MP 1031/21 DA PRIVATIZAÇÃO DA
ELETROBRAS – PROPOSTA QUE COLOCARÁ O BRASIL NAS TREVAS DO APAGÃO
Diante
de uma violenta crise energética, fruto de uma histórica estiagem que esta
afetando o abastecimento das principais hidrelétricas, foi aprovada no senado
federal a Medida Provisória 1031/21 cuja finalidade é a privatização da
Eletrobras. A primeira tentativa de desmonte nesse setor aconteceu no governo
de Fernando Henrique Cardoso, no entanto o próprio presidente desistiu da ideia
em 2001 em decorrência do Brasil estar vivendo uma longa estiagem.
Em
uma situação energética crítica como na época de FHC e a atual, uma estatal do
porte da Eletrobras pensar em privatizá-la é colocar milhões de brasileiros na
escuridão. E por que essa certeza? Ela se deve ao fato de que entregando ao
capital reverterá em mais lucros. Nos quinze anos de governo Lula e Dilma
alguns investimentos ocorreram no setor energético, grandes e polêmicas obras
como a hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu foram construídas.
A
partir do governo Michel Temer o sistema Eletrobrás foi deixado de lado, nenhum
investimento de porte com vistas a estruturar o setor foi executado. A intenção
dos não investimentos era enxugar a estatal, ou seja, não deixar dívidas para o
setor privado pagar. A tendência é de que poderemos enfrentar colapsos ou
apagões ainda esse ano se os níveis dos reservatórios continuarem baixando. O caminho
seria investimentos maciços em fontes alternativas, como eólica e fotovoltaica.
E o Brasil tem um grande potencial nesse setor.
É
obvio que com a privatização o setor privado não irá se interessar em investir
nessas fontes alternativas. Na realidade o capitalismo lucra na crise, em
qualquer crise econômica. Quando baixa a oferta de um produto a tendência é o
aumento do preço do produto, não é mesmo? Então, há poucos dias o governo
federal retornou a bandeira vermelha, que é a cobrança a mais por consumo além
da média. Acredita-se que o governo poderá passar para bandeira B2, que elevará
ainda mais o valor da taxa. São bilhões de reais arrecadados mensalmente
somente com essas cobranças emergenciais.
É
possível que com a venda da Eletrobras essas taxas emergenciais poderão se
tornar definitivas e mais elevadas. Afinal, que proposta que o governo vem
cogitando para amenizar o problema de um possível apagão geral? Cogita ativar
os sistemas térmicos movidas a gás e a carvão mineral. Além de mais cara por kW
produzido, o complexo sistema a carvão é altamente poluidor. Enquanto o valor
pago por kW de energia advinda da água é na cifra de 16 reais, nas fontes
térmicas esse valor salta para 1.200 reais. Estão vendo a diferença? É algo
absurdo.
Na
Medida Provisória aprovada no senado foram inseridos alguns “jabutis”, ou seja,
incluir numa proposta legislativa outra sem qualquer relação com o tema em
debate. Um desses jabutis se refere a propostas que garante a construção de
usinas térmicas em estados ou regiões sem uma gota de gás para movê-las. Tudo isso
tem o propósito de assegurar apoio dos parlamentares beneficiados, votos à
aprovação da MP da Eletrobras.
Agora
vamos pensar, uma das principais bacias de gás natural no Brasil fica no Rio de
Janeiro, que estão a centenas de quilômetros de distâncias das futuras usinas
pretendidas pelos jabutis. Todo custo de construção desses gasodutos serão
bancados por quem? É claro que será o próprio consumidor. Outro agravante. Com
todas as usinas prometidas funcionando haverá uma elevação acentuada de gases
poluentes que agravará ainda mais o aquecimento global.
Em
Santa Catarina, no sul do estado em especial, há um forte lobby político
defendendo incentivos nesse setor. Um dos argumentos defendidos é que a queima
do carvão adota tecnologias altamente eficientes que não geram resíduos. Se
isso fosse verdade, a empresa que controla a Carbonífera Jorge Lacerda, a
transnacional ENGIE, não comunicaria o fechamento definitivo dessa planta no
Brasil, como já o fez em outros países onde atua.
Prof
Jairo Cesa
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