QUE
AS CATÁSTROFES AMBIENTAIS AJUDEM A HUMANIDADE A REFLETIR OS ERROS COMETIDOS AO PLANETA TERRA
No
último domingo, dia 19 de maio, acompanhei um integrante do grupo agroecológico
sul catarinense, vinculado a rede ECOVIDA de agroecologia, na entrega de cerca
de dois mil kg de alimentos e outros mantimentos à Cozinha Solidaria, instalada
no interior do assentamento Filhos de Sepé, do MST, município de Viamão/RS.
Durante a viagem o que mais ficamos surpresos foi com a enorme quantidade de
caminhões indo em direção ao RS transportando doações oriundas de diversas
partes do país.
As
senas advindas das dezenas, centenas de veículos, sendo grande parte viajando
em comboios, transportando doações e das dezenas de voluntários/as no
assentamento de Viamão preparando as marmitas para alimentar os atingidos pelas
enxurradas, me fez refletir sobre a espécie humana, cúmplice em certos aspectos
de todo esse desarranjo social e climático que está em curso.
O
que se percebe diante dessa última catástrofe ambiental que se abateu sobre o
RS, entre outras tantas ocorridas com maior ou menor grau de destruição, é o
modo como se humano reage a tudo isso. Denota-se que na sua constituição genótipo
há elementos que os impulsionam à convivência cooperativa e trocas solidárias.
Nas culturas tradicionais, os povos originários, por exemplo, catástrofes, como
desastres climáticos, surtos pandêmicos, epidêmicos, percebe-se que são menos
impactantes que as experimentadas pelas culturas não tradicionais. É óbvio que muitos dos povos originários têm suas
vidas guiadas pela tradição, pois compreendem que respeitando a lógica da
natureza, seus ciclos, os impactos as adversidades são mostram menos
desastrosos.
Embora
as catástrofes, qualquer uma delas, sejam causadoras de tantos transtornos
sociais, econômicos até mesmo existenciais, no íntimo de cada ser humano, tem
uma voz que diz, somos fragmentos dentro desse imenso cosmos, portanto, temos
que compreender o seu funcionamento para agirmos de tal modo que não ocorram
excessos, desequilíbrios. Estranho que o ser humano, na linha do tempo
cronológico da evolução das espécies, passou a habitar a terra há pouco tempo,
cerca de dois milhões de anos, uma fração comparada aos cinco bilhões de anos
do planeta terra e quinze do cosmos.
Diferente
de todas as demais espécies vivas que habitaram e habitam o planeta, o elemento
humano obteve um cérebro maior e mais desenvolvido que os demais. Entretanto,
esse foi um elemento determinante na hierarquia evolutiva das espécies, lhe
assegurando a condição de líder, que pode ser interpretado como um grande
equívoco da evolução. É possível que esteja nesse equívoco às respostas aos
trágicos episódios protagonizados contra o planeta, com forte tendência a
expulsá-lo definitivamente. Se há uma força energética superior que conduz esse
extraordinário cosmos, que muitos o definem como Deus, por que razão tal
energia, tal inteligência, se arriscou em incluir o ser humano entre as espécies
que povoariam a terra?
Um
cérebro mais desenvolvido que os demais, talvez tenha sido o presente oferecido
pela própria evolução ou pela energia cósmica/divina, não é mesmo? Imagine toda
a criação, as transformações geomorfológicas, mais incisivamente nos dois
últimos séculos a partir da revolução industrial. Foi a partir desse recente
ciclo evolutivo que estão às eventuais respostas às adversidades, climáticas,
por exemplo, resultados de praticas produtivas abusivas, descompassadas, das
quais submetem o planeta num estresse ininterrupto. Claro que quando um
sistema, pequeno que seja se vê ameaçado, a tendência natural é livrar-se desse
objeto ameaçador, expelindo-o ou forçando a se reciclar.
As
catástrofes climáticas em curso, que estão se multiplicando assustadoramente em
todo o planeta, não são avisos, alertas do cosmos para que a humanidade redirecione
urgentemente a bússola evolutiva antes que se colapse? Tudo leva a crer que
sim. São raras a agencias que monitoram o clima atualmente que se opõem a essa hipótese,
exceto, é claro, aquelas vinculadas a segmentos negacionistas que insistem em
espalhar falsas verdades, do tipo a que foi apregoada durante a pandemia afirmando
erroneamente que a terra seria plana.
O
que se espera agora é que aqueles que comungavam com esse tipo de pensamento, reflitam,
e pressionem o segmento produtivo, o político e o governamental, para que
cumpram os protocolos assinados nas Cops, em especial na COP 15, ocorrida em
Paris/França, em 2015. Se depois de uma catástrofe ambiental tão avassaladora
como foi essa que ocorreu no RS, não tiver na pauta dos debates das autoridades
do estado gaúcho, bem como de outros estados da federação, questões como
ocupação de áreas de riscos e práticas produtivas agrícolas e industriais não
sustentáveis, aí sim estaremos bem próximos de sermos catapultados desse
planeta.
Prof.
Jairo Cesa