermos uma revolução de cunho socialista ou comunista, temos sim a chance histórica de começar esse desafio, atuando nas franjas do sistema capitalista. São nas comunidades, nos movimento sociais, associações de bairros, igrejas, sindicatos, que se dará a transformação.
Fiquemos atentos aos sinais sociais e os alertas dos  historiadores. Do mesmo modo que um paciente quando atendido pelo médico cumpri a risca o tratamento recomendado, os historiadores devem ter a mesma importância, serem escutados como foram os escribas, os gurus, os pajés e outros tantos anciãos que conseguiram evitar tragédias sociais anunciadas. Talvez ainda resta tempo, pois do contrário precisaremos de muito tempo para recomeçar tudo de novo. Em 1964, os militares precisaram de uma justificativa para consolidar o golpe, os "comunistas", "liderados" pelo então presidente deposto João Goulart. Agora os filhotes da ditadura culpam as esquerdas pelo caos econômico e político, como se toda esquerda fosse a mesma coisa. É tão sério e perigoso o que estamos presenciando, que muita gente, impulsionada pela mídia ou recalque inconsciente, vem destilado ódio nas redes sociais.
O que é ainda mais assombroso é quando um general, que é candidato a vice-presidente na chapa de e um capitão, ousou postar nas redes sociais na ocasião do atentado à faca. Disse ele: “se querem usar a violência, os profissionais da violência somos nós”. Portanto, aqueles que já declaram voto ao candidato cujo vice incita a violência, tomemos bastante cuidado, pois o meu, o seu, o nosso voto, podem comprometer o futuro de muitas gerações.
Prof. Jairo Cezar                                             

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