CORRUPÇÃO
E TRÁFICO DE INFLUÊNCIA DOMINAM AS ESTRUTURAS
DO MEC (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA)
Desde o instante
que Bolsonaro assumiu a presidência
do Brasil há quase quatro anos, a país
viveu e ainda vive um dos seus maiores
retrocessos
sociais
e econômicos em mais de 130 anos
de república. Cabe aqui destacar que o
modo atabalhoado como Bolsonaro gerencia
o Brasil não causa surpresa para muitos
críticos que já vinham alertando a
população antes mesmo do pleito eleitoral
de 2018. Os alertas eram para que não votassem
nele e outros candidatos do seu
partido sob o risco de estarmos elegendo pessoas em escrúpulo
que levariam o Brasil a bancarrota. O
fato é que nem tudo no governo Bolsonaro pode
ser considerado
como ruim.
O
que consideramos positivo em sua gestão
foi o fato trazer à luz toda a podridão de uma estrutura
política falida e de uma parcela reprimida da sociedade
que cultua sentimentos de ódio. A pandemia do COVID 19 foi de certo
modo um teste importante para mostrar que a escolha
de um péssimo governo pode ser trágica para uma nação inteira. Desde o inicio da Pandemia, o governo Bolsonaro se
colocou como um dos opositores às recomendações da OMS e demais organizações de
saúde a não proliferação rápida do vírus.
Tal negacionismo criminoso contribuiu para que a metade das
650 mil vítimas fatais do COVID no Brasil tivesse sido ele o responsável quando
defendia o contágio de rebanho e o uso de medicamentos comprovadamente não
eficazes contra o vírus. A escolha dos
nomes para ocupar os postos de comando dos principais ministérios do governo
Bolsonaro seguiram
critérios políticos não muito republicanos, que
levaram na quase completa destruição das estruturas do Estado Brasileiro. Nessa
linha de desastres protagonizada pelo presidente da república não se excluiu uma
das pastas mais importantes de qualquer nação séria, o ministério da educação.
Mais uma vez não surpreendeu aos críticos os desdobramentos dessa importante pasta
ocupada por pessoas desqualificadas à importância do cargo.
Em pouco mais de três anos de governo, quatro ministros
revezaram o MEC deixando um passivo de entulhos administrativos. Falsários,
golpistas, proselitistas, etc, são essas as definições que as futuras gerações
terão desses mercenários alojados no MEC, um importante órgão que tem por premissa
cultivar valores e a formação de cidadãos íntegros e éticos. Para alcançar esses níveis de humanização, a
educação deve ser laica, com escolas bem estruturadas e professores capacitados
profissionalmente. Tudo parecia que importantes demandas educacionais reprimidas
como a elevação do percentual do PIB para 10%, rapidamente se tornaria
realidade com a promulgada a nova LDB, lei n. 9394/96.
Na década posterior à promulgação da nova legislação
educacional, muitos foram os desafios enfrentados para que fosse possível consolidar
o mínimo de conquistas, dentre elas a permanência e o fortalecimento de uma escola
pública e laica. A luta pela profissionalização
com legislações que assegurassem um piso salarial nacional justo, além da gestão
democrática, ambas são conquistas importantes que jamais deverão retroceder.
Parece que não é exatamente o que pensam ou almejam os novos/velhos detentores
do poder.
Claro que não, quando se sabe que para assegurarem privilégios
e certos sistemas de poderes falidos como é atualmente o legislativo, por
exemplo, se munem em manter a população na ignorância absoluta. É consenso que
é através da escola que são lançados os alicerces de uma boa ou má sociedade. Mudar
conceitos, valores, estruturas de poder, entre outros, requer anos, décadas de
investimentos e a continuidade de projetos que propiciem tais transformações.
Entretanto, tem-se a impressão de estar caindo em um profundo
abismo, ressuscitando das catacumbas do passado longínquo tudo de errado
cometido por gerações alucinadas por dogmas religiosos, tendo sido milhões de pessoas
brutalmente mortas pelo simples fato de discordarem. O crescimento vertiginoso
de templos neopetencontais no Brasil são prenúncios de que algo muito estranho
está germinando, que resultará em monstros devoradores de mentes cegadas por discursos
de falsos profetas. Quando lideranças nacionais adotam concepções contrarias ao
que é designado pelo Estado republicano, como “Brasil acima de todos e Deus
acima de tudo”, esse é o momento de atenção absoluta, pois tal expressão é
repleta de simbologia não construtiva.
