RESÍDUOS PLÁSTICOS ESTÃO COLAPSANDO
OS OCEANOS
Diante
das tragédias climáticas que vem transformando o planeta em zonas de refugiados,
é importante não esquecer que morte do planeta não acontece apenas pelo lançamento
de CO2 e outros gases poluentes à atmosfera, ele acontece em várias frentes,
principalmente nos oceanos onde já existem enormes ilhas de lixos flutuantes. O
que essas ilhas representam para a flora e a fauna marinha? Um enorme desastre
para ecossistemas frágeis, peixes, moluscos e outras dezenas, centenas de microorganismos
necessários ao equilíbrio de uma complexa cadeia alimentar.
Quando
se vê tartarugas, golfinhos, lobos marinhos, pingüins, pássaros, entre outras espécies
marinhas mortas nas faixas de areia das praias, esses episódios não podem ser
interpretados como naturais. Agora quando acontece de forma muito excepcional,
ou seja, raramente, até podemos admitir que de fato o homem não interferiu no
ciclo das espécies. Na faixa costeira do município de Araranguá, como em toda a
orla do sul e estremo sul do estado catarinense é impossível não transitá-la
sem se deparar com algumas dessas espécies citadas acima mortas.
Tartaruga
é quase que rotineiro encontrá-la e de quase todas as espécies que habitam
nosso oceano. Levantamentos realizados por pesquisadores concluíram que os quelônios
são umas das espécies marinhas mais sensíveis a poluição que se abate nos
oceanos. Geralmente esses animais morrem enleados em redes de pesca descartadas
pelas embarcações ou por pescadores amadores. Outro fator à mortandade das
tartarugas são os plásticos, de todos os tipos, cujo animal os confunde com alimentos,
causando mortes por engasgo.
Afinal
quem deveria ser responsabilizado por todo esse desastre ambiental dos oceanos?
Estudos publicados na revista Science Advance, em abril de 2024, cujo título do
artigo foi Global Producer Responsability for plastic pollution, concluiu que cinco
companias, a maioria do setor de alimentos, são responsáveis por 24% de todo o plástico
descartado no planeta. São elas: a coca cola, 11%; pepsico, 5%; nestlê, 3%; danone,
3% e altria/philip morris, 2. Outros dados que o estudo revelou foi que 50% de
todas as marcas detectadas de resíduos plásticos são oriundos de 56 companias. Agora
quando se trata de todas as marcas de poluentes plásticos detectados, o estudo
comprovou que ambos são provenientes de 19.586 empresas distribuídas nos quatro
cantos do planeta.
Claro
que existem meios eficientes para conter todo esse problema de descarte de plásticos
que seria o desenvolvimento de tecnologias capazes de produzir embalagens de
ciclo de vida curto, ou seja, garrafas plásticas, por exemplo, de rápida
decomposição. Mas não é de fato o que ocorre, pois para essas empresas é muito
mais barato manter esse sistema convencional, pois parte delas estão instaladas
em países que oferecem farta oferta de matéria prima e baixo custo de produção.
Filipinas, Indonésia, Sri Lanka, Blangladesh e Nigéria são os países campeões e
lançamento de detritos plásticos nos oceanos.[1]
Se
as políticas de saneamento básico fossem de fato aplicadas, principalmente no
Brasil, por meio da coleta e a reciclagem de plásticos, certamente teríamos
menos problemas nas cidades com os alagamentos e no oceano com a destruição da
fauna marinha. O fato é que estamos muito longe ainda de atingirmos esse ideal
de sustentabilidade. Enquanto até quando permaneceremos presenciando terríveis cenas
como essa da tartaruga morta na orla da faixa costeira do município de
Araranguá e vasto acúmulo de lixo trazido pelo mar e depositado sobre a areia
da praia?
Prof.
Jairo Cesa
[1] https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.adj8275#:~:text=We%20conclude%20that%20effectively%20addressing,product%20designs%20that%20cut%20global
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