SEMANA
DO MEIO AMBIENTE PARA REFLETIR AS INGERÊNCIAS DAS AUTORIDADES PÚBLICAS COM A
NOSSA MÃE TERRA
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Foto - Jairo |
Há
cerca de trinta dias eu e minha mãe caminhando pela orla do Morro dos Conventos
nos deparamos com imensa quantidade de lixo lançado sobre a areia da praia e
dunas. De imediato passamos a recolher o que podíamos, acondicionando-os em
sacolas plásticas. Além de copos plásticos, garrafas e outros tantos objetos
descartados o que mais chamou a atenção foi elevado número de canudinhos
plásticos. Em muitas cidades, leis foram criadas proibindo o comércio desses
artefatos devido ao elevado dano ambiental provocado.
Vídeos
frequentemente são exibidos mostrando animais marinhos, tartaruga em especial,
com tal artefato preso nas narinas. Quem acompanha o dia a dia dos pescadores, principalmente
artesanais, é consenso entre eles o discurso de que a cada ano o número de
pescado capturado vem sendo cada vez menor. O lixo descartado, plásticos em
especial, é hoje uma das principais ameaças a vida marinha dos oceanos e,
certamente, uma das causas a baixa oferta de peixes nos oceanos. Numa economia
de mercado onde cada vez mais está se utilizando plásticos e vidros descartáveis,
é pequena a parcela de países que adotam políticas de reciclagem e o
reaproveitamento desses resíduos.
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Foto - Jairo |
O
Brasil, por exemplo, é um deles. Acredita-se que atualmente o país recicla
menos de cinco por cento do total de lixo produzido. É muito pouco. Isso
significa que tudo que não é reciclado tem como destino os aterros sanitários
ou lixões. O município de Araranguá sancionou o seu plano de saneamento básico há
quase dez anos. De lá para cá pouco se avançou nesse segmento. Não há no
município qualquer programa público de coleta seletiva de resíduos.
Mais
de cinquenta por cento do lixo recolhido diariamente no município poderia ser
reaproveitado, reutilizado, gerando emprego e renda. No município algumas
pessoas ganham a vida recolhendo papelão e outros utensílios. No entanto todo
esse material é transportado para outras cidades onde há cooperativas de
trabalhadores do setor. É claro que para executar um plano de saneamento básico
é necessário recursos. Mas isso não justifica a inoperância do município em dar
início a ações preliminares nesse segmento. Um programa de educação,
sensibilização da sociedade sobre o acondicionamento correto do lixo produzido
em casa seria um dos primeiros passos.
No entanto, um plano de educação ambiental coordenado pelo poder público deve seguir algumas premissas básicas. Uma delas é a colocação de lixeiras conforme estabelecido no plano municipal de saneamento básico. O problema é que esse assunto pouco é discutido nas esferas do poder publico e da sociedade. Parece não ser tão importante como deveria. Por que tanta insistência em priorizar a educação ambiental? Isso pode ser respondido fazendo um curto passeio pela orla do Morro dos Conventos. Entre o Paiquerê e o posto de guarda vidas central do balneário são contabilizados cerca de 20 tubos de cimentos que servem de lixeiras.
Desse total nenhum deles possuem sacolas plásticas acopladas para o acondicionamento do lixo recolhido. Viram, são coisas simples que poderiam servir de exemplo para a sociedade. Quase todos os tubos estão bem dizer repletos de resíduos, porém não são recolhidos pela empresa responsável pelos serviços em Araranguá. Na plataforma de pesca no Arroio do Silva, os vários tubos lá fixados possuem sacos plásticos acoplados. Um exemplo interessante que poderia ser seguido pelo município de Araranguá? Ah mais já finalizou a temporada de verão, a praia está vazia, portanto não tem motivo de colocação de sacolas. Certamente essa seria a resposta que permeia o imaginário do poder público de Araranguá.
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Foto - Jairo |
No
entanto, a realidade é outra. Todos os finais de semana dezenas, centenas de
pessoas visitam aquele balneário. Portanto, muito lixo é descartado na praia e
nas lixeiras sem sacolas, que devem ser recolhidas periodicamente. Nesse
domingo, 30 de maio de 2021, quando estava chegando a plataforma de pesca do
Arroio avistei uma senhora com uma sacola plástica recolhendo fragmentos
descartados na praia. Por ser algo pouco comum por aqui, não hesitei de puxar
assunto com a mesma. Ela me respondeu que viera de Porto Alegre e estava
residindo Balneário Arroio do Silva há trinta dias.
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Foto - Jairo |
Disse
também que estava fazendo a parte dela em benefício do planeta. Fiquei
impressionado com a sua voz vibrante demonstrando profunda sensibilidade dos
impactos provocados pelos fragmentos plásticos recolhidos à fauna marinha. Na
realidade isso deveria ser regra e não exceção. Imaginemos atos praticados como
por essa senhora sendo multiplicados, certamente livraríamos da morte muitas tartarugas,
golfinhos, baleias, tubarões, pássaros, etc. Que a boa ação dessa e de outras
pessoas preocupadas com o planeta possam sensibilizar mais e mais indivíduos e
as autoridades.
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Foto - Jairo |
Prof.
Jairo Cesa
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