As inúmeras vezes em que Bolsonaro apareceu com congressistas
religiosos em oração e outras vezes defendendo a indicação de um ministro
terrivelmente religioso para o STF, tudo isso são prenúncios de uma possível
guinada a regimes teocráticos. O fato é que o presidente não está só nessa
enfadonha empreitada. Além de uma poderosa
bancada evangélica sitiada no congresso nacional, o governo brasileiro vem
pavimentando seu terreno ideológico extremista apoiando e financiando a
abertura de escolas cívico-militar em todo o Brasil. A criação de uma tríade Deus,
Pátria e Família, ambos são carregados de ideologias ultraconservadoras. Essa foi
a mesma tríade que fez convergir milhares de pessoa em passeata defendendo o
golpe militar de 1964.
Não é de hoje que os polpudos recursos do ministério da
educação vêm sendo golpeado por um punhado de aventureiros, mal intencionados,
chancelados pelo próprio chefe da pasta.
São quase 50 bilhões o orçamento administrado pelo MEC, o maior entre os
demais ministérios. Entretanto, mesmo com toda essa grana, o país se desponta
como um do piores do ranque em quase todas as áreas entre os que compõem a
OCDE. Nos três anos de governo Bolsonaro a pasta do MEC foi ocupada por quatro
ministros, todos, portanto, sem o mínimo de competência e postura ética à
altura do cargo.
O primeiro dessa corja de malfeitores foi o colombiano
naturalizado brasileiro, Ricardo Vélez Rodrigues. Ficou pouco mais de um ano, sendo
demitido devido a disputas dentro do próprio ministério, envolvendo grupos opositores
interessados no cargo. Um dos fatos considerados polêmicos em seu curto mandato
foi querer interferir no conteúdo de livros didáticos. O caso mais emblemático
foi querer mudar a forma como o golpe militar de 1964 era ensinado na escola,
ou seja, mostrar que não houve golpe e sim uma revolução, cujos militares seriam
lembrados como heróis e não como algozes.
No lugar de Rodrigues, Bolsonaro indicou um tal de Abrahan
Veintraub, considerado o ministro linha
dura e fiel escudeiro do chefe do executivo. Durante o pouco tempo que ficou no cargo,
Veintraub procurou levar à frente as políticas de desmontes na educação. O fato
que reverberaria em sua demissão foi uma reunião no palácio do planalto com outros
ministros em 2021, onde atacou o STF afirmando que poria todos na cadeia. No
lugar de Veintraub Bolsonaro indicou Carlo Decotelli. Permaneceu cinco dias a
frente da pasta. O motivo do pouco tempo foi pelo fato de ter mentido em
relação a sua formação acadêmica.
Diante da vacância do cargo de Ministro da Educação era de se
esperar que o próximo a ocupar essa importante pasta não se distinguiria ao nível
dos anteriores. No entanto quase todos/a
os críticos queimaram a língua, pois o nome escolhido foi um professor de uma
conceituada universidade brasileira, a Mackenzie de São Paulo. A dúvida que
permeou o imaginário de todos era como um professor, pastor presbiteriano, se
comportaria frente a um Estado Laico? Não precisou muito tempo para que o novo
ministro destilasse todo o seu ódio aos diferentes. Chegou ao cúmulo em afirmar
que o homossexualismo era resultado de famílias desajustadas.
O ápice da demissão de Ribeiro foi noticias veiculadas pela
imprensa de estar favorecendo deputados evangélicos, onde intermediavam com
prefeituras aliadas a liberação de verbas do MEC para projetos voltados à
educação. Um áudio vazado apareceu o ministro falando com um tal Deputado Pastor
Gilmar. Afirmou o ministro no áudio que o pastor e seus amigos teriam prioridade
em liberação de verbas do ministério a pedido do presidente da república.
O caso é tão nefasto que esses deputados e seus amigos pediam
propina aos prefeitos para que os recursos oferecidos fossem liberados. Há relatos
de ter havido solicitação de pagamentos em barras de ouro. Observe o triste
cenário que foi transformado o MEC, um ministério que deveria ser tratado como
a prioridade das prioridades, virou um antro de malfeitores, corruptos, a serviço
de eu chefe maior, o presidente da república.
Tudo isso explica por que no Brasil ainda se elege governos
que transformam ministérios em currais eleitorais. O dinheiro do MEC que
deveria ser para a construção/reformas de escolas e fomentar programas de
formação de professores são desviados para beneficiar pastores, construir
igrejas e azeitar campanhas eleitorais de políticos corruptos. Tirar dinheiro
para a compra de merenda, materiais pedagógicos, bem como dar um pouco de
alento aos milhares de professores e estudantes submetidos a ricos diários de
prédios escolares virem abaixo, é um escárnio à dignidade humana. Até quando teremos que conviver com tamanhas
aberrações?
Prof. Jairo Cesa
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