O
DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA E A CRISE DE ABASTECIMENTO HIDRICO NO BRASIL
A
maior crise hídrica ocorrida na cidade de São Paulo em 2014 serviu de alerta
para as autoridades e a população brasileira de que tal fenômeno climático
extremo não é somente natural, há ingredientes antrópicos contribuindo para ocorrência
de ciclos mais curtos e de forte intensidade. Bem anterior a crise de
abastecimento hídrico em São Paulo, organizações ambientais, universidades e pesquisadores
do clima vinham alertando sobre a progressiva e diminuição dos índices
pluviométricos no centro oeste, sudeste e sul do Brasil, motivado, entre outros
fatores pela destruição da floresta Amazônica.
Se
observarmos os dados estatísticos relativos aos desmatamentos no Brasil nos
últimos dez anos, iremos constatar que o início do agravamento começou a partir
de 2016 no governo Michel Temer. Foi, portanto, no governo de Jair Bolsonaro que
o bioma amazônico, pantanal, mata atlântica, entre outros que passaram a serem
alvos de ações violentas e chanceladas por corporações do mercado, do congresso
e do executivo nacional. As agressões deliberadas contra todos os ecossistemas
são partes de um plano estratégico de expansão da fronteira agrícola sobre ares
protegidas ou habitadas por populações tradicionais. Um programa genocida que
pode ser comparado ao que foi adotado pelos governos militares durante a
ditadura.
O
segmento do agronegócio há décadas, vem se beneficiando com tais políticas
expansionistas, sendo muito maior agora.
Nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro, quase todos os dias os
meios de comunicação de massa publicavam reportagens das queimadas que
devastavam milhões de metros quadrados de florestas na Amazônia Legal.
Flexibilizar legislações ambientais, bem
como desmantelar instituições importantes como o IBAMA e o ICMbio, foram os alvos dos ataques do
governo Bolsonaro e do ministério do meio ambiente.
Há
décadas os cientistas vêm alertando que o setor que mais sofrerá com os
desmatamentos na Amazônia será a do agronegócio. A explicação é muito simples.
A região centro oeste brasileira, cuja vocação é o agronegócio, depende das
chuvas par a hidratação do solo. No entanto, as chuvas que lá precipitam vêm da
Amazônia por meio de rios voadores. Esses rios aéreos são imensas massas de
nuvens carregadas de umidades provenientes da evapotranspiração de milhões de
árvores. Esse fenômeno cíclico e que já sofre alterações depende dos ventos que
empurram a umidade do oceano atlântico em direção a vasta floresta amazônica.
Lá a umidade é condensada e transformada em chuva, onde caindo ao solo a água é
absorvida pelas raízes profundas das árvores.
Milhões
de árvores novamente irão transpirar essa água, que se transformará em vapor ou
nuvens. A pressão dos ventos alísios do leste empurrará essas nuvens em direção
a cordilheira dos Andes. A imensa barreira rochosa empurrará toda a umidade em
direção ao sul do continente, influenciando o clima em todos os estados, em
especial em São Paulo. É isso, não é mais segredo para ninguém que as políticas
adotadas pelo governo brasileiro direcionadas ao meio ambiente serão a própria
ruína do agronegócio brasileiro.
O
fato é que a população brasileira está sentindo no bolso os reflexos da atual e
já considerada histórica estiagem através do aumento das contas de energia
elétrica. É importante destacar que mais de 80% da energia distribuída à população
vem das hidrelétricas, a exemplo da Hidrelétrica de Itaipu. Sendo assim, para
manter o equilíbrio hídrico dos reservatórios é necessário que haja o equilibro
dos ciclos das chuvas, que já não ocorrem mais.
É
claro que não podemos desconsiderar alguns fatores naturais à falta de chuva como
o fenômeno LA NIÑA. O que é consenso
entre os especialistas do clima é se não forem contidos os desmatamentos e as
emissões de gases do efeito estufa, esses episódios extremos do clima como as
estiagens serão cada vez mais e mais frequentes e devastadores à economia de
países que têm o agronegócio como uma das principais locomotivas.
Quando
se trata de Brasil todos esses alertas nada altera o comportamento do atual
governo na continuidade de suas políticas de querer “passar a boiada” a
qualquer preço. É incrível o tamanho da insensibilidade de um segmento da
sociedade quando o assunto é meio ambiente. Há uma crença burra que domina as
cabeças desse povo que faz acreditar que tudo que está ocorrendo é um desígnio
divino, que independe da nossa vontade. Se milhares de mortes ocorreram devido
a COVID 19 é pelo fato de Deus
estar castigando os pecadores. Coisas desse tipo ainda hoje dominam milhares de
mentes insanas. Até quando conviveremos com tamanha ignorância?
Prof.
Jairo Cesa
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