terça-feira, 21 de junho de 2011

ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DE ARARANGUÁ ESTÃO CONTAMINADAS

Este artigo foi desenvolvido a partir das análises feitas pelo SAMAE de Araranguá, verificando os níveis de metais encontrados na àgua do subsolo do município, entre os anos de 2005 a 2010.

Mananciais subterrâneas de Araranguá estão contaminados

Entre o final do século XIX e a totalidade do século XX, os países, tanto aqueles vinculados ao bloco capitalista como ao socialista, estabeleceram  uma política de crescimento econômica cujo resultado foi o  esgotamento progressivo dos recursos naturais disponíveis. Dentre os mais ameaçados, destacamos a água,  elemento essencial para a sobrevivência  de todas as espécies vivas do planeta.
Foi a partir do final do século XX, que se constatou da necessidade urgente de promover um debate global sobre o tema meio ambiente, estabelecendo entre os países, acordos mútuos quanto ao uso sustentável dos recursos naturais. Dentre os países participantes, o Brasil, foi o que mais chamou a atenção, pois, é no interior de seu território que estão concentradas as maiores concentrações florestais, como também das águas superficiais e subterrâneas, esta última conhecida pelo nome de Aquífero Guarari.
A preocupação com o ambiente e especial a água do planeta tornou-se tema chave de diversos encontros, congressos, seminários, conferências, que passaram a ser realizadas periodicamente, nos quatro cantos do planeta. No entanto, nos debates ocorridos e dos quais vem se sucedendo, der-se maior destaque às condições das águas superficiais dos rios, oceanos, lagos, córregos, etc., enquanto que, em relação às águas  subterrâneas ou aqüíferos, os espaços nas agendas de debates continuam ocupando poucos espaços. O agravante disso tudo é, em pesquisas realizadas pelas universidades e demais sistemas educacionais brasileiros, são poucos os trabalhos desenvolvidos que tratam especificamente da temática, ou seja, as águas subterrâneas. Acredita-se que a parca pesquisa existente está condicionada a crença de que a reserva de águas subterrâneas mantém-se protegidas, dispensando maior atenção das autoridades públicas.
Mas, persistir nessa crença é um equívoco, pois é sabido que grande parte dos aqüíferos existentes no Brasil, especialmente o Aquífero Guarani, já está com suas águas comprometidas, afetadas por resíduos industriais, domésticos e principalmente fertilizantes e agrotóxicos  utilizados na atividade agrícola.  De acordo com estudos mais recentes, acredita-se que o aquífero guarani poderá desaparecer em um prazo de aproximadamente 50 (cinqüenta) anos. O principal motivo são a superexploração que vem ocorrendo.
As cidades nas zonas de riscos ficam nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, além dos países Uruguai e Paraguai. Dentre as cidades que abrangem o aqüífero, Ribeirão Preto, Sertãozinho e Matão, ambas de  SP, são as que tem o seu abastecimento totalmente atribuído ao aqüífero guarani. Os principais consumidores são as grandes indústrias ligadas ao agronegócio. O mais grave de tudo é que o consumo é treze vezes maior do que a recarga. Nessas cidades cuja água vem do aqüífero, não há políticas públicas de gestão de águas subterrâneas, não se faz o monitoramente de quanto entra e de quanto sai do subsolo.  Em se tratando de Araranguá, qual a situação dos nossos mananciais superficiais e subterrâneos que abastecem a população?
Durante os quase trezentos anos que corresponderam à história de Araranguá, foi a partir da década de 1970, que iniciou o processo de melhoria da infra-estrutura municipal, com a expansão e fornecimento de energia elétrica e a criação do SAMAE (Sistema Municipal de Água e Esgoto), sistema público encarregado de coordenar as políticas de saneamento municipal, que viria atuar na captação, tratamento e o esgotamento da água consumida pela população.
Anterior a esse período, por estar a população, expressiva parcela dela, ainda concentrada no campo, a água consumida pela população e o esgotamento não atendiam preceitos técnicos, cada proprietário possuía seu poço de captação água e os rejeitos orgânicos eram lançados a céu aberto, principal o cloacal.
Não havia nesse período programas que possibilitassem o monitoramento da água consumida pela população, avaliando a qualidade e as condições de consumo da mesma. E o resultado, portanto, foram as doenças oportunistas da época tais como a verminose, furúnculos, panariz, apostema e o “amarelão”, está ultima, uma espécie de parasita que se alojava no intestino em decorrência do consumo de água e alimentos contaminados. Devido a pouca imunidade, o grupo populacional mais afetado por tais parasitas eram as crianças, cujas taxas de mortalidades atingiam cifras alarmantes.
