O
QUE SE ESPERA DE ARARANGUÁ PARA OS
PRÓXIMOS DEZ ANOS?
No
dia 08 de abril de 2022 foram iniciadas as etapas do Plano para o
desenvolvimento socioeconômico decenal
da região da AMESC. Araranguá foi o primeiro município a dar o ponta pé
inicial do plano por ser sede regional. A UNESC e o SEBRAE são as entidades coordenadoras
do plano, cuja entrega do documento dos municípios envolvidos prevista para o
próximo mês de novembro. Não há dúvida
que programa dessa dimensão, que traçará diretrizes ao desenvolvimento equilibrado para os próximos
anos à uma região tão carente como é a AMESC é motivo de satisfação e
expectativa.
Conforme
os discursos e as proposições elencadas durante o WORKSHOP ocorrido nas
dependências da UNESC, sexta feira, dia 8 de abril, Araranguá e a região da AMESC
certamente terão demandas históricas infraestruturais resolvidas. Quem conhece
um pouco do nosso passado político, sabe que o extremo sul do estado teve um
modelo de desenvolvimento forjado por oligarquias, que se mantém atuantes governando
e decidindo pleitos eleitorais.
Se
fizermos uma retrospectiva de todos os legisladores e gestores públicos que
atuaram nas câmaras municipais e no executivo dos municípios da AMESC,
majoritariamente compunham partidos conservadores, centralistas, pouco ou nada
adeptos a rupturas e transformações estruturais. Embora muitos partidos tenham
mudado de nome ao longo do tempo, o que
não mudou foram suas essências ideológicas, calcado num desenvolvimento verticalizado, elitista e
burguês.
No
evento de sexta feira na UNESC cerca de cem pessoas participaram, porém, como
já é costumeiro lá estavam um ou dois
vereadores. A presença do chefe do executivo municipal, do vice, todo o seu
secretariado, representantes de associações de bairros e partidos políticos
seria obrigação de estarem presentes. Mas não foi exatamente o que aconteceu. Portanto,
isso já foi um mau sinal de que esse plano como outros tantos elaborados pouco
ou nenhum resultado terão.
Aqui
podemos citar alguns exemplos que alimentam tal desconfiança negativa acerca
desse plano. O primeiro deles foi quando da elaboração do plano diretor
municipal, que embora no discurso dissesse que fosse participativo, quem menos
participou da sua construção foram os próprios vereadores, exceto um ou dois
que mantinham presença assídua. O segundo exemplo foi o plano municipal de saneamento básico elaborado pela própria
UNESC em 2014. Afinal, quantas foram as demandas elencadas nesse plano já
concretizadas? Penso que poucos da atual administração conhecem a fundo o
plano.
Já
no primeiro encontro de lançamento do
plano de desenvolvimento regional, em março de 2022, nas dependência do
auditório José Linhares, no shopping das fabricas, foi quase unânime nas falas
das autoridades e de outros setores presentes ser o turismo o segmento que
dinamizará a economia do município. Na UNESC,
a dinâmica adotada para envolver todos os participantes, foi entregar aleatoriamente a cada um numerais de 1 a seis. Os indivíduos, contendo
os mesmos números, se reuniram em mesas distintas, onde debateram os vários
temas lançados pela equipe coordenadora. No final das discussões, cada grupo
apresentou suas respostas acerca das potencialidades, problemas e desafios. O
que impressionou foi ter sido o tema água pouco enfatizado pelos grupos.
Integrante
de um dos grupos fez severas criticas acerca do modo como as administrações
públicas lidam com planos ou projetos executados por governos passados. Disse
que é regra no município a cultura da descontinuidade, da sabotagem, da negação
aos programas iniciados nos governos anteriores não alinhados ao arco de
alianças partidário. Outro exemplo concreto de negligenciamento é o projeto
ORLA, Plano de Gestão Integrada da faixa
costeira de Araranguá, que levou três anos para ser concluído, de 2014 a 2016.
Nesse
plano, que envolveu dezenas de participantes e mais de 70 reuniões e oficinas
realizadas, saiu um documento contendo mais de 200 demandas para o
desenvolvimento da faixa costeira em curto, médio e longo prazo. O que marcou
mesmo esse importante evento foi a assinatura no final de 2016 de três decretos municipais criando três unidades
de conservação. A postura adotada pelos governos que se sucederam foi alterar pontos aprovados no PGI do projeto
Orla, atendendo pressões de particulares ou grupos econômicos. A explícita
omissão aos decretos relativos as UC criadas em 2016 também são comportamentos
nada republicanos dos gestores municipais.
Outra
prova de que estamos submetidos a uma cultura
de governos alheios a aquilo que foi
elencado por administrações anteriores é
o projeto orla. Na fala de um dos participantes, do segmento empresarial, presente no encontro da UNESC, as proposições
expostas por ele, relativa ao seu grupo, exibiu explicito desconhecimento a
tudo que foi pensado, planejado e o que já foi executado para a dinamização do
turismo no Baln. Morro dos Conventos e
demais comunidades costeiras. Se o
comportamento das atuais elites políticas e econômicas é de negligenciar
ou sabotar programas voltados ao desenvolvimento, quem garante que daqui
quatro, cinco o mais anos tudo isso que está sendo pensado e planejado não vai
também ser deixado de lado, nas gavetas ou estantes das administrações para
serem comidas pelas traças.
Prof.
Jairo Cesa
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