A
APROVAÇÃO DA REVISÃO DO CÓDIGO AMBIENTAL NA ALESC E O ESTRANHO SILÊNCIO DA
BANCADA DO PT
Conversando
com dois polícias ambientais durante inspeção ao Morro dos Conventos no dia dez
de dezembro, questionei-os acerca da revisão do código ambiental e o motivo da
ausência da entidade nas audiências públicas pelo estado. Responderam que a
ausência se deu pelo fato de não terem sido convidados para os encontros.
Conhecendo um pouco o processo de desmonte do código ambiental catarinense
coordenado pelo Parlamento em parceria com segmentos do agronegócio e a FIESC,
já era previsível que a Polícia Ambiental Militar, ONGs, Universidades, entre
outros setores de pesquisa e proteção ambiental ficariam de fora.
Como
foi mencionado em texto postado nesse blog, desde 2009, data de sansão e
embargo do código ambiental catarinense, no qual serviu de base ao código
florestal brasileiro, o grande capital rural e urbano vem insistentemente
negligenciando tanto a lei federal 12.651/2012 quanto à lei estadual 16.342/2014. A intenção da revisão foi, sem dúvida, tornar
mais flexíveis e menos restritivos os mais de cem artigos do futuro código
ambiental catarinense.
O
que é estranho é o fato do estado de Santa Catarina estar continuamente nos
noticiários, como estado acometido por tornados, ciclones bombas, enxurradas,
deslizamentos, estiagens prolongadas, entre outras intempéries. Estudos comprovam que a incidência de
episódios extremos do clima no estado está relacionada aos desmatamentos, sendo
a mata atlântica o bioma mais agredido. Flexibilizar regras de licenciamentos
ambientais; limitar os poderes de atuação da Polícia Militar Ambiental; autonomia
aos municípios nas decisões sobre as APPs urbanas; dar mais ênfase ao código
florestal brasileiro à lei da mata atlântica, etc, são algumas das inúmeras modificações
consideradas impactantes aos biomas.
Como
já havia comentado em outra oportunidade, as oito audiências realizadas em
pouco mais de um mês com mais de 200 proposições encaminhadas pelos
participantes, facilmente seriam inseridas no plano. A certeza se deve ao fato
de mais de 90% dos participantes das audiências integrarem entidades interessadas
na revisão do código, conforme o texto aprovado na assembleia.
O
atropelo nas discussões e a votação relâmpago com outros 30 projetos foram a estratégia
pensada pelos parlamentares e o governo para que a sociedade não tivesse tempo
suficiente para conhecer o teor da proposta. A participação do PT na comissão
mista de revisão já era um indicativo de ter havido alguma negociata entre o
partido e o governo. A certeza se deve a absolvição do governador ao processo
de impeachment na assembleia por suspeita de envolvimento no desvio milionário
de recursos para a compra de respiradores.
O
voto decisivo a absolvição foi exatamente do deputado Fabiano da Luz, do PT, o
mesmo que integrou a comissão mista de revisão do código. Em nenhum momento o
deputado e o próprio partido fizeram qualquer manifesto ou alerta à sociedade
catarinense dos riscos ao meio ambiente à revisão do código como vinha sendo
articulado. Nas redes sociais dos/as quatro deputados/as que compõem a bancada
PT na assembleia, o único que se manifestou com argumentos pouco convincentes
foi o deputado Padre Pedro Baldissera. Disse que o partido encaminhou vinte
emendas, que conversou com agricultores familiares sobre a revisão e que
reconheceu o empenho da comissão mista. Que tanto ele quanto os demais da
bancada se abstiveram da votação por terem negado a inclusão das emendas no
texto.
Afinal,
quais são essas emendas e onde estão disponíveis para acessar? Vasculhando os
sites e as paginas dos/as deputados/as do partido dos trabalhadores nas redes
sociais não foi possível encontrá-las. Por que não as disponibilizaram para todos
os diretórios do partido espalhados pelo estado? Essas emendas poderiam ter
sido compartilhadas com o máximo de pessoas, preparando-as para o enfrentamento
no instante que o projeto entrasse na ALESC para votação? Por que tais medidas
não foram tomadas, por que o silêncio da bancada do PT, principalmente do
membro da comissão mista? São perguntas que somente o tempo poderá responder.
Prof.
Jairo Cesa
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