terça-feira, 3 de julho de 2018

O PATRIOTISMO RUSSO E RESISTÊNCIA ÀS TENTATIVAS  NAPOLEÔNICAS E NAZISTAS DE DOMINAÇÃO TERRITORIAL

  
Caminhando pelas ruas e gigantescas avenidas da capital, observando os edifícios, prédios públicos e outros espaços de enorme circulação de pessoas, impressionou o enorme número de bandeiras russas hasteadas. Por que razão a Rússia exibe tantas bandeias? Seria uma atitude eminentemente política; imposição do Estado para impressionar os países ocidentais ou uma imagem que realça poder e autodeterminação de um povo? 
Se vasculhar a história do povo Russo, pode-se concluir que há milhões de motivos que justificam as bandeiras hasteadas, talvez muito mais que as bandeiras vistas nos filmes hollywoodianos, muitas das quais maquiadas que nada refletem à realidade. Desde os primórdios, para sobreviver, a população russa teve de enfrentar terríveis adversidades climáticas e longas e perversos domínios dos proprietários de terras, dos czares, que procuravam manter a população em condição de servidão/escravidão. Mesmo depois da queda das centenárias monarquias, de ter vivenciado uma curta experiência do socialismo revolucionário até 1923, quando morreu Lênin, a população outra vez viveu o pesadelo da nova fase de servidão, agora sob a bandeira do socialismo soviético Stalinista.


A segunda Guerra Mundial foi outro episódio amargo enfrentado pelos russos que deixou milhões de pessoas mortas. Dentre os episódios marcantes desse período destacaram o Cerco de Lenigrado e a Batalha de Stalingrado. A Batalha de Stalingrado foi certamente o episódio que contribuiu para o início da derrocada do nazismo e o começo do fim da segunda guerra. Na batalha de Stalingrado, os alemães tiveram sua primeira e decisiva derrota. No retorno para Berlin, a capital Alemã foi ocupada pelas forças aliadas.
Quanto ao plano de Hitler, a segunda guerra mundial tinha como propósito a germanização de todo continente Europeu e, possivelmente, os demais continentes. Com suas investidas vitoriosas na parte sul, oeste e norte do continente, o plano de Hitler agora era expandir para o leste onde lhe daria o controle de vasta área sob influência do estado soviético. Paradoxalmente, em 1939, a Alemanha e União Soviética selaram pacto de não agressão, fato que contribuiu para o fortalecimento das relações comerciais entre ambos. Todos acreditavam que o respectivo acordo não se perpetuaria pelo fato dos dois estadistas, Hitler e Stalin, se odiarem.
Retornando a Moscou, é claro que em dois ou três dias na cidade é humanamente impossível visitar e apreciar todos os locais que retratam uma cultura tão cheia de mistérios e pouco conhecida. Somente a praça vermelha onde está o  kremlin e todo o seu aparato arquitetônico, palácios, igrejas, museus, etc, consumiriam dois dias. Um dia inteiro com certeza para desfrutar as incomparáveis riquezas que pertenceram à família imperial. É claro que todas as nobrezas conhecidas sempre tiveram a ostentação como marca principal. O museu imperial de Petrópolis, no Rio de Janeiro, é um bom exemplo da opulência vivida pelos Bragança nos seus quase cem anos de império. Entretanto, toda a riqueza lá depositada é discreta comparada ao que os Romanov acumularam em seus quase três séculos de domínio sobre o grande território russo.
A quem diga que a resistência russa às várias tentativas de ocupação napoleônica e nazista tenha alguma relação com o vasto tesouro acumulado em São Petersburgo e Moscou. Se toda a riqueza, de valor incalculável, fosse pilhada pelos exércitos invasores o rumo da história do continente europeu certamente teria sido bem diferente. Outro questionamento feito é o motivo pelo qual o regime soviético não ter dado fim a tudo que reportasse ao antigo regime? Foi talvez graças a conservação desses tesouros considerados patrimônio da humanidade que a Rússia tem sido atualmente um dos países mais visitados no mundo.
Não há dúvida que muita gente deve ter sacrificado a própria vida ou sido explorada ao extremo para que os czares acumulassem dinheiro a ponto de que fossem investidos na edificação dos majestosos castelos, catedrais e nos tesouros feitos com pedras precisos. Cada sala do museu visitado no interior do Kremlin, os olhos eram ofuscados diante da quantidade, beleza e refinamento das jóias, vestimentas, carruagens ali distribuídas. Outro detalhe importante, como manter por longos anos uma população subjugada ao domínio de uma família que se revezou a frente do trono poder trezentos anos.


A presença no interior do Kremlin de inúmeras catedrais ortodoxas centenárias, e do lado externo da muralha, a Catedral de São Basílio, símbolo máximo do poder religioso que marcou o império, sem dúvida são as explicações da longevidade de um regime como dos Romanov.  Tanto no interior do museu, como nos demais ambientes visitados no Kremlin, houve a mesma sensação tida quando chegamos a alfândega que separa a Finlândia da Rússia. O receio de que a qualquer instante um cidadão russo mal humorado nos interceptasse e expulsasse do país. Tal sensação tem relação com a longa propaganda antirussa aplicada durante décadas pelos EUA, especialmente nos filmes, construindo a imagem do russo como um demônio.


A Rússia sempre se destacou no planeta como tendo uma das mais espetaculares escolas de balé do planeta. É tão verdade que países como Cuba teve durante o regime soviético a segunda maior escola fora do território russo. Em 1992, quando estive em Havana pela primeira vez tive a felicidade de apreciar no teatro municipal a peça monumental lago dos cisnes, do escritor russo Piotr Llitch Tchaikovsky. Na passagem pela Rússia, um dos itens incluídos na programação foi assistir no Teatro Mariinsky de São Petersburgo, o espetacular show de balé retratando o folclore russo.




Na cidade de Moscou, num dos pontos estratégicos do Kremlin, está um enorme canhão, cuja obra prima da engenharia russa é carregada de histórias e mitos. Para muitos o artefato jamais disparou um só tiro. No entanto, se disparou ou não, o que impressiona é o seu tamanho e o que representa para o país. Segundo historiadores, os primeiros canhões construídos na Rússia datam do período medieval, quando os povos Tártaros adquiriram a tecnologia dos povos chineses. Até o final século XVI os Russos se destacaram no mundo como sendo um dos melhores na construção desses artefatos. O canhão do Tzar, como é conhecido, data desse período. Nas proximidades do enorme canhão estão distribuídos enfileirados dezenas de canhões menores, ambos serviram como armamentos da artilharia russa para proteger as muralhas de Novgord dos ataques inimigos.



Quem se impressionou com o enorme canhão também deve ter se espantado quando se deparou com um sino de dimensões gigantescas no interior do Kremli. Do mesmo modo que o canhão onde muitos afirmam jamais ter disparado um tiro, o sino seguiu o mesmo destino. Na realidade, segundo consta na literatura disponível, o atual sino é o terceiro construído no século XVIII a pedido da Imperatriz Anna Ioannovna. Suas dimensões impressionam.



O objeto pesa 200 toneladas e tem 6 metros de altura. Para permitir sua construção, peças dos sinos anteriores foram fundidas e um poço foi escavado para servir de suporte. Um incêndio fez com que o sino se desprendesse do suporte, caindo e fraturando um pedaço do mesmo. Por cerca de um século o sino ficou imerso no poço. O Czar Alexandre I resolveu mandar construir uma escada para permitir as pessoas a apreciá-lo. O espetacular objeto de engenharia foi decorado com figuras da imperatriz Anna Ioannovna.
Prof. Jairo Cezar 
























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