segunda-feira, 31 de maio de 2021

 

SEMANA DO MEIO AMBIENTE PARA REFLETIR AS INGERÊNCIAS DAS AUTORIDADES PÚBLICAS COM A NOSSA MÃE TERRA

Foto - Jairo

Há cerca de trinta dias eu e minha mãe caminhando pela orla do Morro dos Conventos nos deparamos com imensa quantidade de lixo lançado sobre a areia da praia e dunas. De imediato passamos a recolher o que podíamos, acondicionando-os em sacolas plásticas. Além de copos plásticos, garrafas e outros tantos objetos descartados o que mais chamou a atenção foi elevado número de canudinhos plásticos. Em muitas cidades, leis foram criadas proibindo o comércio desses artefatos devido ao elevado dano ambiental provocado.

Vídeos frequentemente são exibidos mostrando animais marinhos, tartaruga em especial, com tal artefato preso nas narinas. Quem acompanha o dia a dia dos pescadores, principalmente artesanais, é consenso entre eles o discurso de que a cada ano o número de pescado capturado vem sendo cada vez menor. O lixo descartado, plásticos em especial, é hoje uma das principais ameaças a vida marinha dos oceanos e, certamente, uma das causas a baixa oferta de peixes nos oceanos. Numa economia de mercado onde cada vez mais está se utilizando plásticos e vidros descartáveis, é pequena a parcela de países que adotam políticas de reciclagem e o reaproveitamento desses resíduos.

Foto - Jairo

O Brasil, por exemplo, é um deles. Acredita-se que atualmente o país recicla menos de cinco por cento do total de lixo produzido. É muito pouco. Isso significa que tudo que não é reciclado tem como destino os aterros sanitários ou lixões. O município de Araranguá sancionou o seu plano de saneamento básico há quase dez anos. De lá para cá pouco se avançou nesse segmento. Não há no município qualquer programa público de coleta seletiva de resíduos.

Mais de cinquenta por cento do lixo recolhido diariamente no município poderia ser reaproveitado, reutilizado, gerando emprego e renda. No município algumas pessoas ganham a vida recolhendo papelão e outros utensílios. No entanto todo esse material é transportado para outras cidades onde há cooperativas de trabalhadores do setor. É claro que para executar um plano de saneamento básico é necessário recursos. Mas isso não justifica a inoperância do município em dar início a ações preliminares nesse segmento. Um programa de educação, sensibilização da sociedade sobre o acondicionamento correto do lixo produzido em casa seria um dos primeiros passos.

No entanto, um plano de educação ambiental coordenado pelo poder público deve seguir algumas premissas básicas. Uma delas é a colocação de lixeiras conforme estabelecido no plano municipal de saneamento básico. O problema é que esse assunto pouco é discutido nas esferas do poder publico e da sociedade. Parece não ser tão importante como deveria. Por que tanta insistência em priorizar a educação ambiental? Isso pode ser respondido fazendo um curto passeio pela orla do Morro dos Conventos.  Entre o Paiquerê e o posto de guarda vidas central do balneário são contabilizados cerca de 20 tubos de cimentos que servem de lixeiras.

Desse total nenhum deles possuem sacolas plásticas acopladas para o acondicionamento do lixo recolhido.  Viram, são coisas simples que poderiam servir de exemplo para a sociedade. Quase todos os tubos estão bem dizer repletos de resíduos, porém não são recolhidos pela empresa responsável pelos serviços em Araranguá.  Na plataforma de pesca no Arroio do Silva, os vários tubos lá fixados possuem sacos plásticos acoplados. Um exemplo interessante que poderia ser seguido pelo município de Araranguá? Ah mais já finalizou a temporada de verão, a praia está vazia, portanto não tem motivo de colocação de sacolas. Certamente essa seria a resposta que permeia o imaginário do poder público de Araranguá. 

Foto - Jairo

 

No entanto, a realidade é outra. Todos os finais de semana dezenas, centenas de pessoas visitam aquele balneário. Portanto, muito lixo é descartado na praia e nas lixeiras sem sacolas, que devem ser recolhidas periodicamente. Nesse domingo, 30 de maio de 2021, quando estava chegando a plataforma de pesca do Arroio avistei uma senhora com uma sacola plástica recolhendo fragmentos descartados na praia. Por ser algo pouco comum por aqui, não hesitei de puxar assunto com a mesma. Ela me respondeu que viera de Porto Alegre e estava residindo Balneário Arroio do Silva há trinta dias.  

Foto - Jairo

Disse também que estava fazendo a parte dela em benefício do planeta. Fiquei impressionado com a sua voz vibrante demonstrando profunda sensibilidade dos impactos provocados pelos fragmentos plásticos recolhidos à fauna marinha. Na realidade isso deveria ser regra e não exceção. Imaginemos atos praticados como por essa senhora sendo multiplicados, certamente livraríamos da morte muitas tartarugas, golfinhos, baleias, tubarões, pássaros, etc. Que a boa ação dessa e de outras pessoas preocupadas com o planeta possam sensibilizar mais e mais indivíduos e as autoridades.

Foto - Jairo

Prof. Jairo Cesa






















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