O processo migratório do campo para cidade exigiu do poder público municipal araranguaense, investimentos em saneamento básico, principalmente no fornecimento de água potável para a população. Isso foi facilitado graças a existência no município de três mananciais superficiais em condição satisfatória para o consumo, não exigindo enormes investimentos para o tratamento da mesma.
Mesmo adotando uma política de tratamento e distribuição de água para a população urbana, muitas famílias residentes no campo e também no perímetro urbano, instalaram em suas propriedades poços ou ponteiras, para captar a água do subsolo. Esse sistema de abastecimento não era e não são ainda hoje monitorado pelo poder público, sendo de responsabilidade dos proprietários, os custos pelas  análises realizadas.
Historicamente, criou-se, entre a população local, uma cultura que classifica a qualidade da água através da observação, ou seja, sua transparência ou cristalinidade. Esse método não comprova a real situação da água, pois por traz dessa  aparente transparência esconde partículas microscópicas de metais pesados ou microorganismos considerados tóxicas e agressivas ao organismo humano. É o caso, por exemplo, de elementos químicos como Al (alumínio), Fe (ferro), Mn (manganês) Ni (nitrato), Pb (chumbo), Mercúrio e outros, que ingerido-os em patamares acima do permitido, provoca alterações do nosso sistema imunológico, abrindo caminho para certas enfermidades, muitas das quais, consideradas degenerativas, como o câncer, diabetes, etc.
Em contato com os relatórios de análises das águas subterrâneas, entre os anos de 2005 a 2010, fornecidas pelo SAMAE de Araranguá, me deparei com dados preocupantes. É importante ressaltar que esses respectivos relatórios são de análises de águas solicitadas por particulares, buscando informações sobre a situação da água subterrânea em suas propriedades.
Com base nos documentos, 38 bairros ou comunidades foram inspecionados, alguns deles, solicitado apenas uma amostra, enquanto que outros, entre os poços ou ponteiras foram realizados 10 a 32 avaliações. Nos cinco anos que se processaram os estudos, foram processadas 363 análises cuja intenção era verificar a quantidade de alumínio, ferro, manganês, nitrato e o pH, presentes na água. Das 363 amostras obtidas, 245 apresentaram níveis de alumínio acima do permitido pela Portaria n. 518 do Ministério da Saúde, criada em 25 de março de 2004, que estabelece o limite máximo permitido de 0,20 mg\L.
O que preocupa, acerca do alumínio, são os efeitos agressivos ao organismo humano. Quando ingerido durante um longo período, essa substância se aloja no cérebro, pulmões e nos ossos. No caso específico o cérebro, o alumínio  aumenta os casos de Alzheimer, além da formação de compostos químicos cancerígenos.   Dos 38 bairros analisados, dois não apresentaram níveis de contaminação, sendo eles Sanga da Toca Primeira e Espigão da Pedra.
No entanto, os bairros mais preocupantes são os do Mato Alto, pois todas as  19 amostras  apresentaram alterações; Rio dos Anjos, das 15 amostras, todas também estavam alteradas; Cidade Alta, com 26 amostras e 19 alterações; Caverazinho, 20 amostras e 16 níveis elevados;  Urussanguinha, com 13 amostras e 10 alterações; Jardim das Avenidas, com 20 amostras e 13 alterações; Polícia Rodoviária, com 22 amostras e 14 alterações; Coloninha, com 32 amostras e 16 alterações; Lagoa do Caverá, com 23 amostras e 13 alterações; Fundo Grande, com 12 amostras e 12 alterações e Operária, com 9 amostras e 8 alterações.
Em 2005, com base no relatório fornecido pelo SAMAE, a amostra de água que apresentou maior nível de concentração de alumínio foi obtido no bairro Lagoão, situado na parte alta cujo índice foi de 5,90 mg\L; em 2006, destacamos os bairros de Mato Alto, onde está localizada a Escola de Educação Básica Julieta Bertoncini, com níveis de 6,08 mg/L; Lagoão, com 3,95 mg/L; Urussanguinha, com 3,65 mg/L.
 Em 2007, destacamos novamente o bairro Lagoão, com três amostras extremamente altas, uma com 6,90 mg/L, outra com 5,12mg/L e 2,80 mg/L; Rio dos Anjos, localidade situada na margem esquerda do rio Araranguá, e tendo como principal atividade econômica a agricultura, principalmente o fumo, uma das análises feitas, apresentou um nível de contaminação equivalente a 4,05 mg/L; Divinéia, com 1,85mg/L; Coloninha, com 1,70mg/L.
