domingo, 6 de junho de 2021

 

AS INCRÍVEIS PALEOTOCAS DE TRÊS BARRAS, MUNICIPIO DE MORRO GRANDE/SC

Foto - Jairo

Como acreditar que depois de quase quarenta anos exercendo a profissão de professor de história na rede pública estadual, pela primeira vez fui conhecer um dos lugares mais espetaculares e deslumbrantes da região do extremo sul de Santa Catarina, as PALEOTOCAS de Morro Grande. É incrível como a região da AMESC é rica e promissora em atrativos turísticos, porém, tão desamparadas pelas autoridades. Nos últimos dez anos tive a oportunidade de conhecer mais de vinte países dos cinco continentes.

Foto Jairo

Todos, sem exceção, o turismo é o segmento que mais recebe atenção e investimentos das autoridades públicas. Um exemplo é o Camboja, um país do sudeste asiático devastado por guerras intermináveis, que em 2019 havia recebido quase dez milhões de turistas. O Brasil com toda a sua extensão e potencialidade, que supera escandalosamente o pequeno Camboja, não chegou a receber sete milhões de turistas. É muito pouco. Hoje em dia quando se pergunta a algum cidadão ou cidadã da região sul de Santa Catarina cidades ou lugares que gostaria de visitar ou conhecer, a resposta é quase consensual, Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu, São Paulo ou cidades nordestinas. Correto?

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 Dificilmente será ouvido de ambos/as, com raríssimas exceções, respostas como, os Cânyos do Itaimbezinho, as inúmeras quedas d’água ou, quem sabe, as incomparáveis PALEOTOCAS que guardam informações importantes da geologia, da vida animal e humana de milhões e milhares de anos atrás. Tudo esse potencial está aqui bem perto, podendo ser visitado e apreciado em alguns dias e com o mínimo de gasto. A visita que fizemos as PALEOTOCAS de Morro Grande deixou explícito o quanto a região do extremo sul vem deixando de angariar receitas na área do turismo.

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Embora seja possível observar pequenas melhorias nessa área através do projeto Geoparque Caminho dos Canyos, tudo ainda é muito rudimentar, poucos são os planos ou programas integrando sociedade e gestores públicos. Imagine, para visitar um atrativo turístico importante como a Cachoeira do BIZUNGO, também no Morro Grande, o interessado terá que ter em primeiro lugar muita sorte para chegar até o local sem se perder. Não há qualquer placa indicativa que instrua o turista a chegar ao destino. Duvido quem já não tenha errado o caminho ou perdido tempo preciso pedido informações sobre o itinerário. Isso também não deve ser diferente para quem visitou as PALEOTOCAS.

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Acredite, a única placa visível dando informações sobre o fantástico tesouro está a algumas dezenas de metros do local. Mais uma vez o visitante que desconhece a região será forçado a recorrer aos moradores ou muitas vezes a algum transeunte pelo caminho para solicitar informações.  Talvez para expressiva parcela da população do município anfitrião e autoridades regionais as PALEOTOCAS nada mais são que buracos feitos nas rochas por tatus e preguiças gigantes que nada oferecem de atrativos aos turistas. Ainda pensam quem ousaria vir de tão longe para entrar em cavernas escuras, ladeada por florestas, morros e riachos?

O fato é que tais paleotocas são comparáveis as famosas cavernas turcas que serviram de abrigos para milhares de pessoas no passado. Hoje muitas dessas cavidades se transformaram em hotéis ou espaços destinados para eventos culturais e recreativos, onde atraem milhões de turistas de todos os lugares do mundo. E importante ressaltar que turistas viajam ao redor do mundo procurando locais similares ao que temos bem perto de nós. São pessoas ávidas para  conhecer novas culturas, peculiaridades geomorfológicas, arqueológicas, gastronômicas, etc, etc. 

Foto Jairo

Até quando continuaremos nos movendo como caranguejo em uma área tão importante, porém tão desacreditada pelos governos. São comuns hoje em dia, durante as campanhas eleitorais nos municípios do extremo sul de Santa Catarina, candidatos defendendo indústrias com chaminés para a geração de empregos. O fato é que são promessas vazias, jamais cumpridas, pois nossa vocação há muito tempo tem sido a indústria do turismo, limpa e sustentável.

Foto Jairo

Afinal o que está faltando para que esse segmento deslanche?   Não há sombra de dúvida que um dos motivos desse atraso vem da própria sociedade. Durante os pleitos eleitorais, em vez de eleger para o executivo e legislativo, pessoas com competência e sensibilidade, insistem em repetir erros históricos, ajudando a ocupar os assentos desses poderes figuras desqualificas. É possível que a resposta ao atraso econômico e social do extremo sul de Santa Catarina esteja exatamente nesse ponto, a desabilitada e desqualificada força política regional.

Prof. Jairo Cesa  

 

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