sexta-feira, 24 de maio de 2024

 

QUE AS CATÁSTROFES AMBIENTAIS AJUDEM A HUMANIDADE A REFLETIR OS ERROS COMETIDOS AO  PLANETA TERRA

No último domingo, dia 19 de maio, acompanhei um integrante do grupo agroecológico sul catarinense, vinculado a rede ECOVIDA de agroecologia, na entrega de cerca de dois mil kg de alimentos e outros mantimentos à Cozinha Solidaria, instalada no interior do assentamento Filhos de Sepé, do MST, município de Viamão/RS. Durante a viagem o que mais ficamos surpresos foi com a enorme quantidade de caminhões indo em direção ao RS transportando doações oriundas de diversas partes do país.

As senas advindas das dezenas, centenas de veículos, sendo grande parte viajando em comboios, transportando doações e das dezenas de voluntários/as no assentamento de Viamão preparando as marmitas para alimentar os atingidos pelas enxurradas, me fez refletir sobre a espécie humana, cúmplice em certos aspectos de todo esse desarranjo social e climático que está em curso.

O que se percebe diante dessa última catástrofe ambiental que se abateu sobre o RS, entre outras tantas ocorridas com maior ou menor grau de destruição, é o modo como se humano reage a tudo isso. Denota-se que na sua constituição genótipo há elementos que os impulsionam à convivência cooperativa e trocas solidárias. Nas culturas tradicionais, os povos originários, por exemplo, catástrofes, como desastres climáticos, surtos pandêmicos, epidêmicos, percebe-se que são menos impactantes que as experimentadas pelas culturas não tradicionais.     É óbvio que muitos dos povos originários têm suas vidas guiadas pela tradição, pois compreendem que respeitando a lógica da natureza, seus ciclos, os impactos as adversidades são mostram menos desastrosos.

Embora as catástrofes, qualquer uma delas, sejam causadoras de tantos transtornos sociais, econômicos até mesmo existenciais, no íntimo de cada ser humano, tem uma voz que diz, somos fragmentos dentro desse imenso cosmos, portanto, temos que compreender o seu funcionamento para agirmos de tal modo que não ocorram excessos, desequilíbrios. Estranho que o ser humano, na linha do tempo cronológico da evolução das espécies, passou a habitar a terra há pouco tempo, cerca de dois milhões de anos, uma fração comparada aos cinco bilhões de anos do planeta terra e quinze do cosmos.

Diferente de todas as demais espécies vivas que habitaram e habitam o planeta, o elemento humano obteve um cérebro maior e mais desenvolvido que os demais. Entretanto, esse foi um elemento determinante na hierarquia evolutiva das espécies, lhe assegurando a condição de líder, que pode ser interpretado como um grande equívoco da evolução. É possível que esteja nesse equívoco às respostas aos trágicos episódios protagonizados contra o planeta, com forte tendência a expulsá-lo definitivamente. Se há uma força energética superior que conduz esse extraordinário cosmos, que muitos o definem como Deus, por que razão tal energia, tal inteligência, se arriscou em incluir o ser humano entre as espécies que povoariam a terra?    

  Um cérebro mais desenvolvido que os demais, talvez tenha sido o presente oferecido pela própria evolução ou pela energia cósmica/divina, não é mesmo? Imagine toda a criação, as transformações geomorfológicas, mais incisivamente nos dois últimos séculos a partir da revolução industrial. Foi a partir desse recente ciclo evolutivo que estão às eventuais respostas às adversidades, climáticas, por exemplo, resultados de praticas produtivas abusivas, descompassadas, das quais submetem o planeta num estresse ininterrupto. Claro que quando um sistema, pequeno que seja se vê ameaçado, a tendência natural é livrar-se desse objeto ameaçador, expelindo-o ou forçando a se reciclar.

As catástrofes climáticas em curso, que estão se multiplicando assustadoramente em todo o planeta, não são avisos, alertas do cosmos para que a humanidade redirecione urgentemente a bússola evolutiva antes que se colapse? Tudo leva a crer que sim. São raras a agencias que monitoram o clima atualmente que se opõem a essa hipótese, exceto, é claro, aquelas vinculadas a segmentos negacionistas que insistem em espalhar falsas verdades, do tipo a que foi apregoada durante a pandemia afirmando erroneamente que a terra seria plana.

O que se espera agora é que aqueles que comungavam com esse tipo de pensamento, reflitam, e pressionem o segmento produtivo, o político e o governamental, para que cumpram os protocolos assinados nas Cops, em especial na COP 15, ocorrida em Paris/França, em 2015. Se depois de uma catástrofe ambiental tão avassaladora como foi essa que ocorreu no RS, não tiver na pauta dos debates das autoridades do estado gaúcho, bem como de outros estados da federação, questões como ocupação de áreas de riscos e práticas produtivas agrícolas e industriais não sustentáveis, aí sim estaremos bem próximos de sermos catapultados desse planeta.

Prof. Jairo Cesa         

 

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