Em 2008, destacamos o Centro de Araranguá, mais precisamente na empresa Dimasa, com índice de 3,40 mg/L; Divinéia, com 2,20mg/L; Alto Feliz, com 2,16 mg/L; Jardim das Avenidas, com 2,25mg/L; Lagoa do Caverá com 2,0 mg/L e 1,76 mg/L e Rio dos Anjos com 1,48mg/L.
Nesse mesmo relatório, de 2008, a Escola de educação Básica Jordão B da Rosa, encaminhou amostra de sua água para análise, sendo a mesma reprovada, pois o nível de alumínio chegou a 0,35 mg/L. Em 2009, uma nova análise de água foi feita na empresa Dimasa. Em comparação com o resultado obtido em 2008, que atingiu 3,08 mg-L, em 2009, o nível de contaminação foi maior, chegando a 4,15mg/L.
Em 2010, das 81 amostras realizadas, 38 apresentaram níveis de alumínio acima dos padrões permitidos. Nesse relatório algumas escolas encaminharam amostras de suas águas para análise, sendo que a Escola Normélio J. Emídio, do Bairro Santa Catarina, foi reprovada, pois a quantidade de alumínio excedeu o permitido, atingindo 0,41 mg/L.
Quanto ao manganês, das  363 análises feitas entre 2005 a 2010, detectou-se a presença do mesmo em 122 amostras. O manganês em comparação ao alumínio, ingerindo níveis acima do permitido, ou seja, 0,10mg/L, durante longos anos, suas partículas vão se acumulado no fígado e no sistema nervoso central, gerando o mal de Parkinson (doença degenerativa). Pesquisas revelam que pessoas que consomem água com níveis de manganês acima da média podem apresentar certos sintomas como rigidez muscular, tremores das mãos e fraqueza. Estudos em animais constataram que o excesso de manganês provoca alterações no cérebro, e ainda pode levar à impotência, pois danifica os testículos.
Apenas 10 bairros, dos 38 analisados, não apresentaram níveis acima do permitido nas análises de água que foram feitas. Os bairros com maiores índices de amostras com águas contaminadas foram: Fundo Grande, 12 amostras e 10 confirmadas; Urussanguinha, 13 amostras e 10 confirmadas; Alto Feliz, de 9 amostras, 6 confirmadas; Lagoa do Caverá, de 23 amostras, 10 confirmadas.
Em 2005, o maior nível de manganês encontrado foi no bairro coloninha, no local onde estava localizada a Indústria do couro. O índice de manganês encontrado na água subterrânea do terreno da antiga empresa foi de 2,90mg/L; Em 2006, embora não tenha detectado amostras com níveis acima de 1mg/L, das 104 amostras obtidas, 33 apresentavam níveis anormais de manganês.
 No ano de 2007, das 89 amostras, 29 estavam alteradas, sendo que a comunidade com maior índice foi a do Manhoso, com 1,656mg/L; em 2008, das 82 amostras, 24 estavam alteradas; Em 2009, das 88 amostras, 38 estavam alteradas.
Em relação aos dados de 2008 chamam atenção os resultados obtidos em duas escolas municipais cujos níveis de manganês são elevados. É o caso da escola isolada de Itoupaba, onde o nível de manganês na água é equivalente 0,205mg/L, e a Escola Municipal de Sanga do Marco, com índice de 0,383 mg/L. Já em 2010, das 81 amostras obtidas, 27 estavam alteradas. Dessas 27 amostras, destacamos alguns pontos que merecem ser considerados. É o caso da Escola Municipal de Itoupaba, com 0,18mg/L; do Asilo São Vicente de Paulo, com 0,20mg/L; Presídio Regional de Araranguá, com 0,14 mg/L; Colégio Murialdo, com 12mg/L; Condomínio Asteca, com 0,15mg/L.
Em relação ao Ferro, a presença desse mineral em níveis acima do normal nas análises feitas entre 2005 a 2010 foram pequenas. Das 363 amostras, apenas 29 apresentaram índices de anormalidade. Das amostragens realizadas nesses 5 anos, em 2009, um dado chamou atenção. Foi em relação a escola municipal de Sanga do Marco, cuja amostra encontrou o equivalente a 14,9 mg/L, sendo que o limite permitido pelo Ministério da Saúde é de 0,30mg/L. Além da Sanga do Marco, o Bairro Morro dos Conventos também apresentou alto índice de ferro em duas amostras, uma de 6,88mg/L e outra de 3,96mg/L. Em 2010, três amostras obtidas na comunidade de Itoupaba geraram preocupação. As mesmas foram realizadas na escola municipal da comunidade. Uma obtida direto da ponteira, sendo que a quantidade de ferro encontrada chegou a 0,72mg/L, outra, depois do filtro, com 1,98mg/L, e a última, direto da caixa de água, cujo resultado também apresentou contaminação equivalente a 0,51mg/L.
Apesar de o organismo humano necessitar de até 19mg/L dia, os padrões de potabilidade exigem que a água de abastecimento público não pode ultrapassar a 0,3mg/L. Pesquisas feitas nos Estados Unidos demonstram que em mulheres, que estão no período da menopausa, os índices de ferro no organismo pode acelerar os riscos de doenças cardiovasculares. O excesso de ferro no organismo poder agravar os efeitos do Mau colesterol ou LDL, tornando mais propenso ao entupimento das artérias, resultando em infartos.
Em ambos os sexos, o acúmulo de ferro no fígado, pâncreas e coração, pode acarretar durante a meia idade doenças como fadiga, juntas doloridas e principalmente doenças hepáticas como hepatites, diabetes. Os aumentos dos casos de infartos podem estar relacionados ao aumento dos níveis de ferro no organismo.
Entre os anos de 2006 a 2009 foram feitos análises das águas subterrâneas para averiguar a presença de Nitrato. Das 170 análises realizadas, 78 apresentaram anomalias. Em 2006, das 50 amostras, 17 estavam elevadas. O dado mais alarmante foi obtido na comunidade de Manhoso, onde a análise da água constatou um índice de 45,2mg/L, ou seja, mais de quatro vezes a mais do que o permitido, que é de 10mg/L. Em 2007, das 50 amostras, 32 estavam alteradas, sendo que o caso mais grave foi encontrado na comunidade de Rio dos Anjos, com 35,6mg/L; Em 2008, das 32 amostras, 14 tinham alterações, e o caso mais grave foi encontrado na comunidade de Lagoa Mão Luzia, com 34,0mg/L; Em 2009, de 38 amostras, 15 estavam alteradas, o caso mais grave foi encontrado no Fundo Grande, com 30mg/L.
No sistema digestivo o nitrato é transformado em Nitrosaminas, que são substâncias cancerígenas. Embora o relatório fornecido pelo SAMAE apresente dados específicos de quatro elementos químicos encontrados nos lençóis subterrâneos de Araranguá, outras substâncias em maior ou menor proporção poderiam também ser detectadas na água. Casos como o Cádmio, Chumbo, Níquel, etc.
Em relação ao cádmio (Ca), a presença do mesmo na água em níveis superior ao permitido pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que é de 0,001 Mg/L, acarreta disfunção renal, hipertensão, arteriosclerose, inibição do crescimento,  doenças crônicas em idosos e câncer.
A incidência desse metal, na água subterrânea, vem através dos combustíveis fósseis, baterias, soldas, equipamentos eletrônicos, lubrificantes, acessórios fotográficos, defensivos químicos, corrosões de tubos galvanizados e refinarias de minérios.
 O chumbo (Pb), também é um metal extremamente agressivo ao organismo humano. O acúmulo do mesmo no organismo pode provocar, além de outros males, tontura, irritabilidade, dor de cabeça, perda da memória. Nas crianças, o chumbo é responsável pelo retardamento físico e mental, diminuindo a capacidade cognitiva; nos adultos, um dos órgãos mais afetados são os rins, contribuindo para o aumento da pressão arterial.
Com base na resolução do CONAMA, o índice tolerável  na água é de 0,05 mg/L. Análises feitas no organismo do Compositor, Wladinir Van Bethoven, o mesmo apresentava no organismo 60% a mais de chumbo do que o normal. Talvez esteja aí a explicação de alguns distúrbios que o mesmo sofria como a irritação e a solidão. A boa qualidade da água para o consumo humano também tem que ser levado em consideração o seu índice de pH, ou seja, o maior ou menor nível de acidez. Dentro dos padrões internacionais, a escala vai de 0 a 14, sendo 7 o ponto correspondente a neutralidade. Quando a água tem um Ph menor que 7, a mesma é considerada ácida; ultrapassando esse número ela se torna alcalina. Para o nosso organismo, o valor aceitável é de 7,35 a 7,45, considerada levemente alcalina.
A saúde do organismo humano está diretamente condicionado ao nível de pH encontrado no sangue. Uma pequena variação deste elemento reduz o sistema imunológico, proporcionado a entrada de fundos, vírus, bactérias, etc, que vivem em ambientes ácidos. Com base nesses dados, pesquisas feitas, admitem que o aumento da incidência de câncer nos últimos anos está relacionada com a redução do pH no organismo, ou seja, nível menor que 4,5, considerado pobre em oxigênio.
As doenças provocadas pela tireóide é resultado da deficiência do mineral iodo no organismo. No entanto, esse elemento só é absorvido pelo organismo quando está com o pH ideal, que é de 7,3. Alguns alimentos, consumidos de forma descontrolada, contribui para a elevação dos níveis de acidez no organismo, tais como café, com pH 4,0; refrigerantes, com 2; cervejas, dependendo da marca, com 2,5 a 4,2.
A maioria das crianças possui um pH 7,5; mais da metade dos adultos tem um pH 6,5, ou mais baixo refletindo o acúmulo de dejetos tóxicos ácidos, excessiva ingestão de água ácida e deficiência de minerais alcalinos. Se alguma relação deste fator para o aumento de algumas  doenças como o câncer em escala global, estudos mais criteriosos deverão ser feitos. Mas, em se tratando de Araranguá, com base nas análises feitas pelo Samae, nos anos de 2005, 2006, 2009 e 2010, os resultados obtidos são alarmantes e merecem maior atenção por parte das autoridades municipais.
No ano de 2005, das 22 amostras, apenas uma estava dentro dos padrões, enquanto as demais os níveis variou de 4,24 a 6,39. Em 2006, foram 14 amostras, sendo que todas estavam abaixo do permitido. Em 2009, 25 amostras, sendo que todas apresentavam alterações. Em 2010, das 30 feitas, 5 apresentavam pH inferior ao permitido.
 Portanto, mais do que nunca, é importante que as autoridades municipais, principalmente aquelas ligadas na área da saúde, alertem a população cuja água consumida é proveniente do subsolo. A análise da mesma, para verificar a sua qualidade, pode garantir uma qualidade de vida melhor para seus consumidores. ´
Mas, analisando os resultados das diferentes amostras realizadas em Araranguá nos últimos 5 anos, cujos resultados comprovam que a água proveniente do subsolo, apresenta níveis de contaminação de algumas substâncias, principalmente de alumínio e manganês.
O que causa maior preocupação e dúvidas é saber quais os fatores responsáveis por essa anomalia. Algumas hipóteses podem ser lançadas, como o de caráter geológico, ou seja, os tipos de rochas e certos elementos orgânicos decompostos em uma determinada profundidade onde a água é capitada.
Além desses fatores naturais, pode haver influência entrópica ou humana, principalmente nas áreas urbanas, através da liberação no solo dos efluentes industriais e domésticos;   no campo, a contaminação é mais freqüente por produtos químicos, inseticidas, herbicidas, adubos químicos, calcário e outros.
A conclusão tirada a partir das análises feitas em relação a qualidade da água do subsolo araranguaense é de que a mesma apresenta elevados níveis de contaminação, especialmente por metais, dentre eles, alumínio, ferro, manganês, nitrato e outros. É, portanto, levar ao conhecimento das autoridades e em especial à própria população dos riscos à saúde e os cuidados que deverão ser adotados para que não haja contaminação humana. Além desse alerta, cabe ao poder público municipal estabelecer normas quanto aos procedimentos para a abertura de novos sistemas de captação das águas subterrâneas no município. O órgão ambiental FAMA (Fundação Ambiental de Araranguá), em parceria com o SAMAE, farão um levantamento dos números de poços e ponteiras existentes no município, recomendando os seus proprietários o monitoramento da água consumida.
Os sistemas que apresentarem altos níveis de contaminação da água recomendarão os  mesmos que providenciem inspeção do poço ou ponteira. Não havendo solução para o problema, será solicitado ao proprietário do mesmo, sua desativação  Em casos específicos como na área rural, onde não há serviços públicos de abastecimento de água, é imprescindível exigir que os (as) cidadão (ãs), que tiverem ponteiras ou aqueles que farão novas perfurações, monitore a água até atingir uma profundidade ideal em que a água esteja livre de contaminação.  Porém esse procedimento deverá ter o acompanhamento dos órgãos ambientais locais, em especial, a FAMA.    
Professor Jairo Cezar


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