segunda-feira, 13 de maio de 2024

 

RESÍDUOS PLÁSTICOS ESTÃO COLAPSANDO OS OCEANOS

 

Foto - Jairo

Diante das tragédias climáticas que vem transformando o planeta em zonas de refugiados, é importante não esquecer que morte do planeta não acontece apenas pelo lançamento de CO2 e outros gases poluentes à atmosfera, ele acontece em várias frentes, principalmente nos oceanos onde já existem enormes ilhas de lixos flutuantes. O que essas ilhas representam para a flora e a fauna marinha? Um enorme desastre para ecossistemas frágeis, peixes, moluscos e outras dezenas, centenas de microorganismos necessários ao equilíbrio de uma complexa cadeia alimentar.

Quando se vê tartarugas, golfinhos, lobos marinhos, pingüins, pássaros, entre outras espécies marinhas mortas nas faixas de areia das praias, esses episódios não podem ser interpretados como naturais. Agora quando acontece de forma muito excepcional, ou seja, raramente, até podemos admitir que de fato o homem não interferiu no ciclo das espécies. Na faixa costeira do município de Araranguá, como em toda a orla do sul e estremo sul do estado catarinense é impossível não transitá-la sem se deparar com algumas dessas espécies citadas acima mortas.

Tartaruga é quase que rotineiro encontrá-la e de quase todas as espécies que habitam nosso oceano. Levantamentos realizados por pesquisadores concluíram que os quelônios são umas das espécies marinhas mais sensíveis a poluição que se abate nos oceanos. Geralmente esses animais morrem enleados em redes de pesca descartadas pelas embarcações ou por pescadores amadores. Outro fator à mortandade das tartarugas são os plásticos, de todos os tipos, cujo animal os confunde com alimentos, causando mortes por engasgo.

Afinal quem deveria ser responsabilizado por todo esse desastre ambiental dos oceanos? Estudos publicados na revista Science Advance, em abril de 2024, cujo título do artigo foi Global Producer Responsability for plastic pollution, concluiu que cinco companias, a maioria do setor de alimentos, são responsáveis por 24% de todo o plástico descartado no planeta. São elas: a coca cola, 11%; pepsico, 5%; nestlê, 3%; danone, 3% e altria/philip morris, 2. Outros dados que o estudo revelou foi que 50% de todas as marcas detectadas de resíduos plásticos são oriundos de 56 companias. Agora quando se trata de todas as marcas de poluentes plásticos detectados, o estudo comprovou que ambos são provenientes de 19.586 empresas distribuídas nos quatro cantos do planeta.

Foto- Jairo


Claro que existem meios eficientes para conter todo esse problema de descarte de plásticos que seria o desenvolvimento de tecnologias capazes de produzir embalagens de ciclo de vida curto, ou seja, garrafas plásticas, por exemplo, de rápida decomposição. Mas não é de fato o que ocorre, pois para essas empresas é muito mais barato manter esse sistema convencional, pois parte delas estão instaladas em países que oferecem farta oferta de matéria prima e baixo custo de produção. Filipinas, Indonésia, Sri Lanka, Blangladesh e Nigéria são os países campeões e lançamento de detritos plásticos nos oceanos.[1]

Se as políticas de saneamento básico fossem de fato aplicadas, principalmente no Brasil, por meio da coleta e a reciclagem de plásticos, certamente teríamos menos problemas nas cidades com os alagamentos e no oceano com a destruição da fauna marinha. O fato é que estamos muito longe ainda de atingirmos esse ideal de sustentabilidade. Enquanto até quando permaneceremos presenciando terríveis cenas como essa da tartaruga morta na orla da faixa costeira do município de Araranguá e vasto acúmulo de lixo trazido pelo mar e depositado sobre a areia da praia?

 

 

Prof. Jairo Cesa       

         



[1] https://www.science.org/doi/10.1126/sciadv.adj8275#:~:text=We%20conclude%20that%20effectively%20addressing,product%20designs%20that%20cut%20global

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