sábado, 18 de maio de 2024

 

CIDADES ESPONJAS NO BRASIL SÃO AS APPS - MATAS CILIARES, QUE NÃO SÃO RESPEITAS CONFORME DETERMINAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO

No último domingo o programa fantástico da rede globo apresentou reportagem discorrendo sobre cidades esponjas, onde destacou a cidade de Nova York como um exemplo bem sucedido. Além da cidade americana, há outros exemplos no mundo, como Jinhua, na China e Nijmegen, na Holanda, que já empregaram esse sistema há anos e com resultados excepcionais. A intenção da reportagem é inspirar os gestores públicos brasileiros para que iniciem discussões voltadas a adoção dessas estratégias para minimizar os impactos das enxurradas cada vez mais avassaladoras.

Claro que essas medidas poderiam ajudar muito as cidades, o fato é que no Brasil existem legislações em vigor que se fossem aplicadas os impactos das cheias às populações seriam quase que imperceptíveis. A legislação que me refiro é o código florestal brasileiro que traz inúmeros artigos e dispositivos que disciplinam às ocupações em áreas inundáveis, conhecidas como APP.  O código estabelece limites mínimos da APP, mata ciliar, em todos os cursos d’água, considerando as peculiaridades de cada bioma. Nos últimos anos o código florestal, que já era frágil, sofreu uma serie de alterações, tornando mais flexíveis dispositivos relativos às APPs Urbanas.

Acompanhando as imagens das enxurradas no RS é possível notar que as regiões mais afetadas, que sofreram maior destruição, foram àquelas situadas as margens dos rios. Se fossem compridas a risca as legislações ambientais, a exemplo do código floresta de 1965, muito mais restritível que o atual, nenhuma construção estaria nesses ambientes, pois são todas áreas de riscos para inundações. Sem contar as encostas de morros consideradas também áreas de riscos de deslizamentos.

Não há dúvida que um dos culpados disso tudo são os gestores públicos, que estabelecem suas políticas públicas considerando apenas os aspectos políticos eleitoreiros. Isso mesmo, na ânsia de vencer os pleitos fazem vistas grossas à todas as irregularidades. Para piorar, as prefeituras e as sedes administrativas estaduais, suas secretarias e outros postos importantes passam a serem povoados por indivíduos despreparadas à função exercida. São os municípios que se veem com mais frequência tais aberrações administrativas.

Vem se construindo atualmente um discurso de consenso um tanto perigoso acerca do futuro das cidades do RS, o discurso de reconstrução que deveria ser construção. Por que perigoso? A resposta se fundamenta nos episódios climáticos extremos que se abateram duas, três, quatro, ou atém mais vezes nos últimos anos sobre mesmas cidades assoladas nessa última enxurrada. Cidades como Muçum, Lajeado, entre outras de pequeno e médio porte, tentaram se reconstruir sem sucesso.

Seguindo essa dinâmica climática, de continuidade do aquecimento ou fervura global, pois não há nada no horizonte político global que traga algum alento a curto e médio prazo, é quase que certo que outros episódios parecidos ou piores venham a ocorrer no sul do Brasil. já que teremos que conviver com um planeta em permanente turbulência climática, o que nos resta é agirmos rapidamente adotando a agenda de adaptação climática. Porém, adaptação climática trará poço resultado se permanecer intactos sistemas econômicos geradores de tais distúrbios climáticos. Uma dessas estratégias pouco provável de execução é desocupar todas as áreas de riscos iminentes, margens de rios, lagos e outros tantos cursos d’água.

Com as enxurradas em curso surge também no horizonte um novo tipo de refugiado, o ambiental. Na expectativa de não poder mais retornar ao terreno onde moravam, centenas, milhares de gaúchos estão se deslocando para SC, cidades do sul, por exemplo, para reconstruir suas vidas. Esse é um fenômeno social já muito comum no mundo inteiro, quase superando os refugiados das guerras. Se as mudanças climáticas não forem contidas, que levando a crer que não ocorrerá mesmo, a sobrevivência da espécie humana está com os dias contados.  

Prof. Jairo Cesa        

     

https://noticias.r7.com/record-news/video/entenda-o-que-sao-as-cidades-esponja-que-podem-ajudar-a-evitar-futuras-enchentes-15052024/

https://globoplay.globo.com/v/12590689/

https://www.youtube.com/watch?v=L1G3u_7kyzM

https://www.youtube.com/watch?v=dxoNkteB20o

 

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