quinta-feira, 13 de abril de 2017

DONALD TRUMP REEDITA A DOUTRINA BUSH PARA O ORIENTE MÉDIO


Os últimos episódios internacionais como o ataque com bombas químicas à cidade Síria de Khan Sheikhoun, matando dezenas de pessoas, o bombardeio americano a uma base aérea Síria e o deslocamento de porta-aviões dos EUA para o mar da Coréia, fizeram acender as luzes amarelas do risco de estar se desenhando um possível conflito bélico de proporções globais. Mais uma vez entre em cena, como nos conflitos anteriores, o jogo de interesses e conflitos de informações entre as grandes superpotências, EUA, Rússia e China, pela disputa geopolítica de regiões estratégicas do oriente médio.
Circundando na Orbita dessas potências está os países satélites de “menor” expressão como a Síria, Irã, Arábia Saudita, Turquia, Coréia do Norte, entre outros, cujos governos garantem apoio político e logístico para se manter a frente do poder. O que causa estranheza quanto ao imbróglio envolvendo os ataques com armas químicas à cidade Síria, cuja responsabilidade recaiu ao presidente Assad, é que não havia motivo aparente para tamanha brutalidade. Para Bashar Al Assad seria interpretado como um tiro de canhão no próprio pé.
Para muitos analistas, os fatos ocorridos nessa região são mais complexos do que se imagina, sendo que para entendê-los seria necessário recuar anos ou décadas de história. A famigerada Doutrina Bush, que durou 16 anos são um desses acontecimentos macabros que devem ser considerados nesse momento. Estaria Donald Trump restabelecendo-a e batizando com o codinome Doutrina Trump? Outro aspecto que também causa estranheza foi a decisão um tanto quanto compulsiva de Trump de autorizar os ataques a uma base Síria, em resposta ao ataque químico. Isso porque dias antes do atentado e ação militar, Trump e Putin haviam se reunido e reatado acordos históricos e paz e não agressão a Síria.
Era possível que no instante que houvesse rompimento do acordo ou alguma confirmação de ataque dos EUA ao território Sírio, que é aliada política da Rússia, desencadearia reação imediata de Moscou contra o agressor americano. Há indícios de que toda ação americana no oriente médio tenha ocorrido a revelia do próprio governo americano. A decisão de ataque teria partido de algum integrante do complexo aparelho de estado e industrial bélico americano em reação ao acordo entre EUA e Rússia de buscar a paz na região.


 É claro que qualquer acordo de paz envolvendo as superpotências resultaria em perdas bilionárias para os seguimentos industriais que se sustentam com as guerras. Quanto a Doutrina Bush, rebatizada agora como doutrina Trump, a mesma também pode servir de explicação para os fatos. Lembram do Iraque, quando forças militares americanas invadiram o país alegando existência de armas químicas escondidas. Nada foi encontrado.
Talvez o ataque à Síria tenha tido o propósito de fragmentar o território, impedir sua reunificação, bem como o fortalecimento dos laços de parceria entre os demais países da região. A paz tão almejada por todos não comunga da mesma simpatia por parte das superpotências. Ao mesmo tempo em que todos acompanham perplexos os desdobramentos do terror na Síria, próxima da Síria, o Egito, igrejas católicas se transformaram em alvos de bombas com dezenas de mortos.
O que isso tem haver com o que está acontecendo naquela região? Todos devem lembrar que no Oriente Médio, o Estado Islâmico vem se configurando como poderosa força política paralela aos estados oficiais. Muitas das ações terroristas deflagradas atualmente no mundo estão sendo reivindicadas por integrantes adeptos ao estado islâmico. O Egito, com uma população estimada de 80 milhões de pessoas, sendo que 10% dela seguem o catolicismo, nos próximos dias estará recebendo a visita do Papa. 
Há fortes indícios que os ataques a bombas as igrejas possam ter alguma ligação com a visita do papa, uma maneira, quem sabe, de tentar desestabilizar o estado militar Egito e suas relações com o Vaticano. Outro aspecto importante dessa complexa colcha de retalhos que é o oriente médio é o papel de importância reservada ao Irã, uma das principais forças políticas e militares locais. O governo iraniano é considerado um dos principais aliados políticos do governo Assad, porém, acompanha discreto o desdobramento da crise atual.
O que vem provocando irritação ao governo de Teerã é o modo como o governo da Arábia Saudita vem se colocando em relação a Meca, uma das principais cidades sagradas pelos muçulmanos, que todos os anos recebem milhões de peregrinos do mundo inteiro para adoração aos pés da grande pedra azul. Por estar Meca situada em território Saudita muitos peregrinos não conseguem entrar no país devido as políticas restritivas de cotas estabelecidas pelo governo. Uma das principais críticas do governo iraniano é que as políticas de cotas são aleatórias sem critérios claros. Tais medidas vêm aumentado a instabilidade entre os dois países, pois 95% da população iraniana pertence a ala Xiita do islamismo.  

Prof. Jairo Cezar   




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