quinta-feira, 14 de abril de 2022

 

O QUE SE ESPERA DE ARARANGUÁ  PARA OS PRÓXIMOS DEZ ANOS?

No dia 08 de abril de 2022 foram iniciadas as etapas do Plano para o desenvolvimento socioeconômico decenal  da região da AMESC. Araranguá foi o primeiro município a dar o ponta pé inicial do plano por ser sede regional. A  UNESC e o SEBRAE são as entidades coordenadoras do plano, cuja entrega do documento dos municípios envolvidos prevista para o próximo mês de novembro.  Não há dúvida que programa dessa dimensão, que traçará diretrizes ao  desenvolvimento equilibrado para os próximos anos à uma região tão carente como é a AMESC é motivo de satisfação e expectativa.

Conforme os discursos e as proposições elencadas durante o WORKSHOP ocorrido nas dependências da UNESC, sexta feira, dia 8 de abril, Araranguá e a região da AMESC certamente terão demandas históricas infraestruturais resolvidas. Quem conhece um pouco do nosso passado político, sabe que o extremo sul do estado teve um modelo de desenvolvimento forjado por oligarquias, que se mantém atuantes governando e decidindo pleitos eleitorais.

Se fizermos uma retrospectiva de todos os legisladores e gestores públicos que atuaram nas câmaras municipais e no executivo dos municípios da AMESC, majoritariamente compunham partidos conservadores, centralistas, pouco ou nada adeptos a rupturas e transformações estruturais. Embora muitos partidos tenham mudado de nome  ao longo do tempo, o que não mudou foram suas essências ideológicas, calcado num  desenvolvimento verticalizado, elitista e burguês.

No evento de sexta feira na UNESC cerca de cem pessoas participaram, porém, como já é costumeiro lá estavam  um ou dois vereadores. A presença do chefe do executivo municipal, do vice, todo o seu secretariado, representantes de associações de bairros e partidos políticos seria obrigação de estarem presentes. Mas não foi exatamente o que aconteceu. Portanto, isso já foi um mau sinal de que esse plano como outros tantos elaborados pouco ou nenhum resultado terão.

Aqui podemos citar alguns exemplos que alimentam tal desconfiança negativa acerca desse plano. O primeiro deles foi quando da elaboração do plano diretor municipal, que embora no discurso dissesse que fosse participativo, quem menos participou da sua construção foram os próprios vereadores, exceto um ou dois que mantinham presença assídua. O segundo exemplo  foi o plano municipal  de saneamento básico elaborado pela própria UNESC em 2014. Afinal, quantas foram as demandas elencadas nesse plano já concretizadas? Penso que poucos da atual administração conhecem a fundo o plano.

 no primeiro encontro de lançamento do plano de desenvolvimento regional, em março de 2022, nas dependência do auditório José Linhares, no shopping das fabricas, foi quase unânime nas falas das autoridades e de outros setores presentes ser o turismo o segmento que dinamizará a economia  do município. Na UNESC, a dinâmica adotada para envolver todos os participantes,  foi entregar aleatoriamente a cada um  numerais de 1 a seis. Os indivíduos, contendo os mesmos números, se reuniram em mesas distintas, onde debateram os vários temas lançados pela equipe coordenadora. No final das discussões, cada grupo apresentou suas respostas acerca das potencialidades, problemas e desafios. O que impressionou foi ter sido o tema água pouco enfatizado pelos grupos.

Integrante de um dos grupos fez severas criticas acerca do modo como as administrações públicas lidam com planos ou projetos executados por governos passados. Disse que é regra no município a cultura da descontinuidade, da sabotagem, da negação aos programas iniciados nos governos anteriores não alinhados ao arco de alianças partidário. Outro exemplo concreto de negligenciamento é o projeto ORLA, Plano de Gestão Integrada  da faixa costeira de Araranguá, que levou três anos para ser concluído, de 2014 a 2016.

Nesse plano, que envolveu dezenas de participantes e mais de 70 reuniões e oficinas realizadas, saiu um documento contendo mais de 200 demandas para o desenvolvimento da faixa costeira em curto, médio e longo prazo. O que marcou mesmo esse importante evento foi a assinatura no final de 2016 de  três decretos municipais criando três unidades de conservação. A postura adotada pelos governos que se sucederam foi  alterar pontos aprovados no PGI do projeto Orla, atendendo pressões de particulares ou grupos econômicos. A explícita omissão aos decretos relativos as UC criadas em 2016 também são comportamentos nada republicanos dos gestores municipais.   

Outra prova de que  estamos submetidos a uma cultura de governos alheios  a aquilo que foi elencado por administrações anteriores  é o projeto orla. Na fala de um dos participantes, do segmento empresarial,  presente no encontro da UNESC, as proposições expostas por ele, relativa ao seu grupo, exibiu explicito desconhecimento a tudo que foi pensado, planejado e o que já foi executado para a dinamização do turismo no Baln.  Morro dos Conventos e demais comunidades costeiras. Se o  comportamento das atuais elites políticas e econômicas é de negligenciar ou sabotar programas voltados ao desenvolvimento, quem garante que daqui quatro, cinco o mais anos tudo isso que está sendo pensado e planejado não vai também ser deixado de lado, nas gavetas ou estantes das administrações para serem comidas pelas traças.

Prof. Jairo Cesa

 

 

 

 

